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Nível de atividade física em portadores de 

diabetes mellitus no município de Matipó, MG

Nivel de actividad física de portadores de diabetes mellitus en el municipio de Matipó, MG

 

*Licenciada em Educação Física pela Faculdade Vértice

**Bacharel e Licenciado em Educação Física pela Universidade Federal de Viçosa, MG

***Bacharel e Licenciada em Educação Física e Doutoranda em Biologia Celular

e Estrutural pela Universidade Federal de Viçosa, MG

(Brasil)

Otávia Stoupa Costa*

Lucas Rios Drummond**

Márcia Ferreira da Silva***

lucasriosufv@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O Diabetes Mellitus é um distúrbio no metabolismo de carboidratos caracterizado por hiperglicemia continua e intermitente. A hiperglicemia contínua presente no diabetes leva a alterações em diferentes sistemas corporais. Dentre elas, cardiomiopatias, neuropatia, retinopatia e nefropatia em pacientes com descontrole metabólico. O diabetes afeta milhares de pessoas no Brasil e no mundo, sendo considerado um problema de saúde pública de relevância mundial. Na cidade de Matipó, Minas Gerais, sabe-se que existem aproximadamente 349 portadores de diabetes. Entre esses a, 48,5 % são considerados sedentários. Entretanto, esse é um achado preocupante, uma vez que estudos têm demonstrado que o exercício físico é um tratamento não medicamentoso que ajuda no controle metabólico da doença, reduzindo complicações decorrentes da hiperglicemia. Diante do exposto, é necessário que programas e projetos sejam desenvolvidos a fim de oferecer a esse publico assistência necessária para auxiliar o efetivo controle metabólico da doença com vistas à redução nas complicações decorrentes do descontrole metabólico, principalmente através da prática regular de atividade física orientada.

          Unitermos: Diabetes. Atividade física. Tratamento.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Organização Mundial de Saúde estima que o Diabetes afeta 246 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, já são 4,5 milhões de portadores de diabetes, 500 novos casos surgem a cada dia, podendo chegar à faixa dos 11,3 milhões até o ano de 2030 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). O Diabetes Mellitus (DM) é um distúrbio do metabolismo de carboidratos que apresenta, entre outras manifestações, a hiperglicemia contínua ou intermitente. O Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) tem como causa primária a destruição auto-imune das células beta pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina. Ao passo que o DM tipo 2 tem como causa a resistência das células alvo à insulina (FANG et al., 2004; AIRES, 2008; HOWARTH et al., 2008).

    O Ministério da Saúde (2006) afirma que, cerca de 50% da população com DM não sabe que são portadores da doença, algumas vezes permanecendo não diagnosticados até que se manifestem sinais de complicações. Fatores indicativos de maior risco são: idade >45 anos, sobrepeso (Índice de Massa Corporal IMC >25), obesidade central (cintura abdominal >102 cm para homens e >88 cm para mulheres, medida na altura das cristas ilíacas), antecedente familiar, colesterol HDL < 35 mg/dL e/ou triglicerídeos elevados.

    No que se refere ao controle do diabetes, o tratamento pode ser medicamentoso, com insulina e hipoglicemiantes orais ou tratamento não medicamentoso com dieta e exercícios físicos. Sabe-se que as complicações do diabetes diminuem quando o tratamento é feito de forma correta e que a expectativa de vida dos diabéticos tratados se aproxima cada vez mais das pessoas sem a doença (WIDMAN, 2010)

    Alonso et al (2006) afirmam que o exercício físico desempenha um importante papel tanto na prevenção quanto no tratamento do DM. O exercício físico contribui com adaptações no metabolismo, neuroendócrinas e cardiovasculares que juntas reduzem as complicações decorrentes da doença.

    Assim, o presente estudo teve como objetivo identificar no Município de Matipó, MG, o número de portadores de diabetes e o nível de atividade física habitual desse grupo, assim como a assistência dada pelos órgãos municipais de saúde ao grupo em questão.

Materiais e métodos

    Nesse estudo foi realizada uma pesquisa descritiva para avaliar o nível de atividade física em portadores de Diabetes Mellitus. Para tal foi realizado um levantamento de dados coletados de prontuários médicos em sete Estratégias de Saúde da Família (ESF) do município de Matipó-MG, para que fosse possível identificar o número de portadores de diabetes, o tratamento medicamentoso, a classificação da doença (DM tipo1 ou DM tipo 2) e cadastrados no Programa HiperDia. Feito a identificação amostral, 35 indivíduos foram aleatoriamente selecionados para responderem a um questionário seguido de um termo de consentimento. Para quantificar o nível de atividade física do grupo estudado, utilizou-se o questionário de atividade física adaptado do Questionário Internacional de Atividades Físicas (IPAQ).

