efdeportes.com

Representações da dança inclusiva com 

cadeira de rodas para pessoas com deficiência

Representaciones de la danza inclusiva con silla de ruedas para personas con discapacidad

 

*Professora mestre em educação pela UERJ

**Licenciatura plena em educação física pela UNIVERSO

***Acadêmica de educação física e fisioterapia na UNIVERSO

(Brasil)

Prof. Ms. Soyane de Azevedo Vargas do Bomfim*

José Guilherme de Andrade Almeida**

Dayana Ferreira dos Santos***

soya@oi.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A dança inclusiva com cadeira de rodas que tem como objetivos ampliar as possibilidades de aprendizagens, o acesso à arte e contribuir para construção da cidadania, pode vir a ser um instrumento importante de transformação na vida das pessoas com deficiência. No entanto, quais seriam os desafios a serem superados, para que de fato os objetivos possam ser atingidos? Por outro lado, quais seriam as possibilidades que a dança inclusiva com cadeira de rodas oferece, que podem incentivar a adesão e a permanência das pessoas com deficiência nessas aulas de dança? Realizamos um estudo de caso de caráter exploratório, por meio de entrevista semiestruturada, com alunos e alunas de um projeto de dança inclusiva com cadeira de rodas. Aplicamos o método de análise de conteúdo de Bardin e obtivemos as seguintes categorias para os desafios: cadeira de rodas (10), incompatibilidade entre os praticantes (01), dificuldades externas à instituição (13), técnica da dança (12), estrutura organizacional da instituição (02) e, não identificou dificuldades (01). Já nas possibilidades, as categorias foram: melhor sensação de bem estar (22), melhor relação com o próprio corpo (23), melhoria no relacionamento social (12), praticar atividade física (01), aquisição de conhecimentos (11), profissionalizar-se em dança (04) e, realização de um sonho (02). Foi possível inferir que, com a maior incidência de categorias e das unidades de registro do item possibilidades, o projeto de dança inclusiva com cadeira de rodas possui grandes chances de atingir os objetivos propostos, como: ampliar as possibilidades de aprendizagens; proporcionar acesso à arte e, contribuir para construção da cidadania das pessoas com deficiência.

          Unitermos: Dança inclusiva. Pessoa com deficiência. Cidadania.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

José Guilherme de Andrade Almeida, Soyane de Azevedo Vargas do Bomfim y Dayana Ferreira dos Santos

Introdução

    “A dança é, antes de tudo, livre e deve ser acessível a todos” (ROHR, 2011).

    A dança inclusiva com cadeira de rodas é uma possibilidade de se desenvolver a arte da dança através de seus diversos estilos, como forma de comunicação e expressão, além de ser um excelente meio de prática de atividade física e integração entre pessoas com e sem deficiência, usuárias e não usuárias de cadeira de rodas.

    Segundo o Decreto 6949/2009, pessoas com deficiência são:

    “[...] aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas” (Decreto-Lei 6.949 de agosto de 2009).

    No que tange a dança para pessoas com deficiência, alguns autores têm investigado esse tipo de trabalho, como Rosângela Bernabé (1997); Suzana Martins (2000); María Fux (2005); Elizabeth Mattos (2001); Maria do Carmo Rossler Freitas e Rute Estanislava Tolocka (2005); Eliana Lucia Ferreira (2003) e Nadja Ramos de Ávila (2005); Edeilson Matias da Silva (2006), Soyane Vargas (2008), Michele Barreto (2011), entre outros. Assim, pretendemos com esse artigo identificar alguns aspectos dessa prática, na visão das pessoas com deficiência, praticantes de dança inclusiva com cadeira de rodas e contribuir para estudos posteriores nessa área do conhecimento.

