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Ginástica na Educação Infantil

La gimnasia en la Educación Inicial

 

*Acadêmico/a do Curso de Licenciatura

em Educação Física da Univali, Campus Biguaçu

**Professor da Univali. Orientador

(Brasil)

Eduardo de Faria*

Micheli Lessa*

Fabiano Weber da Silva**

dudueducacaofisica@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo foi realizado a partir da experiência na disciplina estágio supervisionado e investigação da prática pedagógica do 5º período do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Vale do Itajaí campus Biguaçu, na qual, elaboramos e efetivamos essa pesquisa em uma creche da cidade de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Tendo como referências metodológicas a pesquisa qualitativa de caráter interventivo podendo ser especificada como um estudo de caso. Delimitamos como foco principal de investigação as contribuições da ginástica na educação infantil, o nosso propósito foi identificar quais estratégias metodológicas pertinentes a ser tratada nas aulas de Educação Física na Educação Infantil. Optamos por esse tema por acreditarmos que a ginástica trabalhada na perspectiva da ludicidade possibilita a criança experimentar novas alternativas para construção da sua cultura de movimento transcendendo a lógica da intervenção da ginástica meramente como executora de séries repetitivas. Sendo assim defendemos que se faz necessário a construção de significados e uma maior sensibilidade e consideração com o imaginário infantil para que a intervenção pedagógica ocorra de maneira mais coerente e qualificada.

          Unitermos: Educação Infantil. Ginástica. Criança.

 

Abstract

          The present study was realized from the experience on the 5th period subject supervised trainee and the investigation of pedagogical practice of the Course Physical Education from Universidade do Vale do Itajaí Campus Biguaçu, in which we have elaborated this research at a daycare in Florianopolis, Santa Catarina, Brazil. Having as methodological references, the qualitative research due to interventive character being able to be specified as a study case. We have delimited as a main focus of investigation the contributions of gymnastics on children’s education and our purpose was to identify which pertinent methodological strategies to be treated on the Physical Education classes in Primary School. We have chosen this theme/subject because we believe that the gymnastics worked by theatrical topics makes children experience new alternatives for the construction of their culture of movement, transcending the logic of intervention of gymnastics merely as an executor of repetitive series. We have defended that it is necessary the construction of meanings and a greater sensibility and consideration to the children’s imagination, so that the pedagogical intervention occurs in a better coherent and qualified way.

          Keywords: Children’s Education. Gymnastics. Child.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Justificativa e relevância do estudo

    A inclusão da criança na educação infantil é um momento chocante e especial, é o período de deixar todas às suas referencias, como os rostos, as vozes, as cores, e o espaço do seu mundo conhecido. A SECRETARIA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS DIRETORIA DE EDUCAÇÃO INFNTIL (2011, p. 1), explica que:

    O ingresso da criança na Educação Infantil é a primeira transição do ambiente doméstico, privado, pra o público e institucionalizado. Esta mudança traz repercussões na sua vida, pois de uma convivência e cuidados exclusivos da família, com um ou mais adultos à sua disposição, a criança passa a viver num ambiente que privilegia as interações e a coletividade, com dinâmica de funcionamento própria e diferenciada da família.

    Percebemos que a criança deixa seu mundo, um mundo onde ela é o centro de tudo e de todos, dando inicio a sua escolarização e o período de adaptação, que a criança passa por diferentes argumentações, ela é lançada inesperadamente e surpreendentemente a outro espaço, onde o medo, insegurança, dor, tristeza, são sentimento desse novo ambiente.

    Nesse sentido, constatamos que é a partir desses momentos que a criança passa a vivenciar e explorar o novo mundo, da educação infantil que é o mundo do movimento e do conhecimento.

