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Educação Física e inclusão: estudo exploratório

sobre a perspectiva de acadêmicos estagiários

Educación Física e inclusión: un estudio exploratorio acerca de la perspectiva de los estudiantes que realizan pasantías

 

*Discente da graduação em Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB, RJ)

Pesquisadora do Grupo de Cultura Corporal da UCB/RJ.

**Discente da graduação em Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB, RJ)

(Brasil)

Monique Camargo*

niquecamargo22@hotmail.com

Lianna Oliveira**

liannacostaoliveira@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo da pesquisa foi examinar a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais (PNEs) nas aulas de Educação Física da rede regular de ensino, segundo a perspectiva de acadêmicos estagiários da referida área do conhecimento. O estudo abordou uma amostra de 14 (quatorze) professorandos-estagiários de Educação Física. Foi aplicado um questionário à população de estudo, composto por 17 (dezessete) afirmações, o qual trouxe à luz a elucidação de que as diretrizes elaboradas sobre Educação Inclusiva e os instrumentos legais não asseveram o bom desempenho e sucesso prático da busca por um ensino de qualidade, sendo necessário comprometimento sócio-político-pedagógico com a educação para pôr fim aos paradigmas da inclusão na Educação Física escolar.

          Unitermos: Inclusão. Educação Física. Estágio.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Historicamente examina-se um padrão de comportamento humano excludente à diversidade. No passado o indivíduo portador de determinado comprometimento era expulso da sociedade através da morte, ao passo que, na contemporaneidade, essa manifestação se apresenta sutilmente, velada, através de segregações, ainda que de forma não menos pungente. Participando desse lócus, temos o sujeito que “cometa qualquer infração ou adquira qualquer traço de anormalidade para que seja denunciado(a) como desviante” (Marques apud MANTOAN, 1997, p.20). Como exemplo, destaca-se, nesse ensaio, os portadores de necessidades especiais (PNEs).

    A problemática de inclusão que envolve o porte de necessidades especiais tem sido discorrida em inúmeros debates e estudos de cunho inclusivo, manifestações que demonstram o valor conotado ao assunto no mundo presente.

    O tema Inclusão Social caracteriza-se por apresentar propostas revolucionárias voltadas à maioria disposta em determinado cenário, ou seja, uma nova política através de incisões que mudem suas concepções. Isto equivale à ilação de que o projeto de inclusão objetiva erradicar a discriminação arraigada na ideologia de determinado grupo, favorecendo ações valorizadoras.

    Conceitua-se a inclusão social como o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. (SASSAKI, 1997, p. 41)

    Nesse cenário, aprecia-se a importância outorgada à Educação Inclusiva (EI), apresentando-se prioritariamente em países que anuíram à Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994). Hegarty (1994, p. 125) define EI como “o desenvolvimento de uma educação apropriada e de alta qualidade para alunos com necessidades especiais na escola regular”. O modelo educacional supra, defende a anuência de padrões que incitem a aprendizagem baseada na individualização predominante no coletivo, isto é, “para todos e para cada um”, de modo a não admitir a exclusão.

    Baseada nos padrões europeus, a escola ‘universal, laica e obrigatória’ fora criada objetivando suscitar uma imagem sociocultural igualitária entre os alunos envolvidos, baseando-se na dissipação de conhecimentos comuns, a fim de promover uma competição denominada “justa”, sem parcialidades. Ocorre, entretanto, que os valores transmitidos intensificaram as diferenças, tendo em vista as potencialidades individuais dos discentes. Assim, as características genuínas pensadas para a construção do espaço educacional, passaram a elementos segregadores.

    Tendo em vista este sentido, as autoridades governamentais desenvolveram, portanto, os centros educacionais especializados em categorias de deficiência. Data venia, observa-se a construção de um “muro social”. Mudam as ideias, todavia, a essência predomina.

    Surgem, neste compasso, correntes ideológicas emergentes, elucidando concepções a respeito da integração escolar de alunos portadores de necessidades especiais.

    Estratégias legais são traçadas a fim de banir a homogeneização cultural estabelecida. Ainda que este método tenha progredido em largos passos, apreciou-se a desagregação entre alunos “normais” e “especiais” neste ambiente. Assim, essa dicotomia aparente da escola integrativa contradiz o princípio da universalidade, construindo, por vezes, indivíduos marginalizados (RODRIGUES, 2000).

