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Autoestima na Educação Física escolar

La autoestima en la Educación Física escolar

 

*Graduado em Educação Física pela Faculdade Adventista de Hortolândia

**Doutora em Educação Física pela Unicamp

Professora Titular na Faculdade Adventista de Hortolândia

(Brasil)

Marcos Carlos Silva*

Helena Brandão Viana**

hbviana2@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho teve como objetivo esclarecer a questão da autoestima na educação física escolar, propondo análise sobre o conceito de autoestima e a contribuição da educação física nessa área, auxiliando no desenvolvimento da própria autoestima. Analisaram-se também quais são os fatores que influenciam positiva ou negativamente na autoestima, como o autocontrole, a superação, a autoconfiança entre outros, possibilitando que o profissional de educação física possa fazer a intervenção no comportamento dos alunos, levando em conta suas possíveis dificuldades. Foi abordado o conceito de autoestima, apresentado por alguns autores. Enfatizou-se também a Educação Física Escolar, como instrumento para ser utilizado para elevar a autoestima, promovendo mudanças construtivas no dia-a-dia dos alunos, envolvendo não só a área escolar como também a esfera da vida particular, familiar, social e futuramente a vida profissional.

          Unitermos: Educação Física. Atividade física. Autoestima.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O amor que faz girar o universo, e quando falhamos em usá-lo corretamente, todas as criaturas sofrem. (PELT, 2004, p.18)

    O trabalho que será apresentado a seguir abordou o seguinte tema: Autoestima e atividade física no contexto escolar. A pesquisa foi realizada através de revisão bibliográfica com a finalidade de responder as seguintes questões:

    Autoestima tem um conceito muito complexo e amplo dificultando o seu entendimento. É de suma importância que o educador conheça as dificuldades de seu educando e a origem de seus supostos problemas de autoestima que podem ser de ordem familiar ou preconceito, como bulliyng, através de brincadeiras pejorativas quer seja na escola, quer seja no seio da família ou entre os amigos. A obesidade ou mudanças no corpo devido à puberdade, patologias físicas podem levar a traumas psicológicos, como baixa autoestima, autoimagem negativa, entre outros problemas. Sendo assim acreditamos que a educação física escolar pode contribuir no desenvolvimento desses aspectos.

    Rocha e Oliveira (2009, p. 9) afirmam que:

    (...) O professor quando permite harmonizar-se diante dos problemas dos alunos, ele passa a entender a visão do mundo do seu aluno favorecendo assim a relações criando um ambiente agradável e estimulante para vencer, é necessário por parte dele e de todo educador se colocar no lugar do aluno.

    De acordo com a autora Ellen G.. White (1997), a educação dura toda a existência e visa o ser como um todo no desenvolvimento em harmonia das faculdades físicas, intelectuais e também espirituais. Sendo assim como a educação física pode contribuir no desenvolvimento desse ser como um todo?

    Este trabalho teve como objetivo esclarecer o seguinte tema: autoestima na educação física escolar, propondo análise sobre o conceito de autoestima e a contribuição da educação física nessa área, auxiliando no desenvolvimento da própria autoestima.

Autoestima

    A autoestima pode fazer a diferença na vida de uma pessoa, onde o bem-estar e a qualidade de vida e os relacionamentos interpessoais estão envolvidos. Mas o que seria exatamente autoestima?

    Segundo Maia (2005), autoestima é gostar de si mesmo, valorizar-se, ter uma opinião positiva de si mesmo, ter uma boa imagem, ser confiante, acreditar em si mesmo e em sua capacidade. Autoestima é a capacidade que uma pessoa tem de confiar em si própria, de sentir capaz de enfrentar os desafios da vida, e saber expressar de forma adequada para si e para os outros as próprias necessidades e desejos, e ter também amor próprio (TESSARI, 2005). Carvalho (2008), confirma isso ao relatar que a autoestima é um sentimento resultante dos pensamentos, esses sentimentos e ações que a consciência tem em relação a si mesmo, conferindo-lhe o valor e sendo a base da autoconfiança.

    É interessante frisar o que eles dizem, pois ninguém é melhor ou pior do que o outro, mas cada pessoa possui características diferentes uma das outras.

    Carvalho (2008) classifica dois tipos de autoestima afirmando que todos tem um percentual de autoestima, porém em escalas diferentes. São:

Autoestima Sadia

    A autoestima Sadia, é um sentimento que a consciência faz de si mesmo positivamente, constituindo gradativamente uma maturidade da consciência, autoconhecimento e auto aceitação, dando uma base sólida para encarar as dificuldades e desafios que a vida nos submete e que devem ser superados positivamente sem medo de errar (CARVALHO, 2008).

