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Evidências científicas sobre os fundamentos do voleibol na areia

Evidencias científicas sobre los fundamentos del voleibol en la arena

Scientific studies about the beach volleyball skills

 

Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela UCB do RJ

(Brasil)

Nelson Kautzner Marques Junior

nk-junior@uol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo da revisão foi apresentar o efeito dos fundamentos na dinâmica do jogo do voleibol de dupla na areia. Os resultados da revisão determinaram os fundamentos mais praticados: o saque em suspensão forte, o passe de manchete, o levantamento de toque ou de manchete, a cortada forte, o bloqueio que gerou ponto e a defesa ocorreu durante o ataque forte ou fraco. Em conclusão, o estudo dos fundamentos possibilita o entendimento de como o saque, o passe, o levantamento, a cortada, o bloqueio e a defesa atuam durante o jogo.

          Unitermos: Voleibol na areia. Esporte. Fundamentos.

 

Abstract

          The objective of the review was to explicate the effect of the skills in beach volleyball match. The results of the review determined the skills more practiced: the strong jump serve, the reception with forearm, the set or the forearm set, the strong spike, the block with point and the dig occurred during the strong spike and the shot attack. In conclusion, the study of the skills is important for the coach knows how the serve, the reception, the set, the spike, the block and the dig participates during the match.

          Keywords: Beach Volleyball. Sport. Skills.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O voleibol de dupla na areia costumam acabar com um marcador de mínima diferença entre o vencedor e o derrotado1, essa é uma das causas da longa duração dos jogos (27 a 62 minutos)2. Porém, apesar do jogo ser relativamente demorado, o rali (5,04 segundos) é curto quando comparado com o tempo de pausa (20,64 segundos)3. Portanto, a longa duração da partida de voleibol na areia pode deteriorar a concentração do atleta e prejudicar a qualidade dos fundamentos.

    Os fundamentos praticados durante o voleibol de dupla na areia são compostos pelo saque, passe, levantamento, cortada, bloqueio e defesa. Os fundamentos são movimentos que permitem ao atleta na armação do ataque (constituído pelo passe e levantamento), na ação ofensiva (saque, cortada e bloqueio) e defensiva (bloqueio e defesa). Conforme a qualidade dos fundamentos da dupla, eles interferem na dinâmica do jogo da equipe, ou seja, pode proporcionar a vitória ou a derrota4.

    Sabendo que os fundamentos são importantes para a dinâmica do jogo de dupla na areia, torna-se importante o estudo dessas variáveis. Qual é o local onde acontecem mais saques? É mais usual o ataque forte ou colocado? Consultando a escassa literatura do voleibol de dupla na areia5,6, não foi encontrado nenhuma revisão de literatura sobre os fundamentos do voleibol na areia. Então, o objetivo da revisão foi apresentar o efeito dos fundamentos na dinâmica do jogo do voleibol de dupla na areia.

Método

    Nesta revisão de literatura foram selecionadas pesquisas sobre o voleibol de dupla na areia que investigaram os fundamentos (saque, passe, levantamento, cortada, bloqueio e cortada, exceto a defesa, porque não foi encontrado nenhum estudo sobre esse tema) dessa modalidade durante a partida. A coleta dos artigos originais, e da única dissertação aconteceu no buscador Google Acadêmico (www.google.com.br/), sendo utilizadas as palavras-chaves voleibol de praia, beach volleyball e sand volleyball. Também foi incluído um artigo original de voleibol na areia adquirido no livro da Universidade do Porto, Investigação em voleibol. Estudos Ibéricos. As referências selecionadas foram aquelas que apresentaram informações relevantes para os resultados da revisão.

