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Comportamento da mortalidade por doenças e agravos 

não transmissíveis em idosos residentes em municípios 

da Macrorregião Norte de Minas Gerais, Brasil

Comportamiento de la mortalidad por enfermedades y trastornos no transmisibles en 

personas mayores residentes en municipios de la Macrorregión Norte de Minas Gerais, Brasil

 

* Fisioterapeuta. Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais (MG)

** Enfermeira. Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, MG

*** Bióloga. Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, MG

**** Médico. Professor Doutor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), MG

***** Enfermeira. Professora da Unimontes, MG

****** Acadêmico do curso de Enfermagem da Unimontes, MG

******* Docente do Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas

Pitágoras de Montes Claros – FIP-Moc. MG

(Brasil)

Maria Fernanda Loiola Ruas*

Renata Fiúza Damasceno**

Patrícia Antônio de Brito***

Antônio Prates Caldeira****

Orlene Veloso Dias*****

Luís Paulo Souza e Souza******

Écila Campos Mota*******

mfernandalr@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo objetiva analisar o comportamento da mortalidade por doenças e agravos não transmissíveis em idosos residentes em municípios da Macrorregião Norte de Minas Gerais, no período de 1996 a 2006. Estudo descritivo de abordagem quantitativa, que utilizou como fonte de informação o Sistema de Informação de Mortalidade do Sistema Único de Saúde (SIM-SUS) e os Censos Demográficos Brasileiros dos anos de 1996 a 2006. A população utilizada para os cálculos de taxas de mortalidade, como denominador, foi extraída do DATASUS, sendo a mesma estimativa da população referida, através da Décima Classificação Internacional de Doenças (CID-10), sendo investigados os óbitos por local de residência entre os indivíduos com mais de 60 anos, seguindo a definição adotada pela Política Nacional de Saúde do Idoso. Constatou-se que neste período o percentual de idosos na Macro Norte aumentou de 7,6% para 8,4%. Desses idosos residentes no Norte de Minas Gerais, no período analisado, a média de mulheres foi de 53% e de homens 47%. Como era de se esperar, com o avançar da idade há um aumento no risco de morte. Sendo que no período analisado houve uma redução na mortalidade em indivíduos com idade de 60 a 69 anos e um aumento na faixa etária acima de 80 anos. Observa-se que as causas mal definidas estão como a primeira causa de morte na população acima de 60 anos, embora demonstre uma tendência decrescente a partir de 1999, seguidas pelas doenças do aparelho circulatório, neoplasias, e doenças do aparelho respiratório. Entre as causas conhecidas, o grupo de doenças do aparelho circulatório é a primeira causa de morte nesta população. As neoplasias representaram a segunda causa de morte entre os idosos. Assim, os resultados evidenciam as principais causa morte dos idosos da Macro Norte de Minas Gerais, sendo a primeira as doenças do aparelho circulatório. É preocupante o elevado número de causas mal definidas.

          Unitermos: Saúde do idoso. Mortalidade. Doença crônica.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O envelhecimento populacional constituiu em um acontecimento primeiramente notado em países desenvolvidos, entretanto, mais recentemente, é nos países em desenvolvimento que a população idosa tem aumentado de forma mais rápida (MAIA et al., 2006). A Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que entre os dez países com maior população idosa em 2025, cinco serão países em desenvolvimento, incluindo o Brasil com um número estimado de 27 milhões de pessoas com 60 ou mais anos de idade (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1998).

    Os idosos constituem o segmento que mais cresce na população brasileira, entre 1991 e 2000 o número de habitantes com sessenta anos ou mais de idade aumentou duas vezes e meia mais do que o resto da população do País. Esse crescimento propicia uma significativa mudança na estrutura etária populacional, com repercussões óbvias sobre o processo de adoecimento, interferindo sobre a transição epidemiológica (COSTA et al., 2001). Ainda assim, o crescimento de estudos epidemiológicos sobre a situação de saúde da população idosa não tem sido acompanhado na mesma proporção.

