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Populações especiais: conceitos na área
das ciências da saúde e do esporte

Poblaciones especiales: conceptos en el área de las ciencias de la salud y del deporte

 

*Graduando em Educação Física Bacharelado

pelo Centro Universitário de Jales, Unijales

**Mestre em Educação Física pela Escola de Educação Física

e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE – USP)

João Luiz Andrella*

Sandra de Souza Nery*

joao_luiz_andrella@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Ainda são promíscuos os conteúdos científicos direcionados a reconhecer e classificar os chamados Grupos ou Populações Especiais. Este estudo trata-se de uma revisão literária, com o objetivo de esclarecer o que são e quem pertence às populações especiais. Identificamos que a escassez de estudos cria dissensões quanto ao emprego do termo “Populações Especiais”, que faz com que o mesmo adquira sentidos distintos daqueles empregados em obras da área das ciências da saúde e do esporte. Isso ocorre certamente devido a falta de publicações, criando ambigüidade de sentidos.

          Unitermos: Populações especiais. Conceitos. Classificação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Conceitos

    É intrigante o fato de encontramos, nos mais diversos segmentos da área das ciências da saúde e do esporte, o termo “populações especiais” ou “grupos especiais”, sem uma descrição plausível do que seria ou como se descreveria ao certo o que são ou quem pertence a estas populações.

    Uma visão é exposta por Farlex (2011), que explica que fazem parte dessas “populações” pessoas que poderiam ser mais sensíveis ou suscetíveis à exposição a substâncias ou situações perigosas, por causa de fatores como idade, ocupação, sexo, ou comportamentos. Assim, tabagistas, crianças, mulheres grávidas e os idosos são muitas vezes considerados populações especiais.

    Leal (2008, p. 22) consagra um entendimento mais amplo afirmando que “[…] grupos especiais incorporam não somente a dimensão biomédica, psicológica e social, em que a necessidade passa a ser determinada, não só pelas conseqüências das condições de saúde/doença da pessoa, mas também, pelo envolvimento físico e social”.

    Sobre estas duas considerações já depreendemos que as definições para populações especiais ainda são indizíveis; enquanto a primeira agrega valores relacionados a condições médicas especiais, a outra incorpora aspectos de vulnerabilidade. Isso se dá pelo fato de cada área do conhecimento utilizar a terminologia referente ao contexto ao qual se insere.

    Contudo, a descrição de Sena (2010, p. 1) aparentemente parece ser a mais adequada para a área das ciências da saúde e do esporte: “designa-se por populações especiais todas as situações nas quais uma determinada doença ou condição, de caráter irreversível ou não, requerem um cuidado e atenção redobrada em termos de prática de exercício físico”. São exemplos de Populações Especiais: diabéticos, hipertensos, ateroscleróticos, crianças, obesos, tabagistas, cardiopatas, grávidas etc.

Classificação das populações especiais

    Como supramencionado, ainda parece ser contraditório o entendimento sobre o termo Populações Especiais e ainda mais rara é uma possível classificação comum destas populações. Mediante a isso, na tentativa de elaborar uma boa triagem para o trabalho com esse público, Sena (2010) preconiza que inicialmente faz-se necessário uma estratificação dos riscos presentes nos vários tipos de alunos. Esta estratégia é indispensável, pois, é por meio da mesma que se verifica a existência de riscos para as doenças coronarianas.

    Dessa forma, o autor classifica os alunos em três categorias de risco:

  1. Aparentemente Saudáveis: indivíduos que são assintomáticos e aparentemente saudáveis, com não mais do que um fator de risco coronário;

  2. Risco Aumentado: indivíduos que têm sinais e sintomas que sugerem uma possível doença cardiopulmonar ou metabólica e/ou dois ou mais fatores de risco coronário;

  3. Doença Diagnosticada: indivíduos com uma doença cardíaca ou pulmonar diagnosticada.

    Após esta classificação, cabe ao profissional estipular quais exercícios determinado grupo pode realizar ou não. Uma parceria com o médico do aluno facilita o trabalho - ao qual caberá aconselhar quanto a intensidade, limitações de amplitude articular e cuidados alimentares.

Populações especiais versus indivíduos com necessidades especiais

    Entende-se por populações especiais um grupo com uma condição clínica especial, que pode requerer uma perícia e supervisão para superar essa situação; denotam-se indivíduos com necessidades especiais “[…] aquela que, por motivo de perda ou anomalia, congênita ou adquirida, de funções ou de estruturas do corpo, incluindo as funções psicológicas, apresente dificuldades especificas susceptíveis de, em conjugação com os fatores do meio, lhe limitar ou dificultar a atividade e a participação em condições de igualdade com as demais pessoas” (Legislação de Bases Gerais do Regime Jurídico da Prevenção, Habilitação, Reabilitação e Participação da Pessoa com necessidade, Lei nº38/2004 de 18 de Agosto).

    Em nossa revisão, percebemos que existe um choque de definições do termo em questão, já que o mesmo é utilizado com significados distintos daqueles empregados na área das ciências da saúde, como por exemplo, se referindo a indivíduos com necessidades especiais (1, 3, 4). Assim, a expressão populações especiais também é erroneamente assimilada à expressão “indivíduos com necessidades especiais”, mesmo tendo em vista o contraste do significado dessas duas nomenclaturas.

    Entretanto, vale ressaltar que, para a área das ciências da saúde e do esporte, os indivíduos com necessidades especiais também ingressam nas chamadas populações especiais.

Considerações finais

    Considera-se que existe pouco conteúdo cientifico sobre este tema, o que acaba limitando um maior entendimento do mesmo. Fica claro apenas, que qualquer individuo, a um dado momento da vida, pode possuir uma necessidade especial de caráter temporário ou permanente, integrando desta forma uma população especial. Não descartamos ainda, o possível surgimento de uma legislação que classifique estas populações, para que os profissionais da área das ciências da saúde e do esporte possam dispor de subsídios teóricos e metodológicos, direcionando assim sua conduta.

Bibliografia

  • CORREIA, M. R. A. S. B. Inclusão no mercado de trabalho de populações especiais. Que factores para o sucesso?. Projeto de Mestrado Em Ciências Da Educação – Educação Especial. Universidade Fernando Pessoa. Faculdade de Ciências Sociais E Humanas. 2010.

  • FARLEX, I. Segen's Medical Dictionary. The free dictionary, 2011. Disponível em: http://medical-dictionary.thefreedictionary.com/Special+Populations. Acesso em: 12/07/2011.

  • LEAL, C. Protecção Internacional do Direito ao Trabalho da Pessoa com Deficiência, 2008. Disponível em: http://telecapacitados.tic.org.ar/archivos.php?b=1074. Acesso em: 16/01/2012.

  • Legislação de Bases Gerais do Regime Jurídico da Prevenção, Habilitação, Reabilitação e Participação da Pessoa com necessidade, Lei nº38/2004 de 18 de Agosto.

  • LOTT, J. Populações especiais e vulneráveis. Curso de atualização a Distância em Ética e Pesquisa. Brasília, Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero.

  • ROGERS, W.; BALLANTYNE, A. Populações especiais: vulnerabilidade e proteção. Curso de atualização a Distância em Ética e Pesquisa. Brasília, Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero.

  • SENA, P. O trabalho com populações especiais. 2010. Disponível em: http://paulosena.com/2010/04/03/o-trabalho-com-populacoes-especiais/. Acesso em: 16/01/2012.

  • TEIXEIRA, L. Atividade Física Adaptada e Saúde. São Paulo: Phorte, 2008.

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