Atletas adolescentes de handebol
em nível competitivo Jugadores adolescentes de balonmano a nivel competitivo internacional: antropometría, composición corporal, flexibilidad muscular y posturografía |
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*Professor doutor pesquisador e líder de estudos do LAFEX (Laboratório de Fisiologia do Exercício) da UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí) **Professor pesquisador do LAFEX-UNIVALI ***Acadêmica pesquisadora do LAFEX-UNIVALI (Brasil) |
João Augusto Reis de Moura* Anderson André Alexandre** Juliana Deichsel*** |
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Resumo Este estudo teve como objetivo analisar a antropometria, composição corporal, flexibilidade muscular e postura de atletas adolescentes de handebol masculino de nível competitivo internacional. Para tal, selecionou-se 15 atletas de handebol com idade variando entre 16 a 18 anos de nível competitivo internacional. Os critérios de inclusão que todos apresentassem ao menos sete anos de treino com volume mínimo de treino semanal técnico do handebol de 10 horas nos últimos oito meses. Foram avaliadas as variáveis antropométricas de dobras cutâneas, perímetros corporais, massa corpora, estatura, além da flexibilidade muscular (teste sentar-e-alcançar) e análise postural por fotogrametria. Os resultados demonstraram que existe uma grande variabilidade de gordura corporal, com percentual de gordura (%G) de 17,4±6,8; área gorda do braço maior que de coxa e a topografia de gordura mostrou maior acúmulo nas regiões tronco inferior e látero-anterior. Lordose lombar e cifose dorsal em níveis normais assim como horizontalidade de pontos bilaterais no plano frontal. Conclui-se que, em média o %G esta acima do desejado para a modalidade assim com demais indicadores do tecido gorduroso. A flexibilidade de cadeia muscular posterior encontra-se simétrica lateralmente e em níveis moderado-alto. Em termos posturais os atletas apresentaram-se alinhados com leve retroversão pélvica. Unitermos: Atleta. Handebol. Antropometria. Composição corporal. Flexibilidade. Posturografia.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Alterações posturais podem ser decorrentes de vários fatores como anatômicos de discrepâncias em membros inferiores (Veronesi Junior e Azato, 2003), psicossociais (Moraes, 2002) ou hábitos posturais frente ao estilo de vida e/ou labor (Neto Junior, Pastre e Monteiro, 2004; Guimarães, Sacco e João; 2007; Holderbaum, Candotti e Pressi; 2002).
No esporte Guimarães, Sacco e João (2007) verificaram anteriorização pélvica e a tendência de agravamento da hiperlordose lombar em meninas de ginástica olímpica entre 08 a 12 anos que praticavam a modalidade em uma freqüência maior que duas vezes por semana ou mais de três horas por semana. Neto Junior, Pastre e Monteiro (2004) identificaram alterações posturais importantes em atletas brasileiros de provas de potência muscular (atletismo de pista) em competições internacionais. Tais incidências de desvios posturais podem levar a agravamento de lesões como as encontradas no futebol de salão (futsal) por Ribeiro, Akashi, Sacco et al. (2003).
Os quatro estudos supracitados têm uma característica em comum: todos os indivíduos estudados (atletas) apresentavam um volume de exposição elevado a movimentos repetitivos peculiares dos esportes praticados. Posturas estáticas ou dinâmicas adotadas por longos períodos de tempo em desacordo com linhas de ação gravitacional em que os momentos das forças atuantes sobre o corpo não se equilibram, tornam-se fatores potencializadores de desconfortos musculares e desenvolvimento de desvios posturais (Moraes, 2002).
Em atletas de handebol de nível competitivo internacional em faixa etária de desenvolvimento do aparelho locomotor não se dispõem de estudos avaliando a flexibilidade muscular e postural. Por outro lado, o perfil morfológico de atletas de handebol adulto é bastante explorado na literatura (Glaner, 1999) com trabalhos iniciando em 1981 com estudos de Pires-Neto (Pires Neto, 1984). Entretanto estes perfis morfológicos restringe-se a atletas adultos e não se conhece o desenvolvimento morfológico e antropométrico de atletas adolescentes de handebol, ou seja, em categorias de preparação a fase adulta em nível competitivo internacional.
Frente ao exposto, o presente trabalho visou analisar a antropometria, composição corporal, flexibilidade muscular e postura de atletas adolescentes de handebol masculino de nível competitivo internacional.