    Os pacientes responderam as questões objetivas referentes à prática de atividade física. As questões eram pontuadas; e de acordo com o resultado de cada avaliado ele era encaixado em uma das seguintes estratificações: 0-5 sedentários, 6-11 pouco ativo, 12-20 ativo, acima de 21 muito ativo. Para se chegar a esses valores a cada pergunta respondida correspondia a uma determinada pontuação. A partir dos dados coletados utilizou-se o programa Sigma Stat versão 3.0 para análise estatística.

Resultados e discussão

    Durante o período em que se desenvolveu a pesquisa, em outubro de 2010, constatou-se 349 casos de diabetes município de Matipó, MG. Desse grupo, foram selecionados aleatoriamente, 35 portadores de diabetes para responder a questões relacionadas à prática regular de atividade física, a fim de verificar o nível de atividade física do grupo, o que tornará possível algum tipo de intervenção futura. A tabela 1 mostra as características gerais dos avaliados.

Tabela 1. Características gerais do grupo pesquisado

    A população pesquisada, apresenta grande percentual de indivíduos portadores de diabetes tipo 2, segundo Estratégia da saúde da família (ESF) de Matipó. Esse tipo de diabetes é decorrente principalmente da obesidade e do sedentarismo. Assim, são necessárias intervenções tanto no campo da prevenção quanto do tratamento de doenças. Além disso, desenvolver propostas que busquem incentivar a prática regular de atividade física e alimentação adequada é de grande relevância, pois a intervenção pode tanto prevenir o surgimento da doença, quanto minimizar as complicações decorrentes do descontrole metabólico. Vale ressaltar que a falta de identificação de parte da população, também se mostra preocupante, uma vez que identificados os portadores de diabetes poderão receber assistência de programas do governo que buscam o tratamento do paciente e a doação de medicamentos que possibilitam o controle glicêmico. Além do exposto, identificar os portadores de diabetes no município em questão, torna possível a busca por recursos municipais que possibilitem a criação de programas de atividades físicas voltadas para grupos especiais como diabéticos, hipertensos, obesos entre outros.

    A figura 1 mostra a distribuição dos avaliados pelo tipo de diabetes que estes são acometidos.

Figura 1. Distribuição dos diabéticos na cidade de Matipó, MG segundo o tipo de diabetes pelo qual são acometidos

    Verificamos nesse trabalho que a maior parte dos indivíduos pesquisados não estão identificados como sendo portadores de diabetes (Figura 1). Isso sugere que esses indivíduos não estejam sendo assistidos de maneira satisfatória e que o controle glicêmico esteja comprometido. Resultado preocupante, pois, no que se refere a orientações dos diferentes tratamentos, a falta de cadastramento indica que o individuo não está tratando adequadamente, o que pode acarretar descontrole metabólico e agravar as complicações.

    A figura 2 representa a distribuição dos avaliados segundo o tipo de terapia medicamentosa a que são submetidos.

Figura 2. Distribuição dos diabéticos na cidade de Matipó, MG segundo a terapia medicamentosa

    Quanto ao tratamento medicamentoso a Figura 2 nos mostra que 25% dos diabéticos desse estudo utilizam insulina como tratamento para a doença. Por outro lado, 75% do grupo estudado utilizam apenas hipoglicemiantes orais para controle glicêmico. O uso de insulina por diabéticos tipo 2 indica que o paciente não estava fazendo o controle correto apenas com hipoglicemiantes. Assim, para esse grupo, a falta de controle glicêmico pode ter influencia na necessidade de administração de insulina exógena, visto que em pacientes cujo controle está satisfatório a utilização de hipoglicemiantes como metformina contribui sobremaneira para o tratamento.

    A utilização de desses tratamentos é extremamente importante para o controle da doença, uma vez que a insulina exógena e os hipoglicemiantes são importantes para que a glicose proveniente da alimentação desses pacientes não se acumule na corrente sanguínea e a glicemia seja mantida em níveis próximos do normal. Além do exposto, a maior utilização de hipoglicemiantes em detrimento de insulina está em acordo com os dados mostrados na Figura 1.

    A figura 3 representa o percentual de indivíduos diabéticos da cidade de Matipó que estão inseridos no programa HiperDia.

