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Os reflexos das diferenças sexuais na prática de esportes 

de aventura com adolescentes: estudo de caso com rapel

Las consecuencias de las diferencias sexuales en la práctica de deportes de aventura los adolescentes: un estudio de caso de rapel

The consequences of sex differences in practice sports adventure with teens: a case study with rapel

 

*Graduando em Ciência da Atividade Física pela USP

Pós Graduado em Psicologia Política pela USP

Mestrando em Participação Política pela USP

**Graduando em Ciência da Atividade Física pela USP

***Prof. Dr. Curso de Ciências da Atividade Física, USP

(Brasil)

Eduardo Mosna Xavier*

eduardo.xavier@usp.br

William Cloudes Galhardo**

william.galhardo@usp.br

Simone Cassoli Ferraz**

si.cferraz@hotmail.com

Renata Soares**

renata_guittar@hotmail.com

Marco Antonio Bettine de Almeida***

marcobettine@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho tem como objetivo analisar a prática de Esporte de Aventura, focando os seus aspectos atraentes na prática realizada por jovens a adolescentes. Ademais, tem como propósito avaliar as diferenças na percepção e na prática da atividade de rapel em meninos e meninas na adolescência, com foco no desenvolvimento de capacidade motora e de satisfação pessoal na prática da atividade

          Unitermos: Esportes de aventura. Rapel. Adolescentes. Diferenças sexuais. Percepção subjetiva.

 

Resumen

          Este trabajo tiene como objetivo analizar la práctica de deportes de aventura, centrándose en los aspectos atractivos que tiene dicha práctica en los jóvenes adolescentes. Además, tiene como objetivo evaluar las diferencias en la percepción y la actividad de rapel practicada en los niños y niñas durante la adolescencia, centrándose en el desarrollo de las habilidades motoras y la satisfacción personal en la realización de la actividad.

          Palabras clave: Deportes de aventura. Rapel. Adolescencia. Diferencias de sexo. Percepción subjetiva.

 

Abstract

          This work aims to analyze the practice of Adventure Sports, focusing on the attractive aspects in practice by young adolescents. Furthermore, it aims to evaluate the differences in perception and practice rappelling activity in boys and girls during adolescence, focusing on the development of motor skills and personal satisfaction in the practice of the activity.

          Keywords: Adventure sports. Abseiling. Adolescents. Sex diferences. Subjective perception.

 

          Financiamentos: Pró-Reitoria de Pesquisa. Núcleo de Apoio à Pesquisa. LUDENS.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

1.     Esportes de Aventura: uma alternativa contra o isolacionismo social

    “Os Esportes Radicais sugerem um novo paradigma da ação, ao explorarem o sentido do limite físico e simbólico do corpo”. Neto, C.A.F. (in Desporto Radical ou Radicalização do Desporto)

    Com o passar dos anos e o transcorrer da evolução, os relacionamentos sociais produziram uma evolução que tendeu á afastar o Homem do convívio com a Natureza. A complexa teia de relacionamentos elaboradas pelo ser humano conduziu a Humanidade a se tornar extremamente dependente, segundo Emile Durkheim (1973), do chamado “Fato Social” (maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo e dotadas de um poder coercitivo em virtude do qual se impõe como uma espécie de obrigação). Nas palavras de Giambattista Vico (séc. XVIII), “O Mundo Social é, com certeza, obra do próprio Homem”.

    Este tipo de evolução, denominado por Norbert Elias como “Processo Civilizador”, gerou uma acelerada etapa de urbanização, principalmente nos 03 últimos séculos, afastando vertiginosamente o Homem do convívio mais próximo da Natureza. Realmente, o impulso em diversas camadas evolutivas alcançadas em nossa sociedade atual são consideráveis: crescimento constante no padrão de vida, revolução no campo da medicina, conhecimentos inumeráveis em diversas áreas são provas dos benefícios da sociedade urbanizada.

