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Análise sócio espacial do esporte na cidade: 

o legado que se tem, e o legado que se sonha

Análisis socioespacial del deporte en la ciudad: el legado que se tiene y el legado que se sueña

 

*Graduado em Educação Física pela Universidade Castelo Branco (UCB)

Pós Graduado em Elaboração e gestão de Projetos sócio esportivos (UCB)

Pesquisador do grupo de Cultura Corporal Carioca

da Universidade Castelo Branco (UCB)

Pesquisador do Projeto Rio Em Forma da Secretaria

de Esporte e Lazer do Município do Rio de Janeiro

**Bacharel em Administração pela Faculdades Integradas Simonsen

Discente em Educação Física pela Universidade Castelo Branco (UCB)

Pesquisador do grupo de Cultura Corporal Carioca

da Universidade Castelo Branco (UCB)

Pesquisador do Projeto Rio Em Forma da Secretaria de Esporte e Lazer

do Município do Rio de Janeiro

***Prof. Mst. em Trabalho Social e Intervenção socioeducativa pela ISCET Porto (Portugal). 

Coordenador Geral do Rio Em Forma Olímpico da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, RJ

****Orientador. MS. em Motricidade Humana pela Universidade Castelo Branco (UCB)

Professor do Curso de Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB)

Coordenador do Grupo de pesquisa em Cultura Corporal Carioca da Universidade Castelo Branco (UCB)

Prof. Esp. Mauricio Fidelis*

Ramdel Caldas**

Prof. Mst. Marcello Barbosa***

Prof. Ms. Sérgio Tavares****

mauriciofidelis@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A Copa do Mundo e as olimpíadas vão levar dos cofres públicos segundo a revista fundações um valor estimado de R$ 1,3 trilhões, todo este investimento que será realizado, criaram numa parcela da sociedade inúmeros questionamentos, um deles seria se todo este investimento feito deixaria de fato um legado social para a população. A condição messiânica que estes eventos tem recebido merecem e devem ser debatidos, até mesmo para que se possa extrair ao máximo as suas potencialidades gerando um recuo do déficit social que esta sociedade criou ao longo dos anos.

          Unitermos: Projeto social. Politica Pública de Esporte. Legado social.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 167, Abril de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O presente artigo nasce do desejo da secretária municipal de esporte e lazer SMEL de se entender o movimento que o esporte tem feito dentro do cenário carioca, compreender se todos os investimentos, já feitos e por fazer, de fato tem promovido benesses para a população. A questão de estudo é se os investimentos feitos e que serão realizados, os estudos, e debates desenvolvidos já começam ou não a alterar a geografia do esporte na cidade.

    Quando mencionamos geografia do esporte este conceito tange a questão da distribuição espacial dos programas e projetos esportivos na cidade, pois com o advento do esporte na cidade, o potencial em formar atletas tem sido discutido de forma extensa, sobre o esporte como fenômeno social de transformação, sobre a qualidade de vida e o legado que o mesmo traz para uma nação. Entretanto estes e outros resultados só poderão ser alcançadas se o esporte entrar em contato direto com a população, e isso só acontecerá quando este a exemplo do que aconteceu com a educação encontrar caminhos que o levem a se tornar uma pratica acessível de democratizada.

    O objetivo do estudo se da em observar através dos mapas gerados sobre os projetos desenvolvidos no município do Rio de Janeiro se hoje este acesso ao esporte está, ou não difundido com sua capilaridade abrangendo toda a cidade. Inicialmente esta análise será feita no município como um todo, e a posteriori se dará numa área especifica da cidade que é a área de planejamento três, que hoje é dentro do cenário carioca uma das áreas que mais tem recebido atenção dos governantes.

