Teorias pedagógicas da Educação Física e a nova proposta curricular do Estado de São Paulo Las teorías pedagógicas de la Educación Física y la nueva propuesta curricular del Estado de Sao Paulo |
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*Especialista em Gestão Educacional Universidade Estadual Paulista - UNESP Professora de Educação Física **Doutorando em Educação Universidade Estadual Paulista – UNESP Professor de Educação Física |
Martha Rosa Bendrath* Eduard Angelo Bendrath** (Brasil) |
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Resumo A presente pesquisa trata-se de uma síntese da monografia apresentada ao programa de pós graduação Lato Sensu em Gestão Escolar da UNESP de Presidente Prudente. O objetivo do estudo foi discutir a proposta do novo currículo para a Educação Física no Estado de São Paulo, analisando quais as concepções e estrutura que fundamentam a Educação Física na escola pública de São Paulo. Para alcançar estes objetivos, realizamos uma revisão bibliográfica e documental que nos forneceu elementos para compreensão do tema. As informações sobre a nova proposta curricular do Estado de São Paulo reforçam a idéia de uma mudança nos padrões da disciplina na escola pública, sendo caracterizado como um documento de referência para a construção dos processos pedagógicos que envolvem a Educação Física na escola pública do Estado. Unitermos: Currículo. Educação Física. Gestão educacional.
Resumen La presente investigación es una síntesis de la monografía presentada en el programa de posgrado Lato Sensu en Gestión Escolar en la UNESP, Presidente Prudente. El objetivo del estudio fue analizar la propuesta curricular para la Educación Física en el Estado de Sao Paulo, el análisis de las concepciones que subyacen en la estructura y la Educación Física en las escuelas públicas de Sao Paulo. Para alcanzar estos objetivos, se realizó una revisión de la literatura y los insumos documentales que nos aporte a la comprensión del tema. La información sobre el nuevo plan de estudios del Estado de Sao Paulo refuerza la idea de un cambio en las normas de disciplina en la escuela pública, que se caracteriza por ser un documento de referencia para la construcción de los procesos pedagógicos que involucran a la Educación Física en las escuelas públicas del Estado. Palabras clave: Currículo. Educación Física. Gestión de la educación.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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A Educação Física e suas Teorias Pedagógicas
A Educação Física sempre esteve ligada à cultura. Segundo Daolio (2004), a dimensão cultural é muito importante, mesmo com o termo “cultura” trazendo sentimentos e utilizações diferentes. Muitos autores utilizam à expressão cultura para acompanhar termos como: física; corporal e movimento.
As análises das abordagens teóricas da Educação Física, segundo uma visão cultural, são muito interessantes, pois antes a Educação Física era área de estudos somente da Biologia. Autores da Antropologia Social produziram importantes estudos nas áreas das ciências sociais, abrindo novas portas para a Educação Física.
A análise cultural tem procurado compreender a imensa e rica tradição da área que, durante anos, a definiu como ela se apresenta hoje, e ao mesmo tempo, tem procurado entender suas várias manifestações como expressões de contextos específicos. Além disso, a perspectiva cultural faz avançar na educação física a consideração de aspectos simbólicos, estimulando estudos e reflexos sobre a estética, a beleza, a subjetividade, a expressividade, a relação com a arte, enfim, o significado. (DAOLIO, 2004, p.13).
As abordagens teóricas a que nos referimos são as seguintes: Desenvolvimentista; Crítica-Superadora; Construtivista; Crítico-Emancipatória; Cultural e Progressista.
Na abordagem Desenvolvimentista temos com principal representante o professor Go Tani e seus colaboradores. Essa abordagem na Educação Física não pretende tratar da cultura. Seu objeto de estudo é o movimento e sua aplicação, ou seja, o desenvolvimento motor e da aprendizagem motora em relação à faixa etária.
A Educação Física, segundo a abordagem Desenvolvimentista, estuda a característica de cada aluno em seus vários níveis de desenvolvimento e traça um plano de trabalho a partir dessas análises.
