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Acreditação e a busca pela qualidade assistencial: uma revisão integrativa

La acreditación y la búsqueda por la calidad asistencial: una revisión integrativa

 

*Enfermeiro, Professor dos Cursos de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual

de Montes Claros (UNIMONTES), Faculdades Santo Agostinho (Montes Claros, MG)

e Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE)

** Professora do Curso de Graduação em Enfermagem

da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)

*** Professora do Curso de Graduação em Enfermagem das FIP-MOC

**** Enfermeiros do Hospital Universitário Clemente de Faria da UNIMONTES

***** Doutora em Geografia pela UFPR- Universidade Federal do Paraná

Professora dos Cursos de Pós-Graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente

do Grupo Uninter; Professora da FEPAR – Faculdade Evangélica

do Paraná na área de Saúde Ambiental

Frederico Marques Andrade*

Tereza Cristina Silva Bretas**

Maria Aparecida Fontes Freire***

João Marcus de Oliveira Andrade****

Ana Maria Farias Bastos****

Sônia Bakonyi*****

fredymarques@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O processo de Acreditação está relacionado com a origem do termo “Acreditar”, dar créditos, merecer confiança e credibilidade. Refere-se à qualidade da assistência prestada, partindo da premissa de que os serviços de saúde devem se locais seguros, tanto para o exercício profissional, quanto para a obtenção da cura ou melhoria das condições de saúde do paciente. Este estudo objetiva descrever a importância da Acreditação para instituições de saúde e suas contribuições para a qualidade da assistência prestada. Trata-se de uma pesquisa do tipo de revisão de literatura integrativa sobre a produção cientifica da área da saúde. Esta pesquisa foi realizada mediante levantamento de literatura cientificas da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS-BIREME), pelo acesso às bases eletrônicas de dados Literatura Latino-Americana em Ciências e Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Além dessas informações eletrônicas, realizaram-se pesquisas em livros referentes à Acreditação Hospitalar. Os critérios de inclusão foram artigos publicados a partir do ano de 1998, artigos completos e em português e que os temas respondessem ao objetivo. Como resultados, a Acreditação Hospitalar é uma avaliação externa que determina se o serviço contempla padrões previamente estabelecidos, refere-se à qualidade da assistência prestada, partindo da premissa que os serviços de saúde devem ser locais seguros para a prática profissional e para os cuidados prestados aos pacientes. A partir da pesquisa pode-se concluir que a Acreditação Hospitalar contribui para a melhoria da assistência prestada.

          Unitermos: Enfermagem. Acreditação hospitalar. Administração em enfermagem.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 166, Marzo de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Esta pesquisa aborda como tema a Acreditação hospitalar e a sua contribuição pela qualidade assistencial, sendo que a preocupação com a qualidade da assistência vem desde a Babilônia, há cerca de 2000 anos antes de Cristo; e ao se falar em Saúde, devemos ressaltar sempre Florence Nightingale, a enfermeira inglesa que, na metade do século XIX durante a Guerra da Criméia, implantou o modelo de melhoria contínua de qualidade em Saúde. O trabalho de Florence foi percussor no processo de Acreditação (MARANHÃO, 1998).

    Em 1989 a Organização Mundial de Saúde iniciou um trabalho com a área hospitalar na América Latina, adotando como tema a qualidade da assistência. A Acreditação passou a ser vista como elemento importante para desencadear e apoiar iniciativas de qualidade nos serviços de saúde. Com isso, o processo de qualidade pretendia contribuir para uma mudança planejada de hábitos, de maneira a provocar nos profissionais de todos os níveis e serviços um novo estímulo para avaliar as debilidades e forças da instituição, com o planejamento de metas claras e mobilização constante para o aprimoramento dos objetivos no que se refere à garantia da qualidade da atenção médica (ANTUNES, 2002).

    No período de 1998 e 1999, o Ministério da Saúde divulgou o projeto da “Acreditação do Brasil”, por meio de um ciclo de palestras que tinha como objetivo apresentar o projeto desenvolvido pelo Ministério, para sensibilizar e melhorar a compreensão sobre o sistema brasileiro de Acreditação, bem como, a criação da entidade Organização Nacional de Acreditação (ONA) (SCHIESARI, 1999).

