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O conceito de adaptação biológica aplicado ao treinamento físico

El concepto de adaptación biológica aplicado al entrenamiento físico

The concept of biological adaptation applied to the physical training

 

*Doutor em Biologia Funcional e Molecular, Departamento de Bioquímica, Instituto

de Biologia, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

**Professor doutor da Faculdade de Educação Física, Departamento de Estudos

da Atividade Física Aplicada, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

Joaquim Maria Ferreira Antunes Neto*

Roberto Vilarta*

joaquim_netho@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O tecido muscular, quando submetido a modificações morfo-funcionais por intermédio da atividade física, pode, de forma geral, desenvolver duas condições adaptativas: a melhoria dos padrões biológicos em termos estruturais e também funcionais ou, numa situação extrema, um desequilíbrio homeostático que tende a causar interferência negativa nas funções metabólicas. Estas alterações da configuração estável do tecido muscular possibilitam a construção de “regras de adaptação” (Carter et al., 1991), o que pode auxiliar na compreensão dos mecanismos de controle evidenciados quando tal tecido é submetido a ações excêntricas. Portanto, o interesse reside em organizar informações que possibilitem realizar uma leitura ampla e integrada dos processos biológicos que passam pelo tema da contração excêntrica e, desta forma, favorecendo uma construção interdisciplinar para a compreensão de mecanismos adaptativos.

          Unitermos: Treinamento físico. Microlesão celular. Adaptação. Periodização.

 

Abstract

          The muscle tissue, when subjected to morphological and functional changes through physical activity, in general, develops two adaptative conditions: the improvement of biological standards and also in structural or functional, in an extreme situation, a homeostatic imbalance that tends to cause harmful interference in metabolic functions. These changes in stable configuration of the muscle tissue enable the construction of “adaptation rules”, which can aid in understanding the mechanisms of control as seen when tissue is subjected to eccentric actions. Therefore, the interest lies in organizing information that allows performing a comprehensive and integrated reading of the biological processes about eccentric contractions and, thus, favoring an interdisciplinary approach to building an understanding of adaptative mechanisms.

          Unitermos: Physical training. Muscle microlesion. Adaptation. Periodization.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução. Adaptação biológica e treinamento físico

    A literatura expõe que o exercício excêntrico inicia uma série de eventos resultantes em ruptura de estruturas citoesqueléticas e até mesmo resposta inflamatória, esta última que pode ser o mecanismo condutor para a deterioração adicional das funções contráteis (Antunes Neto et al., 2011; Lieber et al., 1994; Stevens, 1996). Parece possível que a tensão mecânica das proteínas contráteis miofibrilares seja transmitida via filamentos intermediários associados com os discos Z para a matriz extracelular, de forma que, na ausência de tais conexões, a tensão miofibrilar pode não ser transmitida extracelularmente ou, então, ser menos eficiente (Lieber et al., 1996).

    Sargeant e Dolan (1987), submetendo quatro voluntários a contrações excêntricas repetidas dos músculos extensores da perna, durante prolongada caminhada em esteira ergométrica (inclinação de -25%) com duração entre 29 e 40 minutos, obtiveram uma imediata e significante redução em contração isométrica voluntária máxima e também em rendimento de potência anaeróbia avaliada concentricamente por um ergômetro isocinético. Estes decréscimos em função muscular persistiram por 96 horas após o exercício e foram refletidos pelas significantes reduções na tensão gerada em baixa freqüência (20 Hz) e alta freqüência (50 Hz) através de estimulação elétrica do quadríceps. Performance de contrações concêntricas foi analisada através de caminhada na esteira inclinada por uma hora, o que requer um elevado custo metabólico; porém, em comparação com o exercício excêntrico, as reduções em funções musculares foram bem menores. Também, todos os indivíduos mostraram um aumento em níveis plasmáticos de creatina quinase após o exercício excêntrico, evidenciando um quadro degenerativo causado pelo estressante trabalho excêntrico.

    Por outro lado, Fridén e equipe (1983) observaram em seus estudos que a freqüência de lesão nas Linhas Z após treinamento excêntrico de 8 semanas foi consideravelmente baixa em comparação com indivíduos destreinados que apenas executaram uma sessão de exercício excêntrico. Neste experimento, utilizaram-se de 15 voluntários que foram submetidos ao treinamento excêntrico em uma bicicleta ergométrica modificada, com freqüência de 2 a 3 vezes por semana durante 4 e 8 semanas, respectivamente. Os resultados são surpreendentes, pois o grupo que executou 8 semanas de treinamento apresentou um aumento de 375% em capacidade de trabalho excêntrico (especificidade de treinamento).