    De acordo com Campbell e Fairey (1985) e Campbell (1991) apud Tamayo et al. (2001), pessoas que possuem uma autoestima alta processam em sua mentes só feedback do que é positivo, trabalhando com seu autoconceito, diferente das pessoas que tem autoestima baixa, que se deixam ser afetadas por palavras negativas.

Autoestima patológica

    A palavra patológica vem do grego pathaologikós, “que trata de enfermidade’’, e de acordo com Carvalho (2008), a autoestima patológica é um sentimento que a consciência nutre dentro de si negativamente fazendo com que a pessoa se exclua, e tenha dificuldade de se aceitar como é, causando-lhe um pouco autoconhecimento.

Características mais comuns de pessoas com baixa autoestima

    Para Tessari (2005), uma pessoa com boa autoestima não costuma ser egoísta, ao contrário, aquele que ama a si próprio, respeita-se e, automaticamente, respeita as outras pessoas e jamais desejará prejudicá-las. A autora ainda coloca que, as pessoas com baixa autoestima têm as seguintes características:

    Podemos de forma mais abrangente apontar situações que, quando presentes na vida de uma pessoa, são precipitadoras ou mantenedoras de uma baixa autoestima, tais como críticas, rejeições, humilhações, abandono e desvalorizações e perdas.

Como manter a autoestima alta

    Segundo Melgosa (2009) A potencialidade da autoestima vem de duas fontes: dos relacionamentos “interpessoais” e do ”eu”.

    Melgosa (2009) enfatiza alguns pontos que contribuem para reforçar a auto estima positiva das pessoas e a nossa:

    Gobita e Guzzo (2002), apud Maia (2005) fazem um complemento com dicas que servem para todas as idades.

    Os autores citados acima chegam a uma conclusão que a baixa autoestima prejudica a vida, tira a motivação e o entusiasmo, gera insegurança e medo, podendo até criar doenças que afetam o corpo, tendo essa pessoa mais chances de se tornar viciada em álcool, fumo e drogas, nos quais se busca poder e coragem, pode-se dizer que a autoestima nada mais é também a avaliação que fazemos do nosso valor (MELGOSA, 2009).

    Melgosa (2009), afirma a importância de se ter um pensamento positivo, podendo esse ser um auxílio para elevar a autoestima. O autor demonstra alguns benefícios para aqueles que conseguem pensar positivamente:

Autoestima da criança

    Segundo Harter (1990-1998 apud BEE, 2003, p. 330), a criança por volta dos sete e oito anos começa a fazer avaliações de si mesmo, como: ”quem eu sou?”. Esses julgamentos avaliativos posteriormente quando ela estiver no ensino médio vão ser em torno de: habilidades acadêmicas ou atléticas, exemplos: aparência física, aceitação social dos colegas, amizades, relacionamento com os pais e atração romântica. Segundo Bee (2003), na infância a criança julga-se mais capaz e confiante do que na adolescência.

    Bee (2003, p.330), afirma que:

    [..] é na idade escolar – por volta dos sete anos – que as crianças começam a desenvolver uma auto avaliação global. As crianças de sete ou oito anos respondem de imediato a pergunta sobre quanto elas gostam de si mesmas como pessoas, quão felizes elas são ou se gostam da maneira pela qual estão vivendo sua vida. É esta avaliação global do próprio valor que em geral referimos com autoestima, a qual soma de todas as avaliações separadas que a criança faz de suas habilidades nas diferentes áreas.

    Esses julgamentos que a criança faz de si nas diferentes áreas, proporcionam baixa autoestima quando há uma desarmonia, entre, aquilo que gostaria de ser (o que ela valoriza, certa habilidade) e aquilo que ela pensa que é. Essa baixa autoestima se dá por conta da desigualdade entre o seu real e o seu ideal, e com essa desarmonia pode se tornar baixa a autoestima da criança (BEE, 2003).

    De acordo com Bee (2003), isso acontece com todas as crianças mudando só as habilidades que cada criança valoriza, essas habilidades podem ser acadêmicas, esportivas ou até mesmo amizade. Desse modo aquelas crianças que valorizam o esporte e querem ter uma boa técnica, mas não tem o suficiente para ser bons no esporte em que valorizam, poderão ter uma autoestima baixa mesmo que realizem bem outras atividades como cantar, jogar xadrez ou ter bons relacionamentos. Nada elevará a autoestima a não ser aquilo que ela valoriza interiormente. A cultura em que a criança vive desempenha também um papel importante na autoestima dela quanto aos seus valores.