    A dança inclusiva com cadeira de rodas, que tem como objetivos ampliar as possibilidades de aprendizagens, o acesso à arte e contribuir para construção da cidadania, pode vir a ser um instrumento importante de transformação, na vida das pessoas com deficiência. No entanto, quais seriam os desafios a serem superados, para que de fato os objetivos possam ser atingidos? Por outro lado, quais seriam as possibilidades da dança inclusiva com cadeira de rodas, que podem incentivar a adesão e a permanência das pessoas com deficiência nas aulas de dança?

    Nesse sentido, nossa pesquisa tem como objetivos:

  • Identificar os principais desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência, praticantes de dança inclusiva com cadeira de rodas e,

  • Reconhecer as possibilidades que a prática da dança inclusiva com cadeira de rodas pode proporcionar para essas pessoas.

    Esses objetivos pretendem verificar se a dança pode ser um importante meio de inclusão social para as pessoas com deficiência. Entendemos sua importância e acreditamos também no potencial inclusivo pela arte, mas desejamos conhecer a percepção dessas pessoas.

    Esses objetivos pretendem verificar se a dança pode, de fato, ser um importante meio de inclusão social para as pessoas com deficiência. Entendemos sua importância e acreditamos também no potencial inclusivo pela arte, mas desejamos conhecer a percepção dessas pessoas. Acreditamos também que o processo de inclusão deve ir além do modismo e do discurso, porque é uma questão de direito, de cidadania. Compreendendo que as diferenças nos tornam pessoas únicas (PEDRINELLI, VERENGUER In GORGATTI, COSTA, 2005), devemos não só reconhecer e respeitar as diferenças, identificando potencialidades e limites, mas principalmente incentivar o:

    “[...] pleno desenvolvimento do potencial humano e do senso de dignidade e auto-estima, além do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades fundamentais e pela diversidade humana [...]” (Decreto-Lei 6.949 de agosto de 2009)

    O processo de inclusão, dinamizado por meio da arte, pode possibilitar uma maior percepção das potencialidades, das capacidades e das possibilidades que todo ser humano possui, quando reconhecemos as limitações e desvantagens, mas não nos focamos nelas, temos maior chance de garantir direitos humanos e sociais para melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência (ibid).

    Nesse sentido, entendemos a dança como um importante instrumento de inclusão social e expressão das potencialidades e capacidades das pessoas com deficiência. Para estimular a expressividade, por exemplo, nada melhor que investir nas atividades lúdicas e exploratórias, além de utilizar a técnica da dança como um meio e não um fim (NEVES In OMMENSOHN e PETRELLA, 2006).

    “Por meio de atividades lúdicas e exploratórias, o aluno entra em contato com o próprio corpo e suas possibilidades de movimento, desenvolvendo assim a consciência corporal. Além de desenvolver o senso pessoal, objetivamos ajudar no reconhecimento das potencialidades de cada um e desenvolver o raciocínio, aprendendo a usar os movimentos para exprimir idéias, pensamentos e emoções.” (ibid p.240)

    A dança pode ampliar o repertório de movimento cada pessoa, a consciência corporal, a coordenação motora e o equilíbrio; fortalecer a identidade do indivíduo, facilitar a percepção dos limites do outro e estabelecer a integração entre o indivíduo e a sociedade (id):

    A dança também pode ser desenvolvida com alegria, harmonia para melhor fluência de movimentos proporcionando melhoria da autoconfiança e da autoestima. Com base nos estudo de Laban, Renata Neves (2006) ressalta que:

    “É importante notar que o próprio Laban enfatizava a importância do trabalho corporal com indivíduos deficientes. Ele ressaltava principalmente dois objetivos: o estabelecimento de um ‘repertório de movimento’ balanceado e a normalização do ritmo vital.” (p. 239)

    Outros estudos como os de Dionízia Nanni (2008) nos revelam que, ao ministrar aulas de dança com métodos proativos e ações conscientizadoras, os participantes tornaram-se mais conscientes das induções de sua própria problemática corporal na relação com o outro; atenuaram ou conseguiram ultrapassar as resistências de modo a se apresentar corporalmente disponível e adaptável às suas necessidades e a do outro e, estabeleceram mudanças da postura corporal, pela fluência, amplitude e extensão dos movimentos, tanto em nível individual quanto coletivo.