Figura 1. Capacidade de trabalho excêntrico antes e após oito semanas de treinamento excêntrico. Adaptado de Fridén et al. (1983)

    Ainda em relação ao trabalho de Fridén e equipe (1983), análises bioquímicas sugeriram um processo de adaptação enzimática. Fibras do tipo IIC aumentaram extraordinariamente em número após 8 semanas de treinamento, indicando que uma ampla proporção de fibras musculares estão preparadas para se diferenciarem de acordo com as demandas funcionais (quadro 1). Em resumo, os resultados mostraram que o sistema músculo-esquelético adapta-se de modo funcional às demandas de tensão extrema, sugerindo que a coordenação e reorganização do aparato contrátil são os mecanismos determinantes para a ocorrência da adaptação.

Quadro 1. Proporções de tipo de fibra no músculo vasto lateral após 4 e 8 semanas de treinamento excêntrico. Adaptado de Fridén et al. (1983)

    Quatro aspectos podem ser discutidos através dos dados obtidos pelos experimentos:

  1. Duração do treinamento. No trabalho de Sargeant e Dolan, os indivíduos participantes atuaram apenas em uma única sessão de treinamento excêntrico, o que não possibilita ao organismo a capacidade de desenvolver mecanismos de adaptação ao esforço solicitado. Diferentemente, Fridén e equipe desenvolveram o treinamento excêntrico por um período prolongado (oito semanas), demonstrando que o tempo de duração ao qual o sistema músculo-esquelético é submetido a estímulos estressantes é um fator preponderante para a ocorrência de adaptações positivas.

  2. Intensidade do exercício. Novamente, a diferença é marcante, pois Sargeant e Dolan utilizaram-se de um protocolo contínuo até a exaustão (velocidade de caminhada = 6.4 Km/h; inclinação da esteira = -25%). Em contrapartida, Lieber e equipe, além de adotarem um tempo de adaptação à forma do exercício, através de várias sessões que antecederam ao início do treinamento, protocolaram um aumento de carga de trabalho progressivo com intensidade variando de 6,000 Nm/min a 18,000 Nm/min.

  3. Freqüência de treinamento. Como já abordado, os participantes do trabalho de Sargeant e Dolan executaram uma única sessão de treinamento, situação que apenas possibilitou o estudo de variáveis degenerativas do exercício excêntrico. A participação em sessões de treinamento três vezes por semana durante um período de treinamento longo, como realizada no experimento de Lieber e equipe, fez com que um limiar de estimulação fosse otimizado para induzir as estratégias morfo-funcionais de reparo e compensação. Apesar da constatação de alterações ultraestruturais na célula muscular no início do treinamento, a freqüência continuada de estímulos durante as oito semanas de exercício possibilitou a reorganização estrutural dos filamentos intermediários e componentes contráteis da miofibrila.

  4. Condição física. Este é um fator decisivo que deve ser considerado quando se vai iniciar um programa de treinamento. Os quatro sujeitos (um homem e três mulheres) voluntários do experimento de Sargeant e Dolan, apesar de descritos como fisicamente ativos, não participavam de qualquer programa de treinamento nos últimos dois anos e nunca haviam experienciado exercícios envolvendo apenas ação excêntrica. Portanto, a condição física dos voluntários, somada às circunstâncias de intensidade, duração e freqüência de treinamento, pode ter influenciado nos resultados obtidos.

    Como aborda Rietveld (1996), os organismos são controlados homeostaticamente, com uma série de pontos que flutuam em ordem para permitir uma adaptação ótima às condições do meio. O treinamento físico busca, por meio de estratégias metodológicas fundamentadas no conhecimento científico, a aplicação de um conjunto de estímulos que desequilibrem a homeostasia do sistema morfo-funcional do organismo e, desta forma, providenciem um estímulo para a adaptação. O desequilíbrio em homeostasia requererá do organismo a reorganização de seu mecanismo funcional para o restabelecimento de um estado homeostático ideal: a adaptação positiva será o resultado de uma alternância corretamente programada entre indução de estresse e regeneração. Assim, o organismo adapta-se ao agente estressor tanto que, se um mesmo estímulo for imposto novamente após a ocorrência da adaptação, os mecanismos homeostáticos não serão rompidos na mesma extensão (Fry et al., 1992). Para possibilitar a ocorrência da adaptação rentável, diversos fatores influenciam nas respostas dos sistemas biológicos (Figura 2):

Figura 2. Adaptações decorrentes do treinamento sistematizado.

