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Teste de salto com bola para jovens do futebol feminino

Test de salto con pelota para juveniles de fútbol femenino

Jump test with ball for young female soccer player

 

Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela UCB do RJ

(Brasil)

Nelson Kautzner Marques Junior

nk-junior@uol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do estudo foi elaborar o teste de salto com bola para jovens do futebol feminino. No travessão são fixadas as bolas com diversas alturas para a avaliação. O teste da goleira ela toca a bola com as mãos e o da jogadora é feita uma cabeçada. Os resultados foram o seguinte: teste da goleira (r = 0,32, p=0,39) e da jogadora (r = 0,07, p=0,85) apresentaram r insignificante (p>0,05). Em conclusão, o teste de salto com bola apresentou um r muito baixo, mas a instrumentação é de baixo custo financeiro.

          Unitermos: Futebol. Salto vertical. Teste.

 

Abstract

          The objective of the study was to elaborate the jump test with ball for young female soccer player. The ball is fixed of the big goal with more high for the test. The balls have more high for the hand of the goalkeeper reach and the soccer player reach with the head. The results were: test of the goalkeeper (r = 0,32, p = 0,39) and of the soccer player (r = 0,07, p = 0,85) were insignificant (p>0,05) r. In conclusion, the jump test with ball of the goalkeeper and of the soccer player was with low r, but the jump test with ball is cheap.

          Keywords: Soccer. Vertical jump. Test.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O salto vertical é uma ação presente no jogo de futebol. Sendo manifestado no cabeceio, na saída do gol e na defesa pelo alto. Então, determinar a impulsão do futebolista é uma tarefa importante para o treinador detectar os jogadores de maior e menor salto vertical1. Entretanto, a literatura do futebol não apresenta nenhum teste de salto que simule o jogar2 devido à complexidade desta atividade aérea que necessita da presença da bola. Como estruturar um teste de salto que simule o fundamento da cabeçada e da saída do gol para jovens do futebol feminino?

    Consultando um artigo de força reativa3, foi confeccionado um gol gigante que ficava fixado no gramado, no travessão, era amarrada uma corda e a mesma corda prendia uma bolsa que se encontrava a bola de futebol. Apesar da interessante investigação desses autores, eles não informaram o material do gol gigante. Então, essa pesquisa3 passou a ser um referencial para a construção do teste porque simula um momento da partida de futebol.

    O objetivo do estudo foi elaborar o teste de salto com bola para jovens do futebol feminino.

Material e método

  • Sujeitos: Foram selecionadas 9 meninas do Orfanato Santo Antônio com idade de 12,56±0,5 anos, estatura de 153,89±7,23 cm, envergadura de 198,89±11,55 cm e a massa corporal total de 44,62±9,27 kg. Essas jovens não tinham nenhuma vivência esportiva, mas praticaram todas as posições do futebol.

  • Descrição do aparelho: Foi cortado um cano de PVC de 50 da marca Tigre para ser construído o gol gigante. As dimensões do gol gigante e sua estruturação são as seguintes: 16 cm de circunferência do PVC, 3,30 m de altura poste lateral (são dois), 3 m de comprimento do poste superior (um), 2,70 m de comprimento da base (duas), 3,37 m de altura do poste lateral (dois) com o joelho colado (Obs.: A base foi colada a um joelho do poste lateral), no poste superior de 3,16 m de comprimento (Obs.: foi colado um “t” de cada lado) e a região do poste lateral que ficou livre foi encaixada no “t” da trave superior. Este encaixe foi realizado com os canos no solo.

    Para erguer o gol gigante do teste de salto com bola, foram necessários duas componentes do orfanato, uma em cada poste lateral, outras duas meninas na base, e o professor no travessão praticaram a tarefa para determinar se o aparelho ficava firme ao estar em pé. Este ato permitiu a observação da estabilidade vertical do implemento. Para “deitar” o gol gigante, duas atletas do orfanato realizaram ação similar a de erguer, uma de cada lado do poste lateral, outras duas na base, e o professor cuidando do travessão. Chegando ao solo o equipamento era desmontado. Para melhor entendimento, os desenhos ilustram como erguer e descer o aparelho.

Figura 1. O professor dá a ordem de comando para as jogadoras erguerem o aparelho.

 

Figura 2. Professor no meio esperando o travessão chegar a sua mão.

    Depois o professor pesou o gol gigante, dando os seguintes valores: 5 kg cada poste lateral unido pelo joelho com a base, 3 kg do poste superior com “t” e o aparelho tem um total de 13 kg.

