efdeportes.com

Formação, atuação e formação continuada dos profissionais de Educação

Física que atuam nas academias de musculação na cidade de Lavras, MG

Formación, actuación y actualización permanente de los profesionales de 

Educación Física que intervienen en los gimnasios de la ciudad de Lavras, MG

 

*Graduando em Educação Física (Bacharelado)

Universidade Federal de Lavras

**PPGCMH - UPV – Chilán – Chile / DEF UFLA

(Brasil)

Marcos Ferreira Siervuli*

Marcelo de Castro Teixeira**

siervulimg@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A preocupação com a estética corporal, e o reconhecimento pela população da importância da atividade física para a saúde e qualidade de vida, tem levado um número cada vez maior de pessoas a procurarem as academias de musculação. O profissional de Educação Física (EF) desponta como mediador da prática de atividade física e do aluno/cliente, tendo importante papel em relação à promoção da saúde, educação e controle motor. Este estudo teve como objetivo conhecer e identificar o perfil dos profissionais de EF que atuam nas academias de musculação na cidade de Lavras/MG. A amostra estudada constou de 27 profissionais de EF, sendo 23 homens e 4 mulheres com faixa etária de 33,07 ± 6,86 anos e 25,75 ± 3,41 anos, respectivamente. Para o levantamento dos dados foi utilizado um questionário composto por 13 questões fechadas, do tipo múltipla escolha, elaborado pelos pesquisadores e revisado por doutores docentes da Universidade Federal de Lavras - UFLA. Quanto à formação dos profissionais, identificou-se que 96,43% dos avaliados são graduados em EF - Licenciatura Plena, sendo que 33,33% da amostra são formados a menos de 2 anos. Em relação à atuação, observou-se que 74,07% dos profissionais possuem registro junto ao Conselho Regional de Educação Física (CREF), e em contrapartida 62,97% afirmam que as academias não são fiscalizadas em sua totalidade pelo órgão competente. De acordo com as informações adquiridas, pôde-se ter uma melhor idéia do real comportamento dos profissionais na sua formação, atuação e formação continuada. E identificou-se que a valorização da profissão, por si só, não é suficiente para seu reconhecimento, sendo que mais importante e necessário são a competência e capacitação profissional.

          Unitermos: Profissional de Educação Física. Atuação e formação. Academias de musculação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

1.     Introdução

    A preocupação com a estética corporal, a grande promoção da mídia e, principalmente, o reconhecimento pela população, da importância da atividade física para a saúde e qualidade de vida, tem levado um número cada vez maior de pessoas a procurarem as academias de musculação. Estas por sua vez, são instituições que devem permanecer e evoluir buscando sempre corresponder às necessidades atuais e futuras da sociedade pelos relevantes serviços que oferecem.

    A atividade física e o exercício físico são direitos dos cidadãos expressos na Constituição, e reconhecidos como importantes fatores na prevenção e manutenção da qualidade de vida, não se destinando apenas aos atletas ou a alguns grupos privilegiados (ANTUNES, 2003).

    O profissional de Educação Física desponta como mediador da prática de atividade física e do aluno/cliente, tendo importante papel em relação à promoção a saúde, educação, controle motor e prevenção de doenças, contribuindo assim, para hábitos de vida mais saudáveis.

    O espaço de atuação de graduados em Educação Física está em desenvolvimento, e tem sido constantemente transformado. Onde segundo (Barros, 2000 apud Antunes, 2003 apud Pereira e Paula, 2007) é de extrema importância que esse profissional seja capacitado em um corpo de conhecimentos científicos e técnicos, que dê a base necessária para que possa atuar em academias de ginástica e musculação, oferecendo serviços confiáveis e de qualidade, impondo uma postura ética e profissional (p.03). Por isto, os profissionais de Educação Física precisam e necessitam estar inseridos na educação continuada, tendo como objetivo novas técnicas e novos conhecimentos.

    Santos et al. (2008) diz que, investigar a percepção que os próprios profissionais de Educação Física inseridos nas academias de musculação tem do seu campo de atuação, é um trabalho de extrema complexidade. Isso porque o ser humano como objeto de pesquisa é concomitantemente sujeito, existindo assim, um forte envolvimento da questão valorativa.

Objetivo

    Diante do aumento no número de academias de musculação e da grande procura por qualidade de vida, esta pesquisa quer conhecer e identificar o perfil dos profissionais de Educação Física que atuam nas academias de musculação na cidade de Lavras/MG.

    Para uma melhor compreensão e avaliação dos dados o objetivo geral foi desmembrado nos seguintes objetivos específicos: 1) Analisar a realidade dos profissionais de Educação Física que atuam nas academias; 2) Conhecer o perfil do profissional de Educação Física em relação sua formação inicial; e 3) Conhecer o perfil do profissional de Educação Física em relação sua formação continuada.

2.     Metodologia

    Esta pesquisa tem caráter descritivo, pois é delineada por quatro aspectos: descrição das características do grupo, registro, análise e interpretação de fenômenos atuais, objetivando o seu funcionamento no presente (MARCONI E LAKATOS, 1999).