    Uma vez conhecendo os diversos aspectos atuantes na magnitude das respostas adaptativas, a tarefa principal encontra-se em saber efetivar uma seqüência de estímulos, baseada na relação entre esforço físico e período de regeneração, que propicie ao organismo a aquisição de uma condição funcional favorável para a mobilização de esforços mais elevados, porém utilizando um menor custo energético.

Figura 3. O ciclo da supercompensação. Adaptado de Bompa (1990).

    A Figura 3 apresenta uma das mais importantes teorias gerais do treinamento esportivo: a teoria da supercompensação. A supercompensação pode ser classificada como o período de restabelecimento de um determinado substrato bioquímico para níveis superiores àqueles encontrados no início da sessão de treinamento. Portanto, os fatores que delimitarão a ocorrência da supercompensação são a otimização dos intervalos de recuperação/repouso entre sucessivas sessões de treinamento e a regulação da carga de treinamento em cada atividade programada. O objetivo em selecionar os intervalos e cargas de treinamento de modo otimizado encontra-se em assegurar que uma subseqüente sessão de treinamento coincida com a fase de supercompensação (Zatsiorsky, 1995). Respostas positivas de treinamento serão obtidas, principalmente, através do planejamento específico e individualizado da relação carga-recuperação, de forma que o conhecimento dos princípios do treinamento físico torna-se fundamental.

Atributos do estresse aplicados ao treinamento físico

    A resposta ao agente estressor representa um conservado mecanismo evolutivo pelo qual as células respondem e se defendem contra mudanças abruptas e adversas ao meio ambiente (Welch, 1992). A magnitude do estímulo aplicado é um ponto decisivo dentro dos mecanismos adaptativos ao esforço físico. Os fatores que irão designar o nível ou capacidade de adaptação englobam a qualidade e quantidade de carga de treinamento, sendo expressos nas relações existentes entre volume, intensidade, duração e freqüência do estímulo.

    O exercício físico é o estímulo básico das adaptações, estas que são o produto do treinamento. Os estímulos provocarão no indivíduo uma série de reações específicas, influenciados de modo variado pela constituição física, pelo estado de treinamento, pela idade e pela preparação geral e específica desenvolvidas no processo de treinamento. Desta forma, a duração do estímulo e sua densidade, ou seja, a relação existente entre duração do estímulo x tempo de repouso em cada sessão de treinamento, é circunstância de total importância para o correto planejamento da intensidade dos exercícios e do ritmo de adaptação rentável. Portanto, um conceito consistente de treinamento físico é aquele que o considera como um processo organizado, de longa duração, cujo objetivo é o desenvolvimento das adaptações ótimas que são necessárias para a obtenção do máximo rendimento desportivo e para sua manutenção no tempo (Bompa, 1990).

    Neste momento, torna-se importante “abrir parênteses” para a história e apresentar um nome extremamente relevante para o conhecimento científico sobre adaptações biológicas: Hans Selye.

    Ainda enquanto estudante de segundo ano no curso de medicina, em 1926, Selye percebeu que muitas das doenças observadas apresentavam respostas estereotipadas e sintomas em comum, denominando esta condição, após alguns anos de pesquisa, como um estágio da Síndrome de Adaptação Geral ou Síndrome de Estresse Biológico. Neste estágio inicial de instalação da síndrome, reconheceu-se que havia uma descarga emergencial de catecolaminas, esta que representava um aspecto da fase aguda da reação de “alarme” (ver a figura 5), tal como uma síndrome de estresse não-específica (Selye, 1970).

