Análise do desenvolvimento físico dos estudantes de sexo feminino de 7ª e 8ª séries do ensino fundamental Estúdio del desarrollo físico de los estudiantes de sexo femenino de 7º y 8º grado de enseñanza básica |
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Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS (Brasil) |
Rafael Dias Acosta Iouri Kalinine |
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Resumo O objetivo desta pesquisa foi analisar o desenvolvimento físico de estudantes de sexo feminino do ensino fundamental das 7ª e 8ª séries. O grupo de estudo foi composto por 51 alunas com idade entre 12 e 18 anos da Escola de Ensino Médio Maria Ilha Baisch do município de Dona Francisca-RS, Brasil. Utilizando-se dos seguintes testes físicos: salto horizontal, arremesso de bola de 150 g, flexão abdominal em 1 minuto, barra fixa baixa, corrida de 60 metros e corrida de 1500 m, baseados nas normas da Escola Russa de avaliação do desenvolvimento físico de estudantes. Foram coletadas também as medidas antropométricas: peso, altura e IMC. Os resultados da pesquisa mostraram que as alunas apresentam desenvolvimento físico abaixo dos exigidos pela escola russa. Achamos que isso acontece porque não há metas para os professores de educação física seguir, metas que exijam desenvolvimento dessas capacidades físicas das alunas, para que haja um fortalecimento da saúde destes, através do seu desenvolvimento físico. Unitermos: Educação. Educação Física. Desenvolvimento físico.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Segundo Monteiro et al (2003) hoje em dia, o amplo desenvolvimento da ciência e tecnologia proporcionou a diminuição da carga de trabalho físico no dia a dia e, como efeito colateral indesejado, contribuiu para a crescente taxa de inatividade física da população. Por sua vez isso desencadeia problemas de saúde como as doenças crônicas não transmissíveis, (SUNDQUIST; QVIST; JOHANSSON; SUNDQUIST, 2005).
Várias pesquisas realizadas nas últimas décadas mostraram os efeitos benéficos do exercício físico para saúde do ser humano. (ABU-OMAR; RÜTTEN, 2008). Foi apontado também pela US Department of Health and Human Services (2010) que a prática de atividades físicas sistemáticas é um fator importante de proteção contra as doenças crônicas não transmissíveis e melhora a qualidade de vida das pessoas. Por este motivo as instituições governamentais da saúde elaboram as diretrizes para o desenvolvimento de intervenções com vistas à promoção da atividade física.
Para a aptidão física de crianças e adolescentes têm sido monitoradas ao longo do último século, pois se sabe que existe uma relação importante entre a melhora da aptidão física e a melhora nas capacidades funcionais motoras (força, velocidade, agilidade, flexibilidade e potência aeróbia) dos indivíduos, contribuindo, assim, na eficiência da realização de determinadas tarefas. (REIFF et al, 1986, SIMONS et al, 2010). Mesmo assim, segundo Hallal (2010) o número de ações voltadas à promoção da saúde permanece insuficiente à população escolar brasileira.
A Lei N° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, exige da Escola a obrigação de realizar o processo da Educação em Saúde, onde as crianças e adolescentes adquiram hábitos saudáveis e mantenha seu organismo em estado perfeito de funcionamento, o que para Hallal, Victora, Azevedo e Wells (2006) promove benefícios a saúde óssea e cardiovascular, além de estar associado à manutenção da atividade física na fase adulta. Mas notamos que a meta dos professores educação física não está focada em melhorar a saúde dos estudantes e sua qualidade de vida, através de atividade física sistemática, pois não é cobrado dos alunos desempenho físico satisfatório e os resultados dos testes mostraram um desenvolvimento insuficiente em alguns quesitos. (BOSIO, C., KALININA, G., KALININE, I.). Achamos que isso acontece por causa de não existirem na Escola de Ensino Fundamental as normas do desenvolvimento físico ao seres atingidos por estudantes em cada faixa de idade e os critérios de avaliação tal desenvolvimento.
Sugerimos que essas normas sigam os critérios estabelecidos pelo Ministério de Educação da Federação Russa (1988) em avaliação do desenvolvimento físico, onde o objetivo principal é o fortalecimento da saúde das crianças e adolescentes, através do seu desenvolvimento físico, onde há o controle rígido deste desenvolvimento através de provas físicas padronizadas e tabelas de referência. (ПРОГРАММЫ..., 1988). Kalinine (2010) sugere uma metodologia que pode ser utilizada para controle do desenvolvimento físico dos estudantes da Escola do Ensino Fundamental e Média e se for adotada pelo MEC pode ser utilizada como documento, que exige dos professores de Educação Física desenvolver as capacidades físicas de todos os estudantes até, pelo menos, do desenvolvimento mínimo para sua faixa etária. Esta metodologia se baseia nos testes padronizados e normas de desenvolvimento físico mínimo e desenvolvimento físico ótimo dos estudantes de 8 até 18 anos de idade que foram extraídas dos Programas da Escola Fundamental e Média, Cultura Física da Escola Russa.
