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Karatê como possibilidade pedagógica da Educação Física escolar

El karate como posibilidad pedagógica de la Educación Física escolar

 

Graduado em Educação Física pelo CEFID/UDESC

Aluno da Pós-graduação em Educação Física Escolar

IVM (Instituto a Vez do Mestre) RJ

Gabriel Renaldo de Sousa

gabrielrdesousa@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho tem como objetivo aplicação das praticas da arte marcial do karatê dentro das aulas de Educação Física escolar. Foi utilizada como metodologia uma revisão de literatura, nacional e internacional, dentro de livros e periódicos. Após estudos notou-se que o Karatê é uma arte marcial que pode ser utilizado dentro das aulas da educação física. Seus aspectos psicológicos, biológicos e fisiológicos são de grande proveito, porem muitos professores não sabem usá-lo como uma pratica dentro de suas aulas.

          Unitermos: Educação Física. Educação Física Escolar. Karatê.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O docente de educação física, este orientado a construção de conhecimento, por meio da comunicação com seus alunos, permitindo um ambiente de cooperação e colaboração na realização das atividades conjuntas, por sua condição de orientador, investigador e criador dentro dos processos de ensinar (GARBAN, 2008).

    No espaço de intervenção escolar, podemos afirmar que o tema conteúdo de lutas é pouco acessado e, inclusive, o seu trato pedagógico suscita questionamentos e preocupações diversas por parte dos profissionais atuantes na Educação Física (NASCIMENTO; ALMEIDA 2007).

    O Karatê é uma arte marcial milenar que ao longo de sua história tem sofrido transformações de seus significados e sentidos sócio-culturais. Em sua dimensão contemporânea, é reconhecido popularmente como um esporte de luta (LOPES; TAVARES, 2008).

    Tende em vista estes pontos vamos fazer uma analise sobre a possível aplicação do karatê como um auxiliador nos processos de ensino nas aulas de Educação Física escolar.

    Para tal pesquisa foi usado como método uma revisão bibliografia nas bases de dados do Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e a Biblioteca Virtual em

    Saúde (BVS), selecionando para consulta na última as bases de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e da Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE). Foram pesquisadas nestas bases de dados os seguintes descritores:

  1. Educação Física Escolar e Artes Marciais.

  2. Artes Marciais e Karatê.

  3. Educação Física Escolar e Karatê.

  4. Karatê.

Discussão

Historia do karatê-do

    O karatê nasceu em Okinawa, ilhas ao sul do Japão, com o nome Tode (ou simplesmente mão), era uma arte de defesa pessoal, com forte influência das lutas chinesas. De acordo com versões lendárias, por volta de 1429, foi publicado um decreto proibindo o a pratica de artes marcias, e que em 1609, houve uma proibição de armas.

    O Tode se tornou o único método de proteção e recurso de auto defesa dos habitantes desta ilha, e como sua pratica era proibida e severamente, os praticantes deveriam fazê-la em sigilo total.

    Esse sigilo permaneceu até 1905 quando o Tode começou a ser praticado nas aulas de educação física na escola municipal de Shuri e Primeira escola de ensino médio municipal.

    Sua primeira demonstração fora da ilha de Okinawa foi em maio de 1922, na primeira exibição Atlética Nacional do Japão, realizado em Tóquio, com patrocínio do ministério da educação. O responsável desta foi Gichin Funakoshi (pai do karatê moderno).

    1929 com influências do judô o Tode passou a se chamar Karate-do nome sempre defendido pelo mestre Funakoshi.

    Durante a década de 20 e inicio da década de 30, a arte de defesa pessoal, tinha se tornado popular em todas as classes sociais, principalmente estudantes universitários do Japão, que faziam seus grupos de estudos, para estudar o Karatê-do.

    O Karatê é como sempre foi uma arte de defesa pessoal e uma forma saudável de exercícios físicos; mas, com aumento de sua popularidade, cresceu muito seu interesse pela realização de disputas, como aconteceu com Kendo e o Judô. Na sua maioria, devido a esforço dos entusiastas mais jovens (NAKAYAMA, 1975).

    No Brasil a duas entidades oficias pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro) que são responsáveis pelo karatê. A CBK (confederação brasileira de Karatê-do) e a CBKI (Confederação Brasileira de Karatê Interestilos).

A questão das lutas nas aulas de Educação Física

    O ser humano, desde suas origens, produziu cultura. Sua história é uma história de cultura, na medida em que tudo o que faz está inserido num contexto cultural, produzindo e reproduzindo cultura. O conceito de cultura é aqui entendido como produto da sociedade, da coletividade à qual os indivíduos pertencem, antecedendo-os e transcendendo-os (PCN, p. 21).