    A síndrome de adaptação geral consiste, principalmente, de considerável excitação dos centros vegetativos altos, como um resultado dos sistemas adrenérgicos e hipófise-adrenal. Isto causa um aumento de concentração de catecolaminas e glicocorticóides na corrente sangüínea, possuindo tais fatores hormonais uma elevada amplitude de ação para a mobilização de reservas energéticas e estruturais do organismo. As catecolaminas, naturalmente, aumentam o débito cardíaco e mobilizam as reservas de glicogênio do fígado, induzindo hiperglicemia, lipólise e aumento de concentração de ácidos graxos no sangue. O resultado da ação das catecolaminas encontra-se na intensificação do fluxo de oxigênio e oxidação de substratos dos tecidos. Atuando no nível genético, os glicocorticóides ativam a gliconeogênese e a transaminação e, conseqüentemente, a conversão de aminoácidos em glicose (a reserva estrutural do organismo em sua reserva de energia) (Meerson, 1984).

    Retornando aos trabalhos de Selye (1970), percebeu-se que, em determinado momento do processo de debilitação, respostas específicas diferenciadas, causadas pela mesma reação detectada em quadros clínicos semelhantes, tendiam a ocorrer, levando os pesquisadores à formulação de dois pressupostos: 1) agentes qualitativamente diferentes de igual toxidade (ou “potencial estressor”) não elicitam exatamente a mesma síndrome; 2) até o mesmo grau de estresse, induzido pelo mesmo agente, pode produzir diferentes afecções em indivíduos distintos. Selye levou muitos anos para mostrar que agentes qualitativamente distintos diferiam somente em suas ações específicas (por exemplo, adrenalina aumenta e insulina decresce concentração de glicose sangüínea); seus efeitos estressores não-específicos são essencialmente os mesmos, exceto se estes forem modificados por efeitos específicos superimpostos de demais agentes.

    A situação de que um mesmo agente estressor poderia causar diferentes respostas lesivas ao organismo em indivíduos distintos, levou Selye (1970) relacioná-la a fatores condicionantes, estes que propiciariam, seletivamente, o estímulo ou inibição de um ou outro efeito de estresse. A origem deste fator condicionante poderia ser de característica endógena, tal como por predisposição genética, sexo ou idade, ou de característica exógena, onde se manifestariam fatores dietários, drogas e tratamento com certos tipos de hormônio, por exemplo. Sob a influência de tais fatores condicionantes, um grau de estresse normalmente tolerado poderia vir a ser patogênico, ocasionando distúrbios de adaptação e afetando seletivamente um ou outro sistema predisposto no organismo de Selye (1970).

Figura 4. Características do agente estressor, segundo Selye (1965)

    Conforme a Figura 4, nota-se que o agente estressor possui efeitos específicos e efeitos estressores generalizados. O início do processo reativo é desencadeado por uma condição não específica, comum para diversos estímulos, ao passo que, posteriormente, há a ação variável e característica de cada agente distinto. Porém, as respostas não dependem exclusivamente destas duas ações do agente, pois a reatividade do organismo ou sistema alvo poderá, também, desempenhar papel fundamental neste processo; além do mais, os fatores condicionantes endógenos e exógenos tendem a modificar tais respostas biológicas. Desta forma, parece claro que, uma vez que todos os agentes estressores possuem alguns efeitos específicos, eles podem não licitar exatamente a mesma resposta. O mesmo agente, ainda, poderá atuar distintamente em indivíduos diferentes, de acordo com os fatores condicionantes que determinam a reatividade biológica (Viru, 1994).

    A formação do estresse, segundo Selye (1965) e Nitsch e Samulski (1981), percorre três estágios: são eles, alarme, resistência e exaustão.

Figura 5. As fases de alarme. Adaptado de Selye (1965)

    A Reação de Alarme caracteriza-se pela mobilização geral das forças de defesa do organismo diante de uma sobreexigência, com índices de estresse não-específicos. O alarme tem seu início por meio de uma curta fase de choque, abalando o organismo e sua resistência. Imagine, neste momento, a fase inicial de um programa de treinamento excêntrico: como já foi intensamente apresentado, após a primeira sessão de exercícios, alguns sintomas instalam-se, tais como dor muscular, diminuição de força, inchaço do grupo muscular utilizado, por exemplo. Segue-se daí uma fase de antichoque, onde os mecanismos de defesa são ativados: com a continuidade freqüente e sistematizada da prática do exercício excêntrico, o tecido muscular tende a desenvolver mecanismos de adaptação ao esforço demandado, de forma que os sintomas deficitários observados no início do programa terão suas intensidades decrescidas. Todo o potencial de adaptação do indivíduo às condições de treinamento, bem como a magnitude dos sintomas instalados nesta fase inicial, dependerá da capacidade reativa do organismo frente aos estímulos e da forma como o heterocronismo das respostas biológicas tenderá a estabilizar a homeostasia.