Resultados

Saque e passe

    Novo7 analisou o saque de 16 jogos (40 sets) de 8 duplas masculinas, classificadas até a 26º posição do ranking do Circuito Mundial de Voleibol de Dupla na Areia. A etapa estudada foi a do Espinho, em Portugal, no ano de 2003. Através da coleta de dados por scout foi evidenciado que o saque em suspensão forte é o mais utilizado (65,4%), seguido do saque em suspensão flutuante (18,2%), em terceiro o saque tipo tênis flutuante (9,8%) e os outros valores para os demais serviços. Esses resultados mostraram que as duplas da atualidade possuem muita preocupação em “forçar” o saque porque esse fundamento pode gerar um ponto ou dificultar o passe. Um passe ruim tem probabilidade de acarretar um levantamento inadequado e consequentemente a cortada tende ser fácil para a defesa.

    Novo7 também identificou que as duplas masculinas que vencem a partida efetuam mais vezes o saque em suspensão forte (total de 243 saques) do que as derrotadas (total de 231 saques), a causa para esse ocorrido é que os vencedores erram menos o serviço e possuem esse fundamento mais efetivo (gera ponto ou dificulta a recepção). O saque em suspensão flutuante (total de 75 saques) foi o segundo saque mais praticado pelos vencedores e em terceiro lugar de prática ficou o saque tipo tênis (total de 49 saques). Já os derrotados, efetuaram o saque em suspensão flutuante como o segundo mais usual (total de 57 saques) e depois o saque tipo tênis flutuante (total de 22 saques). Sabendo que esses serviços são os mais praticados, o treinador deve dar ênfase nesses saques durante o treinamento.

    Novo7 ainda evidenciou que o saque em suspensão forte gerou mais pontos ou dificultou o passe (22,8%), seguido do saque em suspensão flutuante (6%) e do saque tipo tênis (2%). Portanto, no voleibol masculino de dupla na areia o jogador necessita de boa técnica e excelente condicionamento físico para acertar vários saques em suspensão forte. Os demais saques atingem resultados inferiores ao do saque em suspensão forte. O saque em suspensão flutuante realizou um total de 29 pontos e acarretou 21 ações sem ataque, enquanto que o saque tipo tênis flutuante ocasionou 3 pontos e proporcionou 2 ações sem ataque.

    Novo7 observou que a maioria dos saques são efetuados no centro da quadra (50,2%), mas não forneceu explicação para esse ocorrido. Talvez isso aconteça porque o atleta quando saca nessa região tem menos probabilidade de errar o serviço.

    As zonas da quadra onde aconteceram mais pontos são longe da rede, na zona 1 com 42,5% de pontos e na zona 2 com 36,6% pontos7. Enquanto que próximo da rede, onde ocorreram menos pontos, na zona 2 foram efetuados 6,2% de pontos e na zona 3 com 2,5% de pontos. O motivo desse ocorrido é que a maioria dos saques foram direcionados para o fundo da quadra devido às menores chances de erro. A figura 1 mostra onde aconteceram os pontos:

Figura 1. Zona da quadra que aconteceram os pontos de saque

    Koch e Tilp8 fizeram análise do efeito do saque na recepção das jogadoras que participaram do Grand Slam em Klagenfurt do Circuito Mundial de Voleibol na Areia Feminino de 2007 (18 jogos). A pesquisa detectou que o saque em suspensão forte gerou 54% de recepções ruins, 8% de erros de passe e 1% a recepção não teve contato com o saque (erro desse fundamento). O saque em suspensão flutuante ocasionou 58% de recepções ruins, 4% de erros de passe e 2% a recepção não teve contato com o saque (erro desse fundamento). O saque tipo tênis flutuante acarretou 55% de recepções ruins, 4% de erros de passe e 2% a recepção não teve contato com o saque (erro desse fundamento). Os três serviços apresentaram resultados similares na recepção do oponente, não tendo diferença significativa (p>0,05). O saque do vôlei na areia feminino ocasionou 167% de passes ruins e gerou 16% de pontos.

    Os resultados de Koch e Tilp8 foram similares ao do estudo de Novo7, no voleibol na areia o saque em suspensão é o mais eficiente, seguido do saque em suspensão flutuante e por último o saque tipo tênis. Conclui-se que no voleibol de dupla atual, onde toda a jogada acontece ponto, é fundamental um saque em suspensão forte para a dupla obter êxito na partida.

