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Características do estilo de vida dos profissionais da Educação 

Física no município de Foz do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu

Características del estilo de vida de los profesionales de Educación 

Física en el municipio de Foz do Iguazú y de Santa Teresinha de Itaipú

 

Foz do Iguaçu, PR
Grupo de Pesquisa de Qualidade de Vida

na Área de Educação Física
Professores de Educação Física Licenciados

(Brasil)

Josemir Zucco de Jorgi

Ellen Vaz

Djéssica Regina Martins

zucco.zj@uol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo desse estudo foi caracterizar e analisar os principais aspectos do estilo de vida e da qualidade de vida de professores de Educação Física das escolas públicas e privadas do município de Foz do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu PR. O estudo foi classificado como de campo, exploratório e descritivo, onde utilizou-se como instrumento de coleta de dados o questionário QVS 80 (Qualidade de vida e saúde) adaptado. Foram avaliados os dados sociodemográficos gerais e os domínios da saúde, da atividade física, do ambiente ocupacional e da percepção da qualidade de vida. Outro fator de destaque é o descontentamento com a remuneração, onde mais de 80% dos professores responderam não estar totalmente satisfeitos com a remuneração. Já os índices de fumantes são acima da média nacional que é de 15,1% e entre os professores de Educação Física ficou em 19% e, nenhum dos participantes relatou não consumir bebidas alcoólicas. Sabendo que a função docente exige uma dedicação além da carga horária em sala e, observando um alto índice de professores trabalhando mais que 40 horas semanais, sugere-se uma redução da jornada para dessa forma, oportunizar melhores condições para a prática de atividades físicas regulares e de lazer em geral.

          Unitermos: Professor. Educação Física. Estilo de vida.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A profissão de Educação Física vem conquistando grande espaço no mercado nos últimos anos, após o seu reconhecimento em 1998, foram criados os Conselhos Federal e Regional de Educação Física (CONFEF / CREFs), a cada ano que passa aumenta o número de profissionais formados. Atualmente existem mais de 1260 universidades que oferecem este curso segundo dados do MEC.

    Os profissionais e estudantes de Educação Física no Brasil possuem uma série de eventos especializados na realização de cursos, entre eles, pode-se destacar, o Congresso Internacional de Educação Física - FIEP, que acontece desde 1986 na cidade de Foz do Iguaçu, com a participação de mais de 55.000 pessoas de 50 países, e a apresentação de mais de 9500 trabalhos científicos.

    De acordo com o CONFEF em 2002, a atividade física é conceituada como todo movimento corporal voluntário humano que resulta em um gasto de energia acima dos níveis de repouso caracterizado pela atividade do cotidiano e pelos exercícios físicos.

1.     Reconhecimento da Educação Física

    A profissão de Educação Física, após o seu reconhecimento em 1998, vem conquistando crescente espaço no mercado de trabalho. A lei 9696, sancionada no dia 1º de setembro pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso, cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Educação Física e regulamentando a Profissão de Educação Física, publicada no Diário Oficial da União no dia 02 de setembro, passa a ser de domínio público. No dia 8 de novembro, no Rio de Janeiro, é eleito o primeiro grupo de Profissionais de Educação Física, para gerir o CONFEF (Conselho Federal de Educação Física). Presentes na plenária que fez a eleição um fórum formado por 80 Instituições de Ensino Superior, pela Federação Brasileira das Associações de Professores de Educação Física e por 25 Associações de Professores e Profissionais de Educação Física. Após o reconhecimento do curso, a procura e o crescimento de formandos na área têm aumentado muito.

2.     Estudos sobre a qualidade de vida e a importância da atividade física

    Para superar a escassez e a superficialidade de estudos nesta temática, Nogueira (2005) sugere a criação de linhas de pesquisa voltadas à qualidade de vida do profissional de Educação Física, contemplando tanto os aspectos individuais quanto os aspectos sócio ambientais deste profissional.

