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Análise de diferentes equações para a 

estimativa do percentual de gordura em idosas

Análisis de diferentes ecuaciones para calcular el porcentaje de grasa en mujeres mayores

Analysis of different equations for estimating the percentage of fat in elderly

 

*Mestre. Faculdade de Educação Física (UNIC), Curso de Educação Física (UNIVAG)

Núcleo de Aptidão Física, Metabolismo e Saúde (NAFIMES/UFMT)

**Mestranda. Faculdade de Nutrição (UNIC). Núcleo de

Aptidão Física, Metabolismo e Saúde (NAFIMES/UFMT)

***Doutor/a. Faculdade de Educação Física (UFMT). Núcleo

de Aptidão Física, Metabolismo e Saúde (NAFIMES/UFMT)

(Brasil)

Adilson Domingos dos Reis Filho*

Eliana Santini**

Christianne Faria de Coelho-Ravagnani***

Waléria Christiane Rezende Fett***

Carlos Alexandre Fett***

reisfilho.adilson@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Para avaliação da composição corporal, o método antropométrico ainda é uma alternativa para estudos de campo, porém sua utilização gera dúvidas quanto à fidedignidade dos resultados quando realizados em grupo de idosos, devido à modificação corporal, incluindo o aumento da flacidez que dificulta a medida das dobras cutâneas. O presente artigo objetivou associar os percentuais de gordura estimados por dobras cutâneas aos obtidos por bioimpedância em idosas. Participaram do estudo 45 idosas de um Centro de Convivência do município de Cuiabá-MT. Foram realizadas medidas antropométricas e por bioimpedância elétrica (MALTRON® BF-906) para posterior análise do percentual de gordura corporal. Utilizaram-se os protocolos de (Durnin e Womersley, 1974; Equação-1), (Jackson et al., 1980; Equação-2), (Visser et al., 1994; Equação-3), (Lean et al., 1996; Equação-4) e (Fett et al., 2009; Equação-5) para a estimativa do percentual de gordura. Dentre as equações analisadas, os principais resultados foram: %G-BIA vs Equação-1 (r=0,59; EPE=3,10; p<0,0001) e %G-BIA vs Equação-5 (r=0,60; EPE=4,45; p<0,0001). Apesar das limitações do método de dobras cutâneas aplicado a indivíduos idosos, pode-se sugerir que as equações propostas por Durnin e Womersley (1974) e Fett et al. (2009) apresentam resultados mais consistentes quando comparados aos detectados pela BIA.

          Unitermos: Idosos. Composição corporal. Percentual de gordura.

 

Resumen

          Para evaluar la composición corporal, el método antropométrico es todavía una alternativa a los estudios de campo, pero su uso plantea dudas sobre la fiabilidad de los resultados cuando se realiza en el grupo de personas mayores, debido al cambio corporal, incluyendo una mayor laxitud que complica la medición de la pliegues de la piel. Este artículo tiene como objetivo relacionar el porcentaje de grasa estimado por pliegues de la piel a los obtenidos por impedancia bioeléctrica en mujeres de edad avanzada. Los participantes del estudio fueron 45 ancianos de un Centro de Convivencia en la ciudad de Cuiabá-MT. Se midieron mediante el análisis de impedancia bioeléctrica (Maltron® BF-906) y antropométricos para su posterior análisis del porcentaje de grasa corporal. Hemos utilizado los protocolos (Durnin y Womersley, 1974; Ecuación-1), (Jackson et al 1980; Ecuación-2), (Visser et al 1994; Ecuación-3), (Lean et al. 1996; Ecuación-4) y (Fett y otros, 2009; Ecuación-5) para estimar el porcentaje de grasa. De las ecuaciones de verificación, los resultados principales fueron: % G-BIA vs Ecuación-1 (r=0,59; SEE=3.10, p <0,0001) y% GC-BIA vs Ecuación-5 (r=0,60; SEE=4.45, p <0,0001). A pesar de las limitaciones del método de los pliegues cutáneos aplicado a las personas mayores, se puede sugerir que las ecuaciones propuestas por Durnin y Womersley (1974) y Fett et al (2009) tienen resultados más consistentes en comparación con los detectados por el BIA.

          Palabras clave: Persona mayor. Composición corporal. Porcentaje de grasa corporal.