    Lacerda e Mesquita9 identificaram que o fundo da quadra é onde o voleibolista efetua mais passes, na zona 1 aconteceram 47,5% de passes, na zona 4 ocorreram 46,3% de recepções, na zona 2 os jogadores realizaram 1,3% de passes e na zona 3 os atletas praticaram 4,9% de recepções. A causa do maior número de passes no fundo da quadra o artigo não informou, mas parece que o percentual alto de saque nesse local permite menos erro desse fundamento e ocasiona um maior desgaste energético no voleibolista, ou seja, o jogador deve recuar para passar e posteriormente fazer o remate. O leitor pode observar na figura 2 as zonas que ocorreram os passes:

Figura 2. Zona da quadra que aconteceram as recepções

    Koch e Tilp8 identificaram que (18 jogos do Grand Slam de Klagenfurt do Circuito Mundial de Voleibol na Areia Feminino de 2007) excelente (55% de pontos e 15% de erros) ou boa (63% de pontos e 15% de erros) recepção gera mais pontos e menos erro no ataque. Enquanto que uma recepção ruim proporciona menos pontos da cortada (47%) e mais erros do ataque (20%).

Cortada e bloqueio

    Lacerda e Mesquita10 estudaram o ataque de 10 jogos das 24 melhores duplas do Circuito Mundial de Voleibol na Areia Masculino. A etapa estudada foi a do Espinho, em Portugal, no ano de 2001. A coleta de dados procedeu com scout que possibilitou identificar que a maioria das cortadas resultaram em ponto (59,1%), alguns ataques permitiram defesa do oponente (26,1%) e aconteceram poucos erros durante a partida (14,8%). Isso era esperado, uma quadra de 16x8 metros com apenas dois atletas para evitar a queda da bola permite mais sucesso no ataque. A maior parte das cortadas são realizadas na entrada da rede (49,9%) e na saída da rede (46,6%), em menor proporção pelo centro da quadra (3,5%). A figura 3 expõe as regiões da cortada:

Figura 3. Zonas onde são praticados os ataques do jogo de dupla

    Mesquita e Teixeira11 obtiveram resultados similares ao do estudo de Lacerda e Mesquita10. Esses autores11 investigaram a zona da quadra onde são realizadas as cortadas (12 jogos, correspondendo a 27 sets das 20 melhores duplas do Circuito Mundial Masculino de 2002), o estudo constatou que os ataques são mais praticados na entrada da rede (38,8% cortadas) e na saída da rede (39,3% cortadas) e em menor valor pelo centro da quadra (21,9%). A explicação do maior número de cortadas nas pontas é pelo fato do jogador possuir um maior campo visual da quadra para desferir o remate. A figura 4 mostra os locais dos ataques:

Figura 4. Zonas da quadra onde são praticados os ataques do jogo de dupla

    Lacerda e Mesquita10 identificaram as zonas da quadra onde são direcionadas as cortadas com ponto (10 jogos das 24 melhores duplas do Circuito Mundial de Voleibol na Areia Masculino, etapa de Espinho, em Portugal, no ano de 2001), sendo evidenciado que o fundo da quadra ocorreram mais pontos (zona 1 com 39,3% de pontos e zona 4 com 47,9%, de pontos) do que próximo da rede (zona 2 com 6,4% de pontos e zona 3 com 6,2% de pontos). Essas informações também são relevantes para o posicionamento dos defensores. A figura 5 mostra as zonas onde são direcionados os ataques com ponto:

Figura 5. Zonas da quadra onde são direcionadas as cortadas com ponto

    Giatsis e Tzetzis12 selecionaram 34 sets de jogos do campeonato grego de alto rendimento e foi determinado que o ataque é o fundamento mais determinante na vitória. Em pesquisa similar e com resultado parecido, Grgantov et alii1 evidenciaram que (74 sets numa quadra de 16x8 metros no ano de 2003) os fundamentos mais determinantes para a vitória no jogo de dupla na areia são constituídos pelo ataque, o contra-ataque e o bloqueio. Uma quadra menor necessita de melhor ataque e contra-ataque para a dupla colocar a bola na areia. Também, a menor metragem do campo facilita a participação do bloqueio no ato de fazer um ponto porque o cortador possui menos área livre para direcionar a bola. Portanto, esses fundamentos o técnico necessita dar bastante atenção nas sessões a fim de proporcionar adequado desempenho competitivo dos voleibolistas na disputa.