Figura 3. Distribuição percentual de indivíduos diabéticos da cidade de Matipó, MG que estão inseridos no programa HiperDia

    Com relação ao número de diabéticos inscritos em programas de promoção de saúde, verificamos que muitos pacientes não estão cadastrados ou sequer conhecem o programa específico para pacientes com diabetes. Assim, a falta de acompanhamento pode favorecer a progressão da doença, pois intervenções para mudanças de estilo de vida e a utilização correta de medicamentos fazem parte do tratamento, e podem contribuir para o controle glicêmico adequado e conseqüentemente melhorar a qualidade de vida do paciente.

    Vale ressaltar, que Ministério da Saúde (2011), prevê a importância do cadastramento dos pacientes no HiperDia. Esse programa visa o acompanhamento dos diabéticos, assim como a garantia de recebimento dos medicamentos prescritos. Ao mesmo tempo em que, em médio prazo, poderá ser definido o perfil epidemiológico desta população, e o conseqüente desencadeamento de estratégias de saúde pública que levarão à modificação do quadro atual, a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas e a redução do custo social. Assim, na cidade de Matipó, MG, o mapeamento dos pacientes inscritos nesse programa faz-se relevante, pois através dele muitos pacientes podem tratar as complicações decorrentes da hiperglicemia e minimizar as disfunções. O cadastramento poderá diminuir o custo público do descontrole metabólico, uma vez que a internação de pacientes com complicações decorrentes do diabetes pode se tornar onerosa para a secretaria de saúde municipal.

    A figura 4 representa o nível de atividade física de diabéticos no município de Matipó, MG.

Figura 4. Nível de Atividade Física em diabéticos do Município de Matipó, MG

    Quanto ao nível de atividade física dos indivíduos pesquisados, verificou-se um percentual elevado de indivíduos diabéticos sedentários demonstrando que poucos são aqueles que utilizam a atividade física para o controle metabólico da doença. O sedentarismo é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças como obesidade e DM tipo 2. Por outro lado, a prática regular de atividade física tem sido indicada como tratamento não medicamento capaz de minimizar as complicações decorrentes do Diabetes mellitus em seres humanos ou modelos animais portadores de DM (ALBRIGHT et al 2000). A utilização do exercício físico como terapia não medicamentosa para o tratamento de DM tem sido sugerido em função das adaptações promovidas pelo exercício físico nos diferentes sistemas orgânicos (LEEHEY et al 2009; SILVA et al 2011; GOULOPOULOU et al 2010).

    Nessa perspectiva, Loganathan et al (2007) mostraram que corações de ratos diabéticos exercitados apresentam maior volume de ejeção, maior debito cardíaco e maior fração de ejeção, o que sugere maior eficiência cardíaca nesses animais quando comparados a seus controles sedentários. Isso mostra ainda a importância de se incentivar a prática regular de atividade física por pacientes portadores diabetes.

    A Sociedade Brasileira de Diabetes (2010) recomenda a prática de atividade física por pacientes diabéticos com vistas a redução da glicemia, aumento da sensibilidade a insulina, aumento da captação de glicose após o exercício, incremento da força e da resistência e aumento da capacidade cardiorrespiratória. Essas adaptações irão reduzir as complicações decorrentes do diabetes assim como diminuir a utilização de insulina exógena e hipoglicemiante orais. Dessa forma, a criação de programas de atividades físicas voltados para grupos especiais como diabéticos são de extrema relevância para que os pacientes sejam encorajados a modificar o estilo de vida sedentário, além de possibilitar a redução do uso de medicamentos e atenuar as complicações decorrentes da doença.

Conclusão

    É possível concluir a partir deste trabalho que, os portadores de DM estão com o controle glicêmico comprometido, pois apesar de existirem portadores de DM assistidos por programas do governo na cidade de Matipó, MG ainda faz-se necessária intervenções, no campo de prevenção de doenças para que possam ser incentivadas a prática regular de atividade física e alimentação adequada, intervenções que podem minimizar as complicações decorrentes do descontrole metabólico e prevenir o surgimento da doença. Além disso, a falta de identificação da classificação da doença de parte da população também mostra-se preocupante, uma vez que, identificados os portadores, poderão receber assistência de programas do governo que buscam o tratamento do paciente e a doação de medicamentos que possibilitam o controle glicêmico. Além do exposto, identificar os portadores de DM no município em questão torna possível a busca por recursos municipais que possibilitem a criação de programas de atividades físicas voltadas para grupos especiais como os diabéticos, os hipertensos, os obesos, entre outros. Para concluir, recomenda-se que a pesquisa continue junto aos ESF do município como forma de conscientização do público pesquisado sobre a importância da Atividade Física no tratamento do DM.

Referências

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