    Dentre as produções dessa cultura corporal, algumas foram incorporadas pela Educação Física em seus conteúdos: o jogo, o esporte, a dança, a ginástica e a luta. Estes têm em comum a representação corporal, com características lúdicas, de diversas culturas humanas; todos eles ressignificam a cultura corporal humana e o fazem utilizando uma atitude lúdica Trata-se, então, de localizar em cada uma dessas manifestações (jogo, esporte, dança, ginástica e luta) seus benefícios fisiológicos e psicológicos e suas possibilidades de utilização como instrumentos de comunicação, expressão, lazer e cultura, e formular a partir daí as propostas para a Educação Física escolar (PCN, p. 23).

    As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplo de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do caratê (PCN, p. 30)

    Em paralelo com a construção de uma melhor coordenação corporal ocorre uma construção de natureza mais sutil, de caráter mais subjetivo, que diz respeito ao estilo pessoal de se movimentar dentro das práticas corporais cultivadas socialmente.

    Essas práticas corporais permitem ao indivíduo experimentar e expressar um conjunto de características de sua personalidade, de seu estilo pessoal de jogar, lutar, dançar e brincar. Mais ainda, de sua maneira pessoal de aprender a jogar, a lutar, a dançar e a brincar. Pode-se falar em estilo agressivo, irreverente, obstinado, elegante, cerebral, ousado e retraído, entre outros. Nessas práticas o aluno explicita para si mesmo e para o outro como é, como se imagina ser, como gostaria de ser e, portanto, conhece e se permite conhecer pelo outro (PCN p. 35)

    As atividades de luta são suscetíveis a ser aplicadas no âmbito escolar, devido a sua grande quantidade de vantagens que apresenta, como:

  • O desenvolvimento do sentido do tato;

  • A descarga e o controle da agressividade, fazendo isto a todas as outras atividades cotidianas;

  • Aumento da responsabilidade, porque “obriga” o aluno a garantir integridade física dos demais companheiros;

  • Desenvolvimento de habilidades motrizes básicas, especialmente aos movimentos e giros;

  • Incremento a condições físicas de forma globalizada, força, resistência, velocidade e flexibilidade;

  • Ganho de segurança já que os alunos se familiarizam com as caídas e contato físico;

  • Precisam usar constantemente esquemas como: percepção, decisão e execução

  • Favorece a integração de todos os alunos já que incluem todo só tipo de pessoas com características morfológicas e fisiológicas diferentes;

  • Aprendem normas de grupo e respeitar os outros companheiros (IGLESIAS, 2008).

Por que do karatê?

    Nas idéias de Gichin Funakoshi sobre a prática (do Karatê-do) como forma de educar, está na concepção de que a aprendizagem e o desenvolvimento dependem não só do intelecto (é importante destacar a relação de equilíbrio mente/corpo), mas da prática assídua e da própria experiência mental e física (BARREIRA; MASSINI, 2003).

    O karatê tem muito em comum com outras atividades físicas: aumento da aptidão motora, aquisição de habilidades especificas (autodefesa), atividades sociais e etc. Mas se distingue de algo muito importante: muitos esportes orientam potencialmente para a competição e enfoque em ganhar, no entanto, esta arte marcial tradicionalmente asiática, expõe uma concentração de conhecimento, melhoramento e controle de si mesmo. Combinas aspectos psicológicos, filosóficos e incluídos espirituais que beneficiam crianças e adolescentes, no processo de passagem de criança-Adulto (endogamia-Exogamia) (BISSO, 2007).

    Do ponto de vista Cronológico: O karatê pode ser praticado desde idades muito pequenas (BISSO, 2007).

    Do ponto de vista biológico: As aulas de karatê são feitas para melhor acompanhar e ajudar no desenvolvimento biológico de cada etapa. São feitos exercícios de acordo com as idades dos alunos (BISSO, 2007).

    Do ponto de vista psicossocial: a partir da transição da idade criança adulto, começa-se a formas os “grupinhos”, a pratica do Karatê pretende reunir crianças e jovens para fazer exercícios físicos cabíveis a cada um (BISSO 2007).

    Estudos demonstram que a pratica do karatê com crianças:

  • Entre 2-8 anos: prestam maior atenção, passam variar melhor a velocidade, mostram maior consciência, conseqüentemente maior coordenação (TORRALVO; RODILLA; RIVADENEYRA 2002)

  • Dos 8-12 anos: maior capacidade de modificar alguma ação (TORRALVO; RODILLA; RIVADENEYRA, 2002).

