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Fatores de risco entre mulheres participantes 

de um programa de treinamento físico orientado

Factores de riesgo entre mujeres que participan de un programa de entrenamiento físico orientado

 

*Graduado em Educação Física pelo CEFID-UDESC, com Especialização

em Treinamento Desportivo pela UNOPAR e Mestrado em Ciências

do Movimento Humano pelo CEFID-UDESC

**Graduado em Educação Física com Mestrado em Ciências

do Movimento Humano pela Universidade Cruzeiro do Sul

Eduardo Eugenio Aranha*

Maicon Fabricio Bellotto**

aranha.ee@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A prática de atividades físicas orientadas é de suma importância no processo de diminuição ou eliminação dos fatores de risco que predispõe a população à problemas cardiovasculares, de diabetes, hipertensão arterial sistêmica e também de problemas sociais muitas vezes advindos de uma situação de sedentarismo. O objetivo da presente pesquisa foi identificar a prevalência de fatores de risco à saúde, através da avaliação do perfil antropométrico de mulheres participantes de um programa de treinamento físico orientado no município de Luzerna, Santa Catarina. Participaram da pesquisa 66 indivíduos do gênero feminino, com periodicidade semanal de no mínimo 02 (duas) sessões e com participação no programa a pelo menos 12 (doze) meses. As avaliações antropométricas foram realizadas no município de Luzerna-SC, em local e hora determinada pelo responsável do programa de prescrição e orientação dos exercícios físicos dentro do Programa Exercitando a Saúde. As médias de idade encontradas foram de 18,18% (n=12) com média de idade e desvio padrão de 46 anos (± 2,3); 19,69% (n=13) com média de idade de 54,61 anos (± 2,9); 40,90% (n=27) com idade média de 62,92 anos (± 2,5); e 21,21% (n=14) com idade média de 74,28 anos (± 3,8). Em relação ao IMC, os dados encontrados foram de 46,96% das mulheres com IMC entre (25-29,9), sendo caracterizadas como em sobrepeso e com risco moderado para desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Com base no estudo realizado pode-se constatar que existe um alto grau de necessidade das pessoas realizarem atividades físicas freqüentes e orientadas por profissionais qualificados, como forma de melhorar não somente os aspectos antropométricos, mas também a diminuição dos fatores de risco com concludente aumento da qualidade de vida.

          Unitermos: Hipertensão arterial sistêmica. Doenças cardiovasculares. Perfil antropométrico.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Muitas doenças crônicas têm atingido o ser humano, em resposta ao sedentarismo, considerado um grande problema de saúde pública mundial por ser o principal fator de risco para a morte súbita, estando na maioria das vezes associado direta ou indiretamente às causas ou ao agravamento da grande maioria das doenças (NETO, 1997; MCARDLE et al, 1998).

    Vários estudos têm mostrado que a obesidade considerada um grande fator de risco, que tem muitas vezes a contribuição do sedentarismo torna o ser humano apto ao desenvolvimento de inúmeras doenças: cardiopatias (CABRERA e JACOB, 2001; CAMPOS, 2000), câncer (CAMPOS, 2000), diabetes tipo II (CAMPOS, 2000; DEFRONZA, 2004), hipertensão arterial sistêmica (BARRETO et al, 2002), osteoartrites entre outras doenças (CAMPOS, 2000). A obesidade refere-se ao aumento na quantidade de gordura em relação ao peso corporal estando associado a elevados riscos para a saúde (GUEDES e GUEDES, 1998).

    Porém a prática regular de exercício físico pode reduzir a quantidade de gordura corporal diminuindo o risco de doenças associadas (BOUCHARD, 2003; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2003, POWERS e HOWLEY, 2000). Vale ressaltar que o exercício físico quando realizado com regularidade é denominado de treinamento físico (LEANDRO et al, 2007).