    Com a pessoa com deficiência não é diferente, ao incluir essas pessoas nas aulas de dança, possibilitamos também importante e fundamental mudança de paradigma inclusive em relação à própria dança.

    Nesse sentido, defendemos a relevância do nosso estudo, pois além da divulgação e ampliação dessa área do conhecimento para atuação dos profissionais de dança e educação física, estaremos também em sintonia com uma sociedade mais justa e inclusiva.

Método

    Realizamos um estudo de caso de caráter exploratório, por meio de entrevista semiestruturada com 14 alunas e 02 alunos com deficiência de um projeto de dança inclusiva com cadeira de rodas, com faixa etária de 16 a 39 anos de idade.

Tabela 1

    Para tratamento dos dados, aplicamos o método de análise de conteúdo de Bardin (2002), agrupando em grandes categorias todas as informações obtidas, nas entrevistas realizadas. Nosso objetivo é identificar quais os principais desafios enfrentados pelos praticantes para alcance dos objetivos da dança inclusiva com cadeira de rodas e, também, quais as possibilidades percebidas por essas pessoas para aquisição de novas aprendizagens, acesso à arte e construção de cidadania, por meio dessas aulas.

    No item desafios obtivemos as seguintes categorias:

  1. Cadeira de rodas.

  2. Técnica da dança.

  3. Dificuldades externas à instituição.

  4. Estrutura organizacional da instituição.

  5. Incompatibilidade entre os praticantes.

  6. Não identificou dificuldades ou desafios.

    Já no item possibilidades agrupamos nas seguintes categorias:

  1. Melhor sensação de bem-estar.

  2. Melhor relação com o próprio corpo.

  3. Melhoria no relacionamento social.

  4. Praticar atividade física.

  5. Aquisição de conhecimentos.

  6. Profissionalizar-se em dança.

  7. Realização de um sonho.

    Duas questões configuram as limitações de nossa pesquisa:

  1. Nossa pesquisa não representa a totalidade do universo da dança inclusiva com cadeira de rodas e,

  2. Entrevistamos apenas as pessoas com deficiência, para que possamos analisar a importância da dança especificamente para essas pessoas.

    No entanto, nosso estudo pode fornecer informações importantes, a fim de serem utilizadas para futuras comparações com outros estudos nessa área do conhecimento e servir de base para orientar outros projetos/práticas com o mesmo caráter.

Resultados obtidos

Dados - interpretação

1.     Desafios

    Categorias que representam os desafios da dança inclusiva com cadeira de rodas no projeto analisado:

Tabela 2

    Na categoria cadeira de rodas obtivemos as seguintes informações: quatro (04) pessoas afirmaram que a cadeira utilizada para as aulas é muito desconfortável, para a prática de dança inclusiva com cadeira de rodas. Outro item recorrente, em quatro (04) das entrevistas, foi a má mobilidade da cadeira de rodas dificultando o toque, consequentemente, a aprendizagem de coreografias. Além disso, a falta de cadeira de rodas elétrica, para aquelas pessoas com deficiência que não conseguem tocar a cadeira, foi observada por um (01) dos entrevistados. Um outro entrevistado afirmou que o membro inferior acometido pela deficiência, atrapalha o deslocamento da cadeira de rodas em determinados momentos, dada a inadequação da cadeira.

    Na categoria incompatibilidade entre os praticantes identificamos apenas um indivíduo. Entendemos que este fato isolado é significante para influenciar no desenvolvimento da dança inclusiva com cadeira de rodas, no entanto, esse pequeno resultado pode demonstrar que a socialização ocorrida através das aulas de dança é muito superior a esse problema de ordem pessoal. O que coaduna com nosso referencial teórico que entende a prática da dança inclusiva com cadeira de rodas como um importante instrumento de inclusão social das pessoas com deficiência (NEVES In OMMENSOHN e PETRELLA, 2006).