    A análise do perfil epidemiológico da população idosa, utilizando-se de metodologias adequadas, torna-se cada vez mais fundamental e necessária para reestruturar os programas de saúde destinados a essa população. Atualmente, um dos grandes desafios para o Sistema Público de Saúde é incluir e cuidar de uma população crescente, em sua maioria com baixo nível socioeconômico e com altas prevalências das chamadas doenças e agravos não transmissíveis (DANT’s) (LIMA e COSTA et al.. 2000). Esse cuidado é especialmente importante porque os idosos apresentam um maior risco de morte do que os indivíduos das demais faixas etárias, sendo que as DANT’s representam uma parcela significativa desta mortalidade.

    Em muitas situações, os subsídios para a organização de uma atenção diferenciada a esta população são oferecidos a partir de estudos de mortalidade. Tais estudos destacam a importância de medidas para diminuição de mortes prematuras e promoção de um envelhecimento com qualidade de vida. Os idosos apresentam maior risco de óbito e a atenção a este grupo deve ser diferenciada, entretanto, não se pretende que a vida seja prolongada a qualquer custo. Ao contrário, a ideia é evitar mortes associadas a não assistência, à falta de estrutura e recursos em uma sociedade que está envelhecendo rapidamente e, onde, muitas vezes, o idoso não tem suas necessidades atendidas adequadamente, o que aumenta a possibilidade de agravos à saúde, incapacidades, comprometimento da qualidade de vida e morte (MAIA et al., 2006).

    O relatório da OMS estimou que, para o ano de 1999, de um total de 55.965 milhões de óbitos, 59,8% seriam devidos a doenças não transmissíveis (BARBOSA et al., 2003). No Brasil, a análise dos gastos com internações do Sistema Único de Saúde (SUS) para o ano de 2002 revela que as DANT’s representam 76,7% do total desses gastos, somando R$ 4,1 bilhões (BRASIL, 2005).

    O Brasil possui bancos de dados secundários importantes, tais como o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), o qual que é produzido pelo Ministério da Saúde (MS) e pode ser utilizado, desde que conhecidas as suas limitações, para realizar diagnósticos da situação de saúde da população idosa (LIMA e COSTA et al, 2000).

    Neste contexto, este trabalho justifica-se uma vez que as condições de saúde da população idosa são praticamente desconhecidas no Brasil e estudos epidemiológicos com base populacional, ou seja, aqueles que estudam idosos residentes na comunidade podem fornecer este tipo de informação, no entanto, ainda raros no País (COELHO FILHO e RAMOS, 1999).

    Desse modo, considerando a carência de estudos e os potenciais impactos para a região estudada, este estudo objetiva analisar o comportamento da mortalidade por Doenças e Agravos Não Transmissíveis em idosos residentes em municípios da Macrorregião Norte de Minas Gerais, ao longo do período de 1996 a 2006.

Metodologia

    Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quantitativa, que utilizou como fonte de dados o Sistema de Informação de Mortalidade do Sistema Único de Saúde (SIM-SUS) e os Censos Demográficos Brasileiros dos anos de 1996 a 2006. A população utilizada para os cálculos de taxas de mortalidade, como denominador, foi extraída do DATASUS, sendo a mesma estimativa da população referida, por meio da Décima Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Foram investigados os óbitos por local de residência entre os indivíduos com mais de 60 anos, seguindo a definição adotada pela Política Nacional de Saúde do Idoso.

    A Macrorregião Norte de Minas Gerais é socialmente menos favorecida, inclui 86 municípios que ocupam uma área de 128.454,108 quilômetros quadrados. Muitos dos municípios envolvidos são extremamente carentes e possuem os mais baixos índices de desenvolvimento humano do Estado e do País. Com baixos índices pluviométricos, a região situa-se no polígono das secas e incorpora a área mineira da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE).