    Entretanto, os problemas atuais decorrentes deste processo evolutivo também atingem uma magnitude considerável. Doenças de todo gênero surgem em velocidade alarmante, a desigualdade econômica entre as inter e intra Nações também merecem destaque. Porém, do ponto de vista sociológico, um dos principais problemas encontrados em nossa Sociedade tecnológica seja o Isolacionismo (ausência de contatos sociais): a rotina e a exigência de nosso mundo globalizada força o homem a se afastar do convívio com outros seres humanos, perdendo a principal característica que propiciou todas suas conquistas. Nas palavras do sociólogo Karl Mannheim, “a timidez, o preconceito e a desconfiança são capazes de produzir um isolamento social semelhante ao ocasionado pelos defeitos físicos”.

    O Isolacionismo deve ser combatido através do estabelecimento dos chamados “Contatos Sociais”, base de toda e qualquer associação humana. Segundo OLIVEIRA (1997), “os contatos sociais podem ser primários (estabelecimento de vínculos, com é o caso das famílias) ou secundário (mera torça de informações ou de fatos (como um conversa entre passageiros de um ônibus)”.

    Em busca de restabelecer os contatos sociais, o Ser Humano resolveu retornar de volta em suas origens, buscando entender novamente a importância do convívio social para uma evolução mais benéfica á humanidade. Nesta tentativa de retorno ao início, destacou-se novamente uma peça chave doravante esquecida: a Natureza. Diversos segmentos de nossa sociedade buscam o restabelecimento do contato com a Natureza como uma forma de se garantir uma melhor qualidade de vida e melhores vínculos sociais. Cito como exemplo a Área de Lazer e Turismo, onde os Hotéis, Pousadas e Resorts localizados imersos em Matas são cada vez mais procurados.

    Este importante processo de busca da natureza também causou um importante reflexo na Área Esportiva. O crescimento vertiginoso dos Esportes e Atividades Físicas de contato com a Natureza, conhecidos comumentemente como “Esportes de Aventura”, apresentou um importante crescimento a partir da década de 1970. Esta impulsão gerou, inclusive, regulamentações de procedimentos através da Criação de Associações Internacionais, organização de jogos e eventos, além de exploração de mercado; demonstrando uma preocupante interferência direta do já citado “Processo Civilizador” nesta área.

    Os Esportes de Aventura possuem um grande número de adeptos na fase etária da juventude (dos 18 aos 30 anos). A busca pela emoção e o fenômeno da popularização da temática “Radical” na prática dos Esportes possui um significativo crescimento nas últimas décadas, gerando repercussões para esta faixa etária que merecem reflexão do ponto de vista antropológico. Entretanto, este espírito jovial dos esportes de aventura não corresponde necessariamente com a idade biológica do indivíduo pois, Segundo BOURDIEU (1983), “as relações entre as idades social e a idade biológica são muito complexas, onde a idade é um dado biológico socialmente manipulado e manipulável”.

    Entretanto, como veremos neste trabalho, os Esportes de Aventura sofrem uma barreira significativa para sua expansão: não possuem modalidades olímpicas que englobem todas suas práticas. Com exceção do bicicross (modalidade olímpica desde as Olimpíadas de Atenas, em 2000), os outros Esportes de Aventura dependem de Comitês e Associações específicas para organizar competições, restringindo conseqüentemente a visibilidade midiática, apesar do “Fenômeno das Tribos permitir uma divulgação ampla destas modalidades” (UVINHA – 2001)

    No Brasil, os Esportes de Aventura, conhecidos comumentemente como Esportes Radicais, começaram a ganhar força de participação e visibilidade midiática a partir da década de 1980 e, segundo UVINHA (2001), “desde então, vem sendo notado um considerável incremento no número de adeptos”. A velocidade de criação de novos Esportes Radicais no mundo geram um mercado extremamente lucrativo para este tipo de atividade. Em nosso país, os Esportes de Aventura costuma ser classificados como aéreos, aquáticos e terrestres, conforme tabela abaixo, extraída de UVINHA (2001):

    Os Esportes de Aventura evoluíram sobremaneira nos últimos 30 anos de nossa História, sendo considerados como “modernos”. Segundo GUTTMANN (1978), os Esportes modernos possuem como características “o secularismo, a igualdade de oportunidades na competição e em suas condições, a especialização de regras, a racionalização possibilitando sua internacionalização, a organização burocrática, o impulso para a quantificação e a busca de recordes”. Esta visão recente sobre a abordagem interpretativa do Esporte segue a chamada Escola de Frankfurt que, segundo INGHAM (1979) seria “um modelo de tipo ideal do esporte organizado, pensado em dois momentos históricos distintos, um denominado pré-moderno e o outro moderno”.