    Relevantes diretrizes e ações ocorrem a partir da promulgação da Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), na Conferência Mundial de Educação Especial, a qual institucionaliza a diferenciação entre escola integrativa e escola inclusiva e disserta sobre a funcionalidade da escola regular na educação de alunos com necessidades educativas especiais (NEE).

    Os Parâmetros Curriculares Nacionais são, igualmente, inclusos como documento norteador sobre a temática abordada, nesse mesmo sentido.

    Salienta-se que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (nº 9.394/96) destacou todo um capítulo (V) fomentando o Estado a possibilitar o acesso do aluno com NEEs ao ensino regular.

    Cardoso (2003) argumenta quanto à inclusão de alunos com necessidades especiais na escola regular, uma perspectiva e desafio para o século XXI, nos variados sistemas e graus educativos.

    Para o que se apresenta, o professor exerce significativo papel neste espaço. Trata-se de um agente transformador, o qual deve favorecer inserções que legitimem a pluralidade, a inclusão, através de valores que emitam o respeito e o exercício dos plenos direitos e deveres.

    A Educação Física (EF) está intimamente ligada a tal conjuntura, sendo certo de seu caráter expressivo e participativo. Caracteriza-se pela contribuição educacional vinculado ao desenvolvimento motor e aptidão física com fins associados ao bem-estar e à saúde. O alargamento das faculdades intelectuais participa do processo, como, por exemplo, a exploração da criticidade e da criatividade, do significado de colaboração e o sentido de cidadania.

    A Educação Física Adaptada

    é uma área da Educação Física que tem como objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com necessidades educativas especiais, adequando metodologias de ensino para o atendimento às características de cada portador de deficiência, respeitando suas diferenças individuais. (DUARTE; WERNER, 1995, p. 9).

    Esta modalidade fora implantada oficialmente nos cursos de graduação através da Resolução número 03/87, do Conselho Federal de Educação, a qual prevê a atuação do professor de Educação Física com o portador de deficiência e outras necessidades especiais (CIDADE; FREITAS, 2002). Os autores citados ressaltam que por tratar-se de uma medida ainda recente, muitos professores atuantes não receberam conteúdos acerca do assunto tratado.

    O professor envolvido deve atentar-se para as características das deficiências, oportunizando a participação de todos em atividades quantitativas e qualitativas, objetivando melhoras motoras, cognitivas e afetivas, bem como interação e integração com os demais (NOGUEIRA, 2000).

    Desta forma, a identidade do docente de EF é representada junto aos alunos de maneira positiva e dinâmica, podendo facilitar a formação de atitudes altruístas no processo ensino-aprendizagem. Portanto, não a EF em si, todavia, o modo como será utilizada pelo profissional garantirá tal relação, zelando pela reabilitação e/ou promoção da saúde de alunos com necessidades educativas especiais.

    Concomitante a tal realidade, observa-se a presença de futuros profissionais da área: acadêmicos em situação de estagiário. A prática discente em estágios curriculares permite o contato com a realidade educacional a ser vivenciada quando da formação, possibilitando conclusões acerca da harmonia dos objetivos, de combinações acertadas por um fim determinado, dos conteúdos e avaliações, o que permitirá o desdobramento de determinado padrão pedagógico.

    Em que pese o conteúdo oferecido pelas Instituições de Ensino Superior aos estudantes, por vezes, a aplicação dos conteúdos evidenciados durante o curso não ajusta-se à prática profissional. Apoiado nesse argumento, este ensaio problematiza a seguinte questão: qual é a expectativa dos acadêmicos de Educação Física em situação de Estágio Curricular (EC) em relação à inclusão de alunos portadores de necessidades especiais (PNEs) nas aulas regulares de Educação Física?

    Diante dessa plenitude de fatos, este estudo objetiva analisar a ótica e perspectivas de acadêmicos estagiários de Educação Física no que se refere à inclusão de alunos PNEs nas aulas da aludida área do conhecimento, na rede regular de ensino.

    A argumentação sobre a importância da realização deste estudo justifica-se haja vista a sólida necessidade de atentar as instituições responsáveis pela formação inicial de professores de Educação Física, tal qual os próprios docentes deste campo para a necessidade de permanente avaliação e reformulação de seus currículos, e os gestores de unidades educacionais, tanto a nível privado quanto a público, à adequação das estruturas arquitetônica, material e humana especializada, no que se refere ao sistema de inclusão de alunos portadores de necessidades especiais em aulas regulares de Educação Física.