    Segundo CONFEF (2008) diz que a organização Mundial da Saúde que cerca de 80% dos casos de doenças cardiovasculares e diabetes e, 40% dos casos de câncer são combatidos por meio da mudança do estilo de vida. Fundamentada na prática de atividade física, alimentação saudável, exclusão no hábito de fumar e o comportamento preventivo.

    Os níveis de atividade física, aptidão física e outras características modificáveis no estilo de vida podem influenciar no risco de doenças crônicas e morte prematura (Pitanga, 1998). Mudanças no estilo de vida poderiam, portanto, promover melhor saúde e longevidade.

    Conforme Menestrina (2000) o profissional de Educação Física legitimado como profissional da saúde, tem na atuação da Educação Física Escolar uma responsabilidade ímpar, pois quanto antes for iniciado o processo educativo melhor será o desenvolvimento de hábitos sadios na infância e na juventude tendo repercussão na vida adulta e na velhice.

    De acordo com Nahas (2001), uma das responsabilidades fundamentais dos profissionais de saúde, principalmente os da Educação Física, deveria ser informar bem as pessoas sobre fatores como a associação entre atividade física, aptidão física e saúde, os princípios para uma alimentação saudável, as formas de prevenção de doenças cardiovasculares ou o papel das atividades físicas no controle do estresse.

    Conforme os dados de Oliveira (2001) demonstraram que dentre os professores universitários da área da saúde da UCB, os docentes de Educação Física do sexo masculino foram os únicos que obtiveram a classificação muito ativo. Esta classificação também foi maior nos professores de Montes Claros, onde 26,7% dos homens foram considerados muito ativos.

    Diante disso, podemos enfatizar a idéia de promoção da saúde, que se apresenta como uma forma moderna e eficaz de enfrentar os desafios referentes à saúde e qualidade de vida, oferecendo condições e instrumentos para uma ação integrada e multidisciplinar que inclui as diferentes dimensões da experiência humana que pode ser expressa pelos diferentes campos do conhecimento (SECRETARIA DE POLÍTICAS DE SAÚDE, 2001).

    Por outro lado, quando se fala em qualidade de vida, podemos recair no discurso comum, devido à complexidade e imprecisão associada à definição deste conceito. Assim, podemos verificar uma preocupação com o conceito de qualidade de vida, no que se refere a um movimento dentro das ciências humanas e biológicas no sentido de valorizar parâmetros mais amplos que o controle de sintomas, diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida (FLECK, 1999).

    A atividade física regular tem sido reconhecida por seus efeitos saudáveis nos praticantes (ACSM, 2008). É possível relacioná-las a alterações positivas para combater ou prevenir o aparecimento de diversas doenças, tais como: doenças cardiovasculares, a obesidade, diabetes, osteoporose, entre outras.

3.     Metodologia

    O estudo teve como objetivo de entrevistar os Profissionais de Educação Física da cidade de Foz do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu do estado do Paraná são professores de Escolas Estaduais e Privada, a pesquisa sendo realizada janeiro a abril do ano de 2011, tendo um total de 21 entrevistados sendo 10 do sexo masculino e 11 do sexo feminino. Tendo como instrumento de pesquisa o Questionário de Avaliação da Qualidade de Vida e Saúde (QVS-80) “resumido” que foi elaborado por LEITE, Neiva; VILELA JÚNIOR, Guanis de Barros; CIESLAK, Fabrício; ALBUQUERQUE, André Martines. Segundo Gil (2002), o objetivo da pesquisa é proporcionar respostas aos problemas que são propostos. O questionário levou os profissionais de educação física a responder alguns pontos especifico desse estudo: por eles trabalharem na área da atividade física e saúde tem um estilo de vida mais ativo que os demais profissionais. Os resultados foram apresentados por meio de estatísticas descritivas em tabelas por (%), sendo separado entre ambos os sexos.