    As características apresentadas anteriormente demonstram uma interferência direta e evidente do chamado “Processo Civilizador” na realização dos Esportes Modernos. A racionalização de sua prática buscando a disseminação de seus princípios simbolizam a introspecção das modalidades esportivas (entre elas as de Aventura) na formação de um “padronização” dos princípios de práticas típicas do preconizado por NORBERT ELIAS em sua teoria, que acredita que o esporte moderno se desenvolveu como partes deste Processo

2.     Os Esportes de Aventura e sua atração para a Adolescência

    “O Esporte é um fenômeno universalmente crescente, economicamente em expansão e recente”. Ademir Gebara (in História do Esporte: Novas Abordagens)

    Os jovens e adolescentes normalmente denominam os Esportes de Aventura como Esportes Radicais. Segundo UVINHA (2001), “a palavra radical geralmente sugere dois entendimentos: extremismo, quando aplicada ao campo da política; raiz, quando se busca a origem de algo, freqüentemente utilizado, por exemplo, no campo da filosofia”.

    Entretanto, no tocante á prática de esportes, o termo “radical” está voltado á uma atividade que gere uma excitação diferenciada, devido aos riscos controlados em que a pessoa “física e mentalmente jovem” está sujeita á aceitar na prática de tal atividade. Ainda segundo UVINHA (2001), os esportes radicais “têm em comum o gosto pelo risco e pela aventura, muitos com a proposta de se engajar também em causas de preservação ecológica”.

    Esta procura por sentimentos catárticos de êxtase e excitação, características da adolescência e contagiadas para todas as faixas etárias são um fenômeno recente em nossa História. Segundo TAHARA & SCWARTZ (2006), “A busca pela aventura, pelo desconhecido, longe dos padrões urbanos, tem se mostrado mais frequente ultimamente, quando se percebe o aumento de vivências naturais, presente nas atividades físicas de aventura em contato direto com o meio ambiente natural, no sentido de buscar condições favoráveis à possibilidade de imprimir mais qualidade à vida”.

    Esta procura constante de expandir eventuais emoções reprimidas por um sentimento de excitação foi previsto dentro da própria “Teoria do Processo Civilizador”. Segundo ELIAS, os momentos de lazer são essenciais para proporcionar ao ser humano uma fuga das regras e regulamentos que regem a sociedade urbanizada. Os Esportes Radicais poderiam ser considerados como a atividade de lazer máxima, onde o indivíduo busca ao máximo o sentimento de excitação em prol de aliviar as tensões proporcionadas por nossa sociedade.

    Ademais, os Esportes de Aventura se caracterizam pela formação de grupos, que compartilha a mesma identidade tanto moral quanto física. Estes agrupamentos são costumeiramente denominados de “Tribos”. A adolescência e a juventude, pelas características anteriormente citadas, potencializam a forma de comportamentos que identificam os seres humanos nesta idade com o apelo de pertencimento a uma determinada Tribo.

    Segundo MAGNANI (1992), “quando se fala em “tribos” é preciso não esquecer que na realidade está se usando uma metáfora, não uma categoria: a diferença é que enquanto aquela é formada de outro domínio, e empregada em sua totalidade, “categoria” é construída para recortar, descrever e explicar algum fenômeno a partir de um esquema conceitual previamente escolhido; pode até vir emprestada de outra área, mas neste caso deverá passar por um processo de reconstrução”.