    Foram calculados por meio de planilhas eletrônicas, os coeficientes de mortalidade geral por sexo e faixa etária e o coeficiente de mortalidade geral por grupo de causas e o coeficiente de mortalidade especifica. Para este, analisou-se a mortalidade proporcional dos capítulos da CID-10, buscando-se identificar os grupos de causas com maior percentual de mortalidade na população estudada, sendo que esta taxa foi utilizada em detrimento da sua importância relativa ao óbito. Em seguida, foram analisadas as cinco causas de óbitos conhecidas com maior percentual de cada capítulo e calculado o coeficiente de mortalidade destas causas. Estas análises foram realizadas para ambos os sexos.

    Os anos de 1997, 2000, 2003, e 2006 foram utilizados como marcos para a verificação das flutuações dos coeficientes de mortalidade. Para cada um desses anos, as taxas de mortalidade foram construídas pela média do ano anterior e posterior. Então, para a construção dos índices para o ano de 1997, foi feita a média aritmética dos anos 1996, 1997 e 1998. Esse método tem por objetivo corrigir eventuais desvios que possam ter ocorrido em algum ano, isoladamente, e tornar o dado mais robusto e confiável.

    A fim de aferir o acréscimo ou decréscimo dos coeficientes de mortalidade em 2006, comparados aos do ano de 1996, estimou-se a variação percentual relativa. Tal variação é calculada a partir da diferença entre os valores do ano final do período de tempo estudado e o valor observado no ano de início, dividida pelo valor do ano de início. Ou seja: VPR = (última observação da série - valor observado para o ano de início) / (valor observado para o ano de início) x 100.

    Diante dos dados obtidos foi feita uma análise descritiva da tendência temporal dos coeficientes por grupos e causas de óbitos na Macro - Norte de Minas, identificado assim as causas de maior relevância e de maior risco de morte na população idosa.

    Ressalta-se que esse banco de dados, o DATASUS, é de livre acesso ao público, sendo assim esse estudo encontra-se em conformidade com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta a pesquisa com seres humanos, desta forma não requerendo parecer do Comitê de Ética em Pesquisa.

Resultados

    Entre 1996 a 2006, o percentual de idosos na Macrorregião Norte de Minas Gerais aumentou de 7,6% para 8,4%. No Estado de Minas Gerais este aumento foi de 8,3% para 9,0%. Desses idosos a média de mulheres foi de 53% e de homens 47%.

    O Gráfico 1 mostra o coeficiente de mortalidade por gênero e faixa etária entre os indivíduos com 60 anos e mais, da Macrorregião Norte - MG por 100.000 habitantes.

Gráfico 1. Coeficiente de mortalidade por gênero e faixa etária entre os indivíduos com 60 anos e mais, da Macrorregião Norte-MG por 100.000 habitantes

    Com o avançar da idade, há um aumento no risco de morte, sendo que no período analisado houve uma redução na mortalidade em indivíduos com idade de 60 a 69 anos e um aumento na faixa etária acima de 80 anos.

    O Gráfico 2 mostra o Coeficiente de mortalidade por grupo de causas em indivíduos com 60 anos e mais, na Macrorregião Norte de Minas.

Gráfico 2. Coeficiente de mortalidade por grupo de causas em indivíduos com 60 anos e mais, na Macrorregião Norte de Minas

    Observa-se que entre os idosos, as causas mal definidas estão como a primeira causa de morte nessa população, embora demonstre uma tendência decrescente a partir de 1999, seguidas pelas doenças do aparelho circulatório, neoplasias, e doenças do aparelho respiratório. Entre estas, as duas primeiras causas apresentam maior percentual de morte.

Tabela 1. Coeficiente de mortalidade grupo de causas conhecidas entre os idosos da Macrorregião Norte de Minas, por 100.000

    Entre as causas conhecidas, a doenças do aparelho circulatório é a primeira causa de morte nesta população em ambos os gêneros, sendo maior entre os homens, com um aumento deste coeficiente entre homens e mulheres no referido período. As neoplasias representaram a segunda causa de morte entre os idosos, sendo que este risco foi maior entre os homens. As doenças do aparelho respiratório representaram a terceira causa de óbito entre as causas conhecidas com uma queda no risco de morte destas doenças entre as mulheres.

