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Prevalência de sobrepeso e obesidade em alunos 

da 5° a 7° série do colégio Ipiranga, Belém, PA

Predominio de sobrepeso y obesidad en alumnos de 5º y 7º grado del colegio de Ipiranga, Belem, PA

Prevalence of overweight and obesity in students from 5° to 7° of the college series Ipiranga, Belem, PA

 

*Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Educação Física

da Universidade do Estado do Pará – UEPA

**Graduado em Educação Física. Esp. em planejamento e Avaliação Educacional

Esp. em Natação. Ms. em Metodologia da pesquisa

Dr. em Desenvolvimento Infantil. Professor de Educação Física da UEPA

***Graduado Em Educação Física. Esp. em Educação Física e Fisiologia do exercício

Mndo. em Educação Física. Membro da SBPC e SBA

Coordenador de Educação Física do colégio Ipiranga

Moises Costa da Silva*

moises_1801@hotmail.com

Ricardo Figueiredo Pinto**

rfpuepa@yahoo.com.br

Rodolfo de Azevedo Raiol***

rodolforaiol@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A Obesidade é uma das doenças que mais cresce no mundo, trazendo como conseqüências graves problemas de saúde, a presente pesquisa documental do tipo descritivo com delineamento transversal, tem o objetivo de analisar a prevalência de sobrepeso e obesidade entre alunos da escola Ipiranga, Belém-Pa. Portanto foram avaliadas as fichas de 160 alunos de ambos os Sexos e idade 09 e 16 anos, matriculados da 5° a 7° série do Ensino Fundamental, sendo 85 (53,1%) meninos e 75 (46,9%) meninas. Foram analisados valores referentes à massa corporal e estatura, O IMC de todos os alunos foi calculado por meio da divisão da massa corporal/(estatura)² sendo a massa corporal expressa em Kg e a estatura em metros (m) e os resultados interpretados por parâmetros da Organização Mundial de Saúde OMS-2006/2007 utilizando gráficos e tabelas para estatura, peso e estatura para idade. Pelos parâmetros da OMS-2006/07, as crianças e adolescentes foram classificadas da seguinte forma em percentil: baixo peso (IMC percentil < 3), normopeso (15 percentil ≤ IMC percentil ≤ 85), sobrepeso (IMC>percentil 85 e ≤ 97) e obeso (IMC > percentil 97). Encontrou-se uma prevalência alta de sobrepeso e obesidade 22,5 e 19,4. Em relação ao sexo, os homens tiverem uma prevalência maior de sobrepeso (28,0%) e obesidade (29,3) em relação às mulheres (15% e 9%) respectivamente. Assim, conclui-se que os altos valores de sobrepeso e obesidade observados entre os alunos da escola Ipiranga, principalmente entre os indivíduos do sexo masculino, servem como forma de alerta, para indicar a necessidade de intervenção por parte de profissionais da área da saúde em meio escolar.

          Unitermos: Prevalência. Sobrepeso. Obesidade. Escolares.

 

Abstract

          This study aimed to assess the prevalence of overweight and obesity among school students Ipiranga, Belém-Pa. We evaluated the plug 160 students of both genders aged 9:16 years, enrolled from 5 ° to 7 ° series, 85 (53.1%) boys and 75 (46.9%) girls This is a and cross-sectional descriptive study with qualitative and quantitative analysis. analyzed values ​​were related to body mass and height, BMI (Body Mass Index) of all students was calculated by dividing body mass / (height) ² is the body mass expressed in kilograms (kg) and height in meters (m) and the results interpreted by the parameters of the World Health Organization-WHO 2006/2007 using graphs and charts for height, weight and height for age. OMS-2006/07 the parameters of children and adolescents were classified as follows: underweight (BMI < 3), normal weight (15 ≤ IBM ≤ 85), overweight (IBM> 85 e ≤ 97) and obese (IBM > 97). We found a high prevalence of overweight and obesity of 22.5 and 19.4 respectively, in relation to gender, men have a higher prevalence of overweight (28.0%) and obesity (29.3) over women (15% and 9%) respectively. Thus, we conclude that the high values ​​of overweight and obesity observed among school children in school Ipiranga, especially among males, serve as a way to warn and indicate the need for intervention by health professionals through educational.