    Estas “Tribos” de praticantes de Esportes de Aventura se comportam e se vestem de forma características e peculiares. Este exemplo fica bem evidenciado na chamada “Tribo do Skate”, onde jovens do sexo masculino e feminino apresentam o mesmo estilo de vestimentas (bermudas folgadas, tênis típicos, camisões e bonés), além de utilizar ao mesmo linguajar específicos para se comunicar, com a utilização excessiva de gírias.

    Apesar dos Esportes de Aventura serem costumeiramente renegados á um segundo plano midiático, sobretudo por não fazerem partes das chamadas “Modalidades Olímpicas”, é inegável que a disseminação das “Tribos” e o capacidade de se fazer renda através de sua divulgação, gera uma atenção midiática significativa.

    Os adolescentes pertencentes a este grupo geram um atraente e lucrativo mercado comercial, em decorrência do grande número de adeptos a elas. Lojas com artigos especializados, revistas específicas e a proliferação de sites para adeptos são exemplos do poderio econômico que pode ser gerado com a comercialização de produtos específicos.

3.     As diferenças sexuais na prática de Esportes para Adolescentes

    Apresentação do projeto

1.     Tema

    Através da aplicação de um Esporte de Aventura, avaliar as diferenças na aprendizagem de habilidades motoras relativas à prática do Rapel, bem como os níveis de satisfação entre os diferentes gêneros

2.     Esporte de Aventura utilizado: O Rapel

    “Os lugares físicos são pelos jovens transformados em espaços sociais através da produção de estruturas particulares de significados” Pais, J.M. (in A Vida como Aventura: uma nova ética no lazer?)

    Rapel (em francês: rappel) é uma atividade vertical praticada com uso de cordas e equipamentos adequados para a descida de paredões e vãos livres bem como outras edificações. Trata-se de um esporte criado a partir das técnicas do alpinismo o que significa que requer preocupação com a segurança do praticante.

    A atividade é praticada essencialmente em grupo onde cada integrante se deve preocupar com o companheiro, questionando qualquer situação que possa gerar um incidente e até um acidente. Portanto, há nefcessidade de estabelecimentos de vínculos sociais para realizar esta prática, auxilando nos princípios básicos de socialização necessários ao ser humano para sua existência (conforme visto na Introdução deste trabalho).

    Rappel é uma palavra que em francês quer dizer "chamar" ou "recuperar" e foi usada para batizar a técnica de descida por cordas. O termo veio da explicação do "criador" do rappel, Jean Charlet-Stranton, por volta de 1879, quando explicava a técnica: "je tirais vivement par ses bouts la corde qui, on se le rappelle..." que quer dizer em tradução livre "Quando chegava perto de meus companheiros eu puxava fortemente a corda por uma de suas pontas e assim a trazia de volta para mim...", ou seja, ele chamava a corda de volta ao terminar a escalada e a descida de uma montanha ou pico (fonte: Wikipédia.com)

    O Rapel apresenta diversas variações no tocante á sua execução, que se alternam conforme o grau de dificuldade em que o praticante deseja abordar em sua descida, aliada ao tipo de “parede” ou de “não parede” existente para a prática desta modalidade.

    O Rapel Inclinado é o tipo de rapel mais simples de ser executado, como o próprio nome diz, ele é feito em uma parede ou pedra com menos de 90º de inclinação. Ele serve de base para os outros tipos, e é o estilo ideal para iniciantes.

Imagem de um Rapel Inclinado

    O Rapel Vertical não se difere muito do visto acima, tendo suas grandes diferenças apenas na saída, onde dependendo do ponto de fixação da corda, poderemos ter um alto nível de força no baudrier (cadeirinha) devido a passagem do plano horizontal para o vertical. E um outro fator a ser considerado é uma maior pressão no freio.

Imagem de um Rapel Vertical

    No Rapel Negativo, o rapelista inverte sua ancoragem (realizada na acoplagem do cinto localizada nas suas costas), partindo frontalmente para a parede de descida. O rapelista caminhará frontalmente pela parede. Esta técnica é utilizada para trabalhos avançados.

