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Análise da motivação de freqüentadores 

de academia acima de 50 anos de idade

Análisis de frecuentadores de gimnasios de más de 50 años

 

*Graduado em Educação Física pela Faculdade Adventista de Hortolândia

**Doutora em Educação Física pela Unicamp

**Professora Titular na Faculdade Adventista de Hortolândia

(Brasil)

Wesley Barbosa de Barros*

Camila de Souza*

Willdner Ribeiro do Couto*

Helena Brandão Viana**

hbviana2@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Diante do envelhecimento da população mundial, pesquisas têm sido feitas para reconhecimento das demandas e elaboração de estratégias e políticas públicas a fim de melhorar a qualidade de vida dos idosos. Manter-se ativo e em convívio social potencializa a saúde e o bem-estar na velhice. É importante a garantia de espaços para atividade e convivência dos idosos, para que se sintam vivos e ativos o que poderá refletir em sua saúde e bem-estar. A presente pesquisa teve como objetivo realizar um levantamento da presença de idosos nas academias da região metropolitana de Campinas, São Paulo, Brasil, e acessar quais as atividades mais procuradas por essa população, quais os fatores que motivam idosos para prática de atividades físicas. Nosso estudo contou com a participação de 21 sujeitos voluntários, com idade que variam dos 50 a 86 anos de idade que praticam atividades físicas regularmente na região metropolitana de Campinas. Para coleta de dados foi aplicados um questionário com 14 perguntas e todos os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo revelou que existe uma relação de interesse e necessidade pela atividade física. Foi constatado que a principal razão pela prática de atividades físicas é a busca de uma qualidade de vida melhor.

          Unitermos: Idosos. Academia. Atividades físicas. Motivação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O Brasil, assim como outros países, é um país que vivencia o envelhecimento da população e que precisa atentar-se às necessidades das pessoas idosas conhecendo melhor essa realidade e propondo ações que favoreçam não apenas um envelhecimento saudável, mas uma visão mais positiva da velhice. É preciso valorizar a experiência e despertar a população sobre as possibilidades de se viver bem e ativamente nessa faixa etária de 50 a 86 anos, e o convívio social e a atividade física são meios de se obter prazer. O interesse em estudar a população idosa partiu da constatação de ser esta hoje, a que mais cresce proporcionalmente em todo o mundo, graças aos ganhos científicos no campo da saúde, que permitem a longevidade e um novo retrato da velhice: os “novos velhos”, cheios de vida e energia, cada vez mais presentes e ativos nos diversos contextos da sociedade.

    A população idosa vem aumentando consideravelmente, o que se atribui a uma maior expectativa de vida, provavelmente relacionada a um melhor controle de doença infecto-contagioso e crônico-degenerativo, gerando a necessidade de mudanças na estrutura social, para que estas pessoas tenham uma boa qualidade de vida (BARROS et al., 2005).

    Com dados como esses fica a dúvida sobre qual o estímulo impulsiona o idoso para a prática de atividade física? Existe realmente um motivo mais freqüente para esta procura?

    Alguns países mais desenvolvidos com um nível sócio econômico melhor que o Brasil acaba servindo como exemplo aplicando projetos de atividades físicas e lazer. Países mais desenvolvidos investem mais em políticas públicas voltadas para os idosos. Em países como Japão, China, e outros da Europa e América do Norte ter cidadãos longevos em suas populações é um fenômeno comum há muito tempo, entretanto, em países em desenvolvimento é fato recente. No Brasil, por exemplo, no início do século XX a expectativa média de vida não chegava aos 40 anos, ultrapassando nos dias atuais, os 70 anos (PAPALIA, OLDS e FELDMAN 2006).

    Com o aumento da população idosa vêm aumentando também as doenças crônicas como hipertensão, diabetes tipo II, doenças coronarianas, acidente vascular cerebral, problemas respiratórios e desvios posturais. Sugere-se como prevenção para tais doenças crônicas, uma mudança no estilo de vida, principalmente na prática de atividades físicas.

    Esse aumento populacional num tempo relativamente curto encontrou a comunidade científica carente de dados e informações sobre esta faixa etária dificultando a elaboração de estratégias de enfrentamento para melhor atendimento desta população (MERLIN, BAPTISTA e BAPTISTA, 2004).