    Segundo Bee (2003), as crianças que crescem em culturas individualistas tendem a valorizar somente suas habilidades individuais como seu self – “Eu fiz o gol do jogo”, por exemplo. Já as crianças que crescem em culturas coletivistas tendem a valorizar atividades que envolvam todo o grupo (ou qualidades do outro) e não somente as suas qualidades.

    Um ponto crucial para o desenvolvimento da autoestima da criança é ela sentir-se valorizada na sociedade num contexto global.

    Bee (2003, p. 331) afirma que:

    As crianças que sentem que as outras pessoas geralmente gostam delas e da maneira que elas são, terão uma autoestima melhor do que as crianças que relatam menos desse apoio global.

    A autora ainda confirma que a criança na idade escolar tem autoestima instável tendendo a declinar na adolescência, e nos últimos anos do ensino fundamental, esse declínio é significantemente mais alto que no início. Esse declínio não está vinculado a sua idade cronológica, mas sim às suas experiências e as mudanças importantes na vida, como mudar de escola onde todos o conhecem e o aceitam, para outra escola em que ele tem que ganhar o seu espaço, e justamente nessa fase que o seu corpo passa por mudanças por conta da sua puberdade.

    Sabe-se que as crianças são bem mais vulneráveis ao sentimento de inferioridade do que os adultos porque valorizam excessivamente a comparação com seus amigos e companheiros que procuram ser mais espertos, fortes, rápidos, corajosos e que possuem uma maior capacidade.

    Melgosa (2009) determina alguns pontos que são de suma importância para reforçar a autoestima das crianças:

    Outro fator que influencia a formação da autoestima são os relacionamento interpessoais. A presença do amor e afeto nessas relações podem promover na criança uma autoestima positiva.

    Segundo Pelt (2004, p.17) afirma que:

    (...) o amor é necessário para a sobrevivência. Sem ele perdemos a vontade de viver; nossa vitalidade física e mental diminui: a resistência cai e pode surgir uma enfermidade fatal. Quando experimentamos o amor, sentimos um bem estar que afeta físico, mental, social e espiritual.

    A cada ano, milhares de pessoas comentem suicídio por carência e falta de serem amadas. Os hospitais estão lotados de pessoas com doenças mentais, devido à carência de afeição humana,muitos escorregaram nas profundezas da insanidade mental (PELT, 2004). A cada ano vemos aumentar as ocorrências de crimes por escolares que sofrem algum tipo de maltrato, dos pais, professores ou colegas. Esses eventos poderiam ser evitados, se esses escolares encontrassem na família, na escola, em seus professores um relacionamento pautado pelo carinho e pelo amor.

Atividade física: instrumento indispensável para a autoestima do escolar

    Segundo Melgosa (2009), a atividade física é um medicamento inquestionável na área da saúde, não apenas para prevenir doenças físicas e mentais mas , serve também para curá-las.

    Na base de dados Medline (2005) apud Melgosa (2009), foram encontrados mais de 20 mil estudos científicos, nos quais o “exercício físico” aparece no título de publicação, e em uma boa parte deles são apresentados os benefícios de se realizar atividades físicas no cotidiano de cada ser humano, não sendo apenas para prevenção, mas também para curar doenças de natureza física e mental.

    Pode-se notar que com a tecnologia a todo vapor nos dias de hoje, o ser humano parece ter se esquecido da importância de se exercitar e não estamos falando de serviços domésticos, mas sim de parar e separar um tempo para realização de uma atividade saudável. Isso deveria fazer parte do estilo de vida de cada um.

    A prática de atividade física pela população em geral é importante porque o envelhecimento caracteriza-se pelo declínio progressivo das reservas funcionais de vários sistemas e órgãos, supostamente atenuados pelo exercício físico praticado regularmente (TESSARI, 2000).

    A influência da atividade física regular em crianças é benéfica para o bom funcionamento do organismo e também auxilia no aspecto social e também tem um efeito positivo sobre sua saúde física e mental (THIRLAWAY e BENTON, 1992, apud TAMAYO et al., 2001). De acordo com a saúde pública e a medicina preventiva, crianças e adolescentes com um maior nível de atividade física tem melhor perfil lipídico e metabólico e reduzem a prevalência de obesidade. Ainda é provável que uma criança fisicamente ativa se torne também um adulto ativo. Portanto, promover a atividade física na infância e na adolescência significa estabelecer uma base sólida para redução da prevalência do sedentarismo na idade adulta, contribuindo dessa forma para uma melhor qualidade de vida.