4.     Análise e discussão dos resultados

4.1.     Características gerais dos indivíduos

    Participaram do estudo 21 Profissionais de Educação Física de escolas públicas e privadas, sendo 10 homens (47,6%) e 11 mulheres (52,4%). Os resultados da pesquisa demonstram que os homens participantes nesse estudo situam-se principalmente faixa de idade média entre 30 e 49 anos (80%) já nas mulheres a predominância está entre 20 e 39 anos (81,9%), faixa etária que também é predominante entre os dois grupos pesquisados, totalizando um percentual de 42,9%.

    Referente à renda mensal familiar, a média dentre os sexos foi de R$ 2.500,00 a R$ 4.500,00 predominando as mulheres com 63,7% e os homens com 50%, já na renda mensal de R$ 4.500,00 a R$ 5.500,00 predominou o sexo masculino com 20% entre os entrevistados.

    Quanto ao estado civil de ambos, 61,9% são casados, 38,1% solteiros ou divorciados.

    No aspecto de Grau de Instrução verifica-se que a maioria dos participantes tem especialização 81,0% pós-graduação. Já com a titulação de mestre e doutorado temos 9,5% dos professores, sendo que no sexo feminino o grau de instrução é somente em pós-graduação 100%.

    Quanto à carga horária semanal trabalhada entre os ambos profissionais está na média de 21 a 40 horas (42%), já obtendo mais de 40 horas trabalhadas os homens obtiveram 40% e 18,2% as mulheres. As informações acima descritas estão detalhadas e podem ser melhor visualizadas na tabela 01 apresentada abaixo.

    Na tabela 01, são apresentados dados referentes aos hábitos do fumo e do consumo regular de bebidas alcoólicas. Um dado importante entre os entrevistados é que 57,1% nuca fumaram e 23,8% fumavam por um tempo, mas pararam e 19% são fumantes ativos, ao comparar com os dados de Vigitel (2010) mostra em relação aos que param de fumar de 2006 a 2010 teve uma pequena queda 1,1%.

    Quanto ao consumo regular de bebidas alcoólicas, mais da metade, 66,7% responderam que bebem entre 01 a 04 doses por semana, outros 19,0% afirmam que consomem de 5 a 9 doses por semana, porém o que preocupa é que 14,3% consomem acima de 10 doses semanais.

    Outras informações com maiores detalhes são apresentadas na tabela 01, abaixo.

Tabela 01. Informações referentes aos hábitos de consumo de álcool e ao fumo, apresentados através de freqüência e percentual

    Na tabela 02 são apresentados valores referentes à prática habitual de atividades físicas, tais como: caminhada, corrida, musculação, práticas esportivas (futebol, vôlei, basquete e futsal).

    Ao analisar o estudo concluímos que 18,2% das entrevistadas praticam exercício físico muito frequentemente. Outros 57,1% praticam de forma freqüente e a outra parte 33,3%, responderam que às vezes ou muito raramente praticam atividades físicas.

    Já Priess (2011) através de uma pesquisa recente entre docentes de Educação Física e de outras áreas pode-se observar que somente 4,5% dos participantes responderam que praticam exercícios físicos de forma regular muito frequentemente. Outros 20,5% praticam de forma freqüente. A maioria dos professores, 30,7% responderam que as vezes. Sendo esses resultados entre as áreas de Professores de Educação Física e Professores de diferentes áreas de formação, mais ao abrir o a pesquisa podemos ver que o nível foi igualado entre as docentes quando afirma pratica exercícios físicos de forma regular frequentemente, ao mostrar os que responderam às vezes os docentes de Educação Física ficaram abaixo dos demais docentes tendo uma diferença de 8,5% sendo isso muito preocupante, pelo motivo de educadores físicos estarem menos preparado que os demais.

    Quanto à prática de musculação, as respostas foram preocupantes, sendo que 57,1% dos entrevistados não praticam, tendo somente 33,3% de praticantes entre 1/2 a 04 horas semanais. Por se tratar de educadores físicos, esse resultado teria que ser totalmente diferente.

    A prática de esportes também é pouco freqüente entre os participantes, sendo que 57,1% demonstraram não praticar nenhum tipo de esportes. A preocupação com os entrevistados é o que acontece com a maioria dos profissionais, infelizmente observa-se que um número muito baixo de professores que pratica algum tipo de exercícios físicos de forma regular e freqüente.

