Diferença nos resultados dos testes de consumo de oxigênio em atletas de futebol utilizando protocolos de análise direta e indireta La diferencias en los resultados de los test de consumo de oxigeno en jugadores de fútbol utilizando protocolos de análisis directo e indirecto |
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Preparador Físico de Futebol Graduado em Educação Física na UFPE Pós Graduado em Gestão de Treinador de Futebol na IBGM |
José Raphael Leandro da Costa Silva (Brasil) |
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Resumo O atleta de futebol é submetido hoje a programas de treinamentos bastante específicos para que exista um ótimo desenvolvimento de suas capacidades físicas para que suporte por tempo prolongado as qualidades físicas específicas como a resistência aeróbia, anaeróbia e força rápida, sem que haja perca significativa de seus níveis a ponto de comprometer o desempenho. Por isso as avaliações para prescrição destes treinamentos são de fundamental importância, diante disto o estudo objetivou observar se há diferença entre os resultados obtidos em avaliação direta e indireta de mensuração de consumo de oxigênio em atletas de futebol. Foram avaliados 20 (vinte) atletas com idade média de 18,35 ± 0,91 anos, 1,74 ± 0,07 de altura, pesando 68,3 ± 8,7 e com o percentual de gordura de 11,11 ± 0,98, pertencentes à categoria Juniores, os métodos utilizados foram, de forma direta a Ergoespirometria realizada em esteira rolante (ATL/10200 – INBRASPORT) com analisador de gases (CORTEX – METALYZER II B), e de forma indireta o Teste de 3200 metros (WELTMAN, 1987) de caráter contínuo e Soccer Test (BARROS & GUERRA, 2004) de caráter intermitente. Nos resultados obtidos da comparação dos três testes que utilizou a análise de variância de Friedman (BioEstat 5.0, 2007), foi observado diferença entre os resultados de Ergoespirometria e Weltman (p<0,5) e resultados Weltman e Soccer Test (p<0,5) e não houve diferença significativa entre resultados da Ergoespirometria e do Soccer Test. Perante os resultados pode-se concluir o teste indireto de caráter intermitente aproxima-se mais do resultado do teste direto de mensuração, a título de especulação pode ser levado em consideração a característica do teste em relação a dinâmica do jogo, porém outras investigações são necessárias para atestar com maior veemência. Unitermos: Futebol. Avaliação VO2max. Ergoespirometria. 3200 metros. Soccer Test.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O futebol é o esporte mais praticado em todo o mundo, segundo o site da Fédération Internationale de Football Association (FIFA) há 208 países filiados a instituição, superando outras entidades como a ONU. Um desporto desta magnitude necessita que todo conhecimento relativo a esta modalidade seja constantemente revisado e atualizado, afim embasar os profissionais que atuam tanto na área técnico-tática como na preparação física.
Devido ao treinamento que são submetidos os atletas de futebol possuem boa aptidão cardiorrespiratória, tornado-s capazes de suportar por tempo prolongado qualidades físicas específicas como a resistência aeróbia, anaeróbia e força rápida, sem que haja decréscimo significativo em seus níveis a ponto de comprometer a performance. Desta forma a preparação dos jogadores de futebol é dividida em ciclos onde no inicio há uma grande estimulação do metabolismo aeróbio para posteriormente haja a implementação de exigências de coordenação, força, velocidade e técnica específica do desporto.
Este estudo teve como objetivo central mostrar a comparação dos dados do VO2 Máx obtidos em testes de caráter direto e indireto, realizados durante a pré-temporada por atletas de futebol pertencente à categoria Juniores com idade média de 17 a 20 anos. Os testes do modo indireto aplicados foram de Weltman 3200 metros (WELTMAN, 1987), Soccer Test (BARROS & GUERRA, 2004) e o Teste de modo direto foi em esteira ergométrica com esforço progressivo até a exaustão voluntária com a utilização de um analisador de gases. (BILLAT, 2000).
Problema
Será que existe diferença entre os resultados nas avaliações diretas e indiretas de mensuração de consumo de oxigênio em atletas de futebol?