 

Abstract

          The assessment of body composition, anthropometric method is still an alternative to field studies, but their use raises doubts about the reliability of results when performed in the elderly group, due to body modification, including increased laxity that hinders skinfold measurement. This article aimed to associate the percentage of fat estimated by skinfold those obtained by bioelectrical impedance in elderly women. The study included 45 elderly women at a Center for Coexistence in the city of Cuiabá-MT. Anthropometric measurements and bioelectrical impedance (MALTRON® BF-906) for subsequent analysis of the percentage of body fat. We used protocols (Durnin and Womersley, 1974; Equation-1), (​​Jackson et al. 1980; Equation-2), (Visser et al. 1994; Equation-3), (Lean et al. 1996; Equation-4) and (Fett et al. 2009; Equation-5) to estimate the percentage of fat. Among the analyzed equations, the main results were: %BF-BIA vs. Equation-1 (r=0.59; SEE=3.10; p<0.0001) and %BF-BIA vs. Equation-5 (r=0,60; SEE=4.45; p<0.0001). Despite the limitations of the skinfold method applied to the elderly, it can be suggested that the equations proposed by Durnin and Womersley (1974) and Fett et al. (2009) have more consistent results when compared to those detected by BIA.

          Keywords: Aged. Body composition. Fat percentage.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A mensuração da composição corporal é de fundamental importância para os estudos e acompanhamentos de programas que visem alterações de seus componentes (FETT et al., 2006) e estes por sua vez com o estado geral de saúde. Porém, quando se emprega a avaliação de dobras cutâneas para estimar o percentual de gordura em idosos, dúvidas são levantadas, pois, a imprecisão de tais medidas em decorrência de alterações morfológicas marcantes, dentre as quais, o aumento da gordura corporal, a redução de massa magra, além de modificações na densidade mineral óssea e na proporção entre água intra e extracelular (BARBOSA et al., 2001) podem ocasionar erros de mensuração.

    Dentre as possibilidades de avaliação da composição corporal mais comumente utilizadas em estudos científicos, temos os métodos duplamente indiretos, como por exemplo, a antropometria e a bioimpedância elétrica e os indiretos: pesagem hidrostática e o DEXA (Dual-Energy X-ray Absorptiometry). Excetuando-se a antropometria, os demais métodos apresentam certa dificuldade de aplicabilidade e/ou custo elevado, dificultando assim a utilização em estudos populacionais. Porém, quando se busca um padrão ouro para a análise da composição corporal, o uso de pesagem hidrostática e DEXA (RECH et al., 2007) são os mais citados. Já, em relação à bioimpedância elétrica, o seu uso tem sido freqüente em diversos estudos, pois apresenta boa reprodutibilidade quando comparada às técnicas consideradas padrão ouro e de acordo com Houtkooper et al. (1996), a bioimpedância apresenta sensibilidade e especificidade melhor para aferir a adiposidade do que muitas equações antropométricas.

    Em relação aos métodos citados anteriormente frente à análise da composição corporal de idosos, tem-se observado pouca utilização do método antropométrico para esta população, especialmente em relação ao percentual de gordura corporal. Quanto a isso, alguns estudos importantes foram realizados, entre os quais se destacam os conduzidos por Deurenberg et al. (1990), Baumgartner et al. (1991), Svendsen et al. (1991), Visser, Heuvel e Deurenberg (1994), Houtkooper et al. (1996), entre outros. Mais recentemente, alguns pesquisadores compararam a avaliação antropométrica com os demais métodos, dentre eles Barbosa et al. (2001), que analisaram a concordância entre estimativas de percentual de gordura em idosas obtidas por antropometria, bioimpedância e DEXA; Moreira et al. (2009), que analisaram a aplicabilidade de duas equações antropométricas para o cálculo da densidade corporal e posterior cálculo do percentual de gordura em idosos; Fett et al.(2009), que investigaram dois modelos de equações antropométricas para a estimativa do percentual de gordura em idosas; Rech et al. (2010), que verificaram a concordância entre as dobras cutâneas para a estimativa da gordura corporal em idosos do Sul do Brasil e Rech et al. (2010), que testaram a validade cruzada de sete equações antropométricas para a estimativa do percentual de gordura destes mesmos idosos.