          Keywords: Prevalence. Overweight. Obesity. School.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Atualmente, a obesidade é considerada um problema de saúde que assola milhões de pessoas no mundo todo, e atingiu níveis epidêmicos nos últimos anos, informa uma pesquisa realizada por American College of Sports Medicine (ACSM, 2004). Segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico de 2009 (VIGITEL), só em Belém existem 57% de homens acima de 17 anos que estão com excesso de peso. As mulheres encontram-se com 41,9% acima do seu peso normal, segundo a mesma pesquisa ligada a este fator, estão os problemas de saúde que podem afetar gravemente o bem-estar dos indivíduos tais como: dificuldades respiratórias, problemas de locomoção, hiperlipidemias, cardiopatias, diabetes tipo II (PINHEIRO et al., 2004 ), e alguns tipos de neoplasias como o câncer de mama (THULLER,2003).

    Várias pesquisas têm sido realizadas buscando evidenciar o aumento da prevalência desta doença no mundo. A mesma faz parte do grupo de doenças crônicas não- transmissíveis (PINHEIRO, et al 2004).

    A obesidade aumenta em todo o mundo, de forma que não é mais “privilégio” somente dos países ricos. Na América latina observa-se o seu avanço. No Brasil chega a apresentar-se como caso de saúde pública. (FERREIRA et al., 2006 )

    A presente pesquisa, do tipo documental, teve como objetivo descrever qual a prevalência de sobrepeso e obesidade nos escolares da 5° a 7° série do ensino fundamental que estudam no Colégio Ipiranga, onde foi realizado um estudo transversal, analisando os registros oficiais do exame biométricos de 160 crianças.

Marco teórico

A obesidade e seu significado

    A obesidade tornou-se um dos problemas de saúde que mais tem crescido nos últimos anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2011) Desde 1980, esta doença aumentou mais que o dobro. Em 2008, 15 milhões de adultos acima de 20 anos apresentavam sobrepeso. Ainda dentro deste grupo mais de 200 milhões de homens e 300 milhões de mulheres estavam obesos. A própria Organização informa que em 2010 cerca de 43 milhões de crianças menores de 5 anos estavam acima do peso. Diante desta situação tão preocupante, muitos pesquisadores têm buscado soluções para diminuir o avanço desta doença.

    Para Pollock e Wilmore (1993) a obesidade é uma condição que evidencia uma grande quantidade de gordura corporal total, que representa um dos componentes do peso corporal acima dos padrões saudáveis.

    McArdle et al (2003, p.845) afirmam que

    A obesidade (mais precisamente adiposidade excessiva [over fatness]), definida como acúmulo excessivo de gordura corporal, é um distúrbio heterogêneo com uma via comum no final na qual a ingesta energética ultrapassa cronicamente o dispêndio de energia.

    Guedes e Guedes (1998) destacam a importância de diferenciar os termos sobrepeso e obesidade, caracterizando obesidade como um estado na qual a quantidade de gordura ultrapassa os limites adequados, ao passo que o sobrepeso, é quando o peso corporal total excede determinados limites. Contudo, existem vários fatores que contribuem para o aumento de gordura corporal.

Fatores responsáveis pela a obesidade

    Uma das mudanças que houve no comportamento dos indivíduos foi no hábito alimentar, especialmente a alimentação do mundo ocidental. Parou-se de comer comidas saudáveis como, verduras, frutas e sucos naturais, para adquirir comidas industrializadas, alimentos processados, refinados com alta concentração de gordura e carboidratos (FERREIRA et al, 2007).