    Na Fase de Resistência, o organismo tende a atingir novamente um estado ótimo de adaptação frente às circunstâncias instaladas, desaparecendo os sintomas que eram evidentes na reação de alarme. Neste momento, pode-se considerar que o estímulo aplicado está dentro de um limiar de ativação coerente com as possibilidades de mobilização funcional do organismo. Um dos grandes objetivos do treinamento físico é buscar localizar as condições de funcionamento dos sistemas biológicos de acordo com o grau de sobrecarga que estes podem ser submetidos, a fim de não gerar distúrbios homeostáticos severos e até mesmo irreparáveis. A melhoria de performance física baseia-se em uma série de mecanismos biológicos e de adaptação que dependem da quantidade e qualidade de estimulação oferecidas pelo treinamento, sendo que o estímulo apenas produzirá um aumento de adaptação sistêmica do organismo quando este encontrar-se preparado para “resistir” à inibição que pode ser gerada pela intensificação de solicitação das reservas de adaptação (Wathen, 1994, Wathen, Roll, 1994).

    A Fase de Exaustão é atingida através de um estresse intermitente após o término da energia de adaptação, que é aquela consumida durante o trabalho contínuo de adaptação. A exaustão surge como uma resposta de que as estratégias metodológicas do treinamento físico não são adequadas com as condições de mobilização do indivíduo. No treinamento físico, a exaustão pode desencadear um estado crônico de fadiga generalizada, conhecido como síndrome do supertreinamento e que será apresentado no próximo tópico. A fase de exaustão não é irreversível, porém pode levar o organismo à morte.

    O estado de supertreinamento refere-se a um prolongado estado de fadiga e redução de performance, podendo não ser passível de identificação através da observação de um único fenômeno (Jakerman, 1994, Verkhoshansky, Viru, 1992). Como colocam Hooper e equipe (1995), uma vez que muitos parâmetros fisiológicos mudam em decorrência normal em resposta ao treinamento, torna-se extremamente complexo delinear, portanto, as alterações anormais associadas à sindrome de supertreinamento.

    Eichner (1995) relacionou os seguintes quadros de distúrbios orgânicos ao estado de supertreinamento:

  • Lesão Muscular. Dois pontos críticos sobre adaptações músculo-esqueléticas e lesões devido ao supertreinamento necessitam de extrema atenção: a capacidade do sistema músculo-esquelético para funcionar normalmente em resposta à sobrecarga de treinamento/supertreinamento e os efeitos de adaptações músculo-esqueléticas devido à sobrecarga/supertreinamento sobre a incidência de lesão. O interesse por esses dois pontos reside na observação de que a lesão muscular por sobrecarga de treinamento é o tipo mais comum de lesão atlética, podendo ser clinicamente documentada em termos de mudanças nas condições de força e flexibilidade dos músculos. Os efeitos clínicos e de performance sobre os músculos super-estimulados podem gerar uma reação contínua e crônica, dificultando numa situação posterior a avaliação e reabilitação das estruturas alteradas (Kibler et al., 1992). O exercício excêntrico, apesar de sua característica propícia para o desencadeamento de lesão muscular, não pode ser encarado como circunstância decisiva para tal; fatores relacionados ao volume e densidade de treinamento, bem como o estágio de aptidão do indivíduo para a prática, devem ser os focos primordiais de atenção no planejamento dos exercícios (Kuipers, 1996).

  • Citocinas e a Fase de Resposta Aguda. O exercício estressante pode conduzir à fase de resposta aguda, observada em condições generalizadas de defesa do organismo a infecções e lesões. Este processo relaciona-se a um aumento de atividade localizada, onde as citocinas (interleucinas 1 e 6, por exemplo) estimulam proteólise muscular e síntese hepática de certas proteínas (proteína reativa-C, ceruloplasmina, amilóide-A sérica, antitripsina alfa-1, heptoglobina, fibrinogênio e ferritina) para agirem num papel defensivo. O que dará subsídios para a localização da “síndrome de supertreinamento” será a permanência desta fase de resposta aguda, caracterizando, portanto, um quadro de resposta crônica e sem retorno previsível dos marcadores de infecção aos níveis normais, observados em atletas dotados de condição de saúde equilibrada.