Metodologia
O presente estudo caracterizou-se por ser analítico-descritivo de corte transversal ao avaliar 15 atletas de handebol com idade variando entre 16 a 18 anos de nível competitivo internacional. Os critérios de inclusão que todos apresentassem ao menos sete anos de treino com volume mínimo de treino semanal técnico do handebol de 10 horas nos últimos oito meses. Como critério de exclusão atletas que estivessem parados a mais de três semanas por lesão ou qualquer outro motivo e a presença, ou seqüela, de doença ortopédica, reumatológica, respiratória ou neurológica que impedisse a adoção de posturas corporais utilizados no presente estudo.
Ao grupo de estudo foram explicados, minunciosamente, os procedimentos o presente estudo e lhes foi passado para leitura e análise pelos seus responsáveis o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) o qual versava sobre os objetivos do estudo, os procedimentos metodológicos de testagem ao qual iriam se submeter e que estes poderiam desistir do estudo em qualquer fase deste sem qualquer tipo de ônus aos mesmos.
Antropometria e estimativa da composição corporal
Medidas antropométricas foram realizadas nos atletas de handebol categoria sub-18 no intuito de estabelecer a caracterização morfológica destes. Para tal, sempre pelo mesmo avaliador efetuaram-se as mensurações antropométricas de acordo com as técnicas recomendadas pela Anthropometric Standardization reference Manual descritas em Lohman, Roche e Martorell (1991). Foram mensurados Massa Corporal (MC), Estatura (EST), Perímetros Corporais (PC) da cintura (Pcint), braço (Pbrç), antebraço (Pant) e coxa medial (Pcxm), Dobras Cutâneas (DC) subescapular (DCse), triciptal (DCtr), abdominal horizontal (DCabd), suprailíaca (DCsi), coxa medial (DCcxm) e panturrilha medial (DCpm). Utilizou-se adipômetro CESCORF®, balança Filizola e fita métrica com resoluções de medida de 0,1 mm; 0,10 gramas e 0,1 cm; respectivamente. Para medida de EST foi utilizado um estadiômetro com balança marca Filizola com resolução de 1,0cm.
Morfologicamente a Massa Gorda (MG) foi obtida através de uma regra de três simples a partir do percentual de gordura (%G), o qual foi estimado pela equação de Siri (1961) a partir da densidade corporal predita pela equação de Petroski (1995) com quatro dobras cutâneas. A Massa Corporal Magra (MCM) foi determinada pela Massa Corporal (MC) subtraída da Massa MG. Áreas musculares e gordas do segmento braço e coxa de forma bilateral foram quantificadas em valores absolutos (cm2) e relativos (%) segundo procedimentos sugeridos por Rech e Moura (2010).
Índices de flexibilidade muscular
A variável flexibilidade foi mensurada na cadeia muscular posterior corpórea através do teste de sentar-e-alcançar (TSEA) bilateral e unilateral com o uso do Banco de Wells (dimensões padronizadas de construção da marca Cardiomed®) por meio do protocolo descrito em Moura, Oliveira, Souza et al. (2011) (figura 1).
Figura 1. Teste de sentar-e-alcançar para mensurar a flexibilidade da cadeia muscular posterior. Em “A” teste bilateral e em “B” teste unilateral. Em ambas
as posições o avaliador fixa o joelho estendido contra o solo para garantir que este não flexione durante o movimento do tórax à frente (flexão do quadril)
Avaliação posturográfica bidimensional estática por fotogrametria digital
Utilizou-se o programa SAPO (Software de Avaliação Postural) versão 0,68 de distribuição livre (http://sapo.incubadora.fapesp.br) para a avaliação postural via fotogrametria digital.
Os atletas estavam em posição de ortostase e usando trajes de banho, quando eram então fotografados, no plano coronal-anterior com os membros superiores ao longo do corpo e sagital direito e esquerdo com os cotovelos semi-fletidos, conforme figura 2. As fotos foram realizadas em uma sala reservada com fundo não reflexivo realizado o registro por uma câmera fotográfica digital da marca Sony® (Cyber-shot) com 4,1 megapixels de resolução sem o uso de zoom posicionada em um tripé regulável a uma distância horizontal de três metros do avaliado a altura aproximada da cintura deste.