    Optou-se por abranger a concepção de estagiários acerca do tema abordado, tendo em vista a ótica crítica-avaliadora manifesta nessa relação processual.

Procedimentos metodológicos

    O presente estudo tratou-se de uma pesquisa descritiva, na qual levantou, transversalmente, características dos indivíduos envolvidos sem a intervenção dos pesquisadores.

1.1.     Amostras e procedimentos

    Para a realização desse ensaio contou-se com uma amostra de 14 (quatorze) professorandos-estagiários de Educação Física, os quais possuem em suas respectivas classes de estágio, em ensino regular, aluno(s) portador(es) de necessidades especiais. Os entrevistados atuam tanto em instituições da rede privada de ensino, quanto em pública.

1.2.     Instrumentos e procedimentos

    Para avaliar a visão dos estagiários em relação ao posicionamento concernente à presença de alunos portadores de deficiência nas aulas regulares, foi aplicado um questionário à população de estudo. A escala foi adaptada dos instrumentos já validados de Sideridis e Chandler (1997) e Kozub e Porretta (1998), e acha-se disponibilizada abaixo. O instrumento é composto por 17 (dezessete) afirmações. O modelo apresentou cinco níveis de resposta, podendo apenas uma ser assinalada: concordo totalmente com a afirmação, concordo quase totalmente com a afirmação, discordo quase totalmente da afirmação ou discordo totalmente da afirmação.

Escala aplicada a acadêmicos estagiários de Educação Física

    Prezado(a) professorando(a)-estagiário(a):

O presente questionário visa avaliar quais as expectativas ou as experiências do professorando de Educação Física em relação à presença de alunos com deficiência em suas aulas regulares de estágio curricular. Você não precisa se identificar e deve assinalar apenas uma alternativa em cada afirmação, correspondendo àquela que melhor expressa seu grau de concordância. Desde já, agradecemos sua colaboração.

    A escala utilizada será a seguinte:

  1. Discordo totalmente da afirmação.

  2. Discordo quase totalmente da afirmação.

  3. Concordo quase totalmente com a afirmação.

  4. Concordo totalmente com a afirmação.

    Favor preencher os seguintes campos:

1 - Eu sinto que tenho ou terei, até o término do curso, o conhecimento suficiente para atingir as necessidades educacionais de alunos com deficiência.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

2 - Eu sinto que sou ou serei capaz de resolver ou controlar os problemas de comportamento dos alunos com deficiência.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

3 - Eu sinto que sou ou serei capaz de remediar os déficits de aprendizagem do aluno com deficiência.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

4 - Eu gosto ou gostaria de ter alunos com deficiência em meu(s) estágio(s).

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

5 - Eu pretendo participar de cursos e palestras para aumentar meus conhecimentos sobre os métodos de ensino para alunos com deficiência.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

6 - Eu avaliarei os meus alunos com deficiência com os mesmos procedimentos utilizados para os alunos sem deficiência.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

7 - Eu sinto que sou ou serei capaz de cumprir o programa de ensino proposto mesmo com a presença de alunos com deficiência.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

8 - Eu sinto que consigo ou conseguirei motivar o aluno com deficiência da mesma forma que aquele sem deficiência.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

9 - Eu sinto que a forma de tratamento do aluno com deficiência, em meu estágio, é diferenciada.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

10 - Eu sinto que os alunos com deficiência vão se beneficiar da interação oferecida por um programa em uma classe regular.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

11 - Eu sinto que os alunos sem deficiência irão se beneficiar com a inclusão de colegas com deficiência nas aulas regulares.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

12 - Eu sinto que os alunos com deficiência são aceitos socialmente por seus colegas sem deficiência.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

13 - Eu sinto que os alunos com deficiência são humilhados por seus colegas sem deficiência na aula regular.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

14 - Eu sinto que existem materiais instrucionais suficientes para que eu colabore com o ensino de alunos com deficiência.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

15 - Eu sinto que são oferecidos pela escola todos os serviços de suporte suficientes para que eu colabore com o ensino de alunos com deficiência (médico, psicólogo, fonoaudiólogo, auxiliares).