  • Nutrição. Áreas de lesão muscular podem ter implicações nutricionais. Atividades exaustivas e de longa duração, a maratona, por exemplo, parecem induzir dificuldades de supercompensação das reservas de glicogênio muscular. Da mesma forma, exercícios com a prevalência de contrações excêntricas também são relacionados com alterações nas taxas de ressíntese do glicogênio. Novamente, deve-se chamar a atenção não apenas para as características das atividades que conduzem aos déficits metabólicos, mas sim em compreender que o ponto limitante nesta discussão fundamenta-se nas medidas de prevenção ao quadro prejudicial: a importância de um acompanhamento nutricional em sintonia com as cargas de treinamento e esforços realizados em competição (Pascoe et al., 1993). Neste sentido, pode-se considerar que existe uma interrelação de lesões induzidas pelo exercício, consumo de carboidratos e supertreinamento.

  • Disposição ao Treinamento. Um fator que deve ser levado em conta é a motivação, que se delimita por características da personalidade e por variáveis sociais, cognitivas e/ou ambientais que vêm a afetar ao indivíduo que executa uma tarefa, seja esta de ordem competitiva com outras pessoas, seja de razão pessoal. Um ponto de extrema relevância para o treinamento de alto nível competitivo é a orientação motivacional, determinante nas conseqüências de mudanças comportamentais (esforço, aderência e consistência) e físicas (performance). As condições ambientais às quais o indivíduo está inserido tendem também a afetar o comportamento e a performance. Assim, será a interação entre a forma de orientação a um dado objetivo e condições ambientais que determinará o quanto de esforço deve ser investido na execução da tarefa e quão consistente deve ser a performance no tempo de ação (Tenenbaum, 1996, Traverso et al., 1996).

  • Hormônios. Hormônios podem até servir como marcadores de supertreinamento, porém apresentam variações que podem prejudicar as análises. Experimentos relatam nenhuma alteração em cortisol no plasma após treinamento altamente estressante, enquanto que outros já demonstram variações consideráveis. Lehmann e sua equipe (1993) mostram estudos onde atletas de “endurance” em estado de sobrecarga elevada de treinamento apresentam redução na liberação de cortisol, ACTH, hormônio de crescimento e prolactina em condição de hipoglicemia; por outro lado, argumentam que a complexidade dos distúrbios neuroendócrinos na síndrome de supertreinamento não permite a obtenção de um consenso sobre como se monitorar o treinamento através de parâmetros hormonais.

    Kuipers (1996) faz uma diferenciação entre três tipos originários de supertreinamento, classificando-os em supertreinamento de origem mecânica, supertreinamento de origem metabólica e síndrome de supertreinamento. O estado mecânico de supertreinamento relaciona-se mais às demandas localizadas de sobrecarregamento de estruturas do sistema locomotor, enquanto que a circunstância metabólica resulta da rápida depleção das reservas de glicogênio. Porém, a síndrome de supertreinamento tem como característica a forma generalizada de propagação dos sintomas fisiopatológicos, possuindo total relação com disfunções do sistema neuro-endócrino.

    Distingue-se dois tipos de síndrome de supertreinamento: tipo simpático, caracterizado pelo aumento do tônus simpático no estado de repouso, e tipo parassimpático, onde o tônus parassimpático domina no estado de repouso, bem como durante o exercício. Torna-se interessante notar no Quadro 2 que as características da síndrome de supertreinamento tipo parassimpático são de difícil compreensão e detecção, tanto para técnicos e atletas, pois alguns de seus sintomas, vistos de forma isolada, podem também sugerir condição excelente de saúde. Embora os mecanismos fisiopatológicos de ambos os tipos de síndrome de supertreinamento - simpático e parassimpático - ainda não sejam totalmente conhecidos, surge a hipótese de que eles reflitam diferentes estágios da própria síndrome: durante o estágio inicial da síndrome de supertreinamento, o sistema simpático é continuamente “alertado”, enquanto que, durante os estágios mais avançados, a atividade do sistema simpático é inibida, resultando em uma dominância do sistema parassimpático. Essa situação poderia explicar a propensão ao aumento de hipoglicemia durante o exercício, uma vez que a contrarregulação da glicose é mediada via sistema simpático (Kuipers, 1996).