    Segundo Antunes (2002), a missão da ONA é a promoção de um processo de Acreditação, visando aprimorar a qualidade da assistência na área da saúde no Brasil. Ela é responsável pelo estabelecimento de padrões e pelo monitoramento do processo de Acreditação realizado pelas instituições acreditadoras.

    Para compreender a abrangência e a importância do tema, é necessário: aproximar-se das expectativas do cliente, diminuir o abismo entre visão dos provedores de saúde e dos demais envolvidos no que possa vir a ser a qualidade de vida do cidadão e, ainda, reconhecer que cada paciente é antes de tudo um cidadão. (SCHIESARI, 1999)

    Para Maximiniano (2004), qualidade é um termo que faz parte do cotidiano e desempenha um importante papel em muitos aspectos da vida das pessoas e em todos os tipos de organizações.

    O processo de Acreditação está relacionado com a origem do termo “Acreditar”, dar créditos, merecer confiança e credibilidade. É um sistema de avaliação externa que acaba por determinar se o serviço segue padrões previamente estabelecidos. Refere-se à qualidade da assistência prestada, partindo da premissa de que os serviços de saúde devem ser locais seguros, tanto para o exercício profissional, quanto para a obtenção da cura ou melhoria das condições de saúde do paciente (MEZOMO, 2001).

    De acordo com Rooney e Ostenberg (1999) os padrões de acreditação são, via de regras, desenvolvidos por um consenso de especialistas em saúde, publicados, analisados e revistos periodicamente para ficarem atualizados com o progresso na área da qualidade de serviços de saúde, avanços tecnológicos e mudanças na política de saúde. Dependendo do escopo e da filosofia do modelo especifico de acreditação escolhido, os seus padrões podem comportar-se como um sistema, organizando-se em torno de funções e processos-chave centrados tanto no paciente quanto na instituição como, por exemplo, avaliação do profissional e para os cuidados prestados aos pacientes.

    O “Manual Internacional de Padrões de Acreditação Hospitalar” (BRASIL, 2006) explica a acreditação como um processo no qual uma entidade, em geral não-governamental, separada e distinta das instituições de saúde, avalia instituições de saúde para determinar se as mesmas atendem a um conjunto de requisitos concebidos para melhorar a qualidade do cuidado. A acreditação é geralmente voluntária. Os padrões de acreditação são em geral considerados ótimos e acessíveis. A acreditação possibilita um compromisso visível por parte da instituição em melhorar a qualidade do cuidado ao paciente, garantir um ambiente seguro e trabalhar continuamente para reduzir os riscos para pacientes e profissionais.

    Na terminologia do Ministério da Saúde (BRASIL, 2001a) Acreditação Hospitalar é o método de consenso, racionalização e ordenação das instituições hospitalares e, principalmente, de educação permanente dos seus profissionais, expressando-se pela realização de um procedimento de avaliação dos recursos institucionais, voluntário, periódico e reservado, que tende a garantir a qualidade de assistência por meio de padrões previamente estabelecidos.

    Acreditação é um processo formal pelo qual um órgão reconhecido, geralmente uma organização não-governamental (ONG) avalia e reconhece que uma instituição da saúde atende a padrões aplicáveis, predeterminados e publicados. Uma decisão de acreditação de uma instituição de saúde especifica é feita após uma avaliação periódica in loco por uma equipe de avaliadores composta por pares, geralmente realizada a cada dois ou três anos. A acreditação é geralmente um processo voluntário no qual instituições decidem participar, em vez de ser decorrente de imposição legal ou regulamentar (ROONEY & OSTENBER, 1999).

    A criação de uma metodologia única auxiliou no aceleramento do processo de disseminação do projeto e acumulou experiências de diversas regiões do país. Além disso, adaptou à realidade nacional todos os procedimentos e não simplesmente copiou um modelo adotado na Europa e na América do Norte, criando assim, um modelo genuinamente brasileiro e equiparado com as nossas características e estratégias de implantação (MEZOMO, 2001).