Segundo Go Tani e colaboradores (1988), a educação física escolar deve compreender os aspectos do crescimento, desenvolvimento e aprendizagem da criança. Assim, a educação física escolar deve definir como objetivo inicial, criar condições para a criança desenvolver suas habilidades motoras básicas, facilitando assim o aprendizado de habilidades posteriores mais complexas. Definir os conteúdos e estratégias de ensino a serem usados dependerá da fase em que a criança estará no processo biológico de crescimento e desenvolvimento motor.
Na abordagem Desenvolvimentista, observamos que a Educação Física trata do estudo e aplicação do movimento e propicia condições de aprendizagem desse movimento em suas aulas, construídas segundo as fases determinadas biologicamente.
Ainda segundo Go Tani (1988), a cultura seria uma fase que a criança alcançaria, se passasse pelas fases pré-estabelecidas biologicamente.
Para Daolio (2004), aceitar que a educação física tem como objetivo somente o “movimento” em detrimento da cultura, é o mesmo que afirmar a base biológica primordial para compreender a área da Educação Física e a cultura conseqüência das atividades cerebrais e “...em contrapartida, afirmar que a educação física trata da cultura do movimento faz com que se priorize a dinâmica sociocultural na explicação das ações humanas”. (DAOLIO, 2004, p.18).
Os conhecimentos sobre os processos de desenvolvimento, crescimento e aprendizagem motora são conhecimentos do professor de Educação Física, que utilizará em suas aulas para auxiliá-lo na transmissão da aprendizagem para seus alunos. Quanto à Educação Física e a escola, estas são espaço e tempo para desenvolver cultura, garantindo aos alunos a apreensão de conteúdos culturais.
Na abordagem Construtivista-interacionista, encontramos como seu maior representante João Batista Freire.
O livro Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Prática da Educação Física de 1989, fez de João Batista Freire um dos autores mais conhecidos de toda a Educação Física brasileira.
Sua abordagem construtivista traz um traço da pedagogia humanista e também teórica, trazidas da psicologia da aprendizagem e do desenvolvimento. Freire da ênfase à discussão do desenvolvimento cognitivo.
João Batista Freire, na sua visão de Educação Física escolar, critica a forma de trabalho da escola em relação à criança e ao movimento. A escola tradicional estaria deixando a criança imóvel, sem liberdade de movimento, para aprender os conceitos teóricos de forma disciplinada, suprimindo e desconsiderando a cultura infantil, cheia de movimentos, jogos, brinquedos e fantasias.
Na abordagem Construtivista jogos e brinquedos fazem parte da cultura infantil e são considerados como facilitadores do desenvolvimento e não como “parte da cultura humana”, é o meio e não fim no processo educacional utilizado pela Educação Física.
Na proposta de João Freire, a educação física tem a finalidade de preservar a ordem natural humana das crianças, criando condições para que nas aulas sejam estimuladas as habilidades motoras e o desenvolvimento corporal, rompendo como contrato social representado pela escola tradicional.
Nos anos 90 uma obra intitulada Metodologia do Ensino de Educação Física, escrita por um coletivo de autores, ganha repercussão como obra de abordagem Crítico-superadora.
Essa abordagem Crítico-superadora tem como inspiração o materialismo histórico-dialético de Karl Marx e compreende a Educação Física como uma matéria escolar que trata de temas como: cultura corporal, jogos, ginástica, lutas, acrobacias, esportes, todos esses temas tratados pedagogicamente.
Segundo Daolio (2004), os autores vêem na reflexão pedagógica um meio para se levar ao projeto político pedagógico, levando a uma leitura da realidade e de seus valores, criando meios para a transformação dessa realidade.
A Educação Física tradicional trazia como objeto de estudo o desenvolvimento da aptidão física do ser humano, e segundo o coletivo de autores, essa visão contribuía para manutenção da estrutura da sociedade capitalista e os interesses da classe dominante.
A perspectiva da abordagem Crítico-superadora estabelece a cultura corporal como objeto de estudo da Educação Física. As manifestações corporais humanas passam a ser vistas como construções históricas da humanidade.
Dessa forma, o esporte trabalhado pela educação física é fruto de um longo processo sócio histórico e cultural, que culminou nesse fenômeno que conhecemos hoje, assim como a dança, o jogo, a ginástica e a luta. Os temas a serem tratados pedagogicamente pela educação física, por serem considerados elementos da cultura, estarão presentes nas aulas como fenômenos que se impõem aos alunos como necessários para sua inserção na realidade social e não como meras expressões de uma natureza apenas biológicas do ser humano. (DAOLIO, 2004, p.22).