    O sedentarismo hoje, em pleno século XXI vem ganhando cada vez mais espaço na sociedade contemporânea. O corpo e a mente são submetidos a uma maratona de trabalho e com os avanços da tecnologia, exercer funções do dia-a-dia ficou mais prático e a modernidade trouxe consigo várias facilidades que contribuíram para a inatividade física e o sedentarismo, pois as pessoas deixam de subir uma escada para pegar o elevador, utilizam seus automóveis ao invés de caminhar, usam a Internet pra fazer compras e acabam em casa envolvidas pelos entretenimentos da televisão e Internet, o que conseqüentemente os tornam susceptíveis a doenças crônicas ligadas ao sedentarismo como a hipertensão, diabetes, câncer, entre outras.

    A literatura tem bem esclarecido os benefícios da atividade física regular, que são: aumento na longevidade, diminuição dos efeitos do estresse com conseqüente melhora da qualidade de vida. Os exercícios físicos vão além quando se trata de idosos. Os indivíduos que se encontram nessa fase da vida têm respostas mais lentas aos mesmos estímulos de antes e fisiologicamente começam a ficar mais frágeis e mais vulneráveis a doenças e os benefícios que os exercícios físicos trazem ao idoso a médio e longo prazo, são muitos. A atividade física traz e resgata prazeres, melhora sua auto-estima, contribui para um contato social mais interativo e ajuda na manutenção da sua independência. A prática de atividade física é um dos meios para diminuir o índice de mortalidade e morbidades além de melhorar o mecanismo muscular, o sistema cardiovascular, a força e flexibilidade dentro das suas limitações (SILVA et al., 2010).

    O mínimo de exercícios pode gerar benefícios incalculáveis, principalmente aos idosos. A prática de atividade física orientada e realizada regularmente aumenta a expectativa de vida, reduzindo as taxas de morbidades e mortalidades, assim como pode diminuir o número de medicamentos prescrito, também melhora a capacidade fisiológica em portadores de doença crônica, mantém a independência e autonomia nos idosos, melhorando sua auto-imagem, auto–estima, estimulando o contato social e os prazeres pela vida (SHEPHARD, 2003, citado por SALIN, 2006, p. 10).

    Os exercícios físicos melhoram a saúde do individuo idoso como um todo e contribuem para a diminuição das despesas da sociedade envelhecida, uma vez demonstrado os menores custos da prevenção de morbidades e da mortalidade entre idosos que praticam exercícios físicos regularmente (CELICH, 2010, p.400).

    Entretanto é importante salientar, que no Brasil, os programas de atividades físicas oferecidas aos idosos normalmente são iniciativas isoladas de universidades, associações, grupos de convivência e organização não governamentais. Poucas prefeituras e outros órgãos governamentais incluem em sua política, como prioridade, a criação de programas de atividades físicas para idosos (BENEDETTI, GONÇALVES E MOTTA, 2007).

    É necessário que se inicie uma reestruturação do sistema no sentido do promover melhor qualidade de vida ao idoso, tomando de base às unidades básicas de saúde voltadas à saúde dos idosos já existentes.

    Portanto, o objetivo dessa pesquisa foi fazer um levantamento da presença de idosos nas academias da região metropolitana de Campinas e acessar quais as atividades físicas mais procuradas por essa população.

Metodologia

    Tratou-se de um estudo com abordagem qualitativa, cujo objetivo foi fazer um levantamento da presença de idosos nas academias da região metropolitana de Campinas e acessar quais são as atividades mais procuradas por essa população.

    Foi elaborado um questionário com 14 perguntas para fazer esse levantamento. As perguntas foram:

  1. Quais atividades físicas você prefere praticar na academia?

  2. Você prefere atividades em grupo ou individuais?

  3. Com que freqüência você pratica atividades físicas?

  4. Você utiliza os aparelhos de ginástica que existem em praças públicas? Sim ou não.

  5. Você faz atividades físicas em outros locais além da academia? Sim ou não.

  6. Se sim quantas vezes por semana?

  7. O que levou a você procurar uma academia para fazer atividades físicas?

  8. Qual a atividade que gostaria de praticar e sua academia não oferece?

  9. Na academia você tem tido orientação e acompanhamento constante de um professor? Sim ou não.

  10. Quantos dias por semana você vai à academia?

  11. Quanto tempo você treina nos dias que vai à academia?

  12. Qual atividade você faz com mais freqüência na academia?

  13. Por quê?

  14. Depois que começou a praticar atividades Físicas sentiu mudanças em algum aspecto da sua vida? Explique.

    A seleção dos sujeitos foi feita através do critério da idade, convidando pessoas com mais de 50 anos de ambos os sexos, que praticam atividades físicas, para participar do estudo. Todas elas assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