    Em um estudo realizado nos Estados Unidos por Liebman et al (2003) envolveu 1.817 adultos, nele constatou-se a ligação direta entre sobrepeso e obesidade ao consumo de bebidas com a adição de açúcar, a ingestão abundante de calorias e o tempo utilizado para assistir televisão. Em contra partida um outro estudo mostrou que o consumo adequado de frutas e verduras apresentou um elo com a perda de peso (NUNES, et al, 2007).

    Em um estudo transversal com participação de 573 crianças de dois municípios da região Sul do Brasil, constatou-se que a eliminação do café da manhã e o baixo consumo de leite estavam relacionados diretamente com a obesidade, (TRICHES; GIUGLIANI, 2005 apud ENES; SLATER, 2010)

    A ingestão de comida saudável, como verduras frutas e legumes, tem sido de grande importância para evitar a obesidade. Uma pesquisa transversal realizada por Oliveira et al (2003) analisou 699 crianças de 5 a 9 anos e constatou que as pessoas que consumiam, os alimentos citados acima em elevada freqüência (no mínimo 3 vezes por semana) apresentavam menor chance de obter sobrepeso e obesidade.

    Embora seja de conhecimento que a má alimentação é um fator importante para a causa da obesidade, essa variável isolada não é suficiente para explicar o aumento da prevalência desta doença no mundo todo. Outro fator relevante que deve ser levado em consideração é a inatividade física. Essa metamorfose que a sociedade vem passando, onde o avanço no meio tecnológico é a principal característica (controle remoto, computadores, elevadores, escada rolante, carros, etc), fez com que houvesse uma diminuição no dispêndio de energia, obtendo como resultado a redução do gasto calórico. (SILVA, et al 2008)

    Segundo Flynn et al (2006), a falta de exercício físico exerce papel fundamental neste fenômeno (obesidade). Neste sentido, a dedicação em praticar as atividades de baixa intensidade, como assistir televisão, passar horas no computador ou jogando vídeo game, tem sido importante para o acúmulo de gordura corporal em crianças e adolescentes (ENES; SLATER, 2010).

    Algumas pesquisas mostram que a prática de atividade física apresenta uma relação favorável para as doenças que são crônicos degenerativas não transmissíveis, cuja obesidade faz parte. A prática do exercício físico deve ser incentivada bem cedo pela família, ou seja, nos primeiros anos de vida, haja vista que, pesquisas revelam que a criança e o adolescente que se exercitam, geralmente serão adultos que adotam essa prática, como um estilo de vida, (AZEVEDO, 2007).

    Uma pesquisa realizada nas favelas do Recife verificou um alto quadro de sobrepeso e obesidade ligados à falta de atividade física. Descobriu-se que 71% dos inativos fisicamente eram estudantes que apresentavam sobrepeso e obesidade, (ALVES et al ., 2009)

    É importante ressaltar que existem outros fatores que estão relacionados com a obesidade. Pollock e Wilmore (1993) acrescentam mais os hipotalâmicos, farmacológicos, a administração de insulina, glicocorticóides, Sociológicos. Nahás (2001) adiciona as alterações endócrinas e hereditárias, por isso é importante cuidar para evitar a excesso de gordura corporal, pois a mesma traz consequências sérias à saúde

Conseqüências da obesidade

    Existem sérias consequências que a obesidade pode causar ao organismo. Uma delas é a diminuição da expectativa de vida, haja vista, esse excesso de gordura corporal aumenta o risco de adquirir doenças, como cardiopatias, hipertensão, dislipidemias, diabetes (PINHEIRO et al., 2003); ósteo-artrite (PITANGA, 2005) e certos tipos de câncer (TRULLER, 2003). Hauner et al (1990 apud SALVE 2006) contribuem informando que, em indivíduos com excesso de massa gorda, geralmente são encontrados em seu sangue níveis elevados de lipídios e a pressão arterial alterada. Outras patologias estão ligadas a obesidade, como colelitíase, acidente vascular cerebral, apnéia do sono e problemas respiratórios (NEGÃO; BARRETO, 2006). Mais um ponto a ser levado em consideração é que uma pessoa que a adquiriu obesidade quando criança tem mais chance de ser um adulto obeso (RONQUE et al., 2005).