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a prática diária de 30 a 40 minutos de exercício físico com intensidade moderada, realizada preferencialmente todos os dias da semana é suficiente para produzir saúde. Sabe-se que 26,3% dos brasileiros são sedentários, desse total 29,5% são homens, já as mulheres sedentárias correspondem a 23,5%. Percebe-se com isso que as mulheres se movimentam mais do que homens no Brasil (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

    Mais de 600 municípios recebem financiamento para desenvolver projetos de promoção da saúde e priorização da atividade física pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Sendo a atividade física não só uma opção individual, mas também uma questão de políticas públicas e de acesso (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Dentro desse contexto pode-se notar uma cultura ascendente de realização de exercícios físicos em locais públicos.

    O presente estudo teve como objetivo identificar a prevalência de fatores de risco à saúde, através da avaliação do perfil antropométrico de mulheres participantes de um programa de treinamento físico orientado no município de Luzerna, Santa Catarina.

Metodologia

    Hoje o município de Luzerna-SC tem um programa de exercício físico orientado (Programa Exercitando a Saúde), onde o profissional de Educação Física que faz parte da equipe do NASF (Núcleo de Apoio á Saúde da Família) é responsável por prescrever e orientar os exercícios físicos para os participantes do programa, descritos no quadro abaixo.

Quadro 1. Sessões de treinamentos desenvolvidos no programa

    Participaram da amostra da presente pesquisa 66 indivíduos do gênero feminino, com periodicidade semanal de no mínimo 02 (duas) sessões e com participação no programa a pelo menos 12 (doze) meses.

    Utilizou-se um estudo de Perfil, que é utilizado para mostrar vários padrões de características. O mesmo se resume em colocar o indivíduo em uma escala de teste de um número de características e traçar o seu perfil (FLEGNER e DIAS, 1995).

    Os dados foram coletados no primeiro semestre de 2011 a partir do protocolo de atendimento. As variáveis analisadas foram: sexo, idade, massa, estatura, índice de massa corporal (IMC), percentual de gordura (%G) e relação cintura quadril (RCQ).

Procedimentos

    As avaliações foram realizadas no município de Luzerna-SC, em local e hora determinada pelo responsável do programa de prescrição e orientação dos exercícios físicos dentro do Programa Exercitando a Saúde.

    Todos os participantes do programa foram convidados a realizar as avaliações antropométricas e esclarecidos quanto à importância sobre os resultados desse tipo de avaliação.

Parametros estudos

    Peso Corporal: Para mensurar o peso corporal, foi utilizada uma balança antropométrica da marca BALMAK, com capacidade de carga de 150 kg e com divisão de 100/100 gramas. A massa foi registrada em quilogramas (Kg) e uma casa decimal.

    No ato da pesagem, o aluno foi posicionado no centro da balança, descalço e ereto, com o olhar num ponto fixo à sua frente e estando de frente para a escala de medida. Foi realizada apenas uma medida (BARBANTI, 1983; FERNANDES FILHO, 2003).

    Estatura: A medida da estatura foi realizada com um estadiômetro tipo trena da marca SECA, com 200 cm de comprimento, com escala de divisão em milímetros. A estatura foi registrada em centímetros, respeitando-se uma casa decimal.

    Foi realizada apenas uma medida, com o aluno descalço, em posição anatômica - braços caídos ao longo do corpo, com as mãos em supinação, pés unidos, com suas porções distais apontando para frente e com as regiões pélvica, escapular e occipital encostadas na haste inclinada do instrumento de medição.

    A cabeça foi posicionada em função do Plano de Frankfurt, que é caracterizado por uma linha imaginária, paralela ao solo, que passa pelo ponto mais baixo do bordo inferior da órbita direita e pelo ponto mais alto do bordo superior do meato auditivo externo correspondente (BARBANTI, 1983; PITANGA, 2004; FERNANDES FILHO, 2003).

    Relação Cintura Quadril (RCQ): A verificação do perímetro da cintura, utilizou-se o procedimento descrito por Callaway et al (1991), a saber, o avaliado em pé com abdômen relaxado, os braços descontraídos ao lado do corpo, a fita colocada horizontalmente no ponto médio entre a borda inferior da última costela e a crista ilíaca; as medidas foram realizadas com a fita firme sobre a pele; todavia, sem compressão dos tecidos. Foi utilizada uma fita métrica flexível da marca SANNY MEDICAL com precisão de 0,1mm.