    Frente à escassez de estudos para a população do Centro-Oeste brasileiro, bem como de equações generalizadas e/ou específicas que possam atender a análise da estimativa do percentual de gordura em idosos em âmbito nacional é que o presente estudo objetivou comparar a concordância entre equações antropométricas para a estimativa do percentual de gordura com o percentual de gordura obtido pela bioimpedância elétrica, assim como, propor uma nova equação para a estimativa do percentual de gordura em idosas fisicamente ativas.

Materiais e métodos

    O presente trabalho trata-se de um estudo transversal, integrante do protocolo para coleta do Projeto Temático “Longevidade Saudável”, desenvolvido entre os anos 2007 a 2010 por docentes do curso de Graduação em Educação Física e do curso de Medicina da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Os dados relativos a esta pesquisa, foram coletados em julho de 2008.

    Após divulgação em cartazes espalhados por murais de um Centro de Convivência do município de Cuiabá-MT e palestra sobre os propósitos do estudo, foram cadastradas 52 mulheres para a realização das medidas antropométricas e análise por bioimpedância, destas, apenas 45 atenderam aos critérios de possuir idade ≥ 60 anos, não estar fazendo uso de diuréticos e comparecer ao Centro de Convivência para a realização das avaliações. Todas as voluntárias assinaram termo de consentimento livre e esclarecido de acordo com a Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Müller (Protocolo Nº 330/CEP-HUJM/07).

    A massa corporal e a estatura foram mensuradas em uma balança SOEHNLE®, com capacidade para 200kg e precisão de 100g segundo o proposto por Fett et al. (2006). Utilizou-se um compasso de dobras cutâneas da marca Lange® para a coleta das seguintes dobras: bicipital, tricipital, subescapular, suprailíaca e coxa média, todas de acordo com Pollock e Wilmore (1993). Foram mensuradas, com fita antropométrica modelo SN-4010 da marca SANNY® (Brasil), as circunferências da cintura e abdominal, ambas de acordo com o protocolo proposto por Pollock e Wilmore (1993). Todas as medidas foram realizadas em triplicata, utilizando-se a média das mesmas, como resultado final. Para conversão da densidade corporal (DC) em percentual de gordura (%G), foi utilizada a equação proposta por Siri (1961):

    As equações para a estimativa do percentual de gordura estão dispostas no quadro abaixo:

Quadro 1. Equações antropométricas para a estimativa do percentual de gordura

    Quanto à avaliação pela bioimpedância, houve orientação para que as voluntárias permanecessem em jejum de pelo menos quatro horas; mantivessem em abstinência alcoólica nas últimas 24 horas; que não fizessem uso de bebidas cafeinadas 24 horas antes do teste; a não praticar atividade física intensa nas últimas 24 horas; urinar trinta minutos antes da avaliação e, permanecer em repouso durante cinco minutos antes de iniciar a avaliação. Após o atendimento dos critérios anteriormente citados, foi conduzida a análise da composição corporal por bioimpedância elétrica, com aparelho MALTRON® modelo BF-906, seguindo as orientações dispostas no manual do próprio aparelho.

    Os dados foram analisados mediante o pacote estatístico BioEstat® 5.0 (Brasil) e expressos em médias ± desvios padrão. A distribuição e normalidade dos resultados foram calculadas com o teste Kolmogorov-Smirnov; posteriormente foi conduzido o teste de Correlação Linear de Pearson (r) e teste t de Student pareado (t). Para testar a validade cruzada das equações em relação à bioimpedância elétrica, foram seguidos os critérios propostos por Lohman (1992), sendo calculados na planilha do software Microsoft® Excel o erro constante (EC), o erro total (ET) e o erro padrão de estimativa (EPE), onde:

    respectivamente. Quanto à concordância entre os valores de percentual de gordura obtidos por bioimpedância elétrica e demais equações, os resultados foram plotados em diagrama de dispersão de acordo com a técnica desenvolvida por Bland e Altman (1986). Foi estabelecido como nível de significância o valor de 5% (p<0,05).

Resultados

    Na tabela 1 são apresentadas as características gerais das idosas, onde, observa-se em relação ao IMC uma amplitude variando entre a normalidade e a obesidade, mas que em média obteve-se um índice de sobrepeso para a amostra.