    Visando que os cadarços que sustentam as bolas ficassem sempre na mesma distância, o educador físico passou um durex azul escuro de largura de 1 mm no meio do poste superior que se encontrava no solo. Se dirigindo para a extremidade. A figura 3 ilustra isso:

Figura 3. Distância do durex azul escuro no poste superior.

    As bolas utilizadas no teste foram de plástico leve para evitar do gol gigante cair ou interferir no equilíbrio.

    As alturas de alcance do salto foram confeccionadas com o gol gigante estando montado, mas “deitado” no solo. Através de uma trena o professor estabeleceu os respectivos locais para fixar as pressões no cadarço, respeitando as alturas de alcance do salto. Em cada bola de alcance do salto, foi fixado um papel com durex, com as respectivas alturas de alcance do salto para o professor poder identificar o valor atingido. Isto foi efetuado em quatro gomos diferentes da bola. Também, para o educador físico saber rapidamente que existem alturas de alcance diferentes, a maioria das bolas não tinha a mesma cor. As cores eram: bola 1 com listras verdes e azuis (altura mais baixa), bola 2 com listras verdes e azuis (segunda altura mais baixa), bola 3 com listras verdes e amarelas (altura média), bola 4 com listras amarelas e vermelhas (segunda mais alta) e bola 5 com listras vermelhas e azuis (mais alta).

    O material para prender as bolas no cano superior do gol gigante foi o seguinte: tela branca, foi cortada uma circunferência, franziu-se o contorno da mesma formando uma bolsa para a bola. O barbante uniu a bolsa da bola ao cadarço, o ilhós preto permitiu que o barbante fosse amarrado, tendo a bola fixada a ele. No cadarço preto foi fixado o ilhós e as pressões. A pressão fixada no cadarço com as devidas alturas, ou seja, para o professor poder aumentar ou diminuir as alturas de alcance do salto. Para o professor poder colocar as bolas nas devidas alturas de alcance do salto, as pressões foram fixadas no cadarço da seguinte maneira:

Tabela 1. As bolas de alcance do salto com a respectiva pressão

    O cadarço é cortado em cinco partes, com diferentes medidas respeitando-se as alturas básicas de alcance (180 cm, 210 cm, 225 cm e 240 cm), que vai do solo a bola. As primeiras pressões formam um elo no cadarço que garante a sustentação do cadarço ao aparelho (gol gigante). O cadarço contorna o cano. Para melhor compreensão, a figura 4 mostra a bola quatro na altura de 240 cm, para reduzir o tamanho, a 1ª pressão “macho” de baixo para cima é fixada na 1ª “fêmea”, passando o implemento para elevação de 245 cm:

Figura 4. (a) Bola de alcance na posição inicial e (b) na altura de 245 cm com a pressão

    A figura 5 apresenta a bola cinco de 300 cm para o leitor compreender como as bolas são fixas no travessão do gol gigante.

Figura 5. Bola de alcance na altura de 300 cm com a pressão fixada conforme é preso no poste superior

    Confeccionado o material que fixa a bola no gol gigante, ele é preso no travessão e é erguido igual ao explicado anteriormente, objetivando observar se o equipamento conseguiu suportar as bolas. Terminada a averiguação, o aparelho foi descido até o solo conforme as instruções anteriores. A figura 6 apresenta o gol gigante com as bolas.

Figura 6. Gol gigante pronto para a avaliação, sendo mostrado de (a) longe e de (b) perto.

    Para mudar a altura das bolas, foi utilizada uma escada e o professor encarregou-se de alterar as medidas quando necessário.

  • Preparação para o teste de salto: Antes de começar o teste, a praticante foi orientada a fazer um aquecimento músculo articular e realizar o teste como reconhecimento da atividade. A duração do aquecimento foi de 3 a 8 minutos.

  • Descrição do teste da goleira: O teste de salto da goleira a atleta vai simular uma saída de gol, e tocar a bola que está fixada na corda. Optou-se pela saída do gol, pois é um dos momentos que a goleira necessita de significativo alcance das mãos na bola. Sendo obrigatória a presença da trave para simular o jogo. Nesta avaliação, geralmente, a goleira corre um pouco e salta para atingir a bola. Recomenda-se a realização de no máximo três avaliações, tendo como resultado final o melhor desempenho. Feito o 1º salto (Obs.: Foi marcado na ficha do anexo 1), a praticante descansa por alguns segundo, sendo estabelecido o valor de intervalo baseado na tabela 2, conforme as indicações da literatura4,5. Após a pausa, acontece o 2º salto e depois nova pausa, para finalizar o teste com o 3º salto. O procedimento no intervalo do teste é caminhar livremente para esperar a próxima avaliação.