Quadro 2. Tipos de sintomas simpático e parassimpático da síndrome de overtraining

    Como visto, portanto, o melhor tratamento contra a síndrome do supertreinamento é a prevenção, que deve envolver a utilização de múltimétodos de análise das condições de saúde do atleta, a indicação específica de propriedades dietárias necessárias para reposição alimentar, bem como avaliação constante do ritmo de treinamento em relação à sobrecarga utilizada e estágio momentâneo de performance. Johnson e Thiese (1992) consideram que o reconhecimento da síndrome de supertreinamento é o primeiro passo - talvez o mais difícil também - para uma intervenção eficaz, que exige a atenuação de sintomas físicos e psicológicos: o primeiro envolve a redução ou alteração estrutural do programa de treinamento, podendo chegar na interrupção total das atividades sistematizadas; em relação aos sintomas psicológicos, o mais efetivo caminho de tratamento é a reprogramação psicológica do atleta, acompanhada por mudanças na forma e rotina de treinamento. Condutas como permitir a participação do atleta nas tomadas de decisões, realização de práticas mentais em períodos de treinamento ou competitivo e até mesmo a abstenção do treinamento tendem a auxiliar no processo de recuperação.

    O técnico esportivo, principalmente, assume total relevância na detecção dos sintomas e no encaminhamento para o tratamento mais adequado (Lavallée, Flint, 1996). Neste momento, fica evidente a importância do conhecimento interdisciplinar na estruturação de um programa periodizado de treinamento, demonstrando que não basta apenas o entendimento técnico de determinada modalidade esportiva ou a vivência como atleta para que uma pessoa torne-se apta a conduzir este processo, pois o treinamento ideal, sobretudo, fundamenta-se no estudo e conhecimento científicos.

Princípios do treinamento físico

    O conhecimento dos princípios teóricos do treinamento físico propicia o desenvolvimento de uma ação metodológica periodizada, a qual busca não comprometer a integridade corporal do sujeito que se submete ao programa sistematizado de atividades físicas: a periodização, que é a estrutura responsável pela organização das atividades durante um período extenso de treinamento (Schmolinsky, 1982).

    Meerson (1984) discute que as respostas adaptativas ocorrentes a longo prazo, em virtude do treinamento físico, dependem de um sistema funcional especial de adaptação, responsável em propiciar condições de garantir uma atividade consistente no estabelecimento de relações entre todas as variáveis sistêmicas (metabólicas, hormonais, nervosas, morfológicas) envolvidas com a adaptação à sobrecarga física. Na verdade, o “sistema funcional especial de adaptação” baseia-se na compreensão global dos mecanismos de funcionamento dos sistemas biológicos do organismo humano e nas suas estratégias de heterocronismo - a diversidade temporal para o estabelecimento das diversas adaptações biológicas, distintas de sistema para sistema. A complexidade destas relações forma o corpo teórico da periodização do treinamento físico, cujo referencial de estudo encontra-se alicerçado nos conhecimentos da fisiologia, da biologia celular, da biomecânica, da bioquímica, da anatomia e da psicologia, essencialmente. Portanto, pela interdisciplinaridade dos conhecimentos básicos e especificidades determinantes de cada modalidade esportiva (ou plano de condicionamento físico), tem-se o entendimento para uma visão macroscópica dos processos de adaptação aplicados ao exercício físico.

    Mas o que viria a ser o processo de adaptação a longo prazo, o qual direciona a estruturação da macro-estrutura do treinamento físico? Antes de tratar mais especificamente desta temática, torna-se importante retomar uma questão conceitual ampla sobre os aspectos de relevância das teorias de adaptação.“Adaptação” é um termo utilizado de forma exaustiva dentro das circunstâncias do treinamento físico. Porém, todas as respostas biológicas representam uma adaptação, ou pode-se dizer que existem fatores relevantes que caracterizam uma resposta adaptativa?