    Para perímetro do quadril, foram seguidos os mesmos passos descritos por Callaway et al (1991), entretanto, a fita métrica foi colocada horizontalmente em volta do quadril na parte mais saliente dos glúteos. Os perímetros de cintura e quadril possibilitaram a construção do RCQ, obtido pelo quociente entre o perímetro da cintura e o perímetro do quadril.

    Índice de Massa Corporal (IMC): O IMC juntamente com outras variáveis, como por exemplo, a circunferência da cintura, permite a identificação de risco de doenças cardiovasculares e analisam os padrões de distribuição da gordura corporal (HENRY, 1990). 

    As características morfológicas globais foram delineadas através do Índice de Massa Corporal (IMC) de Quetelet, que é a razão entre o peso do indivíduo em quilos e sua altura em metros ao quadrado. De posse das medidas de estatura e peso corporal, foram calculados os índices de massa corporal (IMC), mediante a seguinte relação matemática (CRONK e ROCHE, 1982).

    Dobras Cutâneas: Realizou-se a mensuração das dobras cutâneas (triciptal, subescapular, suprailíaca e panturrilha), com o auxílio de um compasso de dobras cutâneas da marca CESCORF® com variação de 0,1 mm. Para a determinação da composição corporal, foi aplicada a equação de predição de densidade corporal (DC) proposta por Petroski (1995), com utilização de quatro dobras cutâneas para o gênero feminino (DC = 1,02902361 - 0,00067159 * (dobra cutânea subescapular + dobra cutânea triceptal + dobra cutânea supra-ilíaca + dobra cutânea da panturrilha) + 0,00000242 x (dobra cutânea subescapular + dobra cutânea triciptal + dobra cutânea supra-ilíaca + dobra cutânea da panturrilha)2 - 0,0002073 * (Idade) - 0,00056009 * (Massa corporal) + 0,00054649* (Estatura)); e para o gênero masculino (DC = 1,10726863 - 0,00081201 x (dobra cutânea subescapular + dobra cutânea triciptal + dobra cutânea suprailíaca + dobra cutânea da panturrilha) + 0,00000212 x (dobra cutânea subescapular + dobra cutânea triciptal + dobra cutânea suprailíaca + dobra cutânea da panturrilha)2 - 0,00041761 * (Idade)).

    Posteriormente, para conversão da DC em percentual de gordura corporal (%G), foi utilizada a equação de Siri: 19 (%G = [(4,95/ DC) - 4,50] x 100).

Resultados e discussão

    A população estudada foi composta por 66 indivíduos do gênero feminino, sendo 18,18% (n=12) com média de idade e desvio padrão de 46 anos (± 2,3); 19,69% (n=13) com média de idade de 54,61 anos (± 2,9); 40,90% (n=27) com idade média de 62,92 anos (± 2,5); e 21,21% (n=14) com idade média de 74,28 anos (± 3,8), conforme é demonstrado no gráfico 1.

    No entanto, notou-se que a faixa etária com maior adesão a prática de exercício físico encontra-se entre as idades de 60-69 anos. Em um estudo realizado por Mazo et al (2009), com idosos a partir de 60 anos é mostrado que a saúde, o prazer pela prática e a sociabilidade são fatores que motivam os idosos para a adesão em programas de exercícios físicos.

    Com o envelhecimento pode-se observar perdas biológicas que acarretam conseqüências negativas para a saúde, ocasionando muitas vezes o aparecimento de inúmeras doenças em idosos. A consciência desse fato tem tornado o idoso cada vez mais motivado para o exercício físico.

Gráfico 1. Distribuição numérica e das mulheres segundo a faixa etária

    Pode-se observar que 46,96% das mulheres avaliadas apresentam IMC entre (25-29,9), descritos na tabela 1, sendo classificadas em Sobrepeso. Esses valores segundo Carbin & Lindey (1994), correlacionam-se com risco cardiovascular moderado.