Tabela 1. Características gerais da amostra

    Na tabela 2 são apresentados os resultados referentes à validação cruzada para as equações de estimativa do percentual de gordura. Observa-se em relação às médias e desvios padrão uma proximidade entre o resultado obtido pela bioimpedância com a equação 2 (Jackson et al., 1980) (Figura 1) e equação 5 (Fett et al., 2009) (Figura 2). Contudo, o correlação observada foi maior entre o %G-BIA com a equação 1 (Durnin e Womersley, 1974) e a equação 5 (Fett et al., 2009) (Tabela 2).

Tabela 2. Percentual de gordura mensurado e estimado em idosas

    Nas figuras 1 e 2 estão dispostos os diagramas de dispersão entre o %G-BIA e as equações para estimativa do percentual de gordura de acordo com o que preconiza Bland e Altman, permitindo assim, visualizar as diferenças médias e os limites de concordância com ±2 desvios padrão da diferença.

Figura 1. Diagrama de dispersão entre os métodos de bioimpedância elétrica

e equações para estimativa do percentual de gordura em mulheres idosas

 

Figura 2. Diagrama de dispersão entre os métodos de bioimpedância elétrica

e equações para estimativa do percentual de gordura em mulheres idosas

Discussão

    A utilização da medida de dobras cutâneas para a estimativa do percentual de gordura em idosos, freqüentemente é questionada, contudo, ainda constituem-se na forma mais acessível de se mensurar a quantidade de gordura corporal em estudos de proporções epidemiológicas. Dentre as equações mais utilizadas para a medida do percentual de gordura em idosos, temos a equação generalizada desenvolvida por Durnin e Womersley (1974) que avaliaram 481 voluntários com idade entre 17 e 72 anos. Em comparação ao percentual de gordura obtido pela bioimpedância neste estudo, a equação proposta por Durnin e Womersley (1974) apresentou uma correlação moderada de (r=0,59). Outra equação generalizada muito utilizada para se estimar o percentual de gordura é a desenvolvida por Jackson et al., (1980), que analisaram 249 pessoas com idade entre 18 e 55 anos. Tal equação apresentou correlação de (r=0,50) quando comparada ao valor obtido pela bioimpedância neste estudo. Nas equações mais recentes, propostas por Visser et al., (1994) e Lean et al., (1996), as correlações foram de (r=0,43) e (r=0,50) respectivamente. Já a equação proposta por Fett et al., (2009) obteve um valor de (r=0,60) quando correlacionado ao valor obtido na bioimpedância.

    Apesar da correlação moderada a relativamente baixa para as equações aqui avaliadas, foi proposto que se conduzisse outros critérios de análise para identificar qual das equações apresenta maior fidedignidade para se avaliar o percentual de gordura em idosas. Para tanto, foi realizado o teste t pareado com o intuito de averiguar as diferenças entre os resultados obtidos pelas equações e o resultado apresentado pela BIA. Os valores encontrados após a análise do teste t foram (p<0,0001) para as equações 1 e 5; (p=0,0004) para a equação 4; (p=0,001) para a equação 2 e (p=0,004) para a equação 3. Posteriormente foi realizado o cálculo do erro constante (EC), onde foram observados valores negativos para as equações 1, 3 e 4, que superestimaram os valores obtidos pela BIA. Ainda, as equações 2 e 5, apresentaram valores positivos para o EC e percentual de gordura abaixo do obtido pela BIA. Em relação ao erro padrão de estimativa (EPE), foram observados os seguintes resultados: (ideal) para a equação 3, (bom) para a equação 1 e (fraco) para as demais equações, incluindo a equação 2 (Jackson et al., 1980) que freqüentemente é utilizada, até mesmo para indivíduos idosos, mesmo não sendo especifica para esta população.

    No estudo conduzido por Barbosa et al., (2001), foi verificada correlação de (r=0,71) entre o %G-BIA e a equação de Jackson et al., (1980). Apesar da diferença entre o aparelho empregado no referido estudo e o utilizado neste, pode-se verificar menor correlação entre os mesmos parâmetros para esta pesquisa (Tabela 2). Assim como foi descrito por Barbosa et al., (2001) em seus resultados, a concordância entre as estimativas do percentual de gordura obtido pela BIA e pela equação de Jackson et al., (1980) no presente estudo não foi boa (Figura 1).