    Foram entrevistadas 21 pessoas praticantes de diferentes atividades físicas, com idades que variaram de 50 a 86 anos de idade.

    Segue a apresentação dos gráficos e resultados da pesquisa:

Figura 1. Quais atividades físicas você prefere praticar na academia?

    Essa primeira pergunta cujo objetivo foi analisar fundamentalmente a preferência dos pesquisados sobre quais atividades eles preferem trabalhar na academia, podemos observar que houve certa preferência por atividades com menos impacto como a hidroginástica, ginástica e esteira, mas houve uma busca por diferentes atividades físicas na nossa pesquisa.

Figura 2. Você prefere atividades em grupo ou individuais?

    Com essa questão, foi possível reconhecer suas preferências por aulas em grupos ou individuais. Os resultados mostraram claramente a preferência dos respondentes por atividades em grupo e através do contato com os mesmos, constatamos que um dos motivos para eles praticarem qualquer atividade física está relacionado à socialização e ao prazer.

Figura 3. Com que freqüência você pratica atividades físicas?

    Nesta questão o objetivo era conhecer qual a freqüência os respondentes praticam atividades físicas, quantas vezes por semana eles fazem suas atividades. Os dados mostraram que a maioria pratica atividade física 2 ou 3 vezes por semana.

Figura 4. Você utiliza os aparelhos de ginástica que existem em praças públicas?

    Nesta questão objetivou-se abordar se os indivíduos fazem uso de aparelhos de ginásticas disponíveis em praças públicas da região. Observou-se que 81% dos nossos entrevistados não fazem uso dos aparelhos de ginástica em praças públicas e alguns dos motivos mencionados foram, a distância de suas casas até as praças e a falta de instrutores nesses locais.

Figura 5. Você faz atividades físicas em outros locais além da academia?

    Aqui buscou-se saber se além das atividades em academias nossos avaliados praticam atividades em outros locais. Viu-se que quase metade da amostra pratica atividades em outros locais além da academia de ginástica.

Figura 6. Se sim quantas vezes por semana?

    Aqui ficou claro que os indivíduos que fazem atividades além da academia, acabam praticando atividades físicas quase que diariamente.

Figura 7. O que levou você procurar uma academia para fazer atividades físicas?

    Essa questão apontou quais os motivos que levam a população mais idosa à prática de atividades físicas. Na análise dos dados aparece a recomendação medica é um dos maiores responsáveis pela procura de atividades físicas, seguidos pela iniciativa própria, mostrando a conscientização sobre os benefícios da atividade física.

Figura 8. Qual a atividade que gostaria de praticar e sua academia não oferece?

    Esta questão objetivava saber quais atividades o entrevistado gostaria de praticar, mas não tem acesso em seu local de prática de atividades físicas. Destaque para a preferência pelo Pilates, Natação e Ginástica com Aparelhos, que são atividades que não são encontradas facilmente em academias de nossa região, 57% não opinaram, afirmando-se satisfeitos com as atividades praticadas atualmente.

    Na pergunta sobre eles possuírem ou não um professor instruindo a atividade física, todos afirmaram que são supervisionados por um professor.

Figura 09. Quanto tempo você treina nos dias que vai à academia?

    Esta questão é de caráter informativo de quanto tempo dura a sessão de treino deles na academia e o que ficou evidenciado é que os treinos costumam variar entre uma hora e 50 minutos.

Figura 10. Qual atividade você faz com mais frequência na academia?

    A ginástica e a hidroginástica predominam nas atividades praticadas pelos respondentes.

Figura 11. Por que?

    Ao serem perguntados por que praticam aquelas atividades físicas que mencionaram, as respostas predominantes foram, recomendação médica ou porque essas atividades proporcionam bem-estar para eles.