Os pontos de análise postural foram os mesmos utilizados por Moura e Machado (2011). O ângulo formado entre o segmento de reta pelo trago direito e esquerdo (linha “a”, imagem “A”, figura 2) com a horizontal (Ângulo Horizontal da Cabeça - AH_C) define o equilíbrio da cabeça no plano frontal. Os segmentos de reta “b” (imagem “A”, figura 2) formados pelos acrômios direito e esquerdo definem o alinhamento de cintura escapular com a horizontal (Ângulo Horizontal dos Acrômios – AH_A), o segmento de reta “c” formado por EIAS direita e esquerda (imagem “A”, figura 2) define o alinhamento da pelve com a horizontal (Ângulo Horizontal das EIAS – AH_EIAS), o ângulo entre os segmentos de reta “b” e “c” (imagem “A”, figura 2) definem o alinhamento da coluna vertebral (Ângulo Horizontal entre Acrômios e EIAS – A_A/EIAS) sendo uma estimativa de escoliose. As diferenças das distâncias de d1 e d2 (imagem “A”, figura 2) definem as bases (MMII) de suporte de equilíbrio da pelve (Diferença de Membros Inferiores – D_MI).
Para determinação de Ângulo Cifose Torácica (A_CT) foi utilizado o protocolo estudado por Moura e Deichsel (2011). O Ângulo de Lordose Lombar (A_LL) foi determinado pelos pontos de maior concavidade lombar com o a maior convexidade torácica e o segmento de reta lombosacro (imagem “C”, figura 2). O equilíbrio pélvico entre anteversão e retroversão (Ângulo Horizontal da Pelve – AH_P) foi determinado pelo segmento de reta formado pela EIAS e EIPS com a horizontal (imagem “D”, figura 2).
Figura 2. Imagens representando pontos de avaliação postural. Em “A” pontos de nivelamento com a horizontal.
Em “B” e “C” pontos de medida de cifose torácica e lordose lombar, respectivamente. Em “D” avaliação do equilíbrio pélvico
Tratamento estatístico
Inicialmente foi testada a normalidade dos dados através do teste de Shapiro-Wilk e em seguida aplicada a estatística descritiva sobre os mesmos. Todos os procedimentos estatísticos foram realizados no pacote estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 15.0 e o nível de significância de P<0,05.
Resultados
Com o intuito de realizar a análise descritiva dos dados foi gerada a tabela 1 a qual apresenta os dados de média, Desvio Padrão (DP), Coeficiente de Variação (CV), valor Máximo (Máx), valor Mínimo (Min) e amplitude dos dados obtidos para as variáveis antropométricas, da composição corporal e de áreas gordas e musculares dos segmentos braço e coxa.
Pode-se perceber que houve uma grande amplitude para a MC (29,4 kg) ficando a média em 76,7 kg. Uma variação considerável se identificou para a estatura (amplitude=0,26 metros), porém o CV mostrou que a variação dos dados em torno da média foi pequena (4,4%) se comparado com a MC (13,2%). Estes dados vieram a repercutir sobre o IMC (Máx=28,1 e Mín=21,0).
Tabela 01. Dados descritivos antropométricos, da composição corporal e de áreas gordas e musculares dos segmentos corporais (braço e coxa)
O %G médio foi relativamente alto para atletas (%G=17,4%) apresentando valores extremamente altos (Máx=27,1%) e com uma amplitude de variação de 17,7%. A variabilidade no %G ficou fortemente identificado com o CV de 39,1%. Houveram atletas com somente 5,7kg de MG mas, por outro lado, outros apresentaram 24,2kg de MG. A razão MCM/MG demonstrou que, em média, para cada quilo de gordura corporal os atletas apresentam 5,65 kg de MCM, sendo que alguns a relação foi ainda melhor pois para cada quilo de gordura determinou-se 9,7 kg de MCM (valor Máx). Entretanto, em outros essa relação foi baixa sendo para cada quilo de gordura apresentaram somente 2,7 quilos de MCM (valor Mín). Esta elevada variação está em função da heterogeneidade da MG já que a MCM foi homogênea (CV=8,9%).
Quanto às áreas gordas estas foram maiores no segmento de braço (média=22,6%) que em coxa (média=16,3%). Conseqüentemente, as áreas magras foram maiores no segmento coxa que em braço. Assim, acompanhou na distribuição pontual de gordura (áreas gordas), o que já ocorrera na distribuição geral de gordura corporal, esta variou de forma mais elevada nas áreas gordas (CV sempre acima de 20%) e apresentou mínima variação nas áreas magras dos segmentos (CV sempre abaixo de 6%).
Para a continuidade da análise antropométrica apresenta-se o gráfico da esquerda da figura 3. Uma análise topográfica de gordura demonstra que esta encontra-se mais concentrada na região tronco inferior e látero-anterior (DC ABD=18,6mm e DC SI=20,7mm), sendo a região de menor concentração os membros superiores (DC TR=11,3mm). O maior valor de DC (DC SI) é 83,2% mais elevado que o valor mais baixo (DC TR) desta forma verifica-se uma grande variação de gordura corpórea por região analisada.