Justificativa
O estudo visa observar qual a relação entre os resultados obtidos em diferentes testes que mensuram o consumo de oxigênio, com a realidade do jogo de futebol, auxiliando os profissionais da área no momento da seleção dos testes que avaliaram seus atletas. Através da melhor seleção dos testes o estudo visa proporcionar aos praticantes do desporto uma melhor forma de avaliação, a fim de otimizar a performance dos mesmos, tendo a possibilidade de utilizar os testes condizentes com a realidade estrutural, financeira e social onde está inserido.
Objetivos
Geral
Observar se há diferenças entres os resultados obtidos com avaliação direta e indireta de mensuração de consumo de oxigênio em atletas de futebol.
Específico
Comparar os dados do VO2 obtidos através dos testes.
Comparar os testes com a realidade do jogo.
Apontar os fatores que diferenciam os resultados dos testes.
Método
Tipo de pesquisa
Estudo descritivo de campo
Sujeitos
Foram avaliados 20 (vinte) atletas com idade média de 18,35 ± 0,91 anos, 1,74 ± 0,07 de altura, pesando 68,3 ± 8,7 e com o percentual de gordura de 11,11 ± 0,98, pertencentes à categoria Juniores do Santa Cruz Futebol Clube.
Instrumentos
Método direto de mensuração da capacidade aeróbia: Ergoespirometria realizada em esteira rolante (ATL/10200 – INBRASPORT) com analisador de gases (CORTEX – METALYZER II B).
Métodos indiretos de mensuração da capacidade aeróbia: Teste de 3200 metros (WELTMAN, 1987) e Soccer Test (BARROS & GUERRA, 2004).
Procedimentos
Os atletas foram submetidos aos testes em semanas diferentes, para que não houvesse comprometimento nos dados colhidos. O primeiro teste realizado foi o 3200 metros (WELTMAN, 1987), que foi desenvolvido em uma pista de 400m, e seu objetivo era realizar o percurso no menor tempo possível.
O segundo teste foi o Soccer Test (BARROS & GUERRA, 2004), realizado em campo semelhante ao de jogo, e seu objetivo é permanecer o máximo de tempo possível executando o teste, que é regido pelo áudio de um Cd. Por fim, foi realizado o teste ergométrico (BILLAT, 2000) que é a forma direta da avaliação do consumo de oxigênio que se utiliza de um analisador de gases (CORTEX – METALYZER II B), com esforço progressivo em esteira rolante (ATL/10200 – INBRASPORT) até a exaustão do voluntário, este teste foi aplicado nas instalações do laboratório de uma Universidade parceira do clube.
Resultados
Os resultados obtidos nos testes encontram-se na tabela 1 e 2.
Tabela 1. Consumo de oxigênio de atletas de futebol submetidos a diferentes protocolos de analise
Tabela 2. Dados antropométricos
Cuidados éticos
Os atletas foram informados dos procedimentos aplicados e todos participaram de maneira voluntária do estudo, como termo de consentimento e privacidade assinado pelos pais dos atletas que possuíam menor idade.
Revisão de literatura
Resistência
A Resistência é capacidade de resistir ao cansaço para poder executar, durante o maior tempo possível, um esforço estático ou dinâmico, sem diminuir a qualidade e ou eficiência do exercício. A qualidade da resistência é determinada pelo sistema cardiorrespiratório, metabolismo, sistema nervoso, sistema orgânico, coordenação dos movimentos e pelos componentes psíquicos (GROSSER, 1972).
Bompa (2001), refere-se a resistência com a extensão de tempo em que o indivíduo consegue desempenhar alguma atividade física com determinada intensidade. Mantendo esta linha de pensamento Zakharov e Gomes (2003), afirmam que a resistência é caracterizada pelas possibilidades do desportista de realizar durante um tempo prolongado, o trabalho muscular mantendo os parâmetros dados de movimento e Weineck (1986), completa afirmando que a resistência a capacidade psicofísica do esportista de suportar a fadiga.
Portanto esta capacidade física pode ser subdividida segundo a qualidade ou a quantidade do trabalho por unidade de tempo e como também segundo o volume da musculatura em atividade, podendo ser classificada como: resistência geral e resistência local.