Tabela 2. Tempo de pausa e restauração da ATP-CP

    O tempo de pausa após cada salto seguiu as explicações de Oliveira6, ao afirmar que o intervalo em esportes coletivos merece possuir tempo variado porque reproduz o ocorrido na partida. Caso no segundo ou no terceiro salto o resultado piore em cinco ou mais centímetros, a goleira deverá realizar uma nova tentativa na avaliação, após um descanso máximo para restaurar a ATP-CP (Pausa de 4 a 5`).

    O cálculo para o professor estabelecer a elevação do centro de gravidade é o seguinte: Altura do Salto da Goleira = Alcance em cm da saída do gol - Envergadura em cm (envergadura lateral em cm ocorre durante o alcance máximo dos dedos na fita métrica ao fazer a flexão do ombro) = ? cm. A figura 7 mostra como ocorre o teste.

Figura 7. (a) Goleira na posição de expectativa e (b) tocando na bola com altura de 225 cm.

  • Descrição do teste da jogadora: No teste da jogadora recomenda-se a realização de no máximo três avaliações, tendo como resultado final o melhor desempenho. O procedimento de salto e pausa é igual ao teste da goleira.

    A jogadora da linha deve tentar cabecear a bola que está dentro da bolsa presa a corda, no ato da cabeçada, a competidora pode correr e fazer a cabeçada ou ficar próxima a bola e saltar para efetuar o fundamento, ficando a escolha da atleta.

    Após a cabeçada é estabelecida a altura de cabeceio quando a futebolista toca a bola, e o valor da impulsão, com o cálculo parecido ao anterior. Sendo: Altura do Salto da Jogadora = Alcance em cm do cabeceio - Altura da jogadora em cm = ? cm. A figura 8 mostra como ocorre o teste.

Figura 8. (a) Jogadora na posição inicial e (b) efetuando a cabeçada na bola com altura de 210 cm

  • Procedimento na avaliação: Todo o experimento foi realizado no campo do orfanato. As futebolistas receberam informações sobre o teste de salto com bola, sobre o teste de salto vertical com balanceio dos braços indicado por Matsudo8 e sobre o objetivo do estudo. Todos os testes ocorreram das 14 às 15 horas, com temperatura de 21ºC e no outono. No 1º dia de avaliação aconteceu o teste de salto da goleira, no 2º, o teste de salto da jogadora, e no 3º dia, o teste de Matsudo7.

  • Tratamento estatístico: Todos os dados estatísticos foram calculados conforme os procedimentos do SPSS 14.0 para Windows. Foi apresentada a média e o desvio padrão. Shapiro-Wilk (p≤0,05) detectou a normalidade dos dados. O teste “t” independente (p≤0,05) foi utilizado para determinar a diferença dos testes de salto. O r Pearson identificou a relação entre os testes (p≤0,05) e foi estabelecido o erro padrão da estimativa (EPE).

Resultados e discussão

    O teste de Shapiro-Wilk detectou normalidade nos dados. A tabela 3 expõe a estatística descritiva.

Tabela 3. Resultados do salto vertical

    O teste “t” independente foi insignificante nas comparações: teste de Matsudo7 versus o teste da goleira, t (16) = -1,34, p = 0,19, teste de Matsudo7 versus teste de salto da jogadora, t (16) = -1,51, p = 0,14.

    A tabela 4 apresenta os resultados do r de Pearson e o EPE.

Tabela 4. Resultados

    O teste de salto com bola da goleira e da jogadora apresentou um r muito fraco e não foi significativo (p>0,05), talvez este ocorrido seja porque as futebolistas possuem pouca experiência na realização dos fundamentos (saída do gol e cabeçada), prejudicando o desempenho da impulsão. Consultando algumas referências sobre salto vertical8,9, o jovem costuma possuir uma coordenação deficiente durante a impulsão.

    Algumas pesquisas sobre teste de salto vertical com r alto ou excelente geralmente são de modalidades que o atleta tem experiência na elevação do centro de gravidade, o caso do estudo de Bosco, Luhtanen e Komi10 com esportistas do voleibol e basquetebol, r = 0,95. Em outra investigação, Young et alii11 validaram o Vertec Modificado, o r foi de 0,72 (moderado), a amostra era de homens com experiência no basquetebol, voleibol e futebol.