    Segundo acrescenta Nieman (1999), existem 8 problemas que afetam diretamente a qualidade de vida de uma pessoa obesa, que são: dificuldade emocional, aumento da osteoartrite, da incidência de hipertensão, do nível de colesterol e de outras gorduras no sangue, aumento da diabete, de doenças cardíacas, de incidência do câncer e da morte prematura.

    Outra consequência muito importante relacionada a obesidade são os custos altos aos cofres públicos. Esta doença leva a um acréscimo considerável na utilização dos recursos para saúde, pois contribui para a carga global de doenças crônicas e incapacidade. O ônus da obesidade e sua implicação negativas para a saúde foram avaliados entre 0,7% a 7% dos gastos nacionais com a saúde em todo mundo (MELO 2011)

    No Brasil, segundo o primeiro levantamento sobre o custo da obesidade em 2003, aproximadamente 1 bilhão e 100 milhões por ano são gastos com despesas hospitalares, consultas médicas e remédios para o tratamento de excesso de peso e doenças associadas. O Sistema único de Saúde (SUS) destina 600 milhões para internações relativas a obesidade, o que significa 12% do que o governo utiliza anualmente com todas as outras doenças (PORTO, 2007). A obesidade pode ser classificada de várias formas.

Classificação da obesidade

    A gordura corporal é dividida em duas formas: em gordura essencial e gordura de reserva, que são substâncias essenciais para que o organismo funcione de forma adequada (CIRINO; NARDO, 1996). A gordura essencial encontra-se na medula óssea, no coração, no pulmão, no baço, nos rins, nos tecidos lipídicos espalhado por todo o sistema nervoso central (GUEDES, 1995). A de reserva é acumulada no tecido adiposo (WILLIAMS, 1995 apud SALVE, 2006)

    Outra classificação usada segundo Bouchard (1991 apud SALVE, 2006) seria em quatro tipos: “Tipo I (tem como característica o excesso de gordura corporal total); a II (excesso de gordura nas regiões abdominal e tronco-andróide); III (excesso de gordura víscero-abdominal) e o tipo IV (excesso de gordura glúteo-femural)”.

    Guedes (1995) oferece outra classificação, que é a da hiperplásica (aumento do número de células adiposas), e a hipertrófica (aumento do tamanho das células adiposas).

    Existe, também, a classificação de acordo com o padrão de distribuição da gordura no corpo, que são: Andróide e ginecóide. A primeira possui esse nome, pois é característica dos homens, localiza-se mais na parte central ou abdominal. A segunda é característica das mulheres, nelas a gordura concentra-se mais na parte abaixo da cintura na região inferior do corpo, conhecida também como obesidade periférica (CIRINO; NARDO, 1996).

    O peso não é suficiente para saber se uma pessoa está dentro dos padrões considerados saudáveis, se a mesma possui sobrepeso, se está magra ou obesa. Para fazer uma análise mais adequada é preciso levar em consideração sua altura. A equação que utiliza esses dois dados é a do índice de massa corpórea.

Índice de massa corporal

    O IMC que é a relação da massa com a altura elevada ao quadrado, onde a massa deve ser medida em kilogramas (Kg) e a Altura em metros quadrados (m²) (SANTOS; SICHIERI 2005).

    Este índice foi desenvolvido por Quelet há mais de 150 anos, porém atualmente é bastante usado por profissionais da saúde, como professores de Educação Física. (COLAÇO; SANTOS 2005),

Classificação da obesidade segundo o IMC

Tabela 1. Valores de Referência para cálculo de sobrepeso

    Em crianças e adolescentes os cálculos são os mesmos, porém, o valor achado é aplicado em uma tabela que tem como variáveis, idade e sexo.