Metodologia

    A pesquisa tem como método um estudo de caso, onde inicialmente foi feito um levantamento dos endereços dos principais programas e projetos das esferas municipais, estaduais e federais desenvolvidos no município do Rio de Janeiro. Em âmbito municipal e estadual este levantamento foi realizado nos próprios órgãos responsáveis Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SMEL) e a Superintendência de Desporto do Estado do Rio de Janeiro (SUDERJ), Já em âmbito federal este levantamento foi feito no site do próprio ministério dos esportes, de posse destes endereços se deu um trabalho de plotagem deste nos mapas, para assim serem analisados através do processo de Georreferenciamento.

    Os projetos e programas referenciados são Rio em forma olímpico (SMEL), Rio 2016 (SUDERJ), Segundo tempo (ministério dos esportes), o programa PELC pelo ministério dos esportes e os equipamentos esportivos municipais chamados de vilas Olímpicas e parques (SMEL). Para georreferenciar estes dados foi contratado um geólogo, que de posse deste levantamento gerou os mapas descritos no trabalho.

    No segundo momento realizaremos uma análise especifica da área planejada 3, o município do Rio é dividido em cinco áreas planejadas (AP’s), e dentro de cada área desta um numero especifico de regiões administrativas, no primeiro momento será apresentado o esporte em aspectos gerais, e no segundo momento esta análise se dará na AP 3, verificando-se assim se a democratização do esporte de fato esta sendo alcançado.

    A bibliografia levantada tende a relacionar como estes inúmeros eventos esportivos que a Cidade do Rio de Janeiro sediará com a sociedade, beneficiando a mesma com um legado imaterial que perpassará as datas e medalhas destes.

Desenvolvimento

    Podemos afirmar, pela observação histórica do fenômeno esportivo enquanto atrativo de atenção, desejo e até paixão de centenas de milhões de pessoas pelo mundo afora, que este processo de criação e propagação planetária das modalidades caracteriza-se como um dos primeiros meios de globalização. (REZENDE, P. 20, 2010).

    Na Suiça, em Zurique no dia 31 de agosto de 2007, e na Dinamarca, em Copenhague em dois de outubro de 2009, o Brasil é eleito respectivamente o país sede da copa do mundo de 2014, e das Olimpíadas de 2016, inicia-se então a jornada do Brasil que sediará os dois maiores eventos esportivos da terra.

    A copa do Mundo e as olimpíada vão levar dos cofres públicos segundo a revista fundações um valor estimado de R$ 1,3 trilhões, todo este investimento que será realizado, criaram numa parcela da sociedade inúmeros questionamentos, um deles seria se todo este investimento feito deixaria de fato um legado social para a população.

    Os referidos megaeventos e a Copa das Confederações e os jogos Mundiais Militares colocam sobre o país a responsabilidade de se tornar uma entre as dez maiores potências esportivas do planeta. Entretanto este processo de escolha e potencialização de talentos não é o único assunto que fica em voga com estes eventos, por consumirem grandes fatias do dinheiro público e privado, o que estes deixarão de bens materiais e imateriais tem entrado constantemente na pauta de discussões sobre a relevância de sediá-los e como podem alterar de forma qualitativa as mazelas sociais que a tanto nos assombram.

    A condição messiânica que estes eventos tem recebido merecem e devem ser debatidos, até mesmo para que se possa extrair ao máximo as suas potencialidades gerando um recuo do déficit social que esta sociedade criou ao longo dos anos.

    O índice de desenvolvimento esportivo (IDE) elaborado pela SUDERJ e publicado em 2011 ranqueou os 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro, e o município que em principio receberá o maior percentual de investimentos se encontra hoje na 29º posição.

    A organização desta distribuição, sócio espacial, pode ajudar a elucidar muitas dúvidas a cerca da distribuição dos programas e projetos, servindo de instrumento para que os gestores públicos possam estar atuando frente às demandas de forma eficiente e eficaz, possibilitando assim um real recuo no déficit social da cidade.

    Diante deste fato que as secretarias de esporte e lazer do Estado e do Município do Rio de Janeiro começaram a organizar suas intervenções para que seus projetos sejam disponibilizados de forma equânime, interferindo de forma positiva no combate as vulnerabilidades sociais existentes.