Compreender os conteúdos da Educação Física na forma simbólica da cultura nos permite compreender suas estruturas menos deterministas e menos estruturadas a partir de padrões conscientes e objetivos e nos permite compreender a dinâmica escolar da Educação Física como uma prática cultural atualizada que re-valoriza os conteúdos tradicionais da área e considera as especificidades e características de cada grupo de aluno.
A abordagem Crítico-emancipatória tem seu principal representante o professor Elenor Kunz, e podemos encontrar essa abordagem nos livros intitulados Educação Física: Ensino e Mudança e o livro Transformação Didático Pedagógico do Esporte.
Elenor Kunz, juntamente a outros autores, faz duras críticas à educação física tradicional. O autor afirma, no início da década de 1990, que a Educação Física tradicional trazia uma visão que favorecia a reprodução das contradições e injustiças sociais do país e propunha uma abordagem onde a Educação Física faz parte de um sistema maior, com abordagens não só das ciências naturais, mas também das ciências humanas e sociais.
Segundo Daolio (2004), o autor discute o movimento humano e critica a visão deste como um fenômeno apenas físico, reconhecido e esclarecido de forma simples e objetiva. O movimento, segundo a autora, acontece em um tempo-espaço complexo, envolvendo o ser humano nesse movimento.
Ao contrário das análises biomecânicas, fisiológicas, aquelas que visam o rendimento físico, ou, ainda, as de cunho comportamentalista, a concepção dialógica de movimento pressupõe o envolvimento do homem como sujeito da ação sempre na sua intencionalidade, constituindo o sentido/significado do seu “se-movimentar”. Por isso, nessa concepção há relação estreita entre a intencionalidade do ser humano e o sentido/significado de sua conduta. (DAOLIO, 2004, p.25).
Segundo o autor, esta inter-relação entre o homem e o mundo em que vive, cria um conjunto de significados que dará sentido às ações humanas.
A concepção de movimento implica no envolvimento do homem como sujeito da ação e de sua intencionalidade. Nessa concepção, observa-se a relação entre intencionalidade do ser humano e o sentido/significado de sua conduta.
Elenor Kunz critica o sistema educacional tradicional e a algumas abordagens da Educação Física, onde o aluno se prepara individualmente para atuar segundo as exigências sociais.
Na abordagem Crítico-emancipatória é necessário achar o equilíbrio entre a identidade pessoal e social. Segundo a autora, na relação homem/mundo é construído um conjunto de significados que dará significado e sentido as ações humanas, este conjunto de ações não se encontra somente no homem e no mundo, mas nas inter-relações entre os dois.
Temos a abordagem Cultural sugerida por Daólio. Segundo o autor, a visão biológica que se tem das aulas de Educação Física iguala todos os alunos em componentes fisiológicos, tornando as aulas iguais para todos.
Na abordagem cultural, o professor de Educação Física vê que seus alunos diferem entre si, tanto fisicamente como no aspecto cultural.
O autor enfatiza o papel da cultura onde toda técnica é cultural, apreendida em determinado momento histórico, em determinada sociedade e não podendo separar o ser histórico, físico e cultural.
A Abordagem Pedagógica da Educação Física no novo currículo escolar
No ano de 2008, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo implantou um projeto que propõe um currículo para os níveis de ensino Fundamental – Ciclo II e Médio, visando contribuir com a melhoria da qualidade das aprendizagens de seus alunos.
A Proposta Curricular tem por objetivo incentivar o desenvolvimento curricular através de levantamento do acervo documental e técnico pedagógico. Esse processo partiu de conhecimentos e experiências acumulados através de práticas vividas pelos professores, de revisão e recuperação de documentos presentes nas escolas, de levantamento e análise de projetos já existentes.
Além desse levantamento, a Secretária da Educação do Estado de São Paulo iniciou um processo de consultas às escolas e professores, para identificar boas práticas profissionais existentes nessas escolas de São Paulo e assim sistematizar e divulgá-las.