Tabela 2. Valores de referência para o cálculo do IMC em percentil

Obesidade e sobrepeso em crianças e adolescente

    A obesidade na infância e adolescência vem aumentando de forma rápida. Nos últimos anos o número de crianças e adolescentes que adquiriu esta doença tem crescido de tal forma, que vem chamando a atenção dos governantes. Alguns autores afirmam que já tornou-se, em alguns países, um problema de saúde pública (VELARD et al., 2007).

    O aumento desta doença nesta faixa etária chega a ser preocupante, pois pesquisas mostram que em crianças que antes de completar cinco anos de idade eram obesas, 20% tornaram-se adultos obesos. Quando a obesidade chegava na adolescência, esse número subia para 80% (DIETZ et al 1997 apud SOUZA; SICHI 2008).

    Neste período há grandes transformações fisiológicas e psicossociais, o que pode tornar esse grupo mais vulnerável e propício a este tipo de doença (ENES; SLATER, 2010). Nesta fase também acontecem mudanças no comportamento nutricional, pois passam a escolher alimentos hipercalóricos. Essas modificações podem ter consequências futuras porque, segundo Feijó et al (2003), é nesta fase que os hábitos são estabelecidos e muitas vezes não mudam na fase adulta.

    O aumento do peso em adolescentes que encontram-se na faixa etária de 10 a 19 anos vem crescendo nos últimos 34 anos. Segundo o Institudo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), no sexo masculino esse aumento é mais visível, passou de 3,7% para 21,7%, o que representa um acréscimo de seis vezes. Já entre as mulheres, as estatísticas triplicaram: de 7,6% para 19,% entre 1974 e 2009. O instituto mostra que o que era mais prevalente em nosso país há 34 anos atrás (déficit de peso), vem passando por um comportamento oposto da obesidade, sendo este decréscimo mais aparente no sexo masculino, que de 10,1% passou 3,7%

Prevalência de sobrepeso e obesidade

    A obesidade vem crescendo nos últimos anos e segundo a Organização mundial da saúde (OMS 2010), já é o 5° fator de risco que mais mata no mundo. Morrem a cada ano cerca de 2,8 milhões de adultos vítimas do excesso de peso ou obesidade. Em 2008 mais de uma em cada dez pessoas da população adulta do mundo eram obesas.

    Na União Européia, segundo o Internetional Obesity Taskforce (IOFT 2010), onde 27 Países fazem parte, aproximadamente 60% dos Adultos estão com sobrepeso e obesidade, e mais de 20% das crianças em idade escolar encontram-se com excesso de peso corporal. Segundo Moreira (2010), na maioria dos países europeus registrou-se um aumento de 10 - 40% na prevalência da obesidade nos últimos 10 anos. O mesmo autor nos informa que no Reino Unido, nos últimos 20 anos, o aumento da taxa de obesidade foi de 6% para 21% nos homens e de 6% para 21% nas mulheres.

Prevalência de sobrepeso e obesidade no Brasil

    A prevalência de sobrepeso e obesidade tem crescido no mundo todo, sendo considerado um problema que afeta não só os Países desenvolvidos. Em países que anteriormente preocupavam-se com a desnutrição, hoje a realidade é outra. A obesidade se destaca como uma das doenças que mais crescem nos países em desenvolvimento como, por exemplo, o Brasil.(SUÑÉ et al, 2007). Segundo dados da pesquisa de orçamento familiar (POF) 2008-2009 realizado pelo IBGE, em parceria com o Ministério da Saúde. verificou-se que o excesso de peso e obesidade são encontrados a partir dos 5 anos de idade em todos as classes sócio-econômicas, e nas regiões de todo o País. A pesquisa aponta que, em 2008, um em cada três crianças de cinco a nove anos tinham excesso de peso.

    O IBGE mostrou, também, que a prevalência de sobrepeso, para os meninos, na área Urbana foi de 37,5%. Na área rural, os números foram menores 23,9%, para as meninas o valor foi 33,9% e 24,6%, respectivamente. O Sudeste destacou-se, com 40,3% dos meninos e 38% das meninas com sobrepeso nessa faixa etária.