A resistência local é observada segundo Weineck (1986) quando há menos 1/7 ou 1/6 da massa muscular total em ação, e é determinada não só pela resistência geral, como também pela força especial, pela capacidade aeróbia e pelas formas de força delimitadas por esta, ou seja, as resistências de velocidade, de força e de explosão, e ainda pela coordenação neuromuscular específica da modalidade esportiva observada
A resistência geral segundo Weineck (1986), é caracterizada pela maior capacidade do sistema cardiovascular exercer sobre a resistência local uma influência múltipla, que delimita a performance, valendo especialmente para a recuperação rápida pós exercício. Esta vertente da resistência pode ser subdividida segundo Grosser (1988), em: curta duração (RCD), média duração (RMD) e longa duração (RLD). A RCD é caracterizada com esforços de duração entre 3 (três) e 10 (dez) minutos e como é um tempo relativamente curto a intensidade empregada neste esforço pode ser bastante elevada e por sua vez a obtenção de energia necessita ser rápida, por isso a via anaeróbia é acionada utilizando a glicose como fonte primária de energia, convertendo-a em ácido lático, este mecanismo é sustentado por cerca de 40 segundos e após isto para assegurar que o exercício continue é necessário a obtenção de energia pela via aeróbia, e durante este exercício de resistência de curta duração é observado uma elevada quantidade de lactato na corrente sanguínea do praticante, o qual indica a obtenção de energia pela via anaeróbia, mas também é possível observar um significativo aumento de oxigênio, o que indica a utilização da via aeróbia.
A RMD pode ser distinguida por esforços de duração entre 10 e 30 minutos, nesta vertente a via anaeróbia tem um papel de menor importância, pois o tempo é muito grande para que haja obtenção máxima do consumo de oxigênio em toda a duração do esforço realizado.
A RLD esta forma de resistência é assinalada com esforços acima de 30 minutos, neste tipo de atividade a reserva de energia (estoques de glicogênio) é de fundamental importância para o sucesso da ação, que está diretamente relacionada com a capacidade de adsorção/consumo de oxigênio (VO2 Max).
Diante disto Hoff et al. (2002), observa que a resistência aeróbia é dependente de três importantes elementos: consumo máximo de oxigênio (VO2 Max), limiar anaeróbio e eficiência de movimento (coordenação de movimentos).
Resistência x futebol
As ações no futebol estão sendo objeto de muita investigação pelos estudiosos. Segundo Barbanti (1996), o futebol é uma modalidade esportiva intermitente, com constantes mudanças de intensidade e atividades. A imprevisibilidade dos acontecimentos e ações durante uma partida exige que o atleta esteja preparado para reagir aos mais diferentes estímulos, da maneira mais eficiente possível. Desta forma Santos e Soares (2001), observam que o futebolista, perante a natureza intermitente do seu esforço e a ampla faixa de intensidades que o caracteriza, tem de privilegiar no seu treino aspectos tão distintos como o desenvolvimento da força explosiva, da velocidade, da resistência anaeróbia e da resistência aeróbia.
Verkhoshanski (2001) aponta a resistência especial como a forma de resistência de maior predominância no futebol, e seu desenvolvimento é de fundamental importância, pois segundo seus estudos ela está diretamente ligada a resistência aeróbia e anaeróbia, por meio de exercícios especiais com características acíclicas e combinadas (intermitente). Desta forma Gomes e Souza (2008), observam que a resistência especial deve ser treinada com dois objetivos: primeiro direcionado às adaptações predominantemente no metabolismo aeróbio, e segundo direcionado às adaptações predominantemente no metabolismo anaeróbio.
Desta maneira a resistência especial é a base para a resistência específica de jogo, que segundo Bompa (2005) e Godik (1996), é a capacidade do desportista realizar inúmeras ações técnicas e táticas durante o jogo ou competição.