    Diferentemente das causas anteriores, entre os homens as doenças do aparelho digestivo representaram a quarta causa de morte e as causas externas a quinta causa que demonstraram uma tendência crescente, entre as causas definidas. Enquanto que, entre as mulheres, foram as doenças endócrinas e nutricionais a quarta causa de morte, com um aumento deste risco no mesmo período. As doenças endócrinas nutricionais são a sexta causas de morte das doenças crônicas entre os homens, já entre as mulheres este agravo representou a sexta causa de morte sendo que este coeficiente é menor neste grupo do que entre os homens.

Discussão

    No presente trabalho, verificou-se que o risco de morte aumenta no decorrer da vida e os homens possuem um maior risco de morte que as mulheres. Tal achado se assemelha com estudo realizado por Lima e Costa et al (2000), que durante o período analisado, verificaram maior taxa de mortalidade entre homens do que entre mulheres e aumento progressivo das taxas de mortalidade com o crescimento da idade.

    A taxa de mortalidade pelas DANT’s aumenta com o avançar da idade e ter idade igual ou superior a 75 anos representa um risco maior de morrer (MAIA et al., 2006). Carneiro e Silva informam que a taxa de mortalidade masculina sempre superou a feminina. Os resultados do trabalho demonstram a mesma tendência que a literatura relatada.

    Entre os grupos de causas de mortalidade, destacam-se as causas mal definidas com maior proporção, embora em uma tendência decrescente no decorrer dos anos estudados, seguidos pelas doenças do aparelho circulatório, neoplasias, e doenças do aparelho respiratório, o que condiz com a tendência nacional e das citadas na literatura (LEBRÃO e LAURENTI, 2003; CARNEIRO e SILVA, 2004).

    A dificuldade para determinar a causa básica de óbito é maior entre os idosos e isso reflete nas estáticas de mortalidade (COSTA, 2004). No Brasil, a maior quantidade de óbitos mal definidos concentra-se na faixa de 60 de idade ou mais, isto é, representa 67,2% das mortes por causas mal definidas, segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM) referentes a 2005 (JORGE et al., 2008). Lima e Costa et al. (2000) relatam que a proporção de óbitos por causas mal definidas é um reflexo da falta de assistência médica e da dificuldade para se estabelecer uma causa básica de óbito nos idosos. Esta, provavelmente, é consequência da presença de múltiplas doenças no idoso e da influência da idade na expressão clínica de sinais e sintomas para o diagnóstico correto da causa.

    Observa-se que no Brasil, as proporções de óbitos por causas mal definidas mostram reduções relevantes entre 1996 e 2005: de 15,1 para 10,4%, em todas as idades; e de 18,2 para 11,9%, em idosos de 60 anos e mais. O decréscimo dos óbitos por causas mal definidas, para todas as idades, foi de 31%, enquanto nos idosos, foi um pouco maior, de cerca de 35% (JORGE et al., 2008).

    As doenças do aparelho circulatório ocuparam o primeiro lugar entre as causas conhecidas de mortalidade dos idosos neste estudo. Este resultado é consistente com o observado para a população americana (DESAI E ZHANG, 1999), e em outras pesquisas brasileiras (CARNEIRO e SILVA, 2004). A mortalidade por essas causas pode ser devida, pelo menos em parte, à presença de fatores de risco modificáveis como falta de atividade física, fumo, obesidade, dislipidemia e controle inadequado da hipertensão e do diabete (DESAI E ZHANG, 1999). Programas de promoção da saúde que visem identificação e tratamento adequado de indivíduos hipertensos e diabéticos podem contribuir para a redução dessas causas de mortalidade e melhoria da qualidade de vida entre os idosos (KANNNEL, 1996).

    Em 2000, doenças do aparelho circulatório representavam 24,86% das internações de idosos com 60 anos e mais em cidades do sul do Brasil (MARTIN, JÚNIOR e SILVA, 2006).

