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Avaliação do estresse e dos fatores de risco laborais e físicos em

motorista de transporte urbano de ônibus em Montes Claros, MG

Evaluación del estrés y de los factores de riesgo laborales y físicos en choferes de transporte urbano de ómnibus en Montes Claros, MG

 

*Acadêmica de Medicina das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, MG

**Mestre em Ginecologia e Obstetrícia e mastologia pela Unesp

Professora das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, MG

***Biomédica pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, MG

****Fisioterapeuta pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, MG

(Brasil)

Andréia Farias Alquimim*

Ana Beatris Cézar Rodrigues Barral**

Kênnya Caroline Gomes Ferreira***

Mayra Costa de Rezende****

andreiaalquimim@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O motorista de ônibus está sujeito a um grande número de situações com potencial estressor. Daí o estudo buscar avaliar o nível de estresse em motoristas de transporte urbano de ônibus em Montes Claros - MG. Foi empregado um questionário semi-estruturado com dados pessoais, antropométricos, profissionais e laborais e um questionário referente ao estresse (QSE). A maioria dos motoristas apresentou nível de estresse normal e houve pouca associação das variáveis analisadas com o estresse.

          Unitermos: Motorista. Ônibus. Estresse.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O motorista de ônibus está sujeito a um grande número de situações com potencial estressor e contribuem para isso a duração da jornada de trabalho, a situação precária do asfalto, baixos salários, estado dos veículos, ruídos, temperatura, congestionamento, relação com o público, insegurança (exposto a assalto). Tais fatores favorecem o aparecimento de estresse nessa classe profissional (BALTAZAR et al., 2008).

    Em função do exposto e pela inexistência de estudos representativos da população de motoristas de ônibus em Montes Claros, buscando preencher essa lacuna, o estudo foi conduzido com o objetivo de se avaliar o nível de estresse em motoristas de transporte urbano de ônibus em Montes Claros - MG.

Metodologia

    Para coleta de dados foi empregado um questionário semi-estruturado abordando dados pessoais, antropométricos, profissionais e laborais; e um questionário referente ao grau de estresse (QASE- Questionário Avaliativo de Sintomas de Estresse), contendo quinze perguntas de múltipla escolha, envolvendo sintomas do estresse, cujas respostas indicam o nível do mesmo. Todos os motoristas que participaram do trabalho assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido conforme resolução 196/96

    Após a coleta dos dados, eles foram tabulados e analisados por meio de métodos descritivos e estatísticos. Para isso, usou-se a porcentagem, odds ration, “t” student e p com significância quando menor ou igual a 0,05.

    O projeto foi enviado ao comitê de ética da Unimontes-MG para análise e aprovação, sendo o número do protocolo 2424.

Resultados

Tabela 1. Distribuição dos motoristas conforme variável investigada

 

Tabela 2. Associação entre IMC e fatores de riscos

 

Tabela 3. Associação entre cintura abdominal e estresse

 

Tabela 4. Associação entre estresse e fatores de riscos

Fatores de risco

Nível de estresse

OR (IC/95%)

Valor-p

Normal

Alterado

Total

Colesterol total

Normal

17

6

23

1,00

 

Elevado

19

11

30

1,64(0,50-5,40)

0,413

Triglicerídeo

Desejável

13

4

17

1,00

 

Elevado

23

13

36

1,84(0,50-6,81)

0,360

HDL

Baixo/Aceitável

24

14

38

1,00

 

Alto

12

3

15

0,43(0,10-1,79)

0,237

LDL

Ótimo/aceitável

20

10

30

1,00

 

Elevado

16

7

23

0,88(0,27-2,82)

0,823

VLDL

Normal

16

5

21

1,00

 

Alterado

20

12

32

1,92(0,60-6,60)

0,296

Hábito tabagista

Não

30

13

43

1,00

 

Sim

6

4

10

1,54(0,37-6,38)

0,551

Consumo de bebida

Não

18

11

29

1,00

 

Sim

16

5

21

0,51(0,15-1,79)

0,291

Prática atividade física

Sim

21

3

24

1,00

 

Não

12

12

24

7(1,64-2985)

0,005

IMC

<= 25

8

5

13

1,00

 

>25

28

12

40

0,69(0,19-2,53)

0,570

História familiar de diabetes

Não

25

11

36

1,00

 

Sim

11

6

17

1,24(0,37-4,21)

0,730

História familiar de Hipertensão

Não

18

9

27

1,00

 

Sim

18

8

26

0,89(0,280-2,82)

0,842

História familiar de obesidade

Não

34

17

51

 

 

Sim

2

0

2

 

 

História familiar de insuf. cardíaca

Não

33

16

49

1,00

 

Sim

3

1

4

0,69(0,07-7,14)

0,753

História familiar de A.C. Vascular

Não

26

15

41

1,00

 

Sim

10

2

12

0,35(0,07-1,80)