    Dados mais detalhados na tabela 02.

Tabela 02. Informações gerais referente a pratica regular de exercícios físicos

    Dados referentes a práticas de atividades físicas são apresentados na tabela 03. Verifica-se que 61,9% dos Profissionais de Educação Física relataram praticar com prazer e frequentemente, atividades físicas. Entre ambos os sexos havendo pouca diferença, sendo 60% dos homens e 63,6% das mulheres. Conclui-se que mais uma vez as mulheres estão se cuidando mais do que os homens.

    Outros dados referentes aos motivos da realização das práticas de atividades físicas são apresentados de maneira mais detalhada na tabela 03, abaixo.

Tabela 03. Valores referentes aos motivos da realização de práticas de atividades

físicas, representados através da freqüência e percentual entre as classes profissionais

    Em questões foram formuladas para saber acerca da qualidade de vida dos entrevistados. Quanto se perguntou sobre o estado atual de saúde, 66,7% entre ambos os sexos responderam estar boa e apenas 23,8% estariam muito boas, com um nível baixo mais tendo com 4,8% responderam ruim.

5.     Considerações finais

    Após a finalização da pesquisa, realizada com profissionais de educação física, atuantes nos municípios de Foz do Iguaçu e Santa Terezinha de Itaipu, foi possível detectar comportamentos, fatos e atitudes diversas destes profissionais.

    Por se tratar de área voltada à saúde e qualidade de vida, os profissionais atuantes na ciência da educação física, deveriam dar exemplo de vitalidade e bem-estar sobre a prática regular de exercícios e atividades corporais, sendo que 71,5% dos entrevistados têm a faixa-etária entre 20 a 39 anos, mas de acordo com as informações coletadas, 33,3% dos participantes não realizam pratica de atividades físicas de maneira regular. Com relação aos dados anteriores que já são preocupantes imagina dizer que profissionais da educação física, tem que fazer pratica de exercícios físicos por motivos medico, tendo um resultado de 42,9% responderam que devem fazer freqüentemente para não ficarem sedentários.

    Um dos fatores apontados pelos entrevistados ficou por conta da falta de tempo, devido à extensa carga horária, sendo constatado que mais de 50% dos entrevistados lecionam em dois períodos e deste 30% chegam a lecionar em três períodos, isso torna a rotina bastante desgastante. A razão de tanto esforço geralmente por motivos meramente financeiros, na busca de uma estabilidade.

    Por se tratar de pesquisa voltada a profissionais de Educação Física, eram esperados índices mais altos na prática de atividades físicas regulares, já que, os exercícios físicos e esportes fazem parte do conteúdo programático das escolas, nas aulas de Educação Física.

    Os índices de fumantes são acima da média nacional que é de 15,1% e entre os professores de educação física ficou em 19% e, nenhum dos participantes relatou não consumir bebidas alcoólicas.

    Segundo os dizeres de Medina (1996), enquanto os profissionais da Educação Física não abrirem os olhos procurando penetrar em sua realidade de forma concreta através da reflexão crítica e da ação, não serão capazes de promover conscientemente os homens a níveis mais altos de vida, contribuindo assim com sua parcela para realização da sociedade e das pessoas em busca de sua felicidade.

    Focando na importância de estruturar projetos interdisciplinares com o objetivo de promover e conscientizar sobre importância de um estilo de vida ativo, tanto para os alunos como para professores e funcionários em geral.

    Pois, de acordo com os dados coletados 71,4% dos professores falaram que praticam atividades físicas regulares a mais de 2 anos, portanto, pelas respostas não da para afirmar que são inativos.

    Espera-se que através dos dados coletados com esse estudo, os profissionais das mais diferentes áreas tenham uma melhor consciência da importância de adotarem um estilo de vida mais saudável e ativo para que todos atinjam longevidade com melhor qualidade de vida.

Referências

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 165 | Buenos Aires, Febrero de 2012
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