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

16 - Eu sinto que o professor tem recursos suficientes da escola para adquirir os materiais necessários para planejar as aulas e trabalhar com os alunos com deficiência.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

17 - As instalações da escola em que estagio são adaptadas para receber um aluno com deficiência.

( ) 1      ( ) 2       ( ) 3       ( ) 4

    As questões de 1 (um) a 8 (oito) objetivaram verificar como o professorando-estagiário avalia seus conhecimentos para trabalhar com alunos PNE e seu interesse em lidar com tal público. A socialização e tratamento entre os envolvidos no processo educacional é abordada nas questões 9 (nove) a 13 (treze). As afirmativas 14 (quatorze) a 17 (dezessete) tratam a perspectiva do entrevistado a respeito das condições da escola em que estagia para receber esse grupo especial de alunos em programas regulares de ensino.

    Quando da aplicabilidade do questionário, optou-se pelo anonimato no que concerne à identificação do professorando e nome da instituição em que presta estágio, a fim de as respostas se aproximassem ao máximo da realidade.

Resultado e discussão

    A seguir, a apresentação dos resultados obtidos na pesquisa, a análise estatística, sintetizados na Tabela 1, e considerações.

Tabela 1. Freqüência de respostas dos estagiários de Educação Física

    De acordo com os dados colhidos, inicialmente verifica-se que metade (50%) dos estagiários entrevistados não se sente ou possui perspectiva de sentir-se capacitado a trabalhar com alunos portadores de necessidades especiais. Tal colocação nos remete à porcentagem de 71,43 participantes declararem interesse em aperfeiçoar os conhecimentos acerca dessa área. Podemos considerar que se trata de um público relevante, necessitado por ampliar o repertório de estudos sobre como adaptar atividades, de modo com que todos os alunos, com efeito, possam participar de maneira igualitária. Nesse sentido, Carmo (2002) articula sobre o despreparo da Educação Física em cuidar, em simultâneo, do individual e coletivo, como afirma o princípio da inclusão, acabando por direcionar às apropriações. Um fato positivo a ser salientado, é que todos os 7 (sete) participantes que declararam não possuir ou crentes que, até a conclusão do curso universitário, não possuirão conhecimentos suficientes para trabalhar com alunos PNEs manifestaram interesse em especializar-se na área de EF Adaptada.

    64,29% dos estagiários abordados certificaram que gostam ou gostariam de atuar com alunos deficientes. Tendo em vista o estágio ser uma fase probatória, que possibilita o estagiário a absorver conhecimentos práticos para o exercício de sua futura profissão, lê-se, através de tal porcentagem, a real manifestação em criar informações sobre o labor com esse grupo especial para eventual aplicabilidade. Apenas 2 (dois) entrevistados admitiram discordar quase totalmente em realizar cursos ligados à Educação Física Adaptada.

    Quanto ao processo de interação entre alunos PNE e os demais, grande parcela dos entrevistados (85,71%) sustenta os benefícios para as partes envolvidas. Autores como Zittel e McCubbin (1996) alertam para as possibilidades de desenvolvimento das habilidades sociais quando há a presença da interação social. Assim, a troca ocorrida auxilia tanto a inclusão, quanto à integração. Todavia, a pesquisa aponta uma maior dificuldade quanto à primeira, uma vez que apenas menos da metade dos envolvidos na estatística (42,86%) afirmam que os PNEs são aceitos socialmente pelos demais alunos. Tal resultado está diretamente ligado ao tratamento dado pelo docente ao seu alunado, bem como pela estrutura institucional. Aviz (1998) ressalta que nas aulas de Educação Física, sobretudo nas aulas práticas, os alunos são excluídos das atividades, uma vez que o professor não consegue inseri-lo. Sendo o docente o mediador dessa relação, socialmente, se espera que atitudes altruístas e primárias partam de tal personagem.

    Nesse compasso, 13 (treze) dos entrevistados (92,86%) relataram que a escola onde prestam estágio não encontra-se apta a recepcionar PNEs, seja no que tange à especialização humana, tanto quanto arquitetônica e/ou materialmente. Em relação a esta alegação, há, que se ressaltar, exaustivamente, quanto à responsabilidade social individual dos participantes inseridos no cenário educacional.

Considerações finais

    Os resultados da pesquisa apontam a ótica de estudantes de Educação Física, os quais já percebem as necessidades de modificações no proceder educativo com alunos especiais e nas abordagens das questões vinculadas à EF Adaptada.