Figura 3. À esquerda gráfico apresentando valores médios de dobras cutâneas para análise topográfica
de gordura corpórea. À direita gráfico apresentando valores médios da flexibilidade bi e unilateral
O gráfico a direita da figura 3 apresenta os escores de flexibilidade da cadeia muscular posterior realizada unilateralmente e bilateralmente através do teste de sentar-e-alcançar. Muito embora as diferenças entre os valores não sejam grandes, (diferença entre a maior e menor média é de 2,04 cm), o MI esquerdo obteve-se valor mais expressivo (29,4 cm) e de forma bilateral o menor valor (27,4 cm).
Com relação a análise postural (tabela 02), o ângulo pélvico médio verificado em vista lateral direita é muito similar ao verificado em vista lateral esquerda (≠1,1º) ficando ambos próximos a 10º. Ressaltamos, que houve uma variação acentuada no ângulo pélvico pois o CV foi de 45,3% em vista lateral direita e 55,4% em vista lateral esquerda.
Tabela 02. Apresentação de dados descritivos para ângulo (graus) pélvico, lordose lombar e cifose torácica
Quantos aos ângulos sagitais da coluna vertebral, estes foram homogêneos. O ângulo de lordose lombar (angLL) tanto em vista lateral direita quanto esquerda ficou na casa de 149º sendo esta medida a de menor variação pois o CV foram os mais baixos. O ângulo de cifose torácica apresentou médias similares com CVs baixos demonstrando a homogeneidade dos atletas neste quesito estando os valores médios de 143,9º (lado direito) e 145,9 (lado esquerdo).
Os ângulos horizontais são apresentados na tabela 03. O ângulo dos ombros foi o que apresentou o valor de maior diferença (4,80º com a horizontal), porém em valores médios o ângulo ombro/pelve foi o maior (1,85º) sendo também o de maior variação (CV=88,1%). Em termos médios nenhum ponto postural apresentou diferença maior de 2,0º com a horizontal.
Tabela 03. Análise das referências corporais quanto a horizontalidade dos mesmos (vista anterior)
Discussão
O objetivo do presente estudo foi de quantificar e analisar descritivamente aspectos relacionados à antropometria, composição corporal, flexibilidade e postura de atletas de handebol categoria sub-18 que competem internacionalmente.
Nestes os dados antropométricos e da composição corporal apontaram uma homogeneidade da MCM dos atletas mas, por outro lado, uma elevada heterogeneidade com relação as variáveis que representam o tecido adiposo. O %G médio dos atletas (17,4%) já apresenta-se acima de outros atletas de handebol Adultos, quando nos Jogos Abertos de Santa Catarina foi encontrado o valor médio de 11,8% (Vasques, Antunes, Duarte et al., 2005). Ainda, o CV apresenta uma elevada variação de gordura corpórea havendo atleta com 27,1%, valor este muito acima do desejável para um atleta de nível internacional adulto (Glaner, 1999).
Proporcionalmente a área do segmento, os Membros Superiores (MMSS) apresentam um teor de gordura superior aos Membros Inferiores (MMII). Isto pode ser devido ao baixo desenvolvimento muscular (área muscular) de braços dos atletas pois, tratando-se de atletas sub-17, estes ainda não realizam nenhum trabalho intenso de força muscular de MMSS, treinamento indicado para a hipertrofia muscular (Ide, Lazarin e Macedo, 2011), devido a possibilidade de intervenção sobre as epífises ósseas (Solto Maior, 2008). Já MMII o trabalho de arrancadas e saltos realizados no desenvolvimento técnico do esporte pode estar possibilitando um ganho de massa muscular o que altera a proporção do tecido adiposo local.
A relação MCM/MG mostrou que, em média, para cada quilograma de gordura corporal existente ocorre 5,65 kg de MCM. Esta relação é importante quando se pensa em um esporte como a handebol onde o deslocamento do corpo em alta velocidade se faz necessário além de trocas bruscas de direção, quanto maior esta relação melhor as possibilidades de deslocamentos (Venkata, Surya, Sudhakar et al., 2004) principalmente de forma balística já que a MCM, e mais especificamente a massa muscular contida no valor da MCM, é a responsável por produção do movimento via geração de tensão de encurtamento em sarcômeros (Fleck e Kraemer, 1999; Solto Maior, 2008). Todavia, esta relação em alguns atletas é bem menor. No valor mínimo encontrado existe 2,7 kg de MCM para cada quilo de gordura. Esta relação não esta de acordo com a encontrada na literatura para atletas de handebol Vasques, Antunes, Duarte et al., (2005) identificaram 7,3 e Vasques, Duarte, Lopes (2007) encontraram 5,7 kg de MCM para cada 1,0 kg de MG.