    Entendemos que na educação infantil configura-se como momento das descobertas, do brincar, imaginar, criar, onde sentimentos e ações preconceituosos não existem neste lugar, pra elas, não importa a cor, a raça, o sexo, a classe social e o tamanho da pessoa, o que importa pra elas é simplesmente experimentar, conhecer tudo e todos que estão inseridos em sua volta.

    Dessa maneira, acreditamos que este estudo veio alavancar a nossa formação como profissionais da área Educação Física, como também acreditamos que este estudo poderá contribuir com professores que trabalham ou pretendem trabalhar com a ginástica na educação infantil, e para os alunos identificamos que o estímulo da Ginástica Geral pode ser de extrema importância para a sua vida, Scarpato (2007, p. 145), diz que:

    A fase pré-escolar é considerada a fase dos movimentos fundamentais, na qual a criança desenvolve as capacidades motoras – como coordenação, equilíbrio, ritmo, agilidade, resistência, força e flexibilidade – e aprimora de maneira natural os padrões de movimentos fundamentais, como andar, correr, saltar, trepar, empurrar, rolar, levantar, puxar e prensar, entre outros.

    Sendo assim, ao olhar a ginástica percebemos que a mesma pode ser uma grande aliada como conteúdo da Educação Física ao tratamos a prática pedagógica na educação Infantil, assim surge o questionamento como forma de pergunta de partida que ajudaram a delimitar o nosso problema de pesquisa: Quais as estratégias e métodos para inserção dessa prática corporal da ginástica na educação infantil? Quais os possíveis entendimentos das crianças sobre a ginástica e seus benefícios com essa prática.

    Com estes questionamentos partimos para realização deste projeto de pesquisa na disciplina de estágio supervisionado na perspectiva de adquirirmos o suporte para a elucidação de tais reflexões.

    Deste modo para darmos conta da nossa tarefa de pesquisa delimitamos o seguinte objetivo: Identificar as contribuições da ginástica no processo de emancipação da criança, e analisar estratégias, teórico - metodológicas diferenciadas, que ampliem a possibilidade de exploração e o interesse infantil no trato da prática corporal da ginástica nas aulas de educação física na Educação Infantil.

Estratégias teóricas metodológicas

    Nossa atividades de pesquisa especificamente as intervenções na disciplina de estágio supervisionado teve seu iniciou no dia 26 de julho de 2010 e sua conclusão dia 14 de dezembro de 2010, as observações e as intervenções, aconteceram todas as segundas-feiras no período matutino das 08h00min às 11h40min. Buscamos fundamentação para o trato da ginástica na educação infantil na abordagem crítico-emancipatótio, na qual, sistematiza a cultura do movimento humano, tanto no esporte como em atividades extra-esporte (ou no sentido amplo do esporte) e que pertencem ao mundo do “se - movimentar” humano, com características lúdicas, de jogos, brincadeiras, ginásticas, danças, esportes e lutas de apresentação e competição, reconhecidas num determinado contexto sócio-cultural.

    De acordo com as orientações no decorrer das atividades da pesquisa e aproximação com o entendimento do método da pesquisa qualitativa que defende que tem como referencial, o ação reflexão-ação do processo de pesquisa, onde se consolida ao pesquisar, com isso identificamos e recorremos também a contação de histórias como estratégias pedagógicas diferenciadas no trato da prática corporal da ginástica na Educação Infantil.

    Dito isso, para nossa escolha consideramos os seguintes critérios: afinidade com o tema, a experimentação como disciplina curricular de nossa graduação e um breve conhecimento de que este conteúdo estava sendo negado ou esquecido pelas instituições educacionais. Segundo Ayoub (2003, p. 81), atualmente, a ginástica, como conteúdo de ensino, praticamente não existe mais na escola brasileira. A aula de educação física na escola tem sido sinônimo de aula de esporte. Mais ainda: sinônimo de ‘jogar bola’.