VO2 máx
A estimativa do consumo de oxigênio (VO2 Max) durante a realização do exercício constitui o meio mais fidedigno de determinar a capacidade de potência máxima de um indivíduo. Segundo Ghorayeb e Barros (2004), o consumo máximo de oxigênio pode ser definido como o maior volume de oxigênio que o indivíduo consegue captar por unidade de tempo respirando durante a execução do exercício, ou seja, o VO2 Max é a capacidade do indivíduo captar o oxigeno do ar atmosférico, transportar-lo para os músculos ou grupamentos musculares em atividade e utilizar-lo no processo de oxidação, e é expresso geralmente em relação ao peso corporal, desta forma sua unidade de medida é dada em milímetros de oxigênio por quilograma de peso corporal por minuto (ml.kg-1 . min-1) .
VO2 como parâmetro de condicionamento físico no futebol
O conceito de modernidade do futebol exige um valor alto do consumo de oxigeno para que as necessidades energéticas impostas pelo grau de movimentação dos jogadores durante o tempo de jogo sejam supridas. Sendo isto de fundamental importância já que o futebol é caracterizado por ser uma modalidade esportiva de esforço intermitente de longa duração, tendo o futebolista que resistir de maneira adequada e eficiente às solicitações energética aeróbias, além disto, seu desenvolvimento permitirá ao atleta segundo Campeiz (1997) uma recuperação mais rápida durante as atividades de baixa intensidade, dos sistemas energéticos alático e lático, quando seus músculos forem frequentemente estimulados pelos exercícios intermitentes, de alta intensidade, durante a partida.
Segundo Barros e Guerra (2004), o sistema aeróbio é a principal fonte de geração de energia durante uma partida de futebol, isso pode ser afirmado pois os valores de VO2 Max observados em futebolistas profissionais tendem a ser altos, em média 55 ml/kg/min – 77 ml/kg/min (REILLY, 1996), havendo uma relação significativa entre o consumo máximo de oxigênio, a distância percorrida e números de sprints realizados durante a partida.
Métodos de avaliação de VO2 máx mais comuns no futebol
O cálculo do VO2max possibilita ao futebolista, qualquer que seja o seu nível ou idade, a obtenção de melhores resultados e, sobretudo, trabalhar com segurança os diferentes tipos do treino. Existem alguns protocolos que podem ser utilizados para avaliar o VO2max e certos instrumentos que são necessários para a realização dos testes.
Existem vários tipos de protocolos, para mensuração do consumo de oxigênio, que vão desde protocolos de banco, como por exemplo, o de ASTRAND et al, (1960) que objetiva avaliar a potência aeróbia em jovens e adultos até 35 (trinta e cinco) anos de idade, até protocolos em esteiras rolantes como o de BRUCE (ACMS, 2000), que é o que detém maior preferência de utilização pelos cardiologistas.
No futebol a aplicação de alguns destes testes não são viáveis, por muitos fatores, um deles é a falta de tempo promovida por um calendário muito corrido, diante disto segundo Aoki (2002), os preparadores físicos e fisiologistas optam por testes de simples execução, que necessitem de pouco implemento material e de rápida interpretação de resultados assim os testes mais utilizados no futebol são: teste de Cooper (corrida de doze minutos), corrida de mil metros, três mil metros, cinco mil metros, teste de oito minutos e teste de quinze minutos.
Segundo Barros e Guerra (2004), os testes mais aplicados em futebolista para mensuração do consumo de oxigênio são o Shutle Run de 20 (vinte) metros e o teste de Cooper (doze minutos), mas estes são testes chamados de indiretos, porém segundo os mesmo a melhor forma de avaliar o consumo de oxigênio do atleta é através do método direto, realizado em laboratório utilizando-se de esteira rolante e a espirometria de circuito aberto, parar mensurar a troca gasosa pulmonar (O2 e CO2).
3200 metros (Weltman)
O Teste dos 3200 metros (WELTMAN, 1989) foi desenvolvido pelo Dr. Art. Weltman, e é normalmente utilizado para mensuração em atletas fundistas, seu objetivo é percorre a distância estabelecia no menor tempo possível.