    A pesquisa apontou o grande aumento que houve em relação ao excesso de peso ao longo dos 34 anos na faixa etária de cinco a nove anos. Em 2008 e 2009, 34,8% dos meninos estavam com o peso acima da faixa considerada saudável pela OMS. Em 1989, este índice era de 15%, contra 10,9% nos meados dos anos 1970. Observou-se um padrão semelhante nas meninas, que de 8,6% na década de 1970 foram para 11,9% no final dos anos 1980 e chegaram aos 32% em 2008-09.

    Um estudo realizado na cidade de Feira de Santana na Bahia com 699 crianças envolvidas na faixa etária de 5 a 9 anos da rede de ensino público e privado, verificou que o sobrepeso foi de 9,1% e a obesidade foi de 4,4 (OLIVEIRA et al, 2003).

    Outro estudo com a mesma característica analisou a prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes das regiões sudeste e nordeste, onde estudaram 3.317 crianças e 3.947 adolescentes. A prevalência de sobrepeso no Nordeste foi de 1,7, já na região Sudeste foi de 4,2 (ABRANTES et al 2002).

    Existem algumas ações que podem ser utilizadas na intenção diminuir a prevalência de sobrepeso e obesidade, uma delas é o Exercício Físico de alta intensidade.

Exercício físico de alta intensidade como estratégia para diminuição e prevenção da obesidade

    É importante entender que exercício físico e atividade física não possuem o mesmo significado, apesar de os dois caracterizarem-se por um aumento do gasto energético basal McArdle e Katch (2001, p.895) nos informam que “atividade física são movimentos corporais, produzidos pela contração muscular e que faz aumentar o dispêndio de energia”. Ou seja, atividade física não se caracteriza por uma atividade sistematizada visando alcançar certo objetivo. Um simples movimento de varrer uma casa pode ser considerado uma atividade física. Diferente do exercício físico, que McArdle, katch (2001,p.895) nos dizem que “é uma atividade física planejada, estruturada repetitiva e intencional”, com objetivo da manutenção da saúde, emagrecimento, melhorias de um ou mais componentes da aptidão física. Como exemplo pode-se citar 15 minutos de corrida na esteira com 85% do consumo Máximo de Oxigênio (VO²max). Atualmente os exercícios de características intervaladas ou intermitentes de alta intensidade têm sido alvo de pesquisas, pois verificou-se que são um instrumento eficiente na busca pela diminuição da gordura corporal

Exercício intermitente de alta intensidade

    O exercício intermitente é considerado atualmente uma das principais ferramentas usadas dentro do treinamento de muitos esportes. Esse exercício tem como característica, momentos curtos de alta intensidade, com período de recuperação, que pode ser passiva ou ativa (CARNIVALI, 2011). Como exemplo de modalidades esportivas que utilizam desta característica intervalar, temos o Vôlei, futebol, basquete, pólo aquático etc.

    Um estudo foi realizado para comparar os efeitos de programas de exercícios contínuos e intervalados na composição corporal de mulheres jovens. Verificou-se que os sujeitos que praticaram exercícios intervalados de alta intensidade a perda de gordura foi estatísticamente significante, o estudo mostra que hove diminuição, também, na gordura abdominal (TRAPP, et al, 2008 apud GENTIL, 2010).

    Santos et al (2003 apud LUCATTO 2008) realizaram uma pesquisa, onde escolheu trinta mulheres na faixa etária entre 18 e 40 anos, não sedentárias, divididas em dois grupos: um que faria exercício intervalado de intensidade alta e outro que faria exercício contínuo com intensidade baixa, verificou-se após três meses que o grupo que praticava o treinamento intervalado diminuiu 3,73% de gordura.

    Outra estratégia muito eficiente para o emagrecimento são os exercícios de força, que, também, possuem características anaeróbias, por serem de alta intensidade e de curto período no tempo da execução do movimento.