    A análise das políticas públicas de esporte lazer serão analisadas a partir dos mapas inseridos no decorrer do estudo, que demonstrará como está organizado o esporte na cidade, permitindo assim ponderações acerca destes mapas. Segundo Cano (2006) “Um programa social é uma intervenção sistemática planejada com o objetivo de atingir uma mudança na realidade social” (p. 9), se é verdade o que nos diz Cano (2006) que um programa e um projeto têm como viés a transformação social, um projeto de esporte, realizado na cidade mais esportiva da segunda década do século XXI, e que visa atender a uma população que ao longo do processo de urbanização teve seus direitos cerceados, resultado daquilo que Rattner (1988) chamou de capitalismo tardio, tem que ter agregado a sua prática a organização das ações atreladas a uma filosofia, a um pensamento que se adeque ao fenômeno pretendido.

    Os projetos esportivos desenvolvidos e ainda em desenvolvimento ganham com os megaeventos uma projeção e uma adesão facilitada pelas propostas atuais dos governos Federais, Estaduais e Municipais. A gestão pública tem buscado organizar suas ações de forma a equacionar as mazelas que a tanto assolam nossa sociedade. O Rio de Janeiro ao longo de sua história sempre atuou como protagonista destes processos para mal e para bem, e com a chegada de inúmeros eventos esportivos, a cidade ganha a oportunidade de reorganizar estas estruturas, tendo o esporte como mediador deste protagonismo.

    Esta reorganização passa então pelo crivo de se aplicar ações que atendam e promovam esta visibilidade, convergindo assim numa cidade unificada quebrando as fronteiras invisíveis que colocam regiões e pessoas, segregadas e isoladas em seus “currais”, esquadrinhando-se territórios que transformam-se em fronteiras que separam as pessoas e seus espaços de outros espaços ilustrando assim o que Zuenir (1994) chama de “cidade partida”, romper com isso tem sido o norte da atual gestão do Esporte no país, e em especifico no Estado do Rio de Janeiro.

    A estrutura de subordinação das massas esperada e planejada em outros governos e em outras décadas começa a se romper com o advento do Brasil enquanto potência econômica no mundo. O que se seguirá adiante é uma análise de como o esporte esta através das políticas públicas agindo de forma concomitante a estas demandas de uma nação mais preparada, mais educada, menos desigual, que o Brasil enquanto nação emergente precisa se enquadrar. Por esta necessidade o esporte torna-se um mediador que assume a condição de prisma de um objetivo maior e verdadeiramente revolucionário que é a educação.

    Ao quebrar e romper com este translado inicia-se assim o processo de legitimação destes espaços nas suas singularidades, promovendo inclusão e tolerância sem que para isso impere a premissa da homogeneização tão almejada nas políticas praticadas em épocas que tinham o ideal higienista. Desta forma o eugenismo, a segregação, poderá dar lugar ao fenômeno da compartimentação dos territórios, que excluíam e ainda excluem as localidades esquadrinhadas, a democratização do esporte tende a desenvolver ascensão destas localidades, exaltando suas características e conectando as mesmas numa rede que se estabelece e se reestabelece através do corpo e das vivencias esportivas realizadas pelo mesmo.

    Criar ou recriar estas conexões não é tarefa simples, ainda mais quando as Políticas Públicas que vigoraram sempre foram desacreditadas por conta dos resultados aquém do desejado. É necessária que se estabeleça uma abertura onde a conexão entre os Stakeholder possam vislumbrar um verdadeiro avanço nesta construção que nunca será unilateral.

