Motivação e obesidade em crianças e adolescentes na iniciação esportiva do futsal La motivación y la obesidad en niños y adolescentes en la iniciación deportiva de futsal |
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*Licenciado em Educação Física,
UEPG **Mestre em Ciências da Motricidade,
UNESP |
Clóvis Marcelo Sedorko* Alfredo Cesar Antunes** alfredo.cesar@hotmail.com |
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Resumo Atualmente o Futsal é a modalidade esportiva que mais se desenvolve no Brasil, com o número de praticantes aumentando a cada dia, sendo grande parte destes praticantes composta por crianças e adolescentes. Dentre esses indivíduos que iniciam a prática do futsal é cada vez mais comum a ocorrência de sobrepeso e obesidade entre eles, fato que pode significar um desestímulo a permanência na prática esportiva. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho de caráter bibliográfico foi realizar uma breve discussão e reflexão sobre os aspectos motivacionais e a obesidade em crianças e adolescentes iniciantes na modalidade esportiva Futsal. Unitermos: Motivação. Obesidade. Iniciação esportiva.
Abstract Currently Futsal is a sport that is most developed in Brazil, with the number of players increasing every day, and most of these practitioners made up of children and adolescents. Among those individuals who start practicing futsal is increasingly common occurrence of overweight and obesity among them, which may mean a disincentive to stay in sports. In this context, the objective of this work was to carry out a bibliographical brief discussion and reflection on the motivational aspects and obesity in children and adolescents beginning in the sports modality Futsal. Keywords: Motivation. Obesity. Sport initiation.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O Futsal constitui-se como um esporte muito popular do Brasil, sendo a modalidade esportiva mais praticada em todas as faixas etárias, principalmente entre crianças e adolescentes (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTSAL, 2009).
Em meio a muitas crianças e adolescentes que iniciam em escolinhas de esportes é cada vez mais comum a existência de alunos com sobrepeso ou obesos, fato que por si só já pode significar um desestímulo a esses jovens em continuar a prática do desporto, sendo necessária uma adaptação das aulas, respeitando as características individuais de cada aluno e suas aspirações com o esporte.
Para Costa (2003) no momento em que uma criança inicia a prática do futsal, normalmente procura encontrar satisfação própria na prática do esporte. Damasceno (2007, pg. 01) complementa: ... “Nas crianças que procuram este desporto, encontram-se vários perfis, como altos e baixos, brancos e negros, gordos e magros tendo então o desporto, pouca limitação para sua prática”.
Segundo Caro Salve (2006), apud Damasceno (2007), nessa situação o professor passa a exercer um papel diferenciado durante a aula, pois os alunos com estas características, muitas vezes apresentam dificuldades em executar as atividades propostas, pois não conseguem ter um domínio satisfatório de seu corpo e consequentemente deixam de acompanhar aqueles que estão no peso considerado adequado.
Nesse contexto, o presente estudo de caráter bibliográfico teve por objetivo realizar uma breve discussão e reflexão sobre os aspectos motivacionais e a obesidade em crianças e adolescentes iniciantes na modalidade esportiva Futsal.
Futsal: breve histórico e evolução
Melo (2008) relata que os primeiros jogos de Futebol de Salão ocorreram no Uruguai, sendo Juan Carlos Ceriani o criador das primeiras regras. No Brasil, o Futebol de Salão começou a ser jogado por volta de 1940 por freqüentadores da Associação Cristã de Moços, em São Paulo, pois nessa época já existiam dificuldades em encontrar lugares com espaço apropriado para jogar Futebol, devido ao crescimento das cidades. Com isso, o Futebol começou a ser praticado de forma adaptada em quadras de basquete, e pouco tempo depois esse esporte, que passou a ser chamado de Futebol de Salão já havia se espalhado pelo país.
De acordo com Santana (1996) o Futsal propriamente dito, surgiu no final da década de 1980, com a fusão entre o Futebol de cinco, adotado pela Fifa com o Futebol de Salão, gerenciado pela Fifusa. Para o autor, o sucesso desta “nova” versão do Futebol de Salão decorreu de importantes modificações implementadas nas regras desse esporte, que se tornou mais dinâmico e competitivo, atraindo um número maior de atletas e expectadores.