    Para efetivarmos esse projeto realizamos 11 intervenções, a primeira com uma visita técnica a segunda e terceira por observações participativas, e o restante foi com intervenções realizadas em duplas, onde estaremos propondo atividades atreladas à ginástica, seguindo um cronograma, plano de ensino e o plano de ação, temos como finalidade trabalhar os elementos da ginástica como o pular, rolar, equilibrar entre outras formas diversificadas, usufruindo e construindo um próprio espaço para a vivência dessa atividade.

    Em nosso planejamento optamos por atividades lúdicas onde estavam inseridos os elementos da ginástica, para isso usamos o espaço interno e externo da instituição, como também utilizarmos alguns materiais alternativos. Assim estabelecendo o elo afetivo e de confiança com as crianças por meio de observações e participações em suas atividades diárias. A instituição educacional infantil foi sugerida pela coordenadora do curso e pelo orientador do estágio. Trabalhamos com o grupo da turma G5, com 20 crianças na faixa etária entre 4 e 5 anos de idade.

Contextualização do estudo

    Nesse item trouxemos dois fatos que consideramos marcantes para o entendimento do processo de pesquisa. Em uma das intervenções, montamos juntos com a professora da instituição, um circuito na área interna, no salão. Preparamos o ambiente com cabana, ponte, túnel e usamos os materiais que ali estavam como, cadeiras, bancos, escorregador, colchão e piscinas de bolinhas e de cubos. Quando a professora chegou com a turma do G5 todos sentamos em uma roda, e os alunos ficaram vidrados na história que estava para começar, a história era construída de maneira interativa, que possuía em seu enredo um lobo mal que iria pega-los, uma piscina infestada de tubarões e na caverna um urso que fazia cócegas nas crianças. Foi aquela correria, as crianças passando pelos bancos, fazendo rolinho, subindo no escorrega e caindo na piscina de bolinha. Naquele dia tínhamos planejado trabalhar os conteúdos de equilíbrio e do rolinho para frente, assim vimos que, a partir da avaliação da intervenção identificamos que o objetivo de aprendizagem daquela intervenção foi alcançado

    Outro fato marcante foi que tivemos que modificar algumas atividades como, por exemplo, a brincadeira do quero ver quem pega o gatinho, onde determinada característica pessoal ou a cor de alguma vestimenta era mencionado pelo professor, e todos que correspondiam à característica seria o gatinho e teria que fugir, ate ai tudo bem, sentamos explicamos e deu errado, pois quando aquele aluno que correspondia à característica fugia os amigos aproveitavam para bater, empurrar e puxar, foi onde que imediatamente tivemos que mudar as estratégias, então novamente sentamos em roda e propomos que todos teriam que abraçar o gatinho, foi nesse momento que vimos, que dessa maneira a atividade fluía de uma maneira mais tranqüila.

Análise e discussão dos dados

    Ao iniciarmos nossas intervenções, percebemos que o interessa da turma com uma atividade acontecia por um intervalo de tempo curto, rapidamente as crianças já se dispersavam, gerando uma grande dificuldade no começo do estágio, exigindo que refletíssemos na necessidade de construir com as crianças as atividades que posteriormente veio acontecer com a estratégia da contação das historias fazendo com que as crianças ficassem interessadas por mais tempo, podemos atribuir isso ao fato de elas serem responsáveis também na construção do processo educativo.

    No decorrer das intervenções identificamos também a estratégia do estabelecimento dos objetivos da Ginástica dentro das brincadeiras, na qual construímos o tema circo. Desse modo uma das atividades do circo, usamos algumas fantasias de animais como, elefante, leão, cachorro entre outros, ali contamos uma história, que era o circo da creche que estava se apresentando e foi um sucesso.

    Sendo assim aprendemos que antes de qualquer atividade é preciso dialogar com as crianças, envolvendo os alunos na história, fazendo com que participassem e aproveitassem a aula da melhor forma possível, pois sem esse diálogo antes das atividades de ginástica na educação infantil, os alunos praticamente não participavam das intervenções e não conseguíamos aplicar os conteúdos.