    Segundo Brasil (2001b) a Organização Nacional de Acreditação (ONA), criada em maio de 1999, é o órgão regulador e credenciador do desenvolvimento da melhoria da qualidade da assistência à saúde em âmbito nacional. O modelo de manual da ONA utiliza três níveis de padrões de avaliação, nível I, nível II e nível III, que vai do mais simples ao mais complexo, incluindo a descrição de critérios, que devem se cumpridos integralmente por todos os serviços e departamentos, para que seja aceita a conformidade institucional. Abaixo segue a determinação de cada nível.

    Os objetivos principais da Acreditação Hospitalar são melhorar a qualidade dos cuidados aos pacientes e acompanhantes e proporcionar um ambiente livre de riscos para todos aqueles que circulam no Instituto, dentro de padrões de excelência reconhecidos internacionalmente (HORTALE et al., 2002).

    Rooney e Ostenberg (1999) seguem argumentando que alternativamente, os padrões podem ser agrupados por departamentos ou serviços dentro de uma instituição de saúde, como serviços de enfermagem, farmácia e radiologia. Os principais objetivos da acreditação são: Melhorar a qualidade dos cuidados da saúde estabelecendo metas ótimas a serem atingidas ao se alcançar os padrões para organizações de saúde; Estimular e melhorar a integração e o gerenciamento dos serviços de saúde; Reduzir os custos dos cuidados da saúde enfocando ou aumentando a eficiência e efetividade dos serviços e fortalecer a confiança do publico na qualidade dos cuidados á saúde; e reduzir os riscos associados a lesões e infecções.em pacientes e membros do quadro de pessoal.

    Para ser acreditado, o estabelecimento de saúde passa por uma avaliação feita por uma organização independente, a instituição de saúde manifesta seu interesse em ser avaliada pela Instituição acreditadora credenciada (IAC) e aguarda a proposta para a Avaliação Diagnóstica, a IAC deve ser credenciada pela ONA. O processo é voluntário e pode ser desenvolvido pelo próprio hospital, depois de um diagnóstico preliminar. Ao final do processo, deve-se atender aos padrões de qualidade definidos para cada área de trabalho, agrupados em três níveis e publicados em manuais elaborados em parceria pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e a ONA (BRASIL, 2006).

    O processo de acreditação é definido no Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar (BRASIL, 2001a), tem sua origem na preocupação com as conseqüências advindas de eventuais falhas nos processos envolvidos na prestação de serviços: registro médico realizado em prontuário de outro paciente, troca de equipamentos, qualificação profissional inadequada, etc. Esses eventos podem ser prevenidos desde que os serviços de saúde avaliem seu desempenho e monitorem seus processos, o que nem sempre ocorre. Assim sendo, o estabelecimento de padrões a serem seguidos, desenvolvidos inclusive com a participação dos usuários, vem sendo aprimorado constantemente.

    A incorporação da gestão da qualidade nas organizações prestadoras de serviço de saúde é um fator essencial para a sua sobrevivência e evidencia a necessidade dos profissionais refletirem, reverem seus valores e as questões teóricas que asseguram as boas práticas no processo de trabalho (LABBADIA et al., 2004).

    O nível de qualidade e o nível de satisfação são influenciados pela qualidade técnico-científica dos profissionais, tipo de atendimento, acesso e organização dos serviços, ratificando o conceito de qualidade que se baseia no equilíbrio da tríade estrutura, processo e resultado de um sistema (FELDMAN et al., 2006).

    Considera-se um estabelecimento assistencial de saúde acreditado quando este se encontra em conformidade com os padrões de acreditação, pressupondo-se que a conformidade com estes padrões é uma assistência de boa qualidade. O Processo de acreditação busca conduzir os serviços a elevação progressiva do nível de qualidade institucional (RODRIGUES, 2004).

    Os padrões mínimos de qualidade, geralmente são relacionados ao licenciamento e à regulação exigida legalmente pelas entidades governamentais, enquanto os padrões baseados no desempenho melhor possível são aqueles relacionados ao melhor nível que pode ser alcançado naquele momento considerando os recursos disponíveis (QUINTO NETO, 2000).