    A categoria dificuldades externas à instituição destacou-se em 12 das 16 entrevistas. Nessas afirmativas, é importante ressaltar alguns empecilhos encontrados pelas pessoas com deficiência, tais como: 1) dificuldades com o transporte adaptado – seja pelo número reduzido de veículos, seja pelo não funcionamento de elevadores; 2- ruas e calçadas inadequadas para o deslocamento de cadeiras de rodas e/ou andador. Esses fatos também são observados por GORGATTI (2008):

    “Grande empecilho para a disseminação da prática do esporte adaptado provavelmente é a falta de transporte e de instalações adaptadas para receber pessoas portadoras de deficiência. A situação dos transportes públicos brasileiros é precária quando se pensa em adaptações para pessoas com limitações, sobretudo se forem motoras. Esse fator dificulta o acesso dos possíveis atletas ao local de prática” (p.567).

    Ainda nessa categoria, faz-se presente o relato de um indivíduo que possui outro tipo de dificuldade em participar das aulas: a distância entre a escola e o local das aulas, sempre faz com ele chegue atrasado para as aulas de dança. Assim, se tivéssemos mais locais que oferecem esse tipo de atividade, esse aluno poderia frequentar um local mais próximo de sua residência ou escola.

    Na categoria técnica da dança obtivemos o relato de duas (02) pessoas que possuem dificuldades em encontrar um parceiro não usuário de cadeira de rodas, algo importante, mas não fundamental para o desenvolvimento da técnica da dança inclusiva com cadeira de rodas. No entanto, consideramos esse fato muito importante para o processo de integração e socialização de pessoas com e sem deficiência. Outra questão recorrente em sete (07) entrevistas foi a dificuldade para memorizar as sequencias coreográficas e alguns movimentos mais complexos. Esse fato pode ser reflexo do baixo nível de estímulos motores recebidos na estimulação precoce ou ter relação com a própria deficiência. Também identificamos uma (01) pessoa que relatou ter dificuldades com o ato criativo e, outro, na capacidade de expressão que a dança exige.

    Na categoria estrutura organizacional da instituição, um (01) indivíduo relatou dificuldades com os horários oferecidos para aulas de dança inclusiva com cadeira de rodas. E isto pode impedir a adesão e a permanência de outras pessoas na mesma situação. Outra questão diz respeito ao pouco interesse demonstrado pela direção da instituição em investir na profissionalização da dança inclusiva com cadeira de rodas, consideramos a profissionalização também importante porque pode configurar mudança de paradigma na dança de modo geral e na sociedade.

    A última categoria do item desafios não identificou dificuldades denota que a declaração de um (01) dos entrevistados, pode representar a sua reduzida capacidade crítica ou a sua boa capacidade de adaptação a novos desafios. Com os dados coletados não foi possível inferir sobre esse item.

2.     Possibilidades

    Categorias que representam as possibilidades da dança inclusiva com cadeira de rodas no projeto analisado:

Tabela 3

    Na categoria melhor sensação de bem estar encontramos doze (12) relatos de sensação de felicidade, pela possibilidade de dançar. Sete (07) pessoas afirmaram melhoria em sua saúde e qualidade de vida, no que se refere ao sono, alimentação, sistema excretor e sistema imunológico, indicando que os elevados benefícios de cunho fisiológicos presentes na prática regular de atividades físicas estão também presentes para as pessoas com deficiência, na dança inclusiva com cadeira de rodas. Um dos entrevistados relatou a redução de dores provenientes de sua deficiência, indicando que a dança como prática de atividade física trouxe benefícios importantes. Um outro entrevistado afirmou ter reduzido seu nível de estresse e agitação, depois que passou a freqüentar as aulas de dança.