O Desenvolvimento Mínimo é limite do desenvolvimento físico que pode ser alcançado por qualquer estudante saudável. Os valores do desenvolvimento físico mínimo foram elaborados pelo Ministério de Educação da URSS e foram aprovadas em todas as Escolas da URSS no período mais do que 25 anos.
O objetivo da pesquisa foi pesquisar o desenvolvimento físico dos alunos de sexo masculino de 7ª e 8ª séries da Escola do Ensino Fundamental e realizar a análise da eficiência deste desenvolvimento.
Metodologia
O grupo de estudo foi composto por estudantes de sexo femininos saudáveis aptos para praticar atividade física de sétima e oitava séries da Escola de Ensino Médio Maria Ilha Baisch, do município de Dona Francisca, RS, Brasil. No total 28 alunos.
Nos testes realizados foi pesquisado: o nível do desenvolvimento da força (Puxada na barra fixa baixa), o nível de desenvolvimento da execução do exercício de flexão abdominal com joelhos flexionados, o nível do desenvolvimento da velocidade (Corrida 60 m), o nível do desenvolvimento da resistência aeróbica (Corrida 1500 m) e o nível do desenvolvimento da força explosiva e coordenação motora dos membros inferiores (Salto em extensão sem corrida) e o nível do desenvolvimento da força explosiva e coordenação motora dos membros superiores (Lançamento da bola de 150 g).
A coleta de dados ocorreu durante as aulas de Educação Física. No ginásio da escola foram realizados os testes de força, salto sem corrida, abdominal, peso e estatura. No estádio municipal localizado próximo a escola participante do estudo foi coletada os testes de corrida e lançamento da bola de 150 g, tendo como coletores o acadêmico de graduação de Educação Física da UFSM e o professor regente das turmas pesquisadas. A avaliação da estatura e peso dos escolares foi realizada por meio de fita métrica e balança antropométrica.
Resultados e discussão
Figura 1. Resultados da pesquisa do desempenho físico em teste Abdominal Modificado dos estudantes do sexo feminino pesquisados
Os resultados apresentados na Figura 1 mostram que a maioria das alunas (44) apresentou desenvolvimento ótimo. Apenas 5 alunas estão abaixo do desenvolvimento ótimo e 2 alunas com desenvolvimento insuficiente.
As crianças com idade de 12 a 15 anos apresentam índices acima das normas de desenvolvimento ótimo. Porém com o passar da idade nota-se que há tendência de estagnação do desenvolvimento físico dos estudantes do sexo feminino determinado pelo teste de Abdominal Modificado, mas deveria ser melhorado, segundo exigências dos documentos normativos de desenvolvimento físico dos estudantes12, 13 e leis biológicas do desenvolvimento do ser humano na infância e na adolescência.
Figura 2. Resultados da pesquisa do desempenho físico em teste de Salto em Distância dos estudantes do sexo feminino pesquisados
Os resultados apresentados na Figura 2 mostram que poucas alunas apresentaram ótimo desempenho (apenas 8), desenvolvimento regular (17 alunas) e a maioria apresentaram desenvolvimento insuficiente (26 alunas).
Nota-se que há uma queda acentuada na tendência de desenvolvimento físico das alunas neste teste, pois com o passar da idade o desempenho diminui ao invés de aumentar. Não deveria uma aluna com 12 anos de idade saltar mais que uma aluna de 18, pois seu desenvolvimento físico é muito superior, mas para exercer essa superioridade deve ser trabalhada força de membros inferiores nas aulas.
Figura 3. Resultados da pesquisa do desempenho físico em teste Arremesso da bola de 150 g dos estudantes do sexo feminino pesquisados
Os resultados apresentados na Figura 3 mostram um desempenho regular de 19 alunas. Nota-se uma pequena quantidade com desenvolvimento insuficiente (21 alunas) e uma pequena quantidade com desenvolvimento ótimo (11 alunas).
Pode-se observar que o desenvolvimento das alunas se mantém com o aumento da faixa etária, pois não há grande diferença de resultado entre idades, o que pode ser explicado pelo fato das meninas não terem experiências prévias em lançar objetos com o movimento natural de lançamento.
Figura 4. Resultados da pesquisa do desempenho físico em teste Barra Fixa Baixa dos estudantes do sexo feminino pesquisados
Os resultados apresentados na Figura 4 mostram que a grande maioria está abaixo do desenvolvimento mínimo (37 alunas). Apenas 8 alunas apresentaram desenvolvimento ótimo. As demais alunas apresentaram desenvolvimento regular (6 alunas).