    É importante ressaltar que a acreditação hospitalar não é imposta pelo governo e sim solicitada pelo próprio hospital ou instituição de saúde. O hospital ou serviço de saúde que recebe o certificado de acreditação tem sua imagem melhorada perante a opinião pública e a imprensa, fortalecendo a confiança da comunidade. Caso o serviço de saúde não seja acreditado, receberá o relatório contendo os itens não atingidos e poderá solicitar nova visita após um ano, caso mantenha-se no processo (FELDMAN et al., 2006)

    Feldman e colaboradores (2006) ainda observam que dentre as principais vantagens da acreditação, é possível citar as seguintes como: a segurança para os pacientes e profissionais, a qualidade da assistência, desenvolvendo assim uma melhor construção de equipe e melhoria contínua. Pode-se utilizar ainda a acreditação como um instrumento de gerenciamento, identificada como critério e objetivos concretos adaptados à realidade brasileira, isto é um bom caminho para a melhoria contínua.

    A qualidade no campo hospitalar somente se completa através da ação humana, responsável pela organização do trabalho que influencia diretamente as práticas de saúde. Neste sentido, Mezomo (2001) reforça que o grande diferencial das instituições de saúde está cada dia mais centrado na qualidade do pessoal e no desempenho profissional de seus recursos humanos. A tecnologia e a estrutura das organizações podem significar pouco, caso os profissionais não estejam comprometidos e envolvidos em meio às necessidades dos clientes. Com efeito, as instituições estão redescobrindo o sentido do trabalho das pessoas e estão percebendo a importância do reconhecimento do profissional, da educação continuada e do conhecimento da missão.

    Assim sendo, diante da necessidade evidente de melhorar a qualidade dos serviços de saúde, esta pesquisa pretende responder o seguinte problema: Qual a importância da Acreditação Hospitalar e sua contribuição para a qualidade da assistência segundo publicações consultadas?

Materiais e métodos

    Este artigo é do tipo revisão integrativa assim, ele tem a finalidade de agrupar e sintetizar os resultados de pesquisas sobre o tema delimitado, acreditação hospitalar, de maneira ordenada e sistemática, tornando um instrumento para o aprofundamento do saber a respeito do tema investigado, possibilitando o resumo analítico de múltiplos estudos publicados e conclusões gerais a respeito desta área particular área de estudo (MENDES et al., 2008).

    Para realizar esta revisão, foram utilizadas as seguintes etapas sequenciais metodológicas: estabelecimento do objetivo do trabalho na revisão integrativa, estabelecimento dos critérios para a seleção da amostra (inclusão e exclusão), definição dos dados e informações a serem extraídas dos artigos selecionados, análise dos resultados adquiridos para posterior apresentação e discussão dos resultados (URSI & GALVÃO, 2006).

    O artigo foi desenvolvido por meio de uma busca online das produções científicas nacionais sobre acreditação hospitalar, no período de 1998 a 2010. O corte deste estudo é justificado a partir das considerações de Novaes e Bueno (1998) que afirmam, em seu estudo, que o governo Brasileiro iniciou no ano de 1998 o processo de acreditação hospitalar através da criação da ONA, assim sendo não se justifica pesquisas anteriores a este ano.

    A captura dessas produções foi processada por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), sendo utilizadas as bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Estabeleceram-se como critérios para a seleção da amostra: artigos publicados no Brasil, no período de 1998 a 2010 e a apresentação explícita dos descritores acreditação e enfermagem simultaneamente no título do trabalho e/ou objetivos. Os descritores utilizados na busca nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) foram “acreditação” e “enfermagem”. Limitou-se a esses, pois, ao associar um terceiro descritor os artigos eram escassos, impossibilitando uma pesquisa aprofundada.

    Inicialmente, ao utilizar o descritor acreditação obtiveram-se 56 resumos de artigos na base de dados LILACS e 23 no SciELO. Posteriormente, refinando-o com o descritor Enfermagem e utilizando os critérios de inclusão, encontraram-se 13 artigos.

