Perfil de usuários idosos em uma Unidade de Saúde da Família em Vila Velha, ES: atividade física, alimentação saudável e qualidade de vida em questão Perfil de personas mayores que utilizan una Unidad de Salud de Familia en Vila Velha, ES: actividad física, alimentación saludable y calidad de vida en cuestión |
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*Preceptor do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde **Acadêmica/o do Centro Universitário Vila Velha Monitor/a do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde ***Professora do Centro Universitário Vila Velha Tutora Acadêmica do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde (Brasil) |
Ronaldo Pereira do Nascimento* Bárbara de Souza Monteiro** Jarbas Gomes Marçoli** Maycon Vieira Fidelis** Vitor Freitas Moraes** Bruno Fonseca Simões** Sayonara Jeane Santana Souza** Denise Coutinho Endringer*** Kalline Pereira Aroeira*** |
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Resumo Esta pesquisa busca identificar o perfil de idosos atendidos por uma Unidade de Saúde em Vila Velha – Espírito Santo, em relação à prática de atividade física e sistematizar orientações sobre o controle da hipertensão arterial sistêmica no que se refere à discussão sobre a prática da atividade física relacionada a uma alimentação saudável e a qualidade de vida. O delineamento do estudo é não-experimental, do tipo exploratório ou descritivo, recorrendo a uma amostra não probabilística por adesão, com um número de trinta e seis sujeitos, participantes por adesão voluntária. Os dados foram coletados por meio do Questionário Internacional de Atividade Física, e os dados foram organizados e analisados por meio do programa Epi Info® versão 3.5.3 de 2011. Verificou-se que a população estudada é composta em sua maioria por mulheres com média de idade de 60,8 anos, e que não possuem atividade remunerada, com condicionamento físico classificado como insuficientemente ativo, não sendo identificado nenhum participante sedentário. Unitermos: Idoso. Atividade física. Qualidade de vida.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Neste estudo buscamos diagnosticar o perfil de participantes do Projeto “Barra Um Lugar ao Sol”, destinado à prática de atividades físicas para idosos, sob orientação de um profissional de educação física. Esta atividade é oferecida pela Unidade de Saúde da Família (USF) da Barra do Jucú, do município de Vila Velha – ES.
Segundo Freitas e Kopiller (2006), a relação de importância da prática de atividade física decorre do efeito benéfico de queda de pressão arterial por até 20 horas após a realização de exercícios aeróbicos de intensidade moderada, com duração entre 30 a 60 minutos, e que se estende durante, também, o repouso desse idoso.
Além disso, a ênfase dada para as mudanças nos hábitos alimentares, e a prática de atividades físicas regulares assume papel importante na prevenção e tratamento da hipertensão arterial, evitando possíveis complicações secundárias (FREITAS et al., 2002; THOMPSON, 2004; SPIRDUSO; CRONIN, 2001).
Nesse contexto, a realização desta pesquisa deve-se a necessidade de se verificar como se caracteriza o público idoso em relação à mudança de hábitos do cotidiano em prol da melhoria da qualidade de vida, principalmente da realização de exercícios físicos, fator que conforme o American College Sports Medicine (ACSM) apresenta benefícios especialmente aos hipertensos (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; ARMSTRONG, 2011). Uma única sessão de exercício físico prolongado de baixa ou moderada intensidade provoca queda prolongada na pressão arterial, no período pós-exercício (NEGRÃO; RONDON, 2009).
Diante disso, este trabalho ao diagnosticar como se encontra o público idoso em relação a essas questões, poderá subsidiar a realização de intervenções com o idoso relacionado a projeto com atividade física em comunidade, considerando a ampliação da qualidade de vida dos sujeitos envolvidos e a proposição de novas ações, contemplando a atividade física no âmbito de unidades de saúde da família.
Metodologia
O delineamento da pesquisa é não-experimental, do tipo exploratório ou descritivo, pois nesse tipo de estudo, tem-se como objetivo a busca de informações apuradas a respeito de sujeitos, grupos, instituições ou situações, a fim de caracterizá-los e evidenciar um perfil (BREVIDELLI; DOMENICO, 2006).
A amostra caracteriza o tipo não probabilístico por adesão, delimitando-se a uma amostra de 36 participantes, que aderiram à pesquisa voluntariamente, conforme a concordância de participação no estudo. Os critérios de inclusão na pesquisa foram: ser participante do projeto “Vida Ativa na Melhor Idade”, ter participação voluntária e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), após orientação quanto aos objetivos e procedimentos da pesquisa. Os critérios de exclusão foram: participantes portadores de distúrbios psiquiátricos; sujeitos com comprometimento de memória, que prejudicasse a coleta das informações a serem investigadas; não aceitação do TCLE e participantes que estivessem inscritos no projeto, porém apresentassem ausência nas atividades práticas.
Antes de iniciar a coleta de dados, o projeto desta pesquisa foi submetido e aprovado no Comitê de Ética e em seguida foi apresentado para cada sujeito da pesquisa, momento em que o TCLE, foi apresentado em duas vias e entregue uma cópia a cada participante da pesquisa, após a assinatura do documento.
As informações foram obtidas por meio do Questionário Internacional de Atividade Física (QIAF-8a versão) aplicado pelos pesquisadores aos participantes do Projeto “Vida Ativa na Melhor Idade”, para avaliar o nível de atividade física. O QIAF é um instrumento desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde para possibilitar comparações internacionais, foi validado no Brasil, em 2000, pelo Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS) (MATSUDO, et al., 2001) e permite avaliar a freqüência, a intensidade e a duração em que a atividade física é realizada em nível populacional, e classificar os indivíduos em sedentários, insuficientemente ativos, ativos ou muito ativos.
Os dados foram processados no programa EPI-INFO 6.0410, para a obtenção de tabelas simples e cruzadas. Os participantes da pesquisa tiveram como benefícios: o acesso a um acompanhamento de dados sobre seus comportamentos relacionados à saúde (nutricionais e relacionados à prática de exercícios físicos e de atividade física). O estudo não causou riscos, exceto cansaço e incômodo proveniente do preenchimento do questionário.
Resultados
Após a coleta, os dados foram organizados por meio do programa Epi Info® versão 3.5.3 de 2011, pelo qual se obteve a seqüência de variáveis que seriam estudadas.
O grupo de sujeitos da pesquisa, foi composto de trinta e seis pessoas, sendo 88,9% do sexo feminino e 11,1% do sexo masculino, com idade média de 60,8 anos. Do total, 27,8% possuíam alguma ocupação remunerada ou faziam trabalhos voluntários fora de casa, ao passo que 72,2% não o faziam.
A maioria desta população utiliza veículos automotivos durante uma semana normal, sendo que apenas 16,7% não utiliza, e apenas 27,8% utiliza bicicleta como meio de transporte por pelo menos 10 minutos em uma semana normal.
Quanto ao nível de condicionamento físico, foi possível identificar um número considerável de pessoas (69,4%) insuficientemente ativas, sendo do tipo A 61,1% e do tipo B 8,3%. Já ativos do tipo B são apenas 2,8%, enquanto 27,8% são muito ativas (22,2% são do tipo A e 5,6% do tipo B).
Quando se relacionou a idade com o nível de condicionamento físico, foi possível identificar fatores como: o número de pessoas com 60 anos ou mais, que é classificado com um nível saudável de condicionamento para a sua idade (de ativo a muito ativo) foi de 26,0%, sendo 21,7% muito ativo tipo A e 4,3% muito ativo tipo B (tabela 6); o número de pessoas com idade menor de 60 anos comparado com acima de 60, não representa porcentagem estatisticamente significativa (23,1% são muito ativa tipo A e 7,7% são muito ativos tipo B).
Discussão e conclusões
Ao analisarmos os dados coletados através do questionário IPAQ, constatamos que a população estudada, é composta em sua maioria por mulheres com média de idade de 60,8 anos, que não possuem atividade remunerada, com condicionamento físico classificado como insuficientemente ativo, não sendo identificado nenhum participante sedentário.
O diagnóstico clínico de hipertensão baseia-se na presença persistente de pressão arterial alta em no mínimo três ocasiões. O grau de hipertensão relaciona-se à lesão no órgão alvo. Indivíduos com pressão arterial acima de 160/95 mmHg possuem índice de incidência anual de uma a três vezes maior para coronariopatia, insuficiência cardíaca congestiva, claudicação intermitente e acidente vascular cerebral do que os normotensos (PIERIN, 2004).
Quanto ao tipo de treinamento, destacam-se o aeróbio e o resistido, ambos quando respeitado a intensidade e o volume trazem benefícios diversos ao individuo hipertenso. O treino aeróbio tem se mostrado mais eficaz em reduzir a pressão arterial, quando trabalhado na zona de 50% a 70% do consumo máximo de oxigênio ou 50% a 70% da freqüência cardíaca de reserva. O treino resistido é situado na literatura como um complemento do treino aeróbio, pois há muitas restrições deste tipo de treinamento para indivíduos hipertensos e até de testes/pesquisas, porém seus benefícios tanto no sistema muscular quanto no sistema ósseo não podem ser desprezados (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; ARMSTRONG, 2011).
A atividade física reduz a mortalidade cardiovascular, independentemente da pressão arterial e de outros fatores de risco. Adicionalmente, existem fortes evidências de que exercícios físicos reduzem a pressão arterial. Recomenda-se a prática de exercícios físicos de intensidade leve ou moderada para prevenir a hipertensão arterial e para o controle da hipertensão já instalada (PIERIN, 2004).
Para garantir a segurança do exercício físico com pessoas hipertensas, é necessário que a intensidade seja controlada e apropriada para o indivíduo que inicia um programa de treinamento. Destaca-se que quando o exercício dinâmico é realizado em alta intensidade ele apresenta as mesmas características dos exercícios isométricos. Vale ressaltar que os exercícios estáticos ou isométricos, não são recomendados para este público, pois acarreta uma vaso constrição mecânica nos vasos sanguíneos envoltos pela musculatura exigida no exercício, o que ocasiona um aumento da pressão arterial tanto diastólica quanto sistólica (PIERIN, 2004).
Além da intensidade anteriormente citada, a freqüência semanal e duração por sessão dos exercícios físicos devem ser respeitados, quanto à freqüência, a literatura recomenda entre 3 e 5 sessões/semanais e de 30 a 60 minutos de duração por sessão. Salienta-se que uma freqüência maior do que 5 vezes por semana e uma duração maior que 60 minutos por sessão não trazem ganhos adicionais e aumentam o risco de lesões osteoarticulares (PIERIN, 2004).
Visto que a obesidade e sobrepeso estão diretamente associados a um risco de hipertensão, quando relacionado a uma alimentação sadia o exercício físico ajuda no controle do peso corporal, aumentando o gasto energético favorecendo assim a um dispêndio calórico total, sendo que a atividade física mesmo quando não há perda de peso, reduz o risco de doença cardiovascular em indivíduos obesos (PIERIN; SERAFIM; JESUS, 2010).
Por fim, verificamos que a atividade física oferecida duas vezes por semana, durante 60 minutos, é a única atividade física regular e relevante para a população estudada, o que contribui para o não sedentarismo, porém devido à freqüência inferior a três vezes semanais parece não influenciar na melhoria no condicionamento físico.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Ministério da Saúde pela participação no Programa Pet-Saúde e o auxílio financeiro disponibilizado por meio de bolsa aos pesquisadores; assim como à Coordenação Pet- Saúde – Departamento de Gestão da Educação na Saúde – Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, os quais ofereceram o suporte necessário para a realização deste projeto. Ao Centro Universitário Vila Velha e à Prefeitura Municipal de Vila Velha, especialmente a Unidade de Saúde da Barra do Jucu - ES, pelo fornecimento de infra-estrutura para a realização deste estudo. A todos os participantes voluntários da pesquisa pela confiança e por tornar este estudo possível.
Referências
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; ARMSTRONG, L. E. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
BREVIDELLI, M. M.; DOMENICO, E. B. L. Trabalho de conclusão de curso: guia prático para docentes e alunos da área de saúde. São Paulo: Iátria, 2006.
FREITAS, E.V., KOPILLER, D. Atividade Física no Idoso. In: FREITAS, E.V. et al. (Org.). Tratado de geriatria e gerontologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
FREITAS, O. C. et al. Prevalence of hypertension in the urban population of Catanduva, in the State of Sao Paulo. Arq Bras Cardiol, Brasil, v. 77, n. 1, p. 9–21, 2001.
MATSUDO, S. et al. Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ): estudo de validade e reprodutibilidade no Brasil. Rev Bras Ativ Fís Saúde n. 6, p. 5-18, 2001.
NEGRÃO, C. E.; RONDON, M. U. P. B. Efeito do treinamento físico no controle barorreflexo da atividade nervosa simpática e freqüência cardíaca em indivíduos portadores de hipertensão arterial. Incor: São Paulo – SP, 2009.
PIERIN, A. M. G; SERAFIM, T. S.; JESUS, E. S. Influência do conhecimento sobre o estilo de vida saudável no controle de pessoas hipertensas. ACTA: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP – São Paulo, 2010.
PIERIN, A.M. G. Hipertensão Arterial. Barueri, SP: Manole, 2004.
SPIRDUSO, W. W.; CRONIN, D. L. Exercise dose-response effects on quality of life and independent living in older adults. Medicine and Science in Sports Exercise, v. 33, n.6, p. S598-S608, 2001.
THOMPSON, P. D. O exercício e a cardiologia do esporte. Barueri, SP: Manole, 2004.
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