Georreferenciamento dos projetos esportivos

Figura 1. Núcleos do projeto Municipal Rio em forma Olímpico

 

Figura 2. Os equipamentos esportivos e de lazer do município

 

Figura 3. Mapa com os núcleos do Rio 2016

 

Figura 4. Mapa com os núcleos do PELC

 

Figura 5. Projetos por Região administrativa

 

Fig X – RA X

 

Fig X – RA XII

 

Fig X – RA XII

 

Fig X – RA XIII

 

Fig X – RA XXII

 

Fig X – RA XXV

 

Fig X – RA XXVIII

 

Fig X – RA XXIX

 

Fig X – RA XXX

Resultados do Georreferenciamento

    Ao analisarmos os mapas supracitados podemos observar que neste momento a região que contempla a AP 3 esta quase que 100% atendida pelo esporte, cara raio apresentado nos mapas nos dão a dimensão de 2 Km de alcance dos projetos, certamente quando a pesquisa for aplica para as demais APs poderemos ter a dimensão do quanto à disseminação do esporte da cidade esta avançada. Pois de certo que os pontos de contato das demais regiões irão encontrar-se em convergência com os pontos “não atendidos”, esta hipótese encontra sustentação quando olhamos os primeiros mapas que nos dão uma visão macro do esporte no município do Rio.

    A AP 3 por ser uma região que está recebendo, e ainda receberá inúmeros investimentos precisa ser constantemente monitorada, para que a condição de parque esportivo que esta alcançou por nela se encontra os dois principais estádios de futebol da cidade, inúmeras quadras, clubes, projetos, entre outras estruturas precisa servir de espelho paras as demais áreas da cidade.

Conclusão

    O estudo realizou uma análise sobre a ocupação dos projetos esportivos pelo município do Rio de Janeiro, e pôde perceber que hoje a cidade está praticamente coberta em sua totalidade. Dentro do planejamento que vem sendo desenvolvido pelas atuais gestões dentro da área do esporte, podemos constatar que a pauta que trata da democratização do esporte esta praticamente sanada, porém precisa ser desenvolvida de forma mais equânime.

    Quando colocamos o nosso foco de análise em cima de uma área especifica que foi a área planejada três da cidade podemos observar que o esporte hoje nesta área se encontra amplamente difundido, entretanto se faz importante que este mesmo estudo se dilua pelas demais regiões da cidade, pois o Município do Rio está dividido em cinco áreas de planejamento.

    Concluímos assim que muitos foram os avanços nas politicas públicas de esporte na cidade, a democratização do fenômeno esportivo, seja no vetor educacional, de participação ou de valorização de talentos, dando respaldo e legitimando todos os esforços feitos para que os megaeventos pudessem se realizar numa das cidades com grande vocação para megaeventos, o Rio de Janeiro, construindo dessa forma também um legado social para o município, entretanto os estudos precisam ser feitos de forma constante para que deslizes cometidos no passado em outras cidades possam ser aqui previsto e amortizados.

Referencias

  • CANO, Ignácio. Introdução à avaliação de programas sociais. 3º ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

  • CARLA, Tavares. Índice de desenvolvimento do esporte: Mapeamento e Gestão no Estado do Rio de Janeiro – 2010. Rio de Janeiro: LGN, 2011.

  • CASTRO, Bruno et al. Rio de Janeiro e suas múltiplas possibilidades de intervenção no esporte, lazer e qualidade de vida: reflexões e relatos do 12º Santa Mônica fitness e wellness. Rio de Janeiro: editora Shape, 2010.

  • FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: histórias da violência nas prisões. 32º ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1987.

  • RATTNER, Henrique. Política Industrial: projeto social. São Paulo: Editora brasiliense, 1988.

  • O legado dos próximos eventos esportivos no Brasil. Acessado em: 21/06/2011. Link: http://www.revistafundacoes.com.br/pdf/revista%2005/05%20report_copa_FOG5.pdf

  • REZENDE, José Ricardo. Nova legislação Direito Desportivo: Preparando o Brasil Para a Copa 2014 e Olímpiadas 2016. São Paulo: All Print Editora, 2010.

  • VENTURA, Zuenir. Cidade Partida. São Paulo. Companhia das Letras, 1994.

  • WEBER, Max. Metodologia das ciências sociais: parte 2. 2º ed. São Paulo: Cortez Editora, 1995.

  • ___________. Metodologia das ciências sociais: parte 1. 4º Ed. São Paulo: Cortez Editora, 2001.

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