O resultado do teste é estabelecido através da seguinte equação:
VO2 Max (ml.kg-1.min-1) = 118,4 - 4,774 (T)
T = tempo em minutos e fração decimal dos 3200 metros.
Soccer Test
O Soccer Test é um teste de resistência para atletas de futebol desenvolvido pelo professor Turíbio Leite de Barros (BARROS & GUERRA, 2004), fisiologista do São Paulo Futebol Clube, com base no estudo das exigências competitivas do desporto.
O teste consiste na realização de 4 (quatro) corridas de 15 (quinze) metros, com intervalo de 10 (dez) segundos que totaliza um estágio, a cada estágio o atleta percorre uma distância de 240 (duzentos e quarenta) metros, e há incremento de 1 (um) km/h (quilometro por hora) na velocidade da corrida a cada estágio seguinte. O teste inicia com a velocidade de 9 (nove) Km/h e termina com 20 (vinte) km/h , existe um período de adaptação e aquecimento que é realizado a 8 (oito) km/h, estas velocidades são controladas por sinais sonoros “bips” gravados em um CD. O teste é encerrado quando o atleta não conseguir acompanhar a velocidade estabelecida, e seu objetivo é realizar o maior número de repetições possíveis.
A avaliação deve ser realizada em campo como de jogo, com os atletas utilizando calçados apropriados (chuteira).
Ergoespirometria
Esta teste é a forma direta da avaliação do consumo de oxigênio que se utiliza de um analisador de gases (CORTEX – METALYZER 3B), com esforço progressivo em esteira rolante (ATL/10200 – INBRASPORT) até a exaustão do voluntário, com velocidade inicial de 6 km/h (quilômetros por hora) e incremento de carga de 1 (um) km/h a cada 1 (dois) minutos, até a exaustão. Durante o teste a esteira é mantida na inclinação fixa de 1% (um por cento), pois segundo Billat (2000) reflete mais precisamente o custo energético de corridas em ambientes abertos. Critérios para interrupção do teste: fadiga voluntária; Escala de Borg acima de 18; Freqüência cardíaca máxima alcançada.
Resultados
Foram avaliados 20 (vinte) atletas com idade entre 17 (dezessete) e 20 (vinte) anos (média = 18,35 anos) pertencentes à categoria Juniores do Santa Cruz Futebol Clube.
A tabela 3 mostra o resultado dos testes realizados.
Tabela 3. Determinação do VO2Máx nos testes aplicados
Análise dos dados resultados
Foram feitas análises através de teste de normalidade de Shapiro-Wilk (BioEstat 5.0, 2007), e neste teste o resultado indica distribuição normal para Ergoespirometria (p=0,4195), Weltman (p=0,2503) e rejeição desta distribuição normal para Soccer Test (p=0,0485).
Para comparação dos três testes foi utilizada a Análise de variância de Friedman (BioEstat 5.0, 2007) , foi observado diferença entre os resultados de Ergoespirometria e Weltman (p<0,5) e resultados Weltman e Soccer Test (p<0,5) e não houve diferença significativa entre resultados da Ergoespirometria e do Soccer Test (ns).
Para observar a correlação entre os testes foi utilizado o teste de correlação de Spearman (BioEstat 5.0, 2007) apresentados na Tabela 2.
Tabela 4. Resultado da análise de correlação de Spearman
A análise da regressão linear teve como resultados os dados apresentados na tabela 3, tendo como equação primitiva a equação ERGO = 29,76972 + 0,498167 X SOCCER .
Tabela 5. Análise da regressão linear
Testes x realidade do jogo
Alguns estudos visando à comparação de teste de mensuração direta e indireta já foram realizados e apresentaram resultados similares, alguns compararam os atletas pela posição que atuam, outros compararam o grupo de forma geral.
No estudo realizado por Lima et al (2005) que analisou atletas de futsal, os valores obtidos nos testes de 3200 metros e na Ergoespirometria foram (62,8 ± 10,1 vs. 58,5 ± 8,5 ml/kg.min, respectivamente) e ao correlacionar os testes verificou-se que há uma forte correlação (r = 0,72) assim chegando a conclusão que os testes de mensuração indireta pode apontar bons parâmetros para a determinação da capacidade aeróbia destes atletas, tendo em vista a boa correlação existente entre os testes. Em um estudo semelhante Bangsbo; Lindquist (1992) compararam os mesmos testes e obtiveram os mesmo resultados, concretizando a forte correlação entre os testes.