    Lacerda e Mesquita10 detectaram (10 jogos que colocaram em confronto as 24 melhores duplas do Circuito Mundial de Voleibol na Areia Masculino, na etapa de Espinho, em Portugal, no ano de 2001) que a boa recepção permite um ataque mais efetivo. O ataque mais frequente nessa pesquisa foi através do remate forte (59,7%), os demais valores foram para a cortada colocada (40,3%).

    Também foi evidenciado pelos mesmos autores10, que acontece uma supremacia do ataque em relação ao bloqueio. As cortadas que o bloqueio não foi efetivo corresponderam a 71,2%, os ataques que tocaram no bloqueio ficaram com valores baixos, 28,8%. Mas 64,7% significaram os bloqueios que resultaram em ponto, sendo de extrema importância esse fundamento no jogo atual.

    Mesquita e Teixeira13 também (12 jogos, correspondendo a 27 sets das 20 melhores duplas do Circuito Mundial Masculino de 2002) estiveram de acordo com Lacerda e Mesquita10, os jogadores utilizam mais a cortada forte (58%) do que o remate colocado (42%).

    Koch e Tilp8 também obtiveram (18 jogos do Grand Slam de Klagenfurt do Circuito Mundial de Voleibol na Areia Feminino de 2007) resultados semelhantes aos estudos anteriores10,13, a cortada forte é mais praticada do que o ataque colocado.

    Porém, Koch e Tilp8 identificaram valores de cortada forte e ataque colocado para a entrada da rede (62% de cortada forte, 39% de ataque colocado), para a saída da rede (50% de cortada forte, 49,5% de ataque colocado), para o meio da rede (51% de cortada forte, 49% de ataque colocado) e para a zona defensiva (58% de cortada forte, 42% de ataque colocado). As cortadas fortes e ataques colocados tiveram resultados semelhantes na entrada da rede, saída da rede, meio da rede e na zona defensiva porque a quantidade de remates nessas zonas foi insignificante (p>0,05). A figura 6 mostra esses achados:

Figura 6. Cortada forte e ataque colocado conforme a região da quadra

    Mesquita e Teixeira13 evidenciaram que acontecem mais ataques com a presença do bloqueio (84,6%) do que sem esse fundamento (15,4%). Quando o cortador faz o ataque e existe bloqueio, ele prefere atacar forte (341 vezes) ou realizar a cortada colocada (231 vezes), a preferência pelo remate forte é a maior chance de ponto. Mas quando não existe bloqueio, existe um equilíbrio entre ataque forte (51 vezes) e cortada colocada (53 vezes), esses valores similares talvez são causados por um levantamento pouco preciso para o remate forte, por exemplo, a bola pode estar afastada da rede, obrigando ao atleta em praticar o remate forte ou colocado, depende da situação da jogada.

    Mesquita e Teixeira13 ainda chamaram a atenção dos técnicos nessa pesquisa, aconteceram poucas cortadas com o intuito de “explorar” o bloqueio, sendo um recurso interessante no jogo de dupla pelo fato de dificultar a ação defensiva, sendo recomendado mais a prática desse tipo de ataque.

Fundamentos praticados conforme o gênero

    Koch e Tilp14 fizeram uma comparação entre os fundamentos praticados pelo voleibol feminino e masculino durante o Grand Slam em Klagenfurt do Circuito Mundial de 2005 (15 jogos femininos e 14 partidas masculinas). Esses autores identificaram que o saque em suspensão forte foi o mais efetuado pelo voleibol masculino (46,9%), enquanto que as duplas femininas utilizam mais o saque tipo tênis flutuante (48%). Porém, ambos os sexos fizeram mais pontos com o saque em suspensão forte e obtiveram alto índice de erro nesse saque14.