Porque a luta não é utilizada nas aulas de Educação Física

    A violência é vista, conforme foi possível interpretar a partir das falas dos professores entrevistados, como algo intrínseco às práticas da luta, e que pode aflorar e/ou despertar ainda mais se o tema for tratado na escola, pois muitos alunos já demonstram traços de comportamento violento no cotidiano escolar (NASCIMENTO; ALMEIDA, 2007)

    Por oferecer uma grande quantidade de vantagens e possibilidade educativas, são tidas como um potencial pouco explorado nas escolas, especialmente na etapa de educação primaria. Portanto devemos fazer a seguinte pergunta. Quais são as causas para que as atividades de luta não são utilizadas das nas aulas de educação física? E as principais causas são:

    O Desconhecimento de muitas características das atividades de lutas, assim como possibilidade e seus benefícios

    A idéia de risco que ocorre aos alunos é muito grande. “Se Crê que a agressividade” que os alunos possam ter se convertera em algo incontrolado durante a realização da atividade.

    A ausência de atividades de lutas organizadas nos programas de educação física.

    A crença que precisa de matérias, instalações e conhecimentos especializados para este tipo de atividade (IGLESIAS, 2008).

Sugestão de ensino do karatê nas aulas de Educação Física

    Uma proposta interessante seria a de Fernando Amador Ramirez et al (RAMOS, 2006), que ele faz uma sugestão de como deveria ser a aula de lutas voltadas para Educação Física escolar.

Tabela 01. Desenvolvimento de lutas na educação física escolar segundo Ramirez et al (RAMOS, 2006)

Conteúdos:

  • Conceitos: Origem e historia da arte marcial

  • Técnica básica de defesa

  • Medidas de segurança e prevenção de riscos

  • Procedimentos: Aprendizagem de técnicas e habilidades de especifica da arte marcial

  • Incremento global das atividades físicas

  • Adaptação de postura correta

  • Atitudes: Apreciação e importância do autocontrole na vida cotidiana

  • Aceitação das próprias possibilidades e limitações do corpo

  • Respeito às medidas de segurança

Conclusão

    A partir do estudo realizado com as bibliografias existentes sobre o tema, notou-se que o karatê pode ser utilizado como uma importante possibilidade pedagógica dentro das aulas de Educação Física, salientando seu grande reportório motor. Fica também evidenciado o problema que os professores tem medo de usar as lutas como métodos de ensino durante suas aulas, em primeiro lugar por causa de falta de vivência durante sua fase de graduação, segundo por falta de conhecimento do próprio tema.

    A partir deste artigo, espero que os profissionais de educação física possam usar as lutas como pratica em suas aulas, principalmente a arte marcial do karatê, tendo em vista, o grande número de aspectos positivos que cercam esta.

Referencias bibliográficas

  • BARREIRA, Cristiano R. A.; MASSIMO, Marina. As idéias psicopedagogicas e a espiritualidade no Karatê. Psicologia: reflexão e crítica, 16(2) p. 379-388, 2003.

  • BISSO, Damian. Adolescencia y Karate. Beneficios de este arte marcial en los adolescentes. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 114 nov. 2007. http://www.efdeportes.com/efd114/adolescencia-y-karate.htm

  • HARAMBOURE, Roberto González. Caracterización integral del Karate-do. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 52, set. 2002. http://www.efdeportes.com/efd52/karate.htm

  • HARAMBOURE, Roberto González. Contextualización científica del aspecto marcial del Karate-do. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 44, jan. 2002. http://www.efdeportes.com/efd44/kdo.htm

  • IGLESIAS, Lucia P. Los estilos de enseñanza de la Educación Física en el karate. Ejemplos de aplicación práctica. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 127, dez. 2008. http://www.efdeportes.com/efd127/los-estilos-de-ensenanza-de-la-educacion-fisica-en-el-karate.htm

  • LOPES, Yuri Marcio; TAVARES, Otavio Guimarães. A Pratica Pedagógica dos Mestres de caratê da grande Vitoria (ES). Pensar e Praticar, 11/1: 91-97, jan./jul 2008.

  • MAROLI, Héctor E. Contenidos culturales y psicológicos de kata de Karate. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 72, mai. 2004. http://www.efdeportes.com/efd72/kata.htm

  • NAKAYAMA, M. O melhor do Karatê: visão abrangente e praticas 1ed, São Paulo, SP, Cultrix, 1977.

  • NASCIMENTO, Paulo R. B.; ALMEIDA, Luciano de. A tematização das lutas na educação física escolar: restrições e possibilidades. Movimento, Porto Alegre 13 n. 03 p. 91-110, set-dez 2007.

  • RAMOS, Ruben J. A. Las actividades de lucha en la educación primaria: beneficios y posibilidades en el área de Educación Física. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 94, mar. 2006. http://www.efdeportes.com/efd94/lucha.htm

  • TORRALVO, Angélica D.; RODILLA, Eva C.; RIVADENEYRA, María. Desarrollo motor en karate en niños y niñas de las categorías benjamín, alevín e infantil. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 45, fev. 2002. http://www.efdeportes.com/efd45/karate.htm

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