Souza et al (2009) em seus estudo comparou os resultados obtidos pelos atletas de futebol nas suas respectivas posições, nos teste de 3200 metros e o YoYo Endurance test (teste semelhante ao Soccer teste, que possui uma característica intermitente), e observou que há uma boa correlação entre os testes,Goleiros: (p= 0,44) ; Zagueiros: (p= 0,50) ; Laterais: (p= 0,11) ; Atacantes: (p= 0,82) , e apenas os Meio Campistas apresentaram um diferença significativa nos resultados (p < 0,05), concluindo assim de acordo com suas posições os atletas obtiveram resultados próximos em ambos testes, devido à possível correlação entre os testes.
Em um estudo que testou homens fisicamente ativos Gomes et al (2009) analisou entre outras variáveis as mensurações direta e indireta do VO2max, através dos testes de 20m Shuttle Run test (teste de caráter intermitente semelhante ao Soccer test) e o analisador de gases (Ergoespirometria) e os resultados obtidos foram respectivamente 50,8 ± 6,34 ml/kg.min e 52,86 ± 7,06 ml/kg.min o que aponta uma proximidade dos resultados e novamente uma boa correlação entre o teste de mensuração direta como de mensuração indireta.
Barbui et al (2006) comparou em seus estudo as formas direta e indireta de mensuração de VO2max em jogadoras de futebol, com testes semelhantes e encontrou resultados muito próximos ao observado no presente estudo. Os valores obtidos nos testes indiretos foram 3200 metros (Weltman) 51,03 ± 2,27 ml/kg.min, e Yoyo Test 42,97 ± 3,36 ml/kg.min, e no teste de mensuração direta a Ergoespirometria o valor obtido foi 46,36 ± 4,55 ml/kg.min. No estudo foi observado que na análise de regressão os coeficientes de correlação foram de 0,60, entre o método direto e Yoyo Test, e de 0,20 entre método direto e teste de 3200 metros, chegando à conclusão de que diante dos dois teste indiretos analisados o Yoyo Test apresentou uma correlação maior como método direto, sugerido talvez pela metodologia utilizada no protocolo.
Acredita-se que este é um dos pontos fundamentas da discussão pois os teste de mensuração direta é realmente o mais fidedigno em relação e veracidade dos resultados, porém os testes de caráter indireto deve ser selecionado tendo em vista a realidade de cada modalidade desportiva, tendo como ponto principal a realidade do jogo (competição). Como todos os estudos apontaram os testes de mensuração indireta tanto de caráter intermitente como contínuo podem ser tomados como base para elaboração de programas de treinamento que visam a melhora da capacidade aeróbia e da performance de atletas de futebol.
Porém os testes indiretos intermitentes tiveram uma maior correlação com os resultados obtidos em testes diretos, acredita-se que isso se dá devido a realidade das partidas de futebol, mas outras investigações devem ser feitas para atestar esta hipótese.
Conclusões
Diante dos resultados obtidos no presente estudo, foi observado que os métodos indiretos de mensuração do consumo de oxigênio não apresentaram diferenças significativas, apontando uma forte correlação com o método direto.
Foi observado também que o método indireto de caráter intermitente (Soccer Test) obteve uma maior correlação com o método direto (Ergoespirometria) nos futebolistas avaliados, uma das possíveis causas é que o teste aproxima-se mais da realidade do desporto praticado, mas outras investigações são necessárias para atestar com maior veemência.
Assim conclui-se que os resultados do método indireto pode ser utilizado a fim de permitir uma boa determinação da capacidade de consumo de oxigênio em futebolistas. Logo a utilização do método indireto torna-se mais viável graças a sua fácil aplicabilidade e ao baixo custo, tornado-se uma boa alternativa na busca para o melhor desenvolvimento da performance dos atletas.
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