    A seguir, procedeu-se a leitura dos artigos com o objetivo de evidenciar e delimitar o que se faz indispensável para a obtenção deste estudo. Para isso, considerou-se a temática apresentada no seu enquadramento dos critérios previamente estabelecidos, e a aderência ao objetivo proposto. Ao final estes 12 artigos foram incluídos no estudo, pois um é de língua estrangeira.

Resultados e discussões

    Para análise dos mesmos foram utilizadas a variáveis relacionadas a estado de publicação, locais de realização da pesquisa (Hospitais, Unidades Básicas de Saúde, Centros de Saúde e Centros Acadêmicos) e a metodologia que foi utilizada nas pesquisas (revisão de literatura, quantitativa e qualitativa).

Tabela 1. Classificação das publicações sobre acreditação pesquisadas do ano de 1998 a 2010

    No presente estudo, notou-se que 5 (42%) dos estudos foram publicados no estado de São Paulo, 3 (24%) estudos foram publicados no estado do Rio Grande do Sul, 2 (16%) dos estudos foram publicados no estado do Rio de Janeiro, seguidos de 1 (8%) estudo publicado no estado de Minas Gerais e 1 (8%) no estado de Santa Catarina.

    Em relação ao ambiente de realização da pesquisa, 8 (67%) dos estudos foram realizados no ambiente Hospitalar, 3 (25%) dos estudos abordaram um ambiente que se aplica a qualquer ambiente de saúde e curiosamente 1 (8%) estudo teve cunho acadêmico, avaliando a aplicação da disciplina de acreditação em ambientes acadêmicos.

    O método de análise temática possibilitou analisar, interpretar e agrupar os dados semelhantes. Desse agrupamento emergiram dois temas: Tema 1 – Justificativas para a implantação da acreditação; Tema 2 – Contribuições da acreditação para os serviços de saúde.

Justificativas para a implantação da acreditação

    Cerca de 24% dos autores atribuem na mudança do jeito de produção para atender os mercados, principalmente financeiro. Um dos primeiros autores relata que há mais de uma década, os serviços de saúde dos países desenvolvidos estão sob forte pressão, não apenas pelo aumento dos custos, mas principalmente pelas enormes injustiças dos sistemas de saúde que não conseguem proporcionar um acesso eqüitativo. O grande desafio que se impõe na atualidade reside na busca de um equilíbrio entre forças de mercado e as necessidades sociais, conjugando um composto de ações e atividades que possibilitem uma melhoria dos serviços de saúde, que devem ser prestados com equidade e custo socialmente aceitável (QUINTO NETO, 2000).

    Agregando a esta preocupação com a produção, Adami e colaboradores (2006), afirmam em seu estudo que o momento atual é permeado por imensas transformações dentre as quais destacam-se a globalização da economia, o custo crescente dos serviços, o aumento de tecnologias e progresso da ciência, os avanços da informática, a produção e difusão de conhecimento técnico-científico.

    E fechando o eixo deste grupo, há relatos também que a transposição de um modelo concebido para a indústria americana ou japonesa para a realidade empresarial brasileira necessitou de várias adaptações, como um profundo conhecimento a respeito das diferenças, vantagens e desvantagens e sua real aplicabilidade (SCHIESARI, 1999).

    Completando a análise anteriormente descrita, cerca de 76% dos autores demonstram que a justificativa da implantação da acreditação está na melhoria dos processos gerenciais e assistenciais. Como primeiro autor para evidenciar tal afirmação usamos Matos e colaboradores (2006) que afirmam que desde o seu surgimento, os hospitais vêm passando por diversas mudanças, visando principalmente à melhoria da qualidade da assistência. Grandes avanços tecnológicos ocorreram e paralelamente a esses, novas formas de reorganização e reestruturação se fizeram necessárias nessas instituições.

    Agregando ao eixo anterior, Quinto Neto (2000) afirma que uma série de novos fatores presentes na sociedade atual vem provocando significativas modificações, entre as quais destaca-se o papel determinante que o cidadão/cliente vem assumindo. Um segundo aspecto, também fundamental, encontra-se representado pelo fatalismo da competição e da noção de transitoriedade permanente, dado pela busca incessante da melhoria contínua, da sobrevivência institucional e da satisfação do cliente.

    Labbadia e colaboradores (2004) agregam ao eixo afirmando que a criação de instrumentos destinados à melhoria da qualidade da assistência na saúde tornou-se um fenômeno universal, deixando de ser um mero conceito teórico para ser uma realidade cuja essência é garantir a sobrevivência das empresas e dos setores de produção de bens e serviços. Ainda segundo essa autora e colaboradores, a avaliação constitui um pilar fundamental de garantia da assistência na saúde e é entendida como sendo um instrumento da gestão de serviços de saúde necessário para mensurar os esforços da organização, qualidade dos serviços prestados, bem como sua utilidade e relevância social.

    Exemplificando, ainda mais o eixo da qualidade assistencial, Rocha (2007) argumenta que dentre as diretrizes políticas que estão sendo consolidadas pelo cenário nacional está a transformação dos sistemas de saúde brasileiros, que vem passando por mudanças ou contexto sócio-econômico. Perante essa nova realidade, os gestores em saúde, atualmente, estão tendo outro olhar para o processo de produção da assistência médico-hospitalar devido à escassez de recursos nessa área. Constata-se a necessidade da utilização desses recursos de maneira eficaz sem, no entanto, permitir uma quebra da qualidade na assistência.

    Outro autor que se encaixa na temática abordada é Quinto Neto (2000) afirmando que os sistemas de acreditação se colocam como uma referência de garantia da qualidade assistencial para a sociedade como um todo, uma vez que exibem uma indicação objetiva que as organizações de saúde se encontram em conformidade com determinados padrões, fato menos provável a ocorrência de erros e resultados adversos que prejudicam os usuários e criam uma situação de insegurança na população em geral da organização e de seus objetivos e metas, tudo em busca de melhorias contínuas.

Contribuições da acreditação para os serviços de saúde

    Nos artigos estudados, 87% dos autores afirmam que a contribuição da acreditação está na mudança do jeito de prestar assistência em saúde e que tal fato proporciona mudanças comportamentais na equipe de saúde. Assim, de acordo com Bonato (2007), o programa de Acreditação contribui para que ocorra uma mudança progressiva e planejada de hábitos. Com isso, os profissionais serão estimulados a participar do processo que visa à mobilização e criação de metas objetivas, com intuito de garantir melhoria na qualidade da assistência prestada. Reforçando a idéia apresentada, Porto e Rego (2005) alertam para a existência de um movimento direcionado à garantia da qualidade com destaque na valorização do aspecto humano, no sentido de oportunizar melhorias das relações humanas, maior envolvimento e comprometimento das pessoas e dos padrões éticos de atendimento que almejam a satisfação e o acompanhamento das necessidades humanas.

    Nesse foco, Neto e Bittar (2004) apontam que a qualidade é um processo de transformação do trabalho e do comportamento das pessoas no sentido da melhoria dos procedimentos e dos resultados da instituição. Assim, essas conquistas apenas serão possíveis por meio de capacitação coletiva, buscando tornar o trabalho mais significativo. Esse mesmo autor ressalta que as organizações hospitalares ao focarem a qualidade do atendimento e a melhoria contínua, associado a uma profunda mudança cultural, treinamento em liderança e educação continuada de todos os níveis funcionais, poderiam atender melhor seus clientes.

    De modo enfático, Mezomo (2001) aborda o papel dos profissionais ressaltando que ninguém fará a produção da qualidade se antes não estiver convencido de sua validade, e ninguém se convencerá se antes não tiver o claro conhecimento do porquê de sua ação.

    Agregando ainda mais para o eixo, Mezomo (2001) reforça que é imprescindível o envolvimento das pessoas na gestão da qualidade. Para que isso aconteça é fundamental, em primeiro lugar, fortalecer as pessoas pela educação continuada e capacitação permanente, pois só assim os funcionários terão segurança e senso crítico, serão criativos e avaliarão melhor os processos, dando-lhes mais eficácia, e garantirão os resultados previstos. A segunda medida necessária é o preparo das pessoas para o trabalho em equipe, o que aumenta o compromisso recíproco, incentiva a produtividade e gera um elevado nível de satisfação.

    E, por fim, a terceira medida que contempla além das duas primeiras já mencionadas, a necessidade das pessoas conhecerem de forma clara a definição da missão da organização, bem como os princípios por ela adotados (ANTUNES, 2002).

    Assim, de acordo com Dutra (2004), determinadas medidas de acreditação farão nascer a motivação verdadeira para o trabalho e a solidariedade das pessoas com a organização, pilares importantes para a conquista dos objetivos institucionais. Dutra (2004) ainda agrega que as organizações modernas estão cada vez mais preocupadas em direcionar os investimentos no desenvolvimento humano, de modo que eles agreguem valores para a pessoa e para a empresa.

    Além do mais, o mesmo autor afirma que essas pessoas atuam como agentes de transformação de conhecimentos, habilidades e atitudes para a instituição. Cabe ressaltar o entendimento de agregação de valor como algo que a pessoa entrega para a instituição de forma efetiva e que fica, mesmo quando a pessoa sai da organização. Assim, a agregação de valor não é como uma meta de faturamento ou de produção, mas a melhoria de um processo ou a introdução de uma nova tecnologia (DUTRA, 2004).

    O restante do universo de estudo, 13% dos autores, falam que a contribuição da acreditação está na diminuição de erros. Assim pegamos como exemplo Hortale e seus colaboradores (2002) onde salientam que, de acordo com o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar (BRASIL, 2001a) a acreditação não tem como objetivo ser uma auditoria responsável por habilitações institucionais, papéis estes que cabem ao governo. Ela serve para antecipar-se e evitar que problemas aconteçam, regulando a qualidade dos serviços de saúde, levando em consideração que os parâmetros de avaliação se modificam ao longo do tempo, tanto que a certificação concedida tem validade de três anos, sendo necessário, findado esse período, a requisição de uma nova visita de avaliação.

Considerações finais

    A Acreditação Hospitalar é uma avaliação externa que determina se o serviço contempla padrões previamente estabelecidos, refere-se à qualidade da assistência prestada, partindo da premissa que os serviços de saúde devem ser locais seguros para a prática da saúde.

    A nova filosofia de administração centrada na busca de melhorias privilegia o trabalho em equipe, a manutenção das pessoas nas empresas, o respeito e o valor de quem produz, crescendo, assim, a consciência de que os profissionais são o cerne da gestão da qualidade, ao passo que sem eles não é possível atender às expectativas e necessidades dos clientes que estão cada vez mais exigentes.

    Nos dias de hoje, para obter qualidade, não é suficiente exercer quaisquer atividades da melhor maneira possível. Com a globalização, cresceu a importância da produtividade. Logo, como resultado, exige-se muito mais das pessoas e das organizações, o que transformou a qualidade em matéria aplicada. Qualidade é, no presente momento, uma ciência que utiliza conhecimentos de matemática, estatística, pesquisa, lógica, informática, administração, finanças, psicologia e outros mais. Entretanto, entre os que aplicam essa nova metodologia, se distinguirão àqueles que também a exercem com arte, isto é, com sensibilidade, talento, perspicácia, devoção e fé. A Acreditação Hospitalar torna este processo um instrumento de guia para a instituição de saúde.

    O presente estudo mostrou que as publicações se norteiam pela rede hospitalar e por seu um processo novo no Brasil os estudos são escassos e ainda tendem a verificar nível de conhecimento, ficando poucos trabalhos com análise de impacto.

    A busca pela excelência nas ações aparece como condição essencial nos dias atuais. Atender os anseios dos clientes superando suas expectativas torna-se prioridade para as organizações. Logo, qualidade consiste em alcançar os resultados desejados pela empresa e simultaneamente encantar àqueles que consomem nossos produtos e/ou serviços. Assim sendo um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, acessível, segura e no tempo certo, às expectativas do cliente.

Referências

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