Imagem de um Rapel Negativo

    No Rapel “Aranha”, o rapelista inverte sua posição, com o auxílio da parede, ficando de cabeça para baixo, através de uma pendulação entre seu eixo tronco – membros inferiores. O rapelista deslizará pela corda, sem contar com o apoio da parede. Esta técnica é utilizada para trabalhos avançados.

Imagem de um Rapel “Aranha”

    As observações sociológicas no tocante á prática desta modalidade são similares ao já citado sobre a Escalada e o Montanhismo: este esporte está restrito á camadas sociais mais abastadas em decorrência do custo de seus equipamentos.

Os preços dos materiais específicos para a prática do Rapel limitam economicamente seus praticantes

    A disseminação midiática destes tipos de esporte colabora com uma progressiva diminuição da faixa etária de seus participantes, levando crianças e adolescentes a simpatizarem e a aderirem á tais práticas. Ocorre que o preço do material somado á dificuldade de alocação de lugares para a prática funcionam como uma fonte negativa, afastando o interesse desta faixa etária. Portanto, a possibilidade de socialização aliada á possibilidade de desenvolvimento motor pode ser ferramenta pedagógica importante no processo de formação infanto juvenil, sendo uma modalidade interessante para se implantada nas aulas de Educação Físicas nas Escolas.

3.     Proposta de intervenção

    Explicar as técnicas de montagem, equipagem, abordagem e descida de rapel, durante a análise do questionário e da identificação das lideranças;

    Avaliar individualmente a execução de habilidades motoras na descida de rapel vertical e aranha, avaliando o grau de dificuldade na execução do movimento;

    Aplicar um questionário para avaliar o grau de dificuldade na execução dos movimentos de rapel, bem como o nível de satisfação para a execução desta atividade entre meninos e meninas

    Analisar os questionários e as imagens, avaliando as diferentes posturas dos meninos e meninas na descida de rapel, bem como suas conseqüências.

4.     Resultados

    Foram realizadas 15 (quinze) descidas de rapel com adolescentes de ambos os sexos, havendo apenas uma desistência (no caso, foi uma menina). No total, 16 (dezesseis) adolescentes responderam as 06 (seis) perguntas, logo após a realização da atividade prática.

    Os questionários eram aplicados imediatamente após o adolescente ter realizado a descida de Rapel, tão logo da retirada dos equipamentos de trabalhos em altura, de forma que as respostas obtidas materializassem, ao máximo, as sensações e impressões dos adolescentes sobre a realização da retro citada atividade.

    Também foram realizadas 16 (dezesseis) micro filmagens da execução do exercício prático, com enfoque em 03 momentos distintos: abordagem a rampa e saída , realização da descida e chega / contato com o solo.

    As respostas do questionário estão apresentas nas 06 (seis) tabelas abaixo:

5.     Análise dos resultados

    A primeira pergunta teve como objetivo verificar o nível subjetivo de ansiedade antes de realizar a realizar do exercício de Rapel, ou seja, verificar se os adolescentes carregavam alguma expectativa positiva ou negativa em realizar um Esporte que não estavam acostumados á fazer. As respostas apresentadas forma contrastantes: enquanto a maioria dos meninos declarou não ter medo em realizar a descida, as respostas das meninas foram menos definidoras, com apenas 02 meninas não declararem vivenciar uma sensação de amedrontamento. Tal resposta poderá conduzir a duas percepções distintas: ou os meninos tiveram uma maior coragem ou, ao menos, intencionaram de demonstrar tal virtude antes de realizar a atividade. A segunda assertiva nos parece mais correta, visto que, na análise das filmagens de abordagem à rampa para realizar o rapel, o nível de apreensão erma similar entre meninos e meninas.