    O mesmo percentual (46,96%) foi observado em relação ao RCQ, que apresentou valores de (0,8-0,87), nas mulheres avaliadas, correspondendo a um alto risco para o desenvolvimento de doenças. O presente resultado também é descrito na tabela 1.

    Esses resultados nos mostram que apenas 24,24% das mulheres apresentam IMC dentro da faixa de normalidade e 3,03% das mulheres apresentam RCQ que corresponde a um baixo risco para o desenvolvimento de doenças cardíacas.

    A mortalidade aumenta progressivamente com o aumento do IMC. Mulheres com IMC entre 25 e 26,9 kg/mg2 pode aumentar 1,5 vezes o risco de mortalidade em comparação a mulheres com IMC < 25 kg/mg2 (MANSON et al, 1995). Nesse estudo percebeu-se que mesmo participando de um programa de treinamento físico com regularidade, 74,23% das mulheres apresentam IMC acima da faixa de normalidade e 72,71% das mulheres também apresentam RCQ alto ou muito alto, estando esses valores dentro de uma faixa de risco para predisposição de doenças coronarianas, hipertensão arterial sistêmica, diabetes (CNOP, 2002; SILVA e MURA, 2007; MAHAN e SCOTT-STUMP, 1998), e maior risco de morte (MANSON et al, 1995).

    Cnop et al (2002), relata que indivíduos com sobrepeso ou obesidade apresentam risco três vezes maior para desenvolverem diabetes quando comparados com pessoas com peso considerado normal. Contudo, pode-se destacar o quão importante é juntamente com a prática diária de exercícios físicos, uma dieta hipocalórica para reduzir fatores de risco à saúde.

Tabela 1. Distribuição numérica e percentual das mulheres segundo o estado nutricional e risco cardíaco

    Entre as mulheres avaliadas o percentual médio de gordura corporal foi de 33,18%. Apenas 3% do total de mulheres avaliadas apresentam percentual de gordura abaixo de 25%, conforme descrito no gráfico 2. Conforme Niddk (1993), os valores que variam entre 25% e 30% de gordura corporal são classificados como obesidade leve, conforme tabela 2, portanto os valores classificados fora da faixa de obesidade devem estar abaixo de 25% de gordura corporal.

Classificação de sobrepeso e obesidade pelo percentual de gordura:

Tabela 2. Adaptado de NIDDK (1993)

 

Gráfico 2. Distribuição das mulheres segundo o percentual da gordura corporal

    Tem sido fortemente preconizado que o surgimento das cardiopatias está associado com fatores de risco que predispõem o individuo ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares (GUEDES e GUEDES, 2001).

    Os resultados mostram que 21% das mulheres apresentam percentual de gordura entre 25-30% considerado como obesidade leve, 44% das mulheres apresentam percentual de gordura entre 30-35% considerado como obesidade moderada, 26% das mulheres apresentam percentual que variam entre 35-40% de gordura considerado como obesidade elevada e 6% das mulheres apresentam valores de percentual de gordura >40% classificado como obesidade mórbida, descritos anteriormente no gráfico 2.

    Nesse sentido pode-se afirmar que 97% das mulheres avaliadas apresentam um maior risco para o desenvolvimento de doenças associadas à obesidade. Sendo a obesidade considerada um importante agente que favorece o desenvolvimento de anormalidades metabólicas e doenças cardiovasculares (SILVA e MURA, 2007; MAHAN e SCOTT-STUMP, 1998).

Conclusão

    A partir da realização da presente pesquisa pode-se constatar que existe um alto grau de necessidade das pessoas realizarem atividades físicas freqüentes e orientadas por profissionais qualificados, como forma de melhorar aspectos físicos, sociais e mentais, associados a uma alimentação adequada e hábitos de vida saudáveis, obtendo desta forma uma melhor qualidade de vida e um aumento na longevidade, diminuindo os fatores de risco prejudiciais a saúde que estão cada vez mais freqüentes no estilo de vida atual das pessoas.

Referências bibliográficas

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