    O grupo foi composto por 27 profissionais de Educação Física, que atuam nas academias da cidade de Lavras/MG. Sendo 23 homens e 4 mulheres com faixa etária de 33,07 ± 6,86 anos e 25,75 ± 3,41 anos, respectivamente.

    Foi utilizado um questionário composto por 13 questões fechadas, do tipo múltipla escolha, que foi elaborado pelos pesquisadores e revisado por doutores docentes do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Lavras - UFLA. O questionário possibilitou investigar a formação, atuação e formação continuada dos profissionais de Educação Física.

    Para a coleta de dados, a estratégia utilizada foi à seguinte: o pesquisador visitou as academias da cidade referida, informado os profissionais sobre o caráter da pesquisa a ser realizada. Posteriormente todos os profissionais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido quanto ao objetivo do estudo, e logo em seguida aplicou-se o questionário.

    As informações dos dados coletados pelo questionário e a plotagem dos dados foram feitas no programa Microsoft Excel (Microsoft Office System 2003) e BioStat (versão 2009) de AnalystSoft Inc. – programa de análise estatística.

3.     Resultados e discussão

    No contexto formação profissional, identificou-se que 96,43% dos entrevistados possuem graduação em Educação Física currículo de Licenciatura Plena e que 74,07% já demonstravam interesse pelo setor de musculação durante a graduação, como pode ser observado na tabela 1. Outro dado levantado quanto à formação é que 33,33% dos profissionais concluíram sua graduação a menos de 2 anos, vide figura 1.

    Quando perguntados sobre os conhecimentos relevantes para a atuação no setor de musculação, 40,74% dos entrevistados afirmam que todos os conhecimentos são importantes, ou seja, conciliar os conhecimentos de graduação, pós-graduação e complementares, como pode ser visto na figura 2.

Tabela 1. Variáveis com caráter de formação do profissional

 

Figura 1. Gráfico quanto ao tempo de conclusão da graduação

 

Figura 2. Gráfico quanto aos conhecimentos necessários para a atuação na musculação

    Quanto à atuação dos profissionais entrevistados, observou-se que 74,07% possuem registro no Conselho Regional de Educação Física (CREF), que seria obrigatório para a atuação em academias. No que diz respeito à fiscalização dos órgãos competentes, ou seja, Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e CREF, 62,97% dos profissionais afirmam que não há fiscalização de forma regular nas academias de musculação. Os profissionais foram questionados se dentro das academias havia atuação de funcionários não graduados, e 62,97% afirmam que sim (tabela 2).

Tabela 2. Variáveis com caráter de atuação do profissional

    Foi observado que 40,71% dos entrevistados trabalham de 10 a 20 horas semanais no setor de musculação e que apenas 29,66% atuam mais de 30 horas semanais, como pode ser visto na figura 3.

    Ainda no contexto de atuação, buscou-se identificar quais as dificuldades encontradas pelos profissionais para uma atuação efetiva junto aos alunos/clientes. Apenas 3,71% reclamam da falta de aparelhos e 59,25% afirmam encontrar outros tipos de problemas para uma melhor atuação, vide figura 4. Sendo que 66,66% dos entrevistados declaram encontrar soluções para estes problemas.

Figura 3. Gráfico relacionado ao número de horas semanais trabalhadas na musculação

 

Figura 4. Gráfico quanto às dificuldades encontradas para atuação.

    Por fim, quanto aos dados levantados sobre a formação continuada desses profissionais, identificou-se que 48,15% fizeram pós-graduação e que 55,56% têm o incentivo da empresa para manter-se em constante atualização, como pode ser observado na tabela 3. Quando perguntados qual a freqüência de participação em congressos, cursos e eventos, 59,26% dos entrevistados disseram buscar atualização 1 vez ao ano e apenas 3,70% não acha necessária a formação continuada, vide figura 5.

Tabela 3. Variáveis com caráter de formação continuada do profissional

 

Figura 5. Gráfico sobre a frequência de busca por atualização em congressos e eventos na área de Educação Física

4.     Conclusões

    De acordo com as informações adquiridas na análise dos questionários, pôde-se ter uma melhor idéia do real comportamento dos profissionais na sua formação, atuação e formação continuada.

    Corroborando com o estudo de Pereira e Paula (2007), após a comparação dos dados entre os itens pesquisados e os revistos na literatura, conclui-se que a média de idade e o tempo de atuação na área da musculação são muito baixos, e uma possível explicação para este fato, seria devido à grande valorização do aspecto físico e jovial dos profissionais, ocorrendo uma super valorização da imagem e um descaso com o conhecimento adquirido com a experiência profissional.

    Identificou-se a necessidade de preparar o profissional para a formação continuada, já que o conhecimento é renovável, é há a possibilidade de este tornar-se ultrapassado.