    Já a segunda pergunta teve como propósito avaliar o nível subjetivo de ansiedade no início da descida de rapel. Desta forma, buscou-se comparar se os resultados da primeira pergunta (realizada antes da vivência com os equipamentos e com a altura) com esta assertiva (onde os adolescentes já estavam devidamente equipados e próximos do início do exercício). Foi constatado que as respostas (quase que em sua totalidade) mantiveram o mesmo padrão da questão 01, conforme ilustra a tabela abaixo:

    Com base nas respostas acima comparadas, podemos concluir que os meninos continuaram apresentando uma maior confiança na sua manifestação no questionário que, de certa forma, contraria a avaliação das imagens. Novamente, a pressão social pela manifestação da “coragem” vinculada ao sexo masculino continuou alterando o nível de respostas dos adolescentes deste gênero.

    A Questão 03 explorou o nível de percepção subjetiva de diversão na realização do Rapel. Desta forma, procurou-se explorar o quanto de ansiedade foi convertida em momentos de descontração pelo fato de realizar uma atividade que, apesar de ocorrer num ambiente inóspito, possui todos os equipamentos suficientes para transmitir uma segurança em sua execução. Pelas respostas, foi evidente que tanto os meninos como as meninas converteram grande parte da tensão acumulada antes da atividade em descontração e diversão, aproveitando ao máximo a atividade realizada, como demonstra o gráfico abaixo:

    O objetivo da Questão 04 foi avaliar a Percepção Subjetiva de Satisfação pela realização do Rapel. Neste caso, foi evidente que a grande maioria dos adolescentes gostou bastante de realizar a atividade, sobretudo, pelo fato de ser uma oportunidade singular de se praticar um esporte que necessita de equipamento e instrutores especializados, além de ser altamente oneroso. Apenas um menino não demonstrou tanto apreço para realizar a atividade. Entretanto, como o questionário foi anônimo, não conseguimos obter os motivos por sua falta de apreço pela atividade em relação à opinião dos demais.

Bibliografia

  • BOURDIEU, P.A. A juventude é apenas uma palavra. In: Questões de sociologia. Rio de Janeiro, Editora Marco Zero, 1983.

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  • DIAS, C.A.G. & MELO, V.A. & JUNIOR, E.D.A. Os Estudos dos esportes na natureza: desafios teóricos e conceituais. Artigo Científico publicado na Revista Portuguesa de Ciência Desportiva, pág. 358 a 367.

  • DURHAM, E. A dinâmica cultural na sociedade moderna. Rio de Janeiro. Editora Ensaios de opinião 2+2, 1977.

  • DURKHEIM, Emile. As regras do método sociológico. São Paulo, Abril Cultural, 1973 (Coleção Os Pensadores).

  • GUTTMANN, Allen. From ritual to Record – the nature of modern sports. In PRONI, Marcelo & LUCCENA, Ricardo. Esporte: História e Sociedade. Campinas. Editora Autores Associados, 2006.

  • INGHAM, A.G. Methodology in the sociology of sports: from symptoms of malaise to Weber for a cure. In PRONI, Marcelo & LUCCENA, Ricardo. Esporte: História e Sociedade. Campinas. Editora Autores Associados, 2006.

  • LUCENA. Ricardo de Figueiredo. O Esporte na Cidade. Campinas. Editora Autores Associados, 2001.

  • MAGNANI, J.G. Festa no pedaço. São Paulo. Editora Brasiliense, 1984.

  • MARCELLINO, Nelson. Estudos do lazer: uma introdução. Campinas. Editora Autores Associados, 1998.

  • MARTENS, R. Competitions: in need of theory. In TANI, GO et al. Competição no Esporte e Educação Física Escolar. Texto científico produzido no livro Saúde Escolar – A criança, a vida e a escola, 1997.

  • OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução á Sociologia. São Paulo, Editora Ática, 18ª Edição, 1997.

  • PRONI, Marcelo & LUCCENA, Ricardo. Esporte: História e Sociedade. Campinas. Editora Autores Associados, 2006.

  • TAHARA, Alexander Klein & SCHWARTZ, Gisele Klein. Atividades de Aventura na Natureza: investindo na Qualidade de Vida. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 58, 2003. http://www.efdeportes.com/efd58/avent.htm

  • UVINHA, Ricardo Ricci. Juventude, Lazer e Esportes Radicais. Barueri/SP, Editora Manole, 1ª Edição, 2001.

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