O objetivo da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, ao iniciar esse processo, é cumprir com seu dever de garantir a todos uma base de conhecimentos e competências, fazendo com que as escolas funcionem como uma rede de saberes; e assim elaborar subsídios para atingir os objetivos que são:
Ser um documento básico que apresente princípios orientadores para uma escolar promover as competências fundamentais frente aos desafios sociais, culturais e profissionais que o mundo contemporâneo nos oferece.
Integrar a Proposta Curricular a um segundo documento de Orientação para a Gestão de Currículo na Escola, dirigidos a gestores, diretores e dirigentes escolares, professores e equipe, com finalidade de apoiar a implementação desta Proposta Curricular nas escolas públicas do Estado de São Paulo.
Apresentar um conjunto de documentos direcionados aos professores para dar suporte às aulas, organizados por bimestres e por disciplinas em forma de conteúdos e competências e habilidades, que serão organizados por séries. Esses conteúdos apresentam orientações para gestão em sala de aula, avaliação e recuperação, sugestões de trabalhos extraclasse e atividades complementares.
Podemos observar a preocupação em construir uma educação voltada para as mudanças do século XXI. Uma educação onde tecnologia, conhecimento, cidadania, possam conviver em harmonia.
A sociedade atual é produto de mudanças sofridas ao longo de todo o século passado e início desse século. Mudanças como revolução tecnológica, processos políticos e assim, os jovens e adolescentes também mudaram. A forma de ensino exigiu novas mudanças:
A qualidade do convívio, assim como dos conhecimentos e das competências constituídas na vida escolar, será o fator determinante para a participação do indivíduo em seu próprio grupo social e para que tome parte de processos de crítica e renovação. (SÃO PAULO, 2008, p.10).
Qualidade da educação e a democratização do acesso à educação são um dos objetivos dessa nova Proposta Curricular para o Estado de São Paulo.
O Currículo também foi uma preocupação constante dessa nova Proposta Curricular. Elaborou-se um currículo “comprometido com seu tempo” (p.12), ou seja, a tecnologia presente no ensino-aprendizagem para alunos e professores; currículo como espaço de cultura: a cultura muitas vezes associada ao lazer, agora faz parte do conhecimento e do saber.
A Proposta Curricular do Estado de São Paulo para a disciplina de Educação Física, nosso estudo específico, apresenta algumas mudanças.
Nas últimas décadas vimos crescer a cultura ao corpo, o interesse aos esportes e o crescente aumento no número de academias de ginásticas. A atividade física ganhou novo sentido, não só estético, mas voltado também à saúde. Os adolescentes e jovens revelam afinidades com novas manifestações da cultura do movimento: hip-hop, capoeira, musculação, etc.
O enfoque cultural torna-se importante para a Educação Física e devem-se levar em conta essas manifestações dos alunos (cultura do movimento) em seus vários contextos e tratá-los pedagogicamente.
Observamos nessa Proposta Curricular, que a Educação Física trata da cultura relacionada aos aspectos do corpo expressa de várias formas como: jogos, danças, ginásticas, lutas e esportes.
O ensino da Educação Física escolar poderá utilizar os conhecimentos dos alunos (manifestações corporais de movimento) e ampliá-los, modificá-los e aprofundá-los.
O enfoque cultural ganhou relevância na Educação Física, por levar em conta as diferenças manifestas pelo alunos em variados contextos e por pregar a pluralidade de ações, sugerindo a relativização da noção de desenvolvimento dos mesmos conteúdos da mesma forma. Assim, entendemos que a Educação Física escolar deva tratar pedagogicamente de conteúdos culturais relacionados ao movimentar-se humano, porque o ser humano, ao longo de sua evolução de milhões de anos, foi construindo certos conhecimentos ligado ao uso do corpo e ao seu movimentar-se. (SÃO PAULO, 2008, p.42)
Nesta Nova Proposta Curricular, a Educação Física tratará a cultura expressa de várias formas através de seus aspectos corporais. Antes, a Educação Física baseava-se única e exclusivamente no referencial das ciências naturais, onde as “manifestações corporais humanas, sob o argumento de que corpos biologicamente semelhantes demandam intervenções semelhantes ou padronizadas.” (p.42)
A Nova Proposta Curricular traz para o ensino da Educação Física a perspectiva cultural na construção das ações corporais, o repertório de conhecimento dos alunos, buscando assim, ampliá-los e melhorá-los, além de contribuir ao longo de sua escolarização, melhorar sua participação e lazer nos esportes, jogos, atividades rítmicas, ginásticas, lutas.