Figura 12. Depois que começou a praticar atividades físicas

sentiu mudanças em algum aspecto da sua vida? Explique.

    Com os resultados desta pesquisa podemos ressaltar a importância da atividade física principalmente para os idosos, vemos no gráfico que houve uma melhora em vários aspectos, em destaque, disposição, auto-estima, diminuição de dores e saúde. Apenas um entrevistado não relatou melhora com as atividades físicas.

Discussão

    A análise desta pesquisa foi desenvolvida a partir da leitura do conteúdo das entrevistas com o objetivo de fazer um levantamento da presença de idosos nas academias da região metropolitana de Campinas e acessar quais as atividades mais procuradas por essa população. Nas Figuras 1 e 10 ficou evidente a preferência dos idosos por atividades com menos impacto como a Hidroginástica, Caminhada e Atividades em grupo.

    Outro resultado importante foi a predominância pela busca de atividades físicas devido à indicação médica e iniciativa própria. Isso mostra a conscientização sobre os benefícios da atividade física pelas pessoas e pela classe médica. Quando questionados sobre o que os levou a procurar uma academia para fazer atividade física 11 sujeitos afirmaram que sua motivação foi devido á orientação médica, e 6 sujeitos afirmaram que foi por iniciativa própria, o que aponta uma conscientização por parte da população em geral sobre os benefícios de atividades física praticadas regularmente seja por orientação médica ou por lazer.

Considerações finais

    Esse trabalho permitiu verificar e analisar a preferência de pessoas idosas por atividades físicas em academias ou centros de atividades físicas. Os resultados demonstraram que existe uma relação de interesse e necessidade pela atividade física. Não ficou claro qual atividade preferida por eles, pois a amostra de pessoas mais velhas praticando atividades físicas em academias, foi pequena, composta de 21 sujeitos e visualizou-se que é um público ainda em minoria nas academias. O que ficou claro que a atividade que mais praticam é a Hidroginástica. Outro dado relevante é a preferência dessa população por atividades em grupos preferencialmente às individuais. A partir dos resultados obtidos podemos ressaltar que a maioria dos entrevistados relatou benefícios significativos agregados às atividades físicas independente dos ambientes que praticam suas modalidades, com melhora da saúde e também na auto-estima. Estes resultados podem ser particularmente úteis para os profissionais da área da saúde e outros profissionais que são interessados por assuntos relacionados a atividade física e exercícios para os grupos de pessoas idosas, para que estes entendam melhor como esses elementos se integram na dinâmica geral de funcionamento daqueles que se beneficiam. Como a população idosa, é a que mais cresce proporcionalmente, teremos cada vez mais idosos saudáveis, procurando atividades físicas orientadas, e é preciso que o mercado se atente às suas preferências e características biopsico-sociais para melhor atendê-los.

Referências bibliográficas

  • BENEDETTI, T. R. B.; GONÇALVES, L. H. T. e MOTA, J. A. P. S. Uma proposta de política pública de atividade física para idosos. Texto Contexto Enfermagem,V. 16, N. 3, p. 387-98, Jul-Set, 2007.

  • CELICH, K. L. S.; GOLDIM, J. R. Qualidade de vida dos idosos participantes de grupos da terceira idade. Revista Nursing. V.13, n. 147, p.400-405, 2010.

  • MERLIN, M. S.; BAPTISTA, A. S. D.; BAPTISTA, M.N. Depressão e Suicídio na Terceira Idade. In: BAPTISTA, M. N. Suicídio e Depressão: Atualizações. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2004. p. 201-214.

  • PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W. e FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. Tradução de Daniel Bueno. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

  • SALIN, M. S. Diretrizes para implantação de programas e ações de atividade física para idosos. 2006. 92 p. Dissertação de Mestrado em Ciências do Movimento Humano – Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC.

  • SILVA, W. F.; ALMEIDA, A. R.; SANTOS, D. T.; SILVEIRA, M. B. Os benefícios da atividade física para a qualidade de vida dos idosos em um clube de terceira idade na cidade de Porteirinha, MG. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 149, Octubre de 2010. http://www.efdeportes.com/efd149/os-beneficios-da-atividade-fisica-para-idosos.htm

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