Assim, a interpretação do IMC pode ser feita através do aumento da MC dos atletas sub-17 não é devido a alterações significativas na MCM e sim na MG. O IMC médio apontou que os atletas, apesar de teor de gordura não adequado a pratica de performance da modalidade, estão com valores considerados adequados.
A distribuição de gordura topográfica realizada através da análise de DC apresenta a região látero-anterior da região anterior do tronco como locais de maior depósito absoluto de gordura corporal (gráfica A, figura 1). Isto esta totalmente de acordo com dados da literatura, inclusive com outros atletas de outras modalidades (Moura, Barros Junior, Cardoso Junior et al., 2005).
A flexibilidade da cadeia posterior muscular posterior dos atletas encontra-se em níveis adequados, e ainda mais importante, as diferenças entre os hemicorpos direito e esquerdo são irrisórias. Entendemos, portanto, um equilibrado desenvolvimento da flexibilidade dos atletas. Tal fato pode ser correlacionado com o não aparecimento de forma significativa de desvios laterais da coluna vertebral (escolioses) que podem ser originárias de assimetrias na flexibilidade corporal (Kapandji, 1990).
Questões posturais foram analisadas pelo método fotogramétrico. As medidas angulares analisadas através de desalinhamentos horizontais de pontos anatômicos específicos gerando indicações sobre desvios de escolioses. As medidas relacionadas a região cérvico-tóraco-lombar não apresentaram nenhum desvio acima de 5º e sendo a maioria dos desvios menor de 3º. Desta forma, ficou demonstrado que os atletas não apresentam escoliose cérvico-tóraco-lombar considerando o nível de precisão fotogramétrico.
Analisando-se a cinesiologia funcional da pratica desportiva do handebol verificamos que esta é assimétrica de MMSS para manipulação da bola pode ser potencialmente geradora de desvios no desalinhamento horizontal dos ombros, entendimento muito comum em tenistas profissionais (Catay e Navarro, 2011). Entretanto, este fato não foi identificado no nosso estudo.
Estudos em outras modalidades esportivas apontam que no badminton a ação motora unilateral, praticada de forma intensa e por longa data, foi uma das explicações encontradas para assimetrias musculares entre o hemicorpo direito e esquerdo devido a questões de dominância motora no manejo da raquete e posição corporal para execução dos fundamentos (Moura, 2011). Entretanto, possíveis variações musculares ocorridas em função de atividade coordenativa assimétrica do esporte handebol, não se traduziram em desvios posturais referente à escoliose.
Ao iniciar-se um treinamento mais intenso para este grupo de atletas deve-se ter cuidado especial em manter uma carga muscular de trabalho simétrica e equilibrada no intuito da manutenção do equilíbrio postural apresentado.
O ângulo lombar apresenta uma grande variabilidade entre indivíduos assintomáticos (Damasceno, Catarin Campos et al. 2006; Jackson MacManus, 1994; Guigui, Levassor, Rillardon et al., 2003) sendo, portanto, difícil o desenvolvimento de um ponto de corte que possa estabelecer a hiperlordose lombar ou a retificação da curvatura. Além do mais, esta curvatura é influenciada pelo sexo sendo mais acentuada nas mulheres (Damasceno, Catarin, Campos et al., Guigui, Levarssor, Rillardon et al., 2003) e com o passar da idade (Damasceno, Catarin, Campos et al. 2006; Guigui, Levarssor, rillardon et al., 2003; Tsuji, Matsuyama, Sato et al., 2001).
Segundo Kapandji (1990) e Tribastone (2001) o ângulo pélvico ideal é de 12º a 15º. Embora próximo deste valor, os resultados do presente estudo encontram-se abaixo destes referenciais, sugerindo leve retroversão pélvica o que pode suscitar pequena retificação de lordose lombar (hipolordose lombar).
Todavia, ao compararmos os resultados do ângulo de lordose lombar do presente estudo com dados da literatura que utilizou-se do mesmo procedimento verificamos que Moura e Machado (2011) encontraram valores similares para praticantes de futevôlei.
Conclusões
O %G é mais elevado do que o indicado para a modalidade esportiva influenciando a relação MCM/MG. As áreas gordas de braço são maiores que de coxa, porém não são valores muito elevados.
No geral os atletas não apresentaram de forma significativa desvios posturais em relação as referências horizontais. A pelve apresenta uma pequena retroversão o que pode ter influenciado o ângulo de lordose lombar.
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