Nota-se uma queda acentuada de desempenho conforme avança a idade das meninas, o que pode ser explicado por elas preferirem atividades leves e moderadas, que envolvam o mínimo de força possível segundo Farinatti, Ferreira (2006).
Figura 5. Resultados da pesquisa do desempenho físico em teste Corrida de 60 metros dos estudantes do sexo feminino pesquisados
Os resultados apresentados na Figura 5 mostram que a maioria das alunas tem desenvolvimento insuficiente (37 alunas), com desenvolvimento regular 13 alunas e a minoria com desempenho ótimo (apenas 11).
Percebe-se uma pequena melhora na tendência de desenvolvimento das alunas com o aumento da faixa etária, porém ainda está abaixo do desenvolvimento insuficiente, ressalta-se que o desenvolvimento mínimo é o limite do desenvolvimento físico que pode ser alcançado por qualquer estudante saudável.
Figura 6. Resultados da pesquisa do desempenho físico em teste Corrida de 1500 m dos estudantes do sexo feminino pesquisados
Os resultados apresentados na Figura 6 mostram que a grande maioria das alunas apresentou desenvolvimento insuficiente (total de 48), apenas 1 teve desenvolvimento regular e 2 tiveram desenvolvimento ótimo.
Os índices de desenvolvimento se mostram muito inferiores ao nível mínimo exigidos pelo padrão russo de avaliação de desempenho, havendo uma piora maior ainda de desempenho após a faixa etária de 15 anos, esse índice foi o que mostrou maior insuficiência de desempenho.
Conclusão
Concluímos que os níveis de desenvolvimento físico dos alunos que participaram dos testes estão inferiores aos desejados e exigidos pelos padrões de desenvolvimento físico da escola russa, principalmente as alunas, os rapazes, no geral, apresentaram desenvolvimento regular. Isso se deve pela falta de exigências para com os professores de educação física, que por não terem metas a seguir, ficam sem “saber” o que trabalhar, não dando a devida atenção ao desenvolvimento físico dos alunos com o objetivo de fortalecer a saúde das crianças e adolescentes.
Considerando as limitações do estudo, destaca-se a importância de incentivar os professores a incluírem os testes de aptidão física como programa nos currículos escolares, utilizando-se de tabelas de referência e sistema de avaliação de desenvolvimento físico anual com as notas objetivas, estimulando os jovens a praticar hábitos saudáveis.
Referências
ABU-OMAR K, RÜTTEN A. Relation of leisure time, occupational, domestic, and commuting physical activity to health indicators in Europe. Preventive Medicine 2008; 47(3): 319-323.
BOSIO, C., KALININA, G., KALININE, I. Comparative analysis of physical development in Brazilian and Russian students between 13,5 to 14,5 years old. The FIEP Bulletin. , v.77, p.60 - 63, 2007.
FARINATTI P, FERREIRA M. Saúde, promoção da saúde e educação física. Rio de Janeiro: UERJ; 2006.
HALLAL PC, VICTORA CG, AZEVEDO MR, WELLS JCK. Adolescent physical activity and health: a systematic review. Sports Med 2006;36(12):1019-1030.
HALLAL PC. Promoção da atividade física no Brasil: chegou a hora da escola. Rev Bras Ativ Fis Saude, 2010;15(2):76-77.
KALININE I. Centro de Educação Física e Desportos – UFSM. Avaliação da educação física escolar. Santa Maria, 2010. Not paged, mimeographed.
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Law N° 9.394, of December 20, 1996. http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf. Accessed on 25/05/2011.
MONTEIRO CA, CONDE WL, MATSUDO SM, MATSUDO VR, BONSENOR IM, LOTUFO PA. A descriptive epidemiology of leisure-time physical activity in Brazil, 1996-1997. Rev Panam Salud Pública. 2003;14(4):246-254.
REIFF G, DIXON W, JOCABY D, YE G, SPAIN C, HUNISCKER P. The President’s Council on Physical Fitness and Sports national school population fitness survey: Ann Arbor, University of Michigan; 1986.
SIMONS J, BEUNEN GP, RENSON R, CLAESSENS ALM, VANREUSEL B, LEFEVRE JAV. Growth and fitness of Flemish girls. The Leuven Growth study. Champaign: Human Kinetics Publishers; 1990.
SUNDQUIST K, QVIST J, JOHANSSON S, SUNDQUIST J. The long-term effect of physical activity on incidence of coronary heart disease: A 12-year follow-up study. Preventive Medicine 2005; 41(1): 219-225.
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ПРОГРАММЫ СРЕДНЕЙ ОБЩЕОБРАЗОВАТЕЛЬНОЙ ШКОЛЫ. Начальные классы. Физическая культура. Mинистерство Народного Образования РСФСР. [PROGRAMAS DA ESCOLA FUNDAMENTAL. Primeiro e segundo ciclos. Cultura Física. Ministério de Educação da Federação Russa]. Москва: Просвешение, 1988. Russo.
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