    O tipo de passe mais utilizado por ambos os sexos foi o de manchete, preferindo efetuar de frente para a bola (44,3% homens e 46,8% mulheres) ou com rotação do tronco (37,6% homens e 31,9% mulheres)14.

    O voleibol de dupla na areia masculino praticou mais o levantamento de toque (45,7%) e de manchete (46,1%), mas o gênero feminino realizou mais o levantamento de manchete (83,9%)14. A causa do maior uso da manchete pelas mulheres não foi detectada, mas a qualidade da recepção foi similar entre o voleibol feminino (74%) e masculino (77%). Uma provável explicação pode ser o rali, no voleibol feminino geralmente ele é mais longo porque o ataque costuma ser mais fraco, permitindo mais defesas, então, após a defesa em certos momentos da jogada, a melhor maneira de levantamento é de manchete para evitar os “dois toques”.

    O ataque de ambos os sexos possui alto aproveitamento (61% masculino e 58% feminino), pouco ataque que permite defesa (16% masculino e 20% feminino) e com erro (23% masculino e 22% feminino). O gênero masculino preferiu a cortada forte (58,6%) do que a cortada colocada (41,5%). Mas no voleibol na areia feminino existiu uma prática similar entre cortada forte (49,5%) e colocada (50,5%)14.

    O bloqueio masculino que ocasionou ponto ou dificultou a cortada teve valores mais altos (56,5%), seguido do bloqueio que a bola bateu nas mãos (31,9%) e por último a tarefa de ir bloquear, mas recuar para a defesa (popular “reco”, com 11,6%)14. A explicação da menor prática do “reco” no voleibol masculino são as chances pequenas de defesa. O bloqueio do voleibol feminino teve resultados um pouco diferentes do masculino, a ação desse fundamento com ponto ou que dificultou a cortada foi mais efetuada (46,5%), em segundo o “reco” (26,9%) e por último o bloqueio que a bola bateu nas mãos (26,6%). O recurso do “reco” é bem eficaz no voleibol na areia feminino pelo fato de permitir diversas defesas da cortada, geralmente menos potente do que o masculino.

    Existem três tipos de ações do bloqueador do voleibol de dupla na areia (o bloqueio ocasionou ponto ou dificultou a cortada, a bola bateu nas mãos do bloqueador e o atleta praticou o “reco”). Contudo, o efeito positivo do bloqueio do voleibol de dupla na areia (ocasionou ponto ou dificultou a cortada) é de 56,5% no masculino e 46,5% no feminino14.

    Na investigação de Pérez-Turpin et alii15, os resultados foram similares ao da pesquisa de Koch e Tilp14, no voleibol na areia feminino (foram analisadas 10 jogadoras em 4 jogos , correspondendo a 9 sets do Circuito Europeu, na etapa de Valencia, Espanha, em 2006) aconteceram mais bloqueios positivos (total de 132 acertos em quatro jogos, correspondendo 33±4,97) do que negativos (1,4% de erros em quatro jogos). Portanto, o bloqueio do voleibol de dupla na areia tende ser eficaz durante os jogos.

    A defesa da cortada colocada (46%) foi mais efetuada pelo gênero feminino do que a cortada forte (35%)14. Talvez isso possa estar relacionado com a menor velocidade das mulheres. Os homens tiveram resultados similares de defesas da cortada forte (40%) e da cortada colocada (38%). Em conclusão, alguns fundamentos praticados por homens e mulheres são muito similares e outros não.

Considerações finais

    Os fundamentos mais praticados no voleibol de dupla na areia foram compostos pelo saque em suspensão forte, a recepção de manchete, o levantamento de toque ou de manchete, a cortada forte, o bloqueio que resultou em ponto e a defesa ocorreu durante o ataque forte ou fraco.