    Qual foi o motivo do r muito baixo? Geralmente os estudos sobre a validade de um teste de salto costumam possuir um n alto, com 30 a mais participantes, fato não ocorrido nessa investigação (n = 9). Outras variáveis intervenientes não foram controladas nessa pesquisa, como a idade biológica e a hemisfericidade, que podem ter prejudicado os resultados da investigação.

    Apesar dessas limitações, o teste de salto com bola é uma importante avaliação porque simula o jogar. Outra vantagem do teste é que fornece imediatamente o alcance no fundamento.

    Contudo, o estudo teve outras limitações, não dispõe de tecnologia que mensure a velocidade da corrida de aproximação que precede o salto da atleta e o impacto da perna de impulsão na fase inicial do salto. Entretanto, parece que o teste de salto com bola é a única avaliação para jovens do futebol feminino.

Conclusões

    O teste de salto com bola da goleira e da jogadora apresentou um r muito baixo e foi insignificante (p>0,05). Contudo, a instrumentação é de baixo custo financeiro podendo ser utilizada por qualquer equipe de futebol.

    Para aperfeiçoar o gol gigante e com o intuito de conduzir um novo estudo são recomendadas as seguintes sugestões: 

a.     Alterar a marcação do durex azul escuro do travessão porque a bola fica muito próxima do poste lateral. A figura mostra as distâncias:

Figura 9. Modificação da distância do durex azul para maior segurança

b.     Para o poste lateral e o superior fornecer maior segurança, indica-se que seja enrolado em espuma grossa e depois amarrado. Isto amortece a colisão da atleta no aparelho. Sendo que o durex azul escuro do travessão deve ficar aparente para adequada fixação das bolas.

c.     O uso das alturas das bolas com aumento em cada 10 cm é muito exigente porque se uma jogadora não tocar de cabeça numa bola de 200 cm, mas chegar próximo, não é computado o alcance. Então, o ideal que as alturas das bolas se elevassem a cada 1 centímetro. Indica-se que na próxima investigação, a modificação da altura das bolas seja por roldana.

d.     Futuramente indica-se a criação do gol gigante com o seguinte material: de alumínio a trave e o travessão, todos os canos merecem ser revestidos por espuma emborrachada macia (menos chance de acidente), a base do gol gigante que deixa ele em pé, deverá ser de ferro. Essa base deverá ter uma pressão contra o solo caso a avaliação seja praticada numa quadra. Esse gol gigante deverá ser desmontável. O desenho ilustra essas idéias:

Figura 10. Gol gigante que monta e desmonta

e.     Para este gol gigante servir para diversas modalidades, não só para o futebol, indica-se que possua no mínimo 4 m de altura. Indica-se que a altura mencionada merece utilizar cano de PVC cuja medida seja superior a 50, para não prejudicar a estabilidade do gol ao ficar em pé.

Referências

  1. Daniel J, Cavaglieri C (2003). Avaliação física no futebol. In: Pellegrinotti I (Org.). Performance humana. Ribeirão Preto: Tecmedd, 2003.

  2. Villar C (1987). La preparación física del futbol basada en el atletismo. 3ª ed. Madrid: Gymnos.

  3. Gauffin H, Ekstrand J, Tropp H (1988). Improvement of vertical jump performance in soccer players after specific training. J Hum Mov Studies. 15(-):185-90.

  4. Marques Junior N (2001). Metabolismo energético no trabalho muscular do treino competitivo ou do fitness. Rev Min Educ Fís. 9(1):63-73.

  5. Tubino M, Moreira S (2003). Metodologia científica do treinamento desportivo. 13ª ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.

  6. Oliveira P (2003). O processo de desenvolvimento da resistência motora e sua relação com a preparação geral e especial. In: Pellegrinotti I. (Org.). Performance humana. Ribeirão Preto: Tecmedd, 2003.

  7. Matsudo V (1998). Testes em ciências do esporte. São Caetano do Sul: CELAFISCS.

  8. Jensen J, Phillips S, Clark J (1994). For young jumpers, differences are in the movement`s control, not its coordination. Res Q Exerc Sport. 65(3):258-68.

  9. Prudêncio N et alii (2006) Análise do processo de aprendizagem na performance do salto em atletas de futebol da categoria infantil. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 11(98):1-7. http://www.efdeportes.com/efd98/salto.htm

  10. Bosco C, Luhtanen P, Komi P (1983). A simple method for measurement of mechanical power in jumping. Eur J Appl Physiol. 50(2):273-82.

  11. Young W et alii (1997). An evaluation of the specificity, validity and reliability of jumping tests. J Sports Med Phys Fitness. 37(-):240-5.

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