    As neoplasias (tumores) constituíram o segundo grupo de causas conhecidas de morte dos idosos no presente estudo, da mesma forma que o observado por Carneiro e Silva (2004) e por Lima e Costa et al (2000). É interessante observar que entre as quatro principais causas de morte conhecidas por neoplasias malignas entre idosos, as principais podem ser prevenidas através de modificações nos hábitos ao longo da vida (exposição ao tabaco) ou através de identificação e tratamento precoce de doentes. Se medidas de prevenção não são implementadas, a tendência é que ocorra aumento de vários tipos de câncer na população idosa (CARPENTER, 1996).

    O quinto grande grupo de causa conhecida de morte entre os idosos foram as doenças do aparelho respiratório. Medidas preventivas e de promoção à saúde, como a vacinação contra pneumonia (recentemente introduzida no país) e a redução do tabagismo, podem contribuir para reduzir a morbimortalidade por essas causas. Maiores investigações sobre estes óbitos são necessárias para a identificação das suas causas e possíveis formas de prevenção (CLAUDINO e SCHVEITZER, 2010).

    Carneiro e Silva (2004) informam que o acesso aos serviços de saúde, com atenção de qualidade – diagnósticos e tratamentos adequados – são vitais para que estas condições de risco estejam sendo rapidamente identificadas e tratadas. A evitabilidade dos óbitos e a garantia de qualidade de vida, dos grupos mais idosos da população só são possíveis através de dois caminhos – a atenção à saúde de forma integral e com resolutividade e o desenvolvimento de ações de promoção e prevenção precoces.

    As ações de promoção à saúde que visem à melhoria da qualidade vida, através de hábitos de vida saudáveis são essências para a diminuição do risco de morte nos idosos (CARNEIRO e SILVA, 2004). Sabe-se que os idosos representam um maior risco de óbito, sendo que esses merecem uma atenção diferenciada pelos órgãos responsáveis pela organização dos serviços. Há políticas e diretrizes com esses objetivos, no entanto, diante do contingente que esses indivíduos representam, há uma necessidade de organização da rede de atenção à saúde para que sejam implementadas as ações.

Conclusão

    Constatou-se que no período em estudo, o percentual de idosos na Macro Norte aumentou de 7,6% para 8,4%. Desses idosos, a média de mulheres foi de 53% e de homens 47%. Como era de se esperar, com o avançar da idade há um aumento no risco de morte. Sendo que no período analisado houve uma redução na mortalidade em indivíduos com idade de 60 a 69 anos e um aumento na faixa etária acima de 80 anos. Observa-se que entre os idosos as causas mal definidas estão como a primeira causa de morte na população acima de 60 anos, embora demonstre uma tendência decrescente a partir de 1999, seguidas pelas doenças do aparelho circulatório, neoplasias, e doenças do aparelho respiratório. Entre as causas conhecidas, o grupo de doenças do aparelho circulatório é a primeira causa de morte nesta população e as neoplasias representaram a segunda causa de morte entre os idosos.

    O presente trabalho constitui um esforço coletivo para realizar de forma sistemática o diagnóstico de saúde da população idosa na Macrorregião Norte de Minas Gerais, utilizando-se informações existentes em um grande banco de dados nacional sobre mortalidade. As vantagens de estudos como este são o seu baixo custo, a possibilidade de inferência para o país e comparações ao longo do tempo. Por outro lado, estudos deste tipo são limitados às informações disponíveis e à qualidade destas informações. Entre as limitações podemos destacar a grande proporção de óbitos por causas mal definidas. Apesar dessas limitações, os resultados do presente trabalho mostram consistência interna e coerência com os conhecimentos existentes sobre a população idosa, reforçando a necessidade de maior utilização das informações existentes não só em Minas Gerais, mas em todo o Brasil sobre esta população.

    Espera-se que os resultados deste estudo sirvam de subsídio para a implantação e prática de ações que visem à melhoria da qualidade de vida da população idosa e como estimulo da busca por hábitos de vida saudáveis, a fim de mudar o perfil de mortalidade.

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