    Esses fundamentos são mais efetuados porque são os mais eficazes durante o jogo de dupla na areia. Foi evidenciado que o saque em suspensão forte gera mais pontos ou dificulta a tarefa de levantamento pelo fato do passe não ser bem direcionado para as mãos do levantador. O passe de manchete é mais preciso para o voleibolista recepcionar o saque em suspensão forte e consequentemente gera mais pontos, ou seja, o levantamento tende ser bem executado e permite um ataque forte e certeiro. Como no jogo de dupla não acontece muita variação ofensiva, geralmente a cortada é desferida em uma das pontas, isso facilita o trabalho do bloqueio que possui um aproveitamento positivo na geração de pontos. Enquanto que a defesa, ela pode ter sucesso no ataque forte ou colocado.

    O serviço foi mais realizado quando jogador se encontrava no meio da quadra. A literatura do voleibol na areia não informou esse ocorrido, mas parece que nessa região o atleta possui menos probabilidade de erro. As zonas da quadra onde aconteceram mais pontos são longe da rede (zona 1 e 4), o motivo dessa preferência é que os saques possuem menos chances de erro. As pontas (entrada da rede e saída da rede) foram onde os jogadores fizeram mais uso da cortada por causa do maior campo visual da quadra. As zonas 1 e 4, no fundo da quadra, foram os locais onde resultaram a maioria dos pontos de ataque.

    Em conclusão, o estudo dos fundamentos possibilita o entendimento de como o saque, o passe, o levantamento, a cortada, o bloqueio e a defesa atuam durante o jogo.

Referências

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  2. Zetou E et al (2008). Body weight changes and voluntary fluid intakes of beach volleyball players during an official. J Sci Med Sport 11(-):139-45.

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  4. Grgantov Z et al (2005). Effect of new rules on the correlation between situation parameters and performance in beach volleyball. Coll Antropol 29(2):717-22.

  5. Riggs M, Sheppard J (2009). The relative importance of strength and power qualities to vertical jump height of elite beach volleyball players during the countermovement and squat jump. J Hum Sport Exerc 4(3):221-36.

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  7. Novo M (2004). Análise do serviço em voleibol de praia. Estudo comparativo entre duplas de elite na etapa de Espinho do Circuito Mundial de Voleibol de Praia de 2003. 126 f. Dissertação (Mestrado em Treino de Alto Rendimento) – Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física, Universidade do Porto, Porto.

  8. Koch C, Tilp M (2009). Analysis of beach volleyball action sequences of female top athletes. J Hum Sport Exerc 4(3):272-83.

  9. Lacerda D, Mesquita I (2003). Caracterização da organização do processo ofensivo, a partir da recepção do serviço, no voleibol de praia de elite. In. Mesquita I et alii (Eds.). Investigação em voleibol. Estudos Ibéricos. Porto: Universidade do Porto, 2003. p. 150-9.

  10. Lacerda D, Mesquita I (2003). Análise do processo ofensivo no voleibol de praia de elite em função da qualidade da recepção, do passe e do ataque. Rev Dig Educ Fís Deportes 9(65):1-6. http://www.efdeportes.com/efd65/praia.htm

  11. Mesquita I, Teixeira J (2004). The Spike, attack zones and the opposing block in elite male beach volleyball. Int J Volleyball Res 7(1):57-62.

  12. Giatsis G, Tzetzis G (2003). Comparison of performance for winning and losing beach volleyball teams on different court dimension. Int J Performance Analysis Sport 3(1):65-74.

  13. Mesquita I, Teixeira J (2004). Caracterização do processo ofensivo no voleibol de praia masculino de elite mundial, de acordo com o tipo de ataque, a eficácia e o momento do jogo. Rev Bras Ciên Esp 26(1):33-49.

  14. Koch C, Tilp M (2009). Beach volleyball techiniques and tactics: a comparison of male and female playing characteristics. Kinesiology 41(1):52-9.

  15. Pérez-Turpin J et al (2009). Relation between number of patterns jumps and real time playing among elite female beach volleyball players. Kinesiologia Slovenica 15(3):8-13.

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