    Partindo desse princípio percebemos que através estratégia da ludicidade, do brincar, do imaginar a criança pode iniciar o processo de construção da sua cultura de movimento, com assim no inicio pensamos em propor em nossas intervenções, atividades vinculas a ginástica, mas não sabíamos exatamente como inseri-la, porém logo após o primeiro contato com a instituição identificamos que a mesma possuía um amplo espaço externo e interno e que essa área poderia ser organizada e explorada como instrumento na construção de novas práticas corporais. Surgiu então a idéia, e decidimos explorar e construir esse espaço, e através dele, oportunizar as crianças da educação infantil, vivenciar os elementos da ginástica como saltar, pular, girar, equilibrar, correr entre outros.

    Dessa maneira as atividades propostas foram vivenciadas de forma lúdica, proporcionando a vivência e experimentação de novos movimentos, novas alternativas como também a interação com outras pessoas, possibilitando as crianças atividades, atraentes e acessíveis. Scarpato (2007, p. 142), assevera que

    Pode-se transformar em movimento uma poesia, uma folha, uma brisa, um olhar, um som... Pelo movimento, é possível expressar a natureza, a cidade grande, os animais, a família, o amor, o ódio, os saberes e tudo o que se possa imaginar... movimentar significa sentir o corpo e, por meio dele sorrir, chorar, amar, odiar, querer, nascer, morrer, viver.

    Dito isso acreditamos que o ensino da ginástica pode se tornar uma prática muito proveitosa para o ensino infantil, já que as crianças nessa idade têm a necessidade de se movimentar, assim como construir um imaginário a partir desses movimentos. A ginástica não determina limites em relação à idade, gênero, número e condição física ou técnica dos participantes, é uma atividade que pode ser explorada e vivenciada em diferentes ambientes, como salas, quadras, parques, áreas verdes como também ser praticada de forma lúdica, recreativa, cooperativas e como jogos, é através de inúmeras experimentações que a criança descobre suas possibilidades e o melhor conhecimento de si mesmo.

    Dessa forma percebemos a ginástica como uma atividade que vem sendo negada e muitas vezes excluída das aulas de educação física, por diferentes motivos, tais como o desconhecimento das inúmeras possibilidades de sua praticada, pelo argumento que se exige muita força e resistência física do praticante, como também associam a ginástica há necessidade de aparelhos adequados. Partindo do princípio que a ginástica oferece amplitudes de possibilidades para a sua pratica, é mais do que justo e recomendável começarmos a explorá-la na educação infantil.

Considerações

    Vimos que a atuação do educador torna-se consistente, quando o mesmo interage junto as crianças nas histórias e fábulas infantis, professores e crianças precisam fazer parte do mesmo elenco, deveram ser os atores, protagonistas e coadjuvantes das histórias e não apenas meros espectadores. Só conseguimos intervir com sucesso quando nos tornamos personagens, e atuamos juntamente com as crianças nos contos infantis.

    Ao trabalharmos com a Educação Infantil, não podemos esquecer que a história sempre poderá mudar, sempre poderá aparecer bichos, árvores, lagos e o que a criança possa imaginar. A Educação Infantil é um mundo imaginário, onde todos podem, e todos conseguem ser.

    Constatamos que na Educação Infantil precisamos recorrer a ludicidade nas intervenções, percebemos ainda que o ator principal não é o adulto, mas sim as crianças, e que o professor vai ser um mediador das atividades propostas, e se o professor não for aquele lobo, aquele jacaré ou não querer entrar e fazer parte do circo, não estará pronto para a Educação Infantil.

    Com base neste estudo chegamos à conclusão que é possível e recomendável a prática da ginástica na educação infantil, mas para que a aula flua e seja coerente com o universo infantil, se faz necessário envolver as crianças nas historias e fabulas infantil.

Referências

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