Atualmente no Brasil, praticamente todas as escolas públicas possuem uma quadra de esportes, ocupadas muitas vezes nos fins de semana pelos próprios alunos e crianças da comunidade que se distraem com as “peladas”. É comum encontrarmos também quadras poliesportivas em praças públicas e clubes, onde quase sempre o Futsal é o esporte mais praticado.
Segundo Melo (2008) essa facilidade de espaços favorece a iniciação, o desenvolvimento e o treinamento desse esporte, o que contribui para a revelação e formação de muitos atletas de qualidade, que tornam o Brasil uma potência no Futsal.
Obesidade na infância e adolescência
Nos últimos anos, os hábitos alimentares e o estilo de vida se modificaram consideravelmente nos ambientes familiares, escolares e esportivos, potencializando o aumento da ocorrência de sobrepeso e obesidade em todas as faixas etárias.
A obesidade é definida por Leão et al. (2003) como uma doença, na qual a gordura em excesso se acumulou de tal maneira que pode afetar a saúde. Para Nahas (1999) a obesidade é considerada um problema de saúde pública mundial e normalmente está associada ao surgimento de graves enfermidades metabólicas crônicas como o diabetes e a hipertensão, além de acidentes vasculares e doenças articulares.
O excesso de adiposidade corporal pode ser desencadeado por diversos fatores, como: fisiológicos, genéticos, ambientais e psíquicos, que podem atuar isoladamente ou em conjunto, sendo os fatores ambientais caracterizados pela ingestão excessiva de alimentos e também pela falta de atividades físicas constantes (Marcondes et al. 2003; Oliveira; Fisberg; 2003).
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil vem passando por uma transição nutricional, evidenciada pelo aumento progressivo da obesidade em comparação à desnutrição. Para Abrantes et al. (2002), nos países em desenvolvimento como o Brasil, a incidência da obesidade tem seguido a mesma tendência de países desenvolvidos, sendo atualmente considerada um grave problema de saúde pública.
Estar acima do peso ou obeso pode acarretar no aumento das chances do indivíduo desenvolver várias doenças degenerativas como: diabetes, cardiopatias, osteoporose, hipertensão, entre outras e uma questão importante em relação à prevalência da gordura corporal excessiva na infância, refere-se à precocidade em que esses efeitos danosos à saúde podem surgir (ABESO, 2009). Muitos estudos comprovam que a obesidade infantil vem crescendo de forma alarmante nos últimos anos, sendo na maioria das vezes associada ao sedentarismo e estilo de vida inadequado. Para Oliveira e Fisberg (2003), o surgimento de doenças cardiovasculares e diabetes melitus tipo 2, que há alguns anos atrás eram mais evidentes em adultos, atualmente já podem ser observadas também na população mais jovem. Segundo o Ministério da Educação (2004), nas últimas décadas a obesidade infantil triplicou, sendo possível observar que até 2004, 15% das crianças brasileiras apresentavam sobrepeso, e apenas 5% eram obesas. Atualmente, dados da Organização Mundial da Saúde mostram que 20 milhões de crianças no mundo todo, com idade próxima aos cinco anos estão acima do peso ideal. No Brasil, estima-se que 20% das crianças estejam obesas, e a previsão para 2030 é que a obesidade atinja 30% dos brasileiros, pois as crianças e os adolescentes nessas condições apresentam um risco de 90% de se tornarem adultos obesos (ABESO, 2009).
A mudança no estilo de vida de crianças e adolescentes de modo geral, preocupa os profissionais da área da saúde, pois atualmente a facilidade de acesso aos brinquedos eletrônicos como computadores e vídeo games, dificultam ainda mais a iniciação ou permanência desses jovens em atividades físicas. Na tentativa de minimizar essa situação, muitos pais matriculam seus filhos em escolinhas de iniciação esportiva, sendo o futsal a modalidade mais procurada pelos mesmos, devido à grande popularidade desse esporte.
Motivação para a prática esportiva
Contemporâneamente, muitas crianças e adolescentes considerados obesos procuram participar de atividades esportivas, e o simples fato de estarem acima do peso já pode desestimular esses indivíduos para permanecerem nas atividades. Dessa forma, diversos autores sugerem que a prática esportiva deve, sobretudo, ser fonte de prazer e alegria para motivar e facilitar uma permanente participação (BRACCO et al. 2001; COSTA et al. 2004; BERGAMASCO et al. 2008).