    Vasudev et al., (2004) realizaram um estudo de validação para medidas de gordura corporal obtidos por dobras cutâneas e dois modelos de aparelho para bioimpedância, tendo como referência a avaliação da composição corporal feita com DEXA. Participaram deste estudo 155 indivíduos, dos quais 82 eram do sexo feminino, com idade média de 45 anos. Em seu estudo, Vasudev et al. (2004), observaram que as medidas de gordura corporal (GC) obtidas pela BIA no aparelho BEURER BF 60 (leg to leg) e dobras cutâneas utilizando a equação proposta por Durnin e Womersley (1974) apresentaram melhores resultados com o DEXA após a análise pelo teste t pareado do que o aparelho OMRON (hand to hand). Embora o autor tenha assumido que o aparelho OMRON apresentou mais viés do que os demais, o mesmo indica que todas as técnicas investigadas apresentaram boa correlação com o DEXA e que, cada técnica contém suas vantagens e desvantagens.

    Em estudo realizado por Rech et al. (2010), foram analisadas diversas equações antropométricas com objetivo de validar alguma para o uso na população idosa. Dentre as equações analisadas no referido estudo, está a equação proposta por Visser et al. (1994) que foi correlacionado com o percentual de gordura obtido por DEXA, sendo este, um dos métodos considerados “padrão ouro” para análise da composição corporal. Os resultados apresentados por Rech et al. (2010) em seu estudo, demonstrou um coeficiente de correlação moderado de (r=0,76) e EPE de (4,51), demonstrando assim uma tendência a superestimar o percentual de gordura em idosas. Quanto ao resultado em percentuais, o presente estudo corrobora com os resultados apresentados por Rech et al. (2010), visto que, o %G obtido pela BIA foi em média de 36,6% e o obtido pela equação de Visser et al. (1994) foi de 44,6%, contudo, tal resultado apresentou baixa correlação com a BIA (r=0,43) e estranhamente um baixo EPE (1,70).

    Embora os resultados de EPE tenham sido elevados, pode-se observar pela plotagem de Bland e Altman que os valores obtidos nas equações 2 e 5 apresentaram pouca discrepância em relação aos escores residuais, -2,89% (Figura 1) e -1,95% (Figura 2), respectivamente. Resultado semelhante foi encontrado por Rech et al. (2005), onde foi observado para a equação proposta por Jackson et al. (1980) acuracidade de 46,6% em relação ao percentual obtido por DEXA, contudo, no presente estudo foram observados que 97,8% da amostra manteve-se dentro dos limites estipulados para o erro padrão de ±2 desvios padrão quando comparado ao percentual de gordura obtido pela BIA. Já a equação proposta por Fett et al. (2009) obteve 93,3% de acurácia em relação aos limites de ±2 desvios padrão. Porém, nenhuma das equações atendeu aos critérios de validação cruzada proposto por Lohman (1992), o que leva a acreditar, que a utilização de dobras cutâneas em indivíduos idosos realmente não apresenta fidedignidade.

    Apesar de a BIA ser um método de fácil aplicação e de alta reprodutibilidade, alguns fatores relacionados ao envelhecimento, tal qual, um maior acúmulo de gordura visceral podem mascarar os resultados obtidos por esse método, bem como, o aparelho utilizado neste estudo não disponibiliza a equação utilizada para o cálculo do %G, e, sendo assim, não se pode verificar se o aparelho utilizado leva em consideração o fator idade, que neste caso em especial é altamente relevante. Apesar da limitação citada anteriormente, Houtkooper et al. (1996), afirmam que a BIA apresenta maior sensibilidade e especificidade para a determinação da gordura corporal (GC) do que os métodos antropométricos e índice de massa corporal, ainda, Svendsen et al. (1991), afirmam que a BIA é ligeiramente superior aos métodos antropométricos para estimar a GC, desta forma, optou-se por correlacionar as equações antropométricas com a BIA, visto a dificuldade para a realização de avaliações por DEXA ou pesagem hidrostática.

Conclusão

    A escolha de uma equação para a estimativa de percentual de gordura em idosas deve ser feita com cautela, levando-se em consideração especialmente se a equação é generalizada ou específica para esta população. Embora todas as equações tenham fornecido valores diferenciados para o percentual de gordura, pode-se sugerir que as equações propostas por Durnin e Womersley (1974) e Fett et al. (2009) apresentam resultados mais consistentes aos detectados pela BIA para esta população específica.

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