    Por fim, sabe-se que a regulamentação da profissão, por si só, não é suficiente para seu reconhecimento e valorização. Muito mais importante e necessária é a competência e capacitação profissional, e essa competência só será completa se estiver embasada em um corpo de conhecimentos científico e técnico que dê suporte à prática do profissional de Educação Física que atua nas academias de musculação. Para conseguir esse status os educadores físicos devem ser capazes de oferecer serviços confiáveis e de qualidade e ter uma nova postura ética e profissional, que leve a transformações políticas e econômicas (Barros, 2000).

Referências bibliográficas

  • ANTUNES, A.C. Perfil Profissional de Instrutores de Academias de Ginástica e Musculação. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, a.9, n.60, Maio, 2003. http://www.efdeportes.com/efd60/perfil.htm

  • ANTUNES, A. Mercado de trabalho e educação física: aspectos da preparação profissional. Revista de Educação, Brasil, v. 10, n. 10, p. 141-149, 2007.

  • BARROS, J. M. C. A preparação profissional continuada em educação física. Fórum Nacional dos Cursos de Formação Profissional em Educação Física no Brasil, Belo Horizonte, Agosto, 2000.

  • CARNEIRO, R. da S. et. al. Perfil dos profissionais de educação física que atuam na área de musculação e ginástica localizada nas academias da cidade de Campos dos Goytacazes/RJ. Programa de Pós Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho, Curso de Treinamento de Força e Musculação.

  • FERNANDES, C. A. F. e JUNIOR, R. V. Educação física adaptada na formação universitária: reflexões sobre a preparação do profissional de educação física para a atuação com pessoas com necessidades especiais. Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, SP, v.9, n.12, Janeiro/Junho, 2008.

  • FURTADO, R. P. Do Fitness ao Wellnes: Os Três Estágios do Desenvolvimento das Academias de Ginástica. Pensar a prática 12/1: 1-11, Jan./Abr. 2009.

  • GHILARDI, R. Formação profissional em educação física: a relação teoria e prática. MOTRIZ, v.4, n.1, Junho, 1998.

  • GONDIM, S. M. G. Perfil Profissional e Mercado de Trabalho: Relação com a Formação Acadêmica pela Perspectiva de Estudantes Universitários. Estudos de Psicologia, 7(2), 299-309, 2002.

  • KRUG, R. de R., DAMÁSIO, W., SANTOS DA CONCEIÇÃO, V. J. e KRUG, H. N. Perfil dos profissionais de educação física que atuam em academias de musculação na região central de Criciúma/SC. Os caminhos da Educação Física e do esporte na promoção de um estilo de vida ativo, Pelotas - RS , a.3, 2008.

  • KRÜGER, L. G. e KRUG, H. N. Desvelando a atuação profissional em educação física através da percepção da trajetória acadêmica. Universidade Federal de Santa Maria, Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, a.5, n.1, 2006.

  • NASCIMENTO, J. V. do. Escala de auto-percepção de competência profissional em educação física e desportos. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, p.5-21, Janeiro/Junho, 1999.

  • PEREIRA, R. G. e PAULA, A. H. de. Perfil profissional de instrutores de musculação das academias de João Monlevade/MG. Unileste/MG, Movimentum, Revista Digital de Educação Física, Ipatinga, v.2, n.1, Fevereiro/Julho. 2007.

  • PEREIRA, A. E. da S., NOBRE, G. C., FERREIRA, M. N. dos S., SOUSA, M. do S. C. O contingente profissional de educação física e a demanda de praticantes na modalidade de musculação nas academias de ginástica de Juazeiro do Norte/CE. II Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte Nordeste de Educação Tecnológica, João Pessoa/PB, 2007.

  • ROSSI, F. e FRANÇA-HUNGER, D. A. C. Formação acadêmica em Educação Física e intervenção profissional em Academias de Ginástica. Motriz, Rio Claro, v.14, n.4, p.440-451, Outubro/Dezembro. 2008.

  • SANTOS, G. E. dos, SILVESTRINI, J. e SILVA, V.R da. Comparação Entre o Perfil do Profissional de Academia de Musculação e o Perfil do Profissional da Educação Física Escolar. Revista Digital. Buenos Aires, a.12, n.116, Janeiro, 2008. http://www.efdeportes.com/efd116/perfil-do-profissional-da-educacao-fisica.htm

  • VEGA, E. H. T. As competências do professor de educação física na pós-modernidade. Movimento, Porto Alegre, v.8, n.3, p.5-18, Setembro/Dezembro 2002.

  • VIEIRA, L. F., VIEIRA, J. L. L. e FERNANDES, R. Competência profissional percebida: um estudo com estudantes de educação física em formação inicial. Maringá, v.17, n.1, p.95-105, Setembro, 2006.

  • VIRTUOSO, J. S. Jr., ARAÚJO, L. C. G. de, SARTORI, R. F. e NASCIMENTO, J. V. do. Educação física e esporte no Brasil: perspectivas de formação e intervenção profissional. Maringá, v.14, n.1, p.17-30, Setembro, 2003.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 15 · N° 166 | Buenos Aires, Marzo de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados