Os benefícios do treinamento resistido no controle da diabetes mellitus tipo 2 Los beneficios del entrenamiento resistido en el control de la diabetes mellitus tipo 2 |
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*Programa de Mestrado em Educação Física da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT-Lisboa/PT) Especialista em Educação Física com ênfase em Natação para Bebês (FACIMAB/BR) **Graduada em Nutrição (UFPA/BR). Graduada em Educação Física (UEPA/BR) ***Programa de Mestrado em Educação Física da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT-Lisboa/PT) Especialista em Fisiologia do Exercício (FIBRA/BR) Especialista em Educação Física com ênfase em Obesidade (FACIMAB/BR) |
Paloma Aguiar Ferreira da Silva Raiol* Priscyla Cristina de Oliveira Câmara** Rodolfo de Azevedo Raiol*** (Brasil) |
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Resumo A Diabetes Mellitus tipo 2 é uma doença crônica que acomete milhões de pessoas em todo mundo. Mesmo sendo uma doença incurável, a mesma é passível de controle. O Exercício Físico tem demonstrado através dos recentes trabalhos ser um fator adjuvante no tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2. O presente estudo tem por objetivo verificar a real importância do Treinamento Resistido, que é um tipo de Exercício Físico, no controle do Diabetes. Para tal foi realizada uma revisão da literatura com 32 trabalhos científicos entre os anos de 1990 e 2011. Podemos concluir que o Treinamento resistido mostrou-se muito eficiente no controle do Diabetes Mellitus tipo 2, sendo responsável tanto por melhoras diretas nos sintomas da doença quanto na melhoria da qualidade de vida do portador. Unitermos: Diabetes Mellitus tipo 2. Exercício resistido. Exercício físico.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O Diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença conhecida desde a antiguidade, onde teve suas primeiras documentações feitas por egípcios, que a descreveram como uma enfermidade que se caracterizava por uma abundante emissão de urina, onde o tratamento seria baseado em extratos de plantas (MOLENA-FERNANDES et al, 2005). Porém, foi o médico grego Arateus da Capadócia, no século II, quem denominou o termo “diabetes”, que segundo ele, era o derretimento da carne e dos membros para a urina. Já por volta dos séculos V e VI, médicos da Índia, mencionaram que a urina de pacientes com diabetes era adocicada, fato comprovado pela observação de formigas, que eram atraídas pela urina destes pacientes (FIGUEROLA, 1990).
Considerada como uma doença crônica, a diabetes se caracteriza como um aumento de glicose na corrente sanguínea devido a Insulina (hormônio responsável pela absorção de glicose pelas células) deixar de ser produzida pelo pâncreas, ou produzida de forma insuficiente (WIDMAN; LADNER, 2002). Não existe cura para o DM2, sendo a mesma, uma das principais doenças que afeta a humanidade atualmente. Nas últimas décadas, a incidência do DM2 vem crescendo de maneira alarmante em quase todos os países, devido ao seu impacto econômico e ao aumento exponencial de sua prevalência (SARTORELLI; FRANCO, 2003).
Entre os tipos de diabetes, o DM2 é o de maior incidência, responsável por aproximadamente 90% dos casos (OPAS, 2003). Antigamente, o DM2 acometia principalmente idosos e pessoas de meia idade, porém, o número de casos de DM2 tem crescido consideravelmente em grupos mais jovens, incluindo crianças e adolescentes (WHO, 2003).
Os fatores predisponentes ao aparecimento do DM2 são: Obesidade, hábitos alimentares, hereditariedade, sedentarismo e stress. Com exceção da hereditariedade, todos os outros fatores podem ser prevenidos e/ ou controlados por uma dieta adequada e pela prática de atividade física regular (SBD, 2003).
Sendo assim, o emprego do exercício físico no controle do diabetes continua sendo indicado, e muitas pesquisas já concluídas confirmaram sua eficácia no mecanismo de redução da hiperglicemia e de outros fatores associados com a doença, favorecendo a entrada de açúcar (glicose) no músculo em atividade e até mesmo em repouso. (SANTARÉM, 2008).
Para Santarém (1998) o exercício promove alterações paralelas que são altamente desejáveis em um indivíduo diabético, tais como: aumento do gasto calórico, diminuição do peso corporal, redução da pressão arterial, aumento da capacidade aeróbica, aumento dos níveis sanguíneos de HDL, e diminuição do stress, além de melhorar o aproveitamento da insulina e ainda diminuir os riscos de doenças cardiovasculares.
Raiol e Raiol (2011), afirmam que o exercício interfere na homeostase na fase de recuperação, onde á uma interferência no gasto energético pós-exercício. Onde, quanto mais intenso e mais prolongado o exercício, maior será o gasto calórico.
Dessa forma, o seguinte estudo tem como objetivo descrever os mecanismos etiológicos e fisiológicos do DM2 e a influência do Treinamento Resistido (TR), delineando as causas para o desenvolvimento da DM2, averiguando as complicações agudas e crônicas do DM2 fazendo uma correlação do exercício resistido com o diabético.
Para isso, foi feito um levantamento bibliográfico de 32 trabalhos científicos situados na literatura entre os anos de 1990 e 2011.
Revisão de literatura
Fatores de risco e possíveis complicações da Diabetes Mellitus tipo 2
Para Campos (2001) a interação da obesidade e hiperglicemia tem levado ao aumento do DM2 em todo mundo.
Entre os indivíduos obesos, observa-se maior intolerância à glicose e resistência a insulina, principalmente nos tecidos periféricos, refletindo em reduções do número de receptores, o que favorece o aparecimento do diabetes (GUEDES, 2003). Para Duarte et.al (2005) a resistência à insulina é a inabilidade da mesma em produzir seus efeitos biológicos nas concentrações normais, e o prolongamento desta disfunção, acrescido ao processo de hiperglicemia levam a uma espécie de “exaustão pancreática” que desencadeia o DM2.
O DM2 ou não insulinodependente manifesta-se em indivíduos com obesidade leve com o risco de surgimento de 2,9 vezes a mais que nos não obesos. Este risco aumenta para 5 vezes a mais em casos de obesidade moderada e 10 vezes a mais em pessoas obesas mórbidas (GUEDES, 2003), dessa forma, nota-se que a taxa de incidência de DM2 está relacionada à duração e ao grau de obesidade. A prevalência do DM2 e da Intolerância à Glicose na população urbana brasileira é de 15,4%. Assim, estima-se a existência de oito milhões de brasileiros que necessitam de orientações específicas para o planejamento e mudanças de hábitos alimentares e no estilo de vida (SEYFFARTH; LIMA; LEITE, 1999).
Segundo Mahan e Escott-Stump (2005) os fatores de risco para o DM2 englobam os genéticos e ambientais, como por exemplo, história familiar de diabetes, idade avançada, obesidade, inatividade física, diabetes gestacional, homeostase deficiente de glicose, raça e etnia. A adiposidade total e uma duração mais longa de obesidade são fatores de risco estabelecidos para DM2.
Alguns dos princípios básicos para o tratamento do DM2 são: a dieta, os exercícios físicos regulares e a educação em saúde. Este tipo de diabetes é caracterizado por sobrepeso ou obesidade, resistência à insulina e hiperinsulinismo, especialmente quando se apresenta no início (ALBRIGHT e cols., 2000).
Foi observado que os níveis de insulina caem e o risco de hipoglicemia induzida pelos exercícios, nos portadores de DM2 é pequeno, mesmo durante as atividades físicas prolongadas. A prática regular de exercícios físicos faz com que haja uma melhora da sensibilidade à ação da insulina. Com isso, a captação de glicose periférica torna-se maior do que a produção hepática e assim os níveis de glicose tendem a diminuir (SEYFFARTH; LIMA; LEITE, 1999).
A prioridade para indivíduos com DM2 é dotar estratégias de estilo de vida que melhorem as anormalidades metabólicas associadas de glicemia, dislipidemia e hipertensão (ADA, 2002).
São estratégias de estilo de vida independentes da perda de peso que podem melhorar a glicemia, a redução da ingestão de energia, a monitoração das porções de carboidratos, o limite do consumo de gorduras saturadas e o aumento da atividade física que devem ser executadas logo após o diagnóstico de DM2 ser feito (FRANZ et al., 2002).
Segundo o ACSM (2003) a DM2 pode gerar inúmeras complicações ao indivíduo portador dessa patologia. Essas doenças aparecem de forma oportunista podendo causar enormes danos ao diabético. Doenças como:
Hipoglicemia que é a complicação aguda mais frequente no tratamento do diabetes. Esta se refere ao estado patológico produzido pela quantidade de açúcar (glicose) no sangue menor que a normal. (ESCOTT-STUMP, 2005).
Cetoacidose diabética é o resultado de um estado de grave deficiência de insulina, sendo a principal causa de hospitalização e mortalidade precoce por diabetes. (NASHIMURA et al, 2001).
Dislipidemias, que são alterações nas frações das lipoproteínas do plasma, estando entre os mais importantes fatores de risco da doença cardiovascular aterosclerótica. (DUARTE, 2005; MARTINS; MARUCCI; CERVATO, 1996).
A Hipertensão, que é o aumento constante da pressão arterial. (CRYER et al, 2003).
Nefropatia refere-se à danificação dos pequenos vasos sanguíneos dos rins. (DANEMAN, 2001)
Retinopatias, que São lesões que aparecem na retina, podendo causar pequenos sangramentos e, como consequência, a perda da acuidade visual. (CAMPOS, 2001).
Neuropatia é uma lesão neurológica que envolve amplamente todo o sistema nervoso periférico nos seus componentes sensitivo-motor e autonômico. (SCHIE, 2005).
Exercício resistido e o DM2
A prática regular de atividade física há muito tempo vem sendo recomendada para a prevenção e reabilitação de inúmeras doenças, por distintas associações de saúde do mundo inteiro, como: American College of Sports Medicine, American Heart Association, os Centers for Disease Control and Prevention, Sociedade Brasileira de Cardiologia, dentre outras.
Atualmente é unanimidade entre os estudiosos, que programas de exercícios físicos são ótimos e bastantes úteis no tratamento e reabilitação de várias disfunções crônicas - degenerativas, dentre elas o diabetes mellitus. (SOUZA; RAIOL, 2011)
De acordo com Ciolac e Guimarães (2004), a prática regular do TR apresenta efeitos benéficos na prevenção e tratamento do indivíduo diabético. Vários estudos apontam que o sedentarismo (falta de atividade física) é um fator de risco tão importante quanto à dieta inadequada e a obesidade no desenvolvimento da DM2 (OPAS, 2003). Sendo assim, o tratamento do diabético, não deve ser algo exclusivo de médicos, e sim feito por uma equipe multiprofissional, como: enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e profissionais de Educação Física.
Guedes e Guedes (2003) observou que o treinamento resistido, além de ajudar no controle glicêmico e na sensibilidade a insulina, traz múltiplos benefícios na qualidade de vida do diabético e, por isso, deve fazer parte do estilo de vida desta população. Logo, o DM2 por ser considerada uma doença metabólica que traz consequências gravíssimas se mal tratada, devendo ser incorporada a rotina diária do diabético a prática de exercícios físicos, mais especificamente o TR. (GRAVES; FLANKLIN, 2006).
Uma das principais adaptações que o TR promove pode ser observada no tecido muscular que sofre um aumento de sua secção transversa denominada Hipertrofia (MARCHAND, 2003) que, por sua vez, promove um aumento do metabolismo de repouso, que é responsável por 60% a 70% do gasto energético total, contribuindo para a perda de peso, e diminuição do risco de desenvolver DM2 (CIOLAC; GUIMARÃES, 2004).
Taskinen (2002) ressalta que a contração muscular aumenta o transporte da glicose independentemente da insulina, onde seu efeito relaciona-se com a presença da GLUT-4.
O TR promove aumento na utilização de glicose e ácidos graxos livres intramusculares e extramusculares para o fornecimento de energia. O nível de aumento atingido, bem como a proporção de utilização de cada substrato, está diretamente relacionado com a intensidade e duração do exercício, sendo influenciado também pelo estado de saúde, nutricional e de treinamento do indivíduo (ZINMAN, 2003).
O TR sem sombra de dúvidas pode trazer vários benefícios para o diabético, tais como: redução dos riscos cardíacos, redução da gordura corporal, aumento da força, flexibilidade e massa muscular, diminuição da pressão sangüínea de repouso, aumento da sensibilidade à insulina, melhora do controle glicêmico, além de benefícios psicológicos decorrentes da melhora da sensação de bem-estar e da qualidade de vida. (FISCHER, 2006)
É importante ressaltar que ao se iniciar o TR, deve-se levar em conta o conceito de progressão, que é um importante princípio do TR, assim como a sobrecarga progressiva, especificidade e variação. Com todas essas variações nos componentes de treinamento, existe uma infinidade de programas que podem ser planejados, e se o mesmo estiver fundamentado em princípios científicos sólidos, ocorrerão respostas positivas ao indivíduo diabético, pois o tipo de treinamento para essa população em nada difere a população não diabética (FLECK; KRAEMER, 2006).
Conclusão
O DM2 é considerado uma doença crônica caracterizada pelo aumento da glicose na corrente sanguínea, sendo uma doença que não possui cura, porém esta pode ter TR como fator adjuvante no tratamento e controle do DM2.
O TR promove a elevação da sensibilidade dos tecidos à insulina e, o consequente retardamento da progressão das complicações do DM2. Além disso, esta atividade proporciona o aumento do fluxo sanguíneo muscular, o que facilita a ação da insulina e captação da glicose, onde estas adaptações reduzem a resistência vascular melhorando o fluxo sanguíneo e ocasionado um maior transporte de glicose e lipídios para o metabolismo dos tecidos.
Portanto podemos concluir que o TR apresenta-se como um eficiente meio profilático no controle e tratamento do DM2, pois, além de ajudar no controle glicêmico e na sensibilidade a insulina, este exercício gera inúmeros benefícios na qualidade de vida do diabético, sendo assim, é aconselhável inseri-lo ao dia-a-dia desta população.
Referências
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