    Na categoria melhor relação com o próprio corpo, identificamos quatro (04) relatos de mudança de comportamento em relação aos cuidados corporais; oito pessoas (08) afirmaram ter elevado sua autoestima, aumentado a vontade de se produzir melhor e ter desenvolvido maior aceitação do próprio corpo. Outra questão é o aumento da sensação de independência e maior confiança para realização das atividades da vida diária, observada em cinco (05) entrevistas. Seis (06) pessoas perceberam melhor movimentação ao caminhar ou tocar cadeiras, proporcionando maior autonomia. Sabemos que as pessoas com deficiência que praticam atividades físicas passam a gostar mais de seu corpo e a perceberem que as tarefas, que antes julgavam impossíveis, podem ser realizadas (GORGATTI, 2008).

    Na categoria melhoria no relacionamento social identificamos os seguintes depoimentos: oito (08) entrevistados relataram que praticar dança possibilitou a realização de novas amizades e outros dois (02), disseram ter reencontrado antigas amizades. Ficou evidente nessas afirmações que a prática da dança favoreceu a integração social daquelas pessoas. Outra fala evidenciada por uma pessoa foi a possibilidade de conhecer pessoas com a mesma deficiência, algo que acreditamos ser muito relevante para compartilhar experiências, recursos e possibilidade de incentivo à superação. Ainda nesta categoria, um dos entrevistados afirmou melhoria no relacionamento familiar e despertando assim seu desejo de constituir família. Outro relato se refere à boa atuação dos professores como incentivadores dos praticantes, ratificando o ideário do professor mediador de novas aprendizagens.

    A categoria praticar atividade física foi identificada no depoimento de um dos entrevistados, que percebeu na dança uma atividade física, capaz de lhe proporcionar bem estar.

    Na categoria aquisição de conhecimentos, observamos que a dança pode ir além da comunicação e expressão artística ou espontânea, mas também proporcionar aos praticantes experiências diversas, como a possibilidade de conhecer lugares diferentes através das apresentações que são realizadas. Outra pessoa entrevistada utilizou os conhecimentos adquiridos nas aulas, para ensinar sua família a dançar. Esses dois fatos evidenciam uma mudança de paradigma muito interessante, já que até bem pouco tempo a dança não era concebida dessa forma mais autônoma para pessoas com deficiência. Ainda nesta categoria, quatro (04) entrevistados declararam que após aderirem às aulas de dança inclusiva com cadeira de rodas, sentiram-se mais motivados a buscar seu ‘crescimento’ pessoal, voltando a estudar e galgando ‘novos horizontes’. GORGATTI (2008) em sua pesquisa também identificou essa motivação em atletas que, após iniciarem uma prática esportiva, sentiram-se motivados para voltar a estudar, sair de casa, namorar e trabalhar.

    Na categoria profissionalizar-se em dança, encontramos quatro (04) pessoas que desejam profissionalizar-se, almejando reconhecimento dessa arte. Desejam também divulgar a dança inclusiva com cadeira de rodas para outras pessoas. Esse fato demonstra a necessidade de acessibilidade a cursos de dança inclusiva com cadeira de rodas, abertura de espaços para essas apresentações e o reconhecimento desse tipo de trabalho como modalidade artística.

    Na categoria realização de um sonho, em uma das entrevistas, uma pessoa relatou que sempre achou que a deficiência a impediria de dançar, isso a deixava triste porque sempre gostou de dança. Ter a possibilidade de dançar com cadeira de rodas para ela foi a realização de um sonho. Outro entrevistado comparou a possibilidade de dançar com a de cantar. Ou seja, descobriu que a arte é para todas as pessoas, com e sem deficiência.