Para o Ensino Médio, a Nova Proposta Curricular para a Educação Física define como objetivos gerais trabalhar a compreensão dos jogos, esportes, lutas, ginásticas e atividades rítmicas no contexto social e cultural dos alunos. A cultura do movimento amplia as possibilidades e experiências desses alunos construírem através dos jogos, ginásticas, lutas e atividades rítmicas, uma autonomia crítica e autocrítica do “Se Movimentar e dos significados/sentidos dessas experiências”. (p.46)
A Educação Física no Ensino Médio, através dessa Nova Proposta, pretende criar uma rede de inter-relações partindo dos cinco grandes eixos de conteúdos que são: jogo, esporte, ginástica, luta e atividade rítmica e cruzar com eixos temáticos atuais e importantes na sociedade como: corpo, saúde e beleza; contemporaneidade; mídias; lazer e trabalho. Esses eixos temáticos permitem trabalha temas como preconceito racial no esporte, preconceito contra pessoas com deficiência nos esportes e a mídia e sua importância na construção de padrões de beleza física.
A inter-relação criada entre os cinco grandes eixos e os eixos temáticos permite que os conteúdos neles existentes se desenvolvam.
“A rede de inter-relações assim gerada possibilita a pluralidade e a simultaneidade no desenvolvimento dos conteúdos. O eixo de conteúdo “ginástica”, por exemplo, poderá aparecer em vários momentos ao longo das três séries do Ensino Médio, porém, com enfoques diferentes propiciados pelos eixos temáticos e com níveis de complexidade diversos.” (SÃO PAULO, 2008, p.47).
Para a Educação Física, essa Nova Proposta Curricular traz a responsabilidade de assumir na escola a relação do “Se Movimentar humano”, e poder interagir com outros componentes curriculares, proporcionando uma disciplina mais motivadora para seus alunos e conhecimentos novos e imprescindíveis a eles.
Considerações finais
Quando iniciamos essa pesquisa, tínhamos a intenção de conhecer e estudar os documentos que levaram a construção da Nova Proposta Curricular para a Educação Física no Estado de São Paulo.
Desde o surgimento da Educação Física no Brasil até os dias atuais, o esporte, a atividade física, o movimento, estiveram ligados à proposta metodológica de trabalho. As primeiras inclusões dos exercícios físicos nos currículos escolares reportam ao século XVIII. No Brasil, as primeiras escolas de Educação Física tiveram a influência militar em suas atividades práticas e teóricas.
A partir dos anos de 1980 esse modelo esportista passa a ser criticado e novas mudanças surgem na Educação Física. Inicia-se uma preocupação em formar pessoas conscientes das mudanças do seu tempo e adequá-las às novas mudança.
Observamos em nossa pesquisa, a necessidade de um documento norteador das ações prática e teórica para a Educação Física. Esta ação se dará com a reforma do Ensino Médio, liderada pelo Ministério da Educação, no ano de 1997, quando elaborá-se o projeto conhecido como: Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio (PCN).
O Governo do Estado de São Paulo, após anos de tentativas frustradas de implantar um currículo único no estado, no ano de 2008, inicia um projeto que propõe um currículo para os Níveis de Ensino Fundamental – Ciclo II e Médio.
O que deve ser aprendido/apreendido pelos alunos da Educação Física são as manifestações, os significados, os sentidos, os fundamentos teóricos e os critérios da cultura do movimento, ou de movimento. Sua apropriação crítica, entender o sentido, significado, os códigos que se produzem ou reproduzem nos jogos, nas danças, nas manifestações artísticas, nas lutas e nos esportes, fazem parte dos objetivos gerais da Educação Física no Ensino Médio.
Esperamos que a Educação Física, com a Nova Proposta Curricular, possa assumir na escola seu papel, ou seja, tornar-se uma disciplina motivadora para os alunos, responsável por transmitir conhecimentos imprescindíveis a eles e que os professores possam ter um papel fundamental nesse processo de ensino-aprendizagem.
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