De acordo com Malavasi (2005) quando um indivíduo inicia uma modalidade esportiva ou um programa de atividade física, normalmente encontra dificuldades na aderência desta atividade á longo prazo. Essa constatação tem alertado os pesquisadores e profissionais do esporte, sendo cada vez mais freqüente a preocupação com os fatores que determinam a motivação de alunos e atletas para a prática esportiva, seja como forma de lazer ou no alto rendimento. Para Davidoff (2001), motivo ou motivação refere-se a um estado interno, resultante de uma necessidade, que ativa ou desperta um comportamento habitualmente dirigido ao cumprimento de uma necessidade ativa. Segundo Samulski (2002), a motivação pode ser definida como um processo ativo e intencional, orientada á um objetivo, no qual depende da interação de fatores pessoais e ambientais, ou seja, fatores intrínsecos e extrínsecos. Freitas (1994) relata que a motivação intrínseca é fundamentada na realização e necessita de incentivo. O autor enumera alguns itens que podem tornar a atividade mais atraente, tais como: materiais alternativos, incentivos verbais (feedback), músicas, medalhas, troféus, viagens, entre outros, possibilitando maior interesse dos participantes. Para Souza (2001) na motivação extrínseca, o que estimula o indivíduo a realizar determinada tarefa é a possibilidade de ganhar alguma recompensa ou evitar uma punição, portanto, a preocupação não está na tarefa em si, e sim no que se pode perder ou ganhar na atividade realizada. Entre inúmeros conceitos de motivação, Almeida (1992) acrescenta que a maneira com que a atividade é ministrada também pode influenciar na estimulação dos praticantes. Em relação à iniciação esportiva, o autor relata que quando a abordagem de exercícios físicos ocorre de forma lúdica, a atividade pode desencadear um prazer para o resto da vida dos iniciantes.
A prática de atividades físicas e esportivas em crianças devem ser recreativas e educacionais, é o que recomenda a Federação Internacional de Medicina Esportiva, pois não existem evidências fisiológicas e educacionais que justifiquem um intensivo treinamento com o objetivo de melhora no desempenho em competições (GERRARD apud BRACCO et al. 2001).
A necessidade de diversão e de sucesso deve ser priorizada em qualquer programa de iniciação esportiva e segundo Gallahue (2005, p. 419): ...”atletas devem ter oportunidade para competir e dar o melhor de si, mas a diversão e o companheirismo não devem ser ignorados na busca incansável de ser o “número 1”. Em um estudo feito com adolescentes que se envolveram em atividades em grupo, Coakley (2001) apud Gallahue (2005) relatou que os jovens mencionaram a “reafirmação das amizades” como uma das razões mais freqüentes para a permanência nas atividades. Segundo o autor, o “vencer” não era a razão inicial para que os adolescentes participassem de atividades em grupo. Seefeldt et al. (1992) em pesquisa realizada com 8 mil jovens, que responderam a um questionário sobre a participação deles em esportes, mostraram que o motivo básico relatado por eles para a participação desportiva foi o “divertir-se”. O esporte pode oferecer inúmeros benefícios para os que o praticam, porém, é necessário ocorrer um equilíbrio saudável entre a competição e a cooperação. A compreensão da necessidade fundamental de afiliação deve alertar treinadores, professores e pais para o emprego de atividades, jogos e esportes como agentes sociabilizadores. (GALLAHUE, 2005)
Segundo Gould (1987) apud Gallahue (2005) o valor excessivo empregado na competição é frequentemente citado como motivo principal pela desistência de atividades esportivas, associado com a fadiga resultante do excesso de treinamento e orientação inadequada. O autor estima que a taxa anual de desistência nos esportes juvenis seja de aproximadamente 35% nos Estados Unidos.
Considerações finais
Concluímos inicialmente, que devido ao aumento significativo da obesidade na infância e adolescência em todo o mundo, o trabalho com o desporto Futsal ou qualquer outra modalidade esportiva durante esse período, deve considerar as diferentes características dos praticantes. Deve ainda considerar os aspectos motivacionais desses jovens, identificando suas aspirações com o esporte e incentivando-os a permanecerem na prática esportiva para um melhor desenvolvimento de suas capacidades motoras, além da auto-estima e confiança que serão refletidas nas relações sociais.
Referências
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