    Considerando a escola um dos lugares privilegiados de produção e reprodução do saber, com o objetivo de formar cidadãos, é muito importante cuidar da saúde mental das crianças, criando alicerces de auxílio através das atividades dadas nas aulas de educação física.

    Para Colello (1995), apud Matos (1999) “A educação através da atividade física e uma educação psicomotora de base, que visa atingir a criança no plano afetivo (isto é na capacidade de se relacionar com os outros e com as coisas) e no desenvolvimento funcional, seja na capacidade de ajustamento, seja na organização dos campos exteroceptivo (percepção espaço-temporal) e proprioceptivo (percepção do corpo e das sensações), ou seja em outras palavras pode se afirmar que a educação pela atividade física (movimento) visa conjugar os fenômenos motores, intelectuais, e afetivos garantindo ao homem melhores possibilidades na aquisição instrumental e cognitiva, bem como na formação da sua personalidade” (COLELLO, 1995, p. 23 apud MATOS, 1999).

    Com essas afirmações, cabe uma pergunta: qual seria exatamente o papel da escola e da educação física escolar na construção da autoestima do aluno?

    De acordo com Araújo (2002, p.70):

    A escola não só intervém na transmissão do saber científico formalizado como influi em todo o processo de socialização, contribuindo, efetivamente, para a formação do autoconceito do indivíduo tendo por base um duplo posicionamento: político e pedagógico. Político, no sentido de uma visão do ideal da convivência social e do homem que se quer formar, pedagógico, no sentido de definir as ações educativas numa perspectiva de fazer com que o possível e o desejável se tornem realidade.

    Pode-se dizer que na escola pouco são trabalhadas questões como: Quem sou eu? Do que eu gosto? Como me sinto? Essas perguntas poderiam estar auxiliando as crianças para uma preparação para a vida e melhor interação social. Geralmente os alunos não conhecem suas fragilidades, nem seus pontos fortes, e por isso, não podem superar seus limites, e o resultado pode ser uma autoimagem distorcida e empobrecida pelos relacionamentos e situações nas quais não foram bem sucedidos. Para elevar a autoestima, o ser humano necessita ter uma interação mais assertiva com outras pessoas e com o mundo, que gerara ganhos tanto na área pessoal como profissional e o tornara mais apto para construir o futuro que almeja. Com certeza, as experiências interpessoais são mais importantes para a formação do autoconceito e da personalidade.

    Conforme Fieiro (1996, p.160) apud Araújo (2002), afirmam que:

    Todas as intervenções recebidas pelo indivíduo da família, da escola e outras, contribuem não somente para a aprendizagem de natureza cognitiva, mas também para a aprendizagem de ser pessoa, com todas as suas conotações afetivas, interpessoais e morais.

    Segundo Silva et al. (2009) as crianças ou adolescentes obesos podem ter uma autoestima baixa e um complexo de inferioridade em relação as outros colegas, devido a avaliações criticas e pejorativas da parte de familiares e amigos enfatizando a sua obesidade ou a dificuldade de realizar tarefas com agilidade devido ao seu corpo. Outro fator que também pode desencadear a baixa autoestima, depressão e outras alterações emocionais... É a insatisfação corporal quanto a sua aparência física. Atividade física regular é importante desde cedo para que a criança ou adolescente tenha um corpo saudável e conseqüentemente a mente positiva quanto a sua aparência física.

    A atividade física regular é um meio de promoção de saúde e de qualidade de vida. Estudos tem mostrado que a qualidade de vida é diretamente influenciada por hábitos de atividade física. (MAZO, CARDOSO e AGUIAR, 2006). Porém no Brasil ainda há pouco estudos relacionando autoestima e atividade física.

Considerações finais

    Na infância, existem crianças com convivência diferente uma das outras. Cada uma possui uma história diferente e carregam consigo uma bagagem, podendo ser positiva ou negativa. Muitas se sentem inferiores, pois não é o que gostariam de ser, ou tem dificuldades de realizarem suas tarefas ou de se aceitarem.

    Esse trabalho aponta um instrumento eficaz para ter uma autoestima saudável, a atividade física. A atividade física pode contribuir com bons resultados de alunos com baixa autoestima, proporcionando atividades motivadoras criadas pelo educador. A educação física pode auxiliar seu aluno levando em consideração, seu ambiente, sua origem, cultura, sua classe social, suas ansiedades e dificuldades. Tudo isso sem dúvida faz parte da escola e do professor, pois cabe a cada educador, contribuir para a formação de seu aluno. O objetivo geral desse trabalho foi fazer uma ligação da autoestima e educação física escolar, para que o indivíduo possa ser contemplado, lembrando-se de alguns objetivos que o educador deve ter:

Bibliografia

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