    Tomando como exemplo o modelo de Selye, têm-se três fases distintas: alarme, resistência e exaustão. Na fase de alarme, o agente estressor induz uma alteração funcional na constância do sistema afetado, o qual responde prontamente na tentativa de restabelecer seus parâmetros de normalidade. Tal atividade biológica pode ser entendida como um ajuste regulatório, cujo objetivo é solucionar uma condição momentânea de perturbação: ajustes regulatórios não levam, necessariamente, a alterações morfológicas e funcionais duradouras; para que isso ocorra, os parâmetros de intensidade, duração e freqüência do estímulo deverão interagir-se com as condições de adaptabilidade do organismo, inscritas no material genético. Portanto, os ajustes regulatórios podem desempenhar uma primeira etapa indutora para que haja a aquisição de alterações compensatórias estáveis. As adaptações fisiológicas, deste modo, necessitam de um período a longo prazo para se “materializarem”, pois seus efetores atuam em atividades com diferentes latências e intensidades visando as alterações morfo-funcionais (Adolph, 1964).

    O trabalho de Verkhoshanky e Viru (1992) proporciona uma interessante dimensão das complexidades que envolvem as respostas adaptativas advindas do treinamento periodizado:

Figura 6. Heterocronismo das respostas adaptativas no treinamento periodizado.

Adaptado de Verkhoshanky e Viru (1992)

    O processo de adaptação ao treinamento físico a longo prazo pode ser considerado, sobretudo, como um quadro de respostas cíclicas ininterruptas, alternando entre esgotamento de reservas energéticas e recuperação. Assim, as adaptações morfo-funcionais estão implicadas em trocas qualitativas e quantitativas de estimulação, as quais devem buscar a ocorrência do fenômeno de ruptura homeostática dentro de um contexto progressivo e direcionado à reparação dos sistemas afetados, visando o melhor desempenho físico das capacidades almejadas pelo treinamento. O processo de adaptação inicia-se com a atividade das reações homeostáticas específicas (primeiro nível de adaptação). A repetição das variações (alterações) das constantes do meio interno do organismo e o aumento da necessidade de suporte plástico e energético provocam a ativação dos mecanismos específicos de adaptação (segundo nível de adaptação). Finalmente, a repetição dos mecanismos de adaptação compensatória induz uma melhoria morfológica e funcional estável das estruturas celulares. Estas seqüências de estágios adaptativos decorridas pela constância de permanência do estímulo (treinamento a longo prazo) são fatores imprescindíveis para a estabilização do organismo perante um nível mais elevado de requerimento funcional. Portanto, as adaptações biológicas a longo prazo são caracterizadas por efeitos acumulativos dos estímulos de adaptação e quebras homeostáticas programadas em termos dos valores de intensidade, duração e freqüência do próprio estímulo, a fim de que haja passagem para um estágio superior de performance (Verkhoshansky, Viru, 1992).

    Verkhoshansky (1996a,b) ressalta que o conteúdo, a organização e a duração da periodização devem estar interligados com a “reserva de adaptação do organismo”, onde duas condições são necessárias neste aspecto, que são a orientação concreta da carga de treinamento e os objetivos a serem alcançados através do treinamento. Portanto, na seleção e organização das cargas de treinamento, três fatores são imprescindíveis ao conhecimento do profissional que lida com atividade física:

  • conhecimento das capacidades funcionais e também dos sistemas energéticos atuantes no abastecimento dos sistemas biológicos específicos mobilizados pela prática física;

  • conhecimento dos mecanismos de adaptação dos sistemas biológicos;

  • conhecimento do heterocronismo da evolução adaptativa biológica no nível global do processo de treinamento.

Considerações finais

    O presente artigo buscou apresentar conceitos de adaptação fisiológica da área do treinamento físico e esportivo e relacionar como a questão da microlesão celular poderia ser compreendida dentro de uma estratégia periodizada da prática de atividades físicas. Assim, analisando as diferentes linhas de pesquisa que tratam sobre exercício excêntrico - a área do treinamento físico e a área da fisiologia clássica -, percebeu-se que as respostas morfológicas e funcionais obtidas deveriam ser consideradas de acordo com a metodologia de pesquisa. Fatores como duração de treinamento, intensidade de exercício, freqüência de treinamento e condição física interferem significativamente na magnitude dos resultados, podendo induzir diferentes quadros adaptativos. Portanto, torna-se importante compreender o que diferencia o conceito de “ajuste regulatório” e “adaptação fisiológica”, uma vez que em ambas as condições haverá uma fase inicial de perturbação do sistema afetado, vindo a gerar respostas de desorganização celular. Na verdade, apenas em uma situação de estudo experimental a longo prazo é que se pode avaliar o processo de adaptação ao exercício excêntrico de maneira global.

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