Considerações finais

    Em nossa pesquisa foi possível ratificar que a dança inclusiva com cadeira de rodas proporciona muitos benefícios aos seus praticantes com deficiência, reconhecendo-os como sujeitos integrais capazes de expressar suas potencialidades. No entanto, algumas questões referentes à acessibilidade foram destacadas, como fatores que podem prejudicar muito o desenvolvimento desse tipo de trabalho.

    Inferimos que, com a maior incidência de categorias e das unidades de registro do item possibilidades, o projeto de dança inclusiva com cadeira de rodas possui grandes chances de atingir os objetivos propostos, como: ampliar as possibilidades de aprendizagens; proporcionar acesso à arte e, contribuir para construção da cidadania das pessoas com deficiência.

Referências

  • ÁVILA, N. R. de. O sentido subjetivo da dança sobre rodas. Brasília: [s.n.], 2005. ix, 120 f. il. Dissertação (mestrado). Faculdade de Educação, Universidade de Brasília.

  • BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 2002.

  • BARRETO, Michelle Aline. Dança esportiva em cadeira de rodas: construção/constituição, equívocos e legitimidade. 2011, Dissertação (Mestrado em Educação Física) Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2011.

  • BERNABÉ, R. Dança e deficiência: proposta de ensino. Campinas, SP: [s.n.], 2001. 97 p. il. Dissertação (mestrado). Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, 2001.

  • BRASIL. Casa Civil. Decreto-Lei 6.949. Promulgação da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, 2009.

  • FERREIRA, Eliana Lucia. Corpo-movimento-deficiência: as formas dos discursos da/na dança em cadeira de rodas e seus processos de significação. Tese de doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física. Campinas, 2003.

  • FREITAS, M. do C. Rossler; TOLOCKA, Rute Estanislava . Desvendando as emoções da dança esportiva em cadeiras de rodas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, São Caetano do Sul, SP, v.13, n. 4, p. 41-46, out./dez. 2005.

  • FUX, M. Depois da queda... dançaterapia! Tradução: Ruth Rejtman, Fotos: Andrés Barragán. São Paulo: Summus, 2005. 99 p. il. Tradução de: Después de la caída... continúo con la danzaterapia!

  • GORGATTI, Márcia Greguol; COSTA, Roberto Fernandes da. Atividade Física Adaptada: qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais – 2ª ed. ver.e ampl. Barueri, SP: Manole, 2008

  • MARTINS, S. Sobre rodas...?: exemplo de singularidade. In: Bião, Armindo; Pereira, Antonia; Cajaíba, Luiz Cláudio; Pitombo, Renata (org.). Temas em contemporaneidade, imaginário e teatralidade. São Paulo: Annablume, 2000. p. 266-268. Outra imprenta: Salvador: GIPE-CIT.

  • MATTOS, E. de. Perspectivas das pesquisas em dança em cadeira de rodas. Conexões: Educação Física, Esporte, Lazer, Campinas, SP, n. 6, p. 75-77, 2001.

  • NANNI, Dionísia. A Dança Educação – Princípios, métodos e técnicas. Rio de Janeiro: 5ª edição: Sprint, 2008.

  • NEVES, Renata M. S. Dança é para todos. In: OMMENSOHN, M. E PETRELLA, P. Reflexões sobre Laban: o mestre do movimento. – São Paulo: Summus, 2006.

  • PEDRINELLI, V.J.; VERENGUER, R.C.G. Educação Física Adaptada: introdução ao universo das possibilidades. In: GORGATTI, M.G.; COSTA, R.F. (Orgs.). Atividade Física Adaptada: qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais. Barueri: Manole, 2005.

  • ROHR, CRISTINA MARINHO. Ensaios da Dança, reflexões e citações para profissionais, educadores e amantes da dança. Rio de Janeiro: Prestígio, 2011. 

  • SILVA, E. M. da. Para além da dança: o caso Roda Viva. Natal: [s.n.], 2006. 130 f. il. + anexos. Dissertação (mestrado). Centro de Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 167 | Buenos Aires, Abril de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados