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Análise do atendimento aos alunos portadores de 

necessidades especiais em escolas da rede pública 

municipal de ensino da cidade de Cachoeira do Sul, RS

Análisis de la atención a estudiantes con discapacidad en escuelas de la 

red pública municipal de enseñanza de la ciudad de Cachoeira do Sul, RS

 

*Acadêmica do curso de Licenciatura em Educação Física – ULBRA Campus Cachoeira do Sul

** Graduada em Licenciatura em Educação Física pela ULBRA Campus Cachoeira do Sul

Especializanda em Atividade Física, Desempenho Motor e Saúde, UFSM

*** Mestre em Educação pela ULBRA Campus Canoas e Coordenador do curso

de Licenciatura em Educação Física da ULBRA campus Cachoeira do Sul

(Brasil)

Natana Rodrigues de Souza*

Daiane Dias Cabeleira**

José Luis Freitas***

daia.dias@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A educação física adaptada é uma subdisciplina da educação física que permite uma participação segura, pessoalmente satisfatória e bem-sucedida, suprindo as necessidades especiais dos alunos. Objetivou-se investigar como se dá o atendimento aos alunos com necessidades especiais nas aulas de Educação Física. O grupo investigado abrangeu 12 professores de 9 escolas municipais. O estudo caracterizou-se como descritivo, de cunho qualitativo e quantitativo. Para a realização deste, utilizou-se de um questionário com questões abertas e fechadas, em um total de sete. Os resultados encontrados relativos à formação acadêmica na área da inclusão, apontam que 58,33% das respostas foram afirmativas e 41,67% negativas, ao serem questionados sobre a formação continuada, 50% disseram que fazem cursos de formação continuada e 50% disseram que não. Quanto às dificuldades em desenvolver as atividades de aula com alunos inclusos, 50% disseram que possuem e 50% que não há, sendo citadas como dificuldades: falta de acessibilidade, carência de materiais e dificuldades de concentração dos inclusos. A maioria dos professores diz que a relação dos alunos de inclusão com os alunos ditos normais é satisfatória e quando se trata da avaliação, esta é feita pela evolução individual do aluno portador de necessidades especiais. Ao analisar os dados obtidos, conclui-se que ainda existem professores sem formação específica para atender alunos especiais e mesmo os que possuem alguma formação estão limitados a esta e não procuram novas idéias. Nota-se que os professores interessam-se em conhecer a síndrome ou doença de seus alunos para poderem planejar a aula adaptada às suas limitações e também para poder explicar aos alunos “ditos normais” a importância da aceitação deste colega. E diante das dificuldades existentes, os professores precisam se adaptar e criar formas de trabalho que possibilitem a real inclusão dos alunos portadores de necessidades especiais

          Unitermos: Portador de necessidades especiais. Adaptada. Inclusão.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A origem deste estudo advém dos estágios realizados durante a graduação, pois acompanhou-se uma situação de carência formativa de um professor para o atendimento a alunos com necessidades especiais.

    O professor não deixava o aluno com deficiência mental participar da aula, porém quando comecei a ministrar a aula convidei este aluno a participar com os demais.

    Com algumas dificuldades ele começou a participar e no decorrer do tempo observou- se uma melhora significativa nos seus movimentos, na integração social e na aceitação de sua participação pelos demais da turma.

    Entendemos que este tema é importante para que o aluno não se sinta rejeitado ou frustrado nas aulas de educação física e também acreditamos que os professores precisam de uma formação específica para não se depararem com situações que não saibam como lidar.

Tema e objeto de estudo

    O atendimento a alunos portadores de necessidades especiais, tendo como objeto de estudo algumas escolas do município de Cachoeira do Sul, RS.

Objetivos

Geral

  • Investigar como se dá o atendimento dos alunos com necessidades especiais nas aulas de Educação Física.

Específicos

  • Verificar a formação de professores de educação física para atender alunos com necessidades especiais;

  • Analisar se os professores oferecem as mesmas oportunidades de ensino que as dos “ditos normais” para os alunos com necessidades especiais;

  • Verificar como ocorre a integração dos alunos “ditos normais” com os alunos com necessidades especiais;

  • Verificar a forma de avaliação nas aulas de educação física no que se refere aos alunos com necessidades especiais;

  • Analisar a estrutura física existente nas escolas para receber e atender alunos com necessidades especiais.

Metodologia

    Foi utilizado um questionário com questões abertas e fechadas, os dados coletados foram tratados de acordo com Barros e Lehfeld (2000), com tratamento de um estudo quantitativo e qualitativo.

    Trata-se de uma pesquisa descritiva que engloba a pesquisa documental, a bibliográfica e a de campo.

    A pesquisa foi desenvolvida mediante: Inicialmente uma visitação a secretaria de educação do município para obter os contatos com as direções das escolas (telefone, e-mail, endereço, etc.); posteriormente ao contatar com as direções das escolas foi agendada data e horário para a aplicação do questionário.

Resultados e discussões

    Encontraram-se os resultados a seguir relacionados, os quais serão tratados individualmente a partir das questões abordadas no instrumento de pesquisa.

    Relativo à formação acadêmica na área da inclusão, 58,33% das respostas foram afirmativas e 41,67% negativas.

    Com a implantação da Atividade Motora Adaptada nas universidades, o acadêmico passou a receber capacitação para atuar com pessoas com deficiências. Com essa capacitação, ele torna-se responsável pela prática de atividades que melhorem o repertório corporal de movimentos desses indivíduos, bem como o de atividades que favoreçam a inclusão, sem discriminação. Todos os indivíduos, com deficiência ou não, devem ter bons profissionais orientando suas atividades durante as aulas de Educação Física, ou no lazer esportivo, expressivo e recreativo.

    A declaração de Salamanca apud Bergamo (2010) esclarece que “a preparação adequada de todos profissionais da educação é [...] um dos fatores-chave para propiciar a mudança.

    Esse trabalho promove, além da bagagem teórica (saber), a capacidade crítica reflexiva (saber fazer), pois “a formação contínua deve alicerçar-se ‘na prática e sobre a prática’”, defende, com prioridade, NÓVOA apud BERGAMO (2010).

    Ao serem questionados sobre a formação continuada, 50% disseram que sim e 50% disseram que não. Os que fizeram citaram os seguintes cursos: Congresso Estadual de APAES, Curso de Atividade Motora Adaptada e JONAF.

    Segundo Salamanca apud Bergamo (2010), a formação contínua dos profissionais envolvidos com o processo de inclusão de alunos com necessidades educativas especiais prevê uma nova “profissionalidade docente”, que contribui em dois eixos que, embora distintos, são interdependentes. O primeiro refere-se ao desenvolvimento profissional, que deve ser estimulado em uma perspectiva crítica e reflexiva que forneça os meios para o desenvolvimento de um pensamento autônomo e facilite as dinâmicas de autoformação participativa. O segundo eixo repercute na organização escolar, pois não se trata de um profissional isolado, mas sim de um professor inserido num contexto educacional que está acolhendo novos processos, articulados com o processo da escola (Nóvoa apud Bergamo, 2010). Deve-se garantir suporte aos profissionais da escola, evitando que cada um busque soluções de forma solitária, por iniciativa pessoal.

    Quanto a alguma dificuldade em desenvolver as atividades de aula com alunos inclusos, 50% disseram que sim e 50% disseram que não. Dos que afirmaram que sim, dois disseram que a falta de acessibilidade e de adaptação ao espaço físico são suas principais dificuldades, outro respondeu que por não ter nenhum curso tem dificuldades em realizar trabalhos em grupo, já para os outros três, suas dificuldades são relacionadas com a falta de materiais e a falta de concentração dos alunos inclusos.

    Referente às alternativas usadas para desenvolver as aulas com os alunos inclusos, alguns responderam que procuram conhecer a doença ou síndrome, pedem ajuda para professores e monitores, procuram sempre dar atividades adaptadas para melhora do desempenho, da atenção e para todos participarem. Alguns também disseram ser o bom relacionamento um fator importante para que eles se envolvam nas atividades de acordo com suas possibilidades.

    Os alunos com necessidades especiais são alunos que gostam de praticar atividades, por isso é importante que o professor esteja sempre atualizado, para proporcionar o melhor desenvolvimento do aluno e o melhor desenvolvimento das atividades. É importante que haja escolas especiais para oportunizar o aluno “diferente” a praticar atividades, só assim eles conseguirão se desenvolver melhor e terão a chance de conviver numa sociedade tão preconceituosa (REIS, 2003).

    Ao questionar sobre a relação dos alunos “ditos normais” com os alunos inclusos e os professores, estes responderam que são ótimas, boas, satisfatórias e em algumas foram citados a rejeição e o preconceito. Vários destacaram a solidariedade entre os colegas, através da ajuda e da amizade.

    Ao verificar a aceitação dos alunos “ditos normais” em relação aos inclusos, a maioria respondeu que esta ocorre através de conversas, salientando a igualdade entre todos, observada nas propostas de atividades para que os “ditos normais” passem por situações parecidas com as que os inclusos vivem.

    Salientaram também que em primeiro lugar deve existir a aceitação da parte dos próprios professores e um relatou ter proferido palestras onde convida pessoas para exporem suas realidades e experiências pessoais.

    Carvalho apud Bergamo, 2010 afirma, com propriedade, que uma escola é inclusiva quando:

    “Respeita as peculiaridades e/ou potencialidades de cada aluno, organiza o trabalho pedagógico centrado na aprendizagem do aluno, onde este é percebido como sujeito do processo e não mais como seu objeto e o professor torna-se mais consciente de seu compromisso político de equalizar oportunidades, na medida em que a igualdade de oportunidades envolve, também, a construção do conhecimento, igualmente fundamental na instrumentalização da cidadania.”

    Quanto à avaliação dos alunos inclusos, a grande maioria respondeu que é feita pela evolução individual, superação de limites, habilidades adquiridas, participação. Dois responderam ser a avaliação destes igual aos demais alunos e considerando o esforço pessoal.

    A Educação Física adaptada designa um programa individualizado de aptidão física e motora, habilidades e padrões motores fundamentais e habilidades de esportes aquáticos e dança, além de jogos e esportes individuais e coletivos; um programa elaborado para suprir as necessidades especiais dos indivíduos. A educação física adaptada é uma subdisciplina da educação física que permite uma participação segura, pessoalmente satisfatória e bem-sucedida, suprindo as necessidades especiais dos alunos. Em geral a educação física adaptada tem o objetivo de suprir necessidades especiais de longo prazo (mais de trinta) (WINNICK, 2004)

    A avaliação deve ser tratada com muita importância nos processos inclusivos. A preocupação com o assunto é crescente desde a nova LDB 9.394/96, que aborda com ênfase o assunto e propõe mudanças que repercutem nas escolas na necessidade de se transpor da avaliação classificatória, que até há pouco tempo vigorava nas instituições escolares, para avaliação diagnóstica. Essa possibilidade de transposição está diretamente relacionada ao conceito que se tem da relação ensino-aprendizagem e vem favorecer de forma incisiva as idéias inclusivas. A avaliação tradicional não contempla a diversidade. Nela, quando se fala em avaliar, pensa-se em avaliar o aluno em seu rendimento e aprendizado. A palavra avaliação também traz à mente pensamentos como: nota, aprovação e reprovação, sucesso e fracasso (MINETTO, 2008).

Conclusão

    Ao analisar os dados obtidos no presente estudo, conclui que ainda existe professores sem formação específica para lidar com alunos especiais e mesmo os que possuem alguma formação estão limitados a esta e não procuram novas idéias.

    Uma das maiores dificuldades que os professores enfrentam é a falta de acessibilidade nas aulas de educação física como espaço físico, falta de materiais, dificuldade de locomoção até a quadra de esportes, etc.

    Mesmo com estas dificuldades citadas acima, percebi que os professores de educação física procuram sempre adaptar as aulas para que seus alunos inclusos possam participar, alguns usam seus conhecimentos e experiências, outros procuram ajuda de monitores e alunos, assim é garantida a participação de todos em aula.

    Pude observar que os professores se interessam em conhecer a síndrome ou doença de seus alunos para poder planejar a aula adaptada às suas limitações e também para poder explicar aos alunos “ditos normais” a importância da aceitação deste colega.

    Percebi através do questionário e de observações que a relação dos alunos “ditos normais” com os alunos inclusos é muito boa graças a conscientização de toda a equipe escolar. A maioria das escolas realiza palestras sobre a importância da aceitação destes alunos inclusos e existe uma boa aprovação dos demais.

    A forma de avaliação dos alunos especiais é muito importante para que eles vejam isto como um estímulo para continuar sua vida escolar. Observei que os professores avaliam de maneira individual e de acordo com a síndrome ou doença de cada um, assim analisam os resultados para arrumar alternativas de ensino.

    A escola não pára nunca, por isso precisamos mudar com a escola em movimento. As salas de aula, por sua vez, são como pequenos organismos vivos dentro da escola. Cada classe tem vida e personalidade próprias. Cada turma estabelece ‘clima’ próprio que não pode ser negligenciado pelo professor que planeja suas aulas. O professor-educador deve conhecer cada um de seus alunos, aprender sobre a personalidade e clima de sua turma, entender sobre as relações de poder dentro da sala de aula, sobre as experiências, os interesses e os conflitos subjacentes às relações humanas que permeiam a convivência diária.

Bibliografia

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