0,194

História familiar de I.A. miocárdio

Não

33

15

48

1,00

 

Sim

3

2

5

1,47(0,22-9,71)

0,690

Consome muito açúcar

Não

14

4

18

1,00

 

Sim

22

13

35

2,07(0,56-7,63)

0,270

Consome muita gordura

Não

21

13

34

1,00

 

Sim

15

4

19

0,43(0,12-1,58)

0,199

Consome muito café

Não

14

2

16

1,00

 

Sim

22

15

37

4,77(0,94-24,13)

0,045

Consome muita coca-cola

Não

26

8

34

1,00

 

Sim

10

9

19

2,93(0,88-9,70)

0,075

Consome muito refrigerante

Não

19

10

29

1,00

 

Sim

17

7

24

0,78(0,24-2,51)

0,680

Consome muito

Sal

Não

16

5

21

1,00

 

Sim

20

12

32

1,92(0,56-6,59)

0,296

Discussão

    A maioria da amostragem, 69,7%, segundo avaliação pelo QSA, foi classificada como tendo nível de estresse normal (TABELA 1). Reafirmando os resultados, Carvalho (2008) diz que, dentre 26 motoristas, 35% se consideram estressados e destes, 78% afirma ser decorrentes do trabalho, sendo que o estresse ainda pode levar a outros fatores de risco, como tabagismo, obesidade e hipertensão arterial

    Já no estudo de Ozonato e Ramos, 2001, quase 80 motoristas de um total de 100, dizem sentir-se constantemente estressados.

    Estudo realizado por Costa et al. (2003) nas cidades de Belo Horizonte e São Paulo sobre as condições de trabalhos dos motoristas de passageiros dessas cidades, mostrou que o receio de sofrer acidente aumenta em 71% o risco de estresse em relação aos motoristas que não têm essa preocupação. O estudo revela também o medo de ser assaltado (78% dos entrevistados paulistas e 81,8% dos motoristas de Belo Horizonte) como um dos principais medos desses profissionais.

    Outro aspecto do estudo realizado por Costa et al. (2003) é o medo de perder o emprego, sendo que pouco mais da metade dos entrevistados de ambos os municípios declararam isso. O estudo faz associações entre o medo de ser assaltado e problemas gastrointestinais, e entre o medo de acidentes e problemas do sono e estresse.

    É importante destacar a relação inversa entre IMC e nível de estresse (TABELA 2). Praticamente inexiste essa abordagem na literatura em motorista de ônibus urbano, dificultando o embasamento científico do achado.

    Contradizendo o resultado desproporcional entre IMC e estresse, tal associação, em uma classe profissional diferente da do presente estudo, feita por Botolli et al. (2009) demonstraram que os sujeitos de pesquisas com IMC acima do normal, apresentavam níveis de estresse elevado. Estudos suecos vêm, há alguns anos, mostrando evidências de que as pessoas sob estresse continuado, que estão sempre sob pressão, terminam modificando o padrão de secreção do hormônio cortisol (hormônios de resposta ao estresse), aumentando a fome e a deposição de gordura na região central do corpo (BOTOLLI et al., 2009).

    Por fim, níveis de estresse alterado tiveram relação estatisticamente significativa com pouca prática atividade física, OD=7, e alto consumo de café, OD=4,77 (TABELA 3). Conforme Tamoyo (2001), atividade física regular (p < 0,001) teve impacto sobre o estresse ocupacional, sendo os escores superiores para o grupo de sujeitos sedentários, sendo o nível de estresse superior para aqueles que não praticavam exercícios físicos regularmente (106 dentre 192 empregados).

    Este resultado é convergente com resultados da presente pesquisa. O exercício físico regular desenvolve o condicionamento cardiovascular que, por sua vez, provoca uma redução, na corrente sangüínea, da taxa de diversas substâncias associadas ao estresse. A interação social, a companhia e a comunicação interpessoal podem agir como poderosas estratégias para lidar com o estresse e com algumas das suas reações (TAMOYO, 2001).

    A cafeína elevou a pressão arterial e a concentração plasmática de noradrenalina, além de potencializar a secreção plasmática de epinefrina e cortisol em resposta ao estresse. A cafeína atua como um "amplificador" do efeito dos estressores normais do dia a dia, ou seja, para um mesmo nível de stress, aqueles indivíduos consumidores habituais de cafeína apresentarão maior resposta cardiovascular e hormonal (LIMA et al., 2010).

    Na prática, observamos que geralmente as pessoas que tomam mais café são as mais estressadas ou que vivem em ambientes com alto nível de estresse. Nestes casos estabelece-se algo como um ciclo vicioso. O estressado precisa mais do café para manter-se alerta e quanto mais toma café, mais acentua os  efeitos do stress no organismo (LIMA et al., 2010).

Conclusão

    Quanto ao estresse, mais da metade da amostra apresentou nível de estresse normal. Houve significância estatística entre estresse e atividade física e consumo de café.

Referências

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