    Monteiro (2007) informa que o exercício de força começou a ser inserido como uma prática importante para obter o emagrecimento, porém, só no final de 1980 para o início dos anos 1990, foi que o tema começou a ficar mais evidente. A partir deste momento intensificaram-se as pesquisas mostrando a influência do exercício de força no tratamento da obesidade, pois este provoca uma elevação da taxa metabólica basal em decorrência do aumento da massa muscular (SANTARÉM, 1999).

Caminhos metodológicos da pesquisa

    Um estudo apresenta-se como uma pesquisa documental do tipo descritiva e observacional, com delineamento transversal e analítico, de natureza quanti-qualitativa e com enfoque empírico analítico

    O Universo amostral foi a Escola Ipiranga em Belém/PA, foram estudados os documentos de 160 alunos que se encontram dentro da faixa etária de 09 e 16 anos de idade, e que estejam devidamente matriculados na instituição.

    Os dados foram retirados de 160 fichas avaliativas do exame biométrico realizado, no primeiro semestre de 2011, pelos professores de educação física da própria instituição. Os resultados do IMC foram interpretados por parâmetros da Organização Mundial de Saúde OMS-2006/2007, utilizando gráficos e tabelas para estatura, peso e idade. Pelos parâmetros da OMS-2006/07, as crianças e adolescentes foram classificadas da seguinte forma em percentil: baixo peso (IMC percentil < 3), normopeso (15 percentil ≤ IMC percentil ≤ 85), sobrepeso (IMC>percentil 85 e ≤ 97) e obeso (IMC > percentil 97)

    Os resultados obtidos foram organizados em planilhas do Microsoft Excel® 2003 e foram analisadas nos programas Epi Info versão 3.5.2. Realizou-se análise descritiva dos dados, apresentando-se a freqüência absoluta, freqüência relativa e medidas de tendência central (média aritmética, mediana, mínimo e máximo) e medidas de dispersão (desvio-padrão).

    Realizou-se, também, análise estatística inferencial através dos testes não paramétricos: Testes do Qui-quadrado de independência ou com correção de Yates, e teste t de student para amostras independentes. Utilizou-se como nível α de significância valores iguais ou menores a 0,05 (5%) para rejeição da hipótese de nulidade.

Resultados e discussão

    Foram avaliados os documentos no total de 160 alunos, entre crianças e adolescentes, sendo 85 (53,1%) meninos e 75 (46,9%) meninas

    Em relação às turmas, verificou-se que os alunos da 5° série correspondem a 35% (56) do total de alunos pesquisados, os da 6° 34,4% (55) e 30,6% (49) da 7° série.

    Na tabela 3 são classificados os alunos segundo o índice de massa corpórea. Verificou-se que 8,8% estavam a baixo do peso 49,4% eram normopeso, os alunos com sobrepeso eram 22,5% e os obesos atingiu 19,4%

Tabela 3. Freqüência e Porcentagem segundo o IMC dos alunos da escola Ipiranga, Belém-Pa, primeiro semestre de 2011

    Em relação a prevalência de sobrepeso e obesidade nos alunos (tabela 4) verificou-se que houve diferença significante na classificação do IMC segundo os sexos (p=0,0011), sendo maior a proporção de sobrepeso e obesidade nos meninos 28% e 29,%3 respectivamente, e maior proporção de meninas Normopeso 58,8% em relação aos meninos 38,7%.

Tabela 4. Freqüência e Porcentagem segundo o IMC dos alunos em relação ao sexo da escola Ipiranga, Belém-Pa, primeiro semestre de 2011

    A prevalência de sobrepeso/obesidade, a tabela 5 mostra uma diferença significante (p=0,0004), os meninos apresentaram uma chance cerca de 3,4 maior de ter sobrepeso/obesidade em relação às meninas.