    A pesquisa traz à luz a elucidação de que as diretrizes elaboradas sobre educação inclusiva e os instrumentos legais não asseveram o bom desempenho e sucesso prático da busca por um ensino de qualidade. Nesse cenário, o investimento sócio-pedagógico reclama suprir o discurso governamental liberal, investigando as especificidades da Educação Especial e vertendo à prática um conceito teórico.

    Conclui-se que, em que pese os diversos avanços realizados na tentativa de se alcançar o status de uma sociedade justa e não-discriminatória, capaz de conviver com as diferenças, tendo por certo que somos todos seres únicos e especiais, por ora, nos distanciamos em obter tal inclusão.

    Com todo o seu despreparo estrutural, físico, material e sem os profissionais necessários e especializados, no que diz respeito a se realizar um trabalho de qualidade com os PNEs, as instituições de ensino não se mostram aptas a receber e a cuidar de forma adequada desse alunado. Se faz necessário, para este fim, que haja um comprometimento por alto da escola, do professor, da família e da sociedade em geral com a Educação Especial.

    O sistema escolar brasileiro precisa pontuar os objetivos do processo educacional, em consonância com as necessidades dos personagens envolvidos. E, em que pese, os desacertos dessa equação, inclusive os baixos salários, a falta de investimentos, dentre outros, o professor, seja lá de qual disciplina, sendo certo de sua representatividade sócio-política, possui o compromisso social e profissional com esse alunado.

    A Educação Física, a qual possui como característica a interação e a socialização, quando exercida com professores capacitados, interessados, motivados e protegidos por uma estrutura necessária, pode auxiliar grandemente para levar às aulas alunos que até então permanecem marginalizados durante as atividades propostas, colaborando, dessa forma, para pôr fim aos paradigmas da inclusão.

Referências bibliográficas

  • AVIZ, C.C. A criança portadora de necessidades educativas especiais e sua inclusão no ensino regular nas aulas de Educação Física. Brasília: Faculdade de Educação Física. Universidade de Brasília, 1998. Monografia de especialização.

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  • _____. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1997.

  • CARDOSO, C. S. Aspectos Históricos da Educação Especial: da exclusão a inclusão uma longa caminhada. Revista Educação, n. 49, p. 137-144, 2003.

  • CIDADE, R. E.; FREITAS, P. S. Educação Física e Inclusão: Considerações para a Prática Pedagógica na Escola. Brasília: Ministério da Educação. Revista Integração, v. 14 - Edição Especial - Educação Física Adaptada -, p. 27-30, 2002.

  • DO CARMO, A. A. Inclusão escolar e a educação física: que movimentos são estes? Revista Integração, Brasília, ano 14, p. 6-13, 2002.

  • DUARTE, E.; WERNER, T. Conhecendo um pouco mais sobre as deficiências. In: Curso de atividade física e desportiva para pessoas portadoras de deficiência: educação à distância. Rio de Janeiro: ABT: UGF, 1995, v. 3.

  • HEGARTY. Integration and the Teacher In: MEYER, C. J. W. ; PIJL, S. J. ; HEGARTY, S. (Eds.). New perspectives in special education: a six country study of integration. London: Routledge, 1994.

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  • MANTOAN, M. T. E. A Integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: Memnon. Editora SENAC, 1997.

  • NOGUEIRA, R. H. U. Educação Física: um espaço facilitador na integração do aluno portador de deficiência em classes comuns. Santa Maria: Centro de Educação / Universidade Federal de Santa Maria, 2000. Monografia de especialização.

  • RODRIGUES, D. A caminho de uma educação inclusiva: uma agenda possível. Revista Inclusão, v. 1, n. 1, p. 1-12, 2000.

  • SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997.

  • SIDERIDIS, G.D.; CHANDLER, J.P. Assessment of Teacher Attitudes Toward Inclusion of Students with Disabilities: a Confirmatory Factor Analysis. Adapted Physical Activity Quarterly, Champaign, v.14, p.51-64, 1997.

  • UNESCO. Declaração de Salamanca e enquadramento da ação na área das necessidades educativas especiais. Lisboa: IIE, 1994.

  • ZITTEL, L.L.; MCCUBBIN, J. Effect of in integrad Physical Education setting on motor performance of preschool children with developmental delays. APAQ, n.13, p.316-333, 1996.

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