Tabela 5. Prevalência de sobrepeso/obesidade dos alunos em relação ao sexo da escola Ipiranga, Belém-Pa, Primeiro Semestre de 2011

    Ao fazer a análise entre as séries, (tabela 6) verificou-se que não houve diferença significativa na prevalência de sobrepeso/obesidade (p=0,9413), assim como, também, ao observar a tabela 7, nota-se que não existe diferença estatística na prevalência de sobrepeso/obesidade em relação às idades estudadas (p=0,6402).

Tabela 6. Prevalência de sobrepeso/obesidade dos alunos em relação as séries, da escola Ipiranga, Belém-Pa, primeiro semestre de 2011

 

Tabela 7. Prevalência de sobrepeso/obesidade dos alunos em relação as faixas etárias da escola Ipiranga, Belém-Pa, primeiro semestre de 2011

    O estudo foi realizado com 85 (53,1%) meninos e 75 (46,9%) meninas apresentando certa homogeneidade entre faixa etária e segundo o sexo, peso (p<0,0001) e altura (p=0,0453) foram significativamente maiores no grupo de indivíduos com sobrepeso/obesidade, a média de idade foi de 11,49 e os resultados encontrados mostraram elevada prevalência de sobrepeso e obesidade entre os sujeitos da pesquisa, confirmando o aumento de excesso de gordura corporal entre crianças e adolescente nas últimas décadas. (BALABAN; SILVA 2001);(ROQUE et al 2005)

    De 160 fichas avaliadas, verificou que 36 alunos estavão com sobrepeso, levando a uma porcentagem de 22,5%, e 31 estavão com obesidade que em porcentagem equivale a 19,4%, mostrando uma realidade preocupante. Porém, não está fora do contexto em que se encontra o país. Estudos realizados sobre este tema mostram uma crescente prevalência tanto de sobrepeso quanto de obesidade em todas as regiões do Brasil. (VEDANA, et al 2008); (RICARDO, et al (2009); (COSTA et al 2006); (ABRANTES et, al 2002)

    O número de casos diagnosticados indica uma prevalência superior para o sexo masculino, tanto no sobrepeso 28,0%, quanto na obesidade que foi de 22%, quando comparado ao sexo feminino, 17,6 e 10,6 respectivamente. Estes dados estão de acordo com outros estudos, como o do Fernandes et al (2006); Soar et al (2004).

    Contrariando esses resultados, foi possível encontrar pesquisas onde a prevalência de sobrepeso foi maior nas meninas do que nos meninos como no estudo de Costa et al (2006).

    No presente estudo não houve diferença na prevalência de sobrepeso/obesidade entre as idades estudadas (p=0,6402). Alguns estudos mostram essa mesma relação. (RODRIGUES et al 2011), como também não houve diferença significativa na prevalência de sobrepeso/obesidade em relação às séries analisadas.

Considerações finais

    O desenvolvimento da pesquisa trouxe informações relevantes em relação ao estado nutricional das crianças e adolescentes do Colégio Ipiranga, informações essas que serão apresentadas para a direção da escola, onde espera-se com isso motivá-los a desenvolver intervenções que atuem diretamente para a diminuição desta preocupante realidade.

    Como já foi informado no estudo, muitas são as estratégias para minimizar esta situação, como modificações nos hábitos alimentares, ou seja, a melhoria na qualidade dos alimentos e diminuição na quantidade de ingestão calórica, estímulos aos alunos da instituição através dos professores na prática sistematizada de exercício físico, e conscientização por parte dos familiares das conseqüência trágicas que o excesso de gordura causa para a saúde do indivíduo,isso porque muitas pesquisas mostram que há grande possibilidade de uma criança ou adolescente virarem obesos se os pais possuem esta doença. Essa educação pode ser feita através de palestras, cursos, oficinas etc.

    Enfim, o presente trabalho tem a intenção de abrir caminhos para que sejam realizados mais estudos sobre este tema, haja vista que não existem muitas pesquisas no âmbito de prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares na cidade de Belém.

Referências

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 166 | Buenos Aires, Marzo de 2012
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