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Educação Física e práticas curriculares: as diretrizes 

curriculares no Estado do Paraná como proposta transformadora

Educación Física y prácticas curriculares: las directrices curriculares en el Estado de Paraná como propuesta transformadora

 

Licenciada em Educação Física

pelas Faculdades Integradas de Itararé, FAFIT-FACIC

(Brasil)

Lucinéia Darlyene Silveira

dkasmierczak@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Nas ultimas décadas o Brasil passou por várias transformações, políticas e econômicas, que vieram a promover profundas transformações na escola, especialmente no seu currículo. Assim o objetivo deste trabalho é analisar a reorganização das práticas curriculares da educação física propostas pelas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (DCE’s), desvelando as suas intencionalidades implícitas e explicitas percebendo a importância do currículo na formação do sujeito na sociedade moderna e de como estas políticas influencia as disciplinas no contexto escolar, em especial a Educação Física. Para tanto se partiu para um estudo descritivo tendo como principal referência as DCE’s apoiado por leituras complementares. Percebeu-se a dificuldade de se construir um bom currículo, já que o sujeito muitas vezes se torna um mero reprodutor de conteúdos. Desta forma as aulas de Educação Física têm um papel de transformação e é nela que o sujeito encontrará subsídio para aprender á conviver bem respeitando a todos, além de desenvolver uma atitude autônoma perante a si mesmo, aos demais e a sociedade.

          Unitermos: Política pública. Diretrizes curriculares. Currículo.

 

Abstract

          During the last few decades, Brazil has gone through several transformations, political and economic, which came to promote profound changes in the school, especially in its curriculum. So the objective is to analyze the reorganization of the curriculum practices of physical education offered by the Curriculum Guidelines of the State of Paraná (DCE's), revealing their intentions implicit and explicit realizing the importance of curriculum in the formation of the subject in modern society and how these political influence in the school subjects, especially physical education. For both broke into a descriptive study with the primary reference the DCE's supported by further reading. Realized the difficulty of building a good resume, since the subject often becomes a mere player content. Thus the physical education classes have a sense of transformation and it is here that the subject will find allowance to learn to live well while respecting everyone, and develop an autonomous attitude towards oneself, to others and society.
          Keywords: Public policy. Curriculum guidelines. Curriculum.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Nas últimas décadas as lutas de classes no Brasil se intensificaram. Duas classes mais especificamente a trabalhadora e a burguesia se confrontam por interesses diferentes, enquanto os trabalhadores passam a lutar por melhores condições de trabalho, salários, habitação, saúde, transporte entre outros, a classe burguesa, comumente identificada como a classe proprietária ou detentora do capital que tem como único interesse o acúmulo de riquezas, renda, consumo e propriedades (CASTELANI FILHO et al., 2009)

    A partir dessas lutas, no Brasil, pode-se identificar uma iniciativa governamental bem intensa no período de 1965-1975 para o desenvolvimento do país e para tal, é necessário um novo modelo de educação para suprir as necessidades do novo modelo econômico. Assim entra em evidência o conceito de educação econômica, onde a organização estrutural da indústria adentra a escola (CASTELANI FILHO et al., 2009)

    Segundo Freire (1979, p.20) “As massas descobrem na educação um canal para o novo status e começa a exigir mais escolas. Começam a ter uma competência que não tinham. [...] é o que chamamos educação das massas”.

    Pode-se dizer, então, que ambas as classes brigam por interesses que lhes tragam benefícios, de preferência que gerem renda e a educação se torna uma forte aliada para o cumprimento destes propósitos para qualquer dessas classes.

    Isso provoca uma forte demanda de alunos da classe popular para as escolas públicas, esta também teve de entrar nesta briga, onde cada vez mais aumenta o número de discussões sobre como esta deve agir. Nesta fase encontra-se a pedagogia do discurso que ao entrar em crise prefere atender os interesses de ambas as classes e ficar neutra nas discussões.

    De acordo com Saviani (1984, p. 86), “é pressuposto de toda e qualquer relação educativa que o educador está a serviço dos interesses do educando. Nenhuma prática educativa pode se instaurar sem este suposto”.

    Desta forma é necessário que professores tenham definido seu plano pedagógico, seja ele, diagnóstico, justificativo ou teológico para que possam entender em qual contexto estão inseridos. Esta distinção se dá por meio dos conceitos e saberes que estruturam as disciplinas, os chamados conteúdos estruturantes. Mas para isso acontecer é necessário que primeiro entenda de onde o aluno vem, qual escola freqüenta e que tipo de cultura ele traz, pois o ele nada mais é do que o fruto da cultura onde ele vive.

    Nesta perspectiva as DCE’s propõem-se uma reorganização nas políticas curriculares com objetivo de construir uma sociedade justa, com oportunidades iguais a todos. Seu objetivo é um atendimento á demanda de mercado, sem o comprometimento do sujeito, de modo que o Estado passe a vincular suas políticas, dando sustentação á um novo modelo de sociedade.

    A construção de um currículo segue o processo de caminhada, corrida, percurso que se pretende seguir, pois este objetiva a chegada a um determinado lugar, ou conhecimento, onde o sujeito passa a refletir sobre a realidade social e com isso passe a desenvolver sua lógica, mas para esta ser colocada em prática o sujeito deve confrontar-se com seus saberes do cotidiano, bem como pensamentos, ideologias e relações sociais (CASTELANI FILHO et al., 2009).

2.     O currículo na formação do sujeito

    O currículo é uma reflexão do sujeito sobre os conhecimentos, onde a instituição incentiva as diferentes metodologias, valorizando as concepções de ensino aprendizagem e de avaliação, que permite ao professor e ao conscientizarem-se da necessidade de uma “transformação emancipatória”.

    Na educação o objetivo é convencer e não vencer como na política. O educador em qualquer lugar que esteja, acredita que está agindo para o bem de seus educandos, e estes por sua vez não vêem o educador como um adversário e sim alguém que está ali para “abrir portas”, iniciá-los ao conhecimento rumo ao desconhecido. (SAVIANI, 1984).

    Desta forma, o currículo tradicional adotou uma diretriz onde os educadores, em matéria da educação, não estão no processo de construção do currículo, ou seja, a eles caberia somente executar um modo eficiente as decisões tomadas na esfera tecnoburocrática do governo, ocupada por áreas econômicas.

    Para Saviani (1991 apud CASTELANI FILHO et al., 2009, p.31), “o currículo é o conjunto de atividades nucleares distribuídas no espaço e no tempo da escola [...], não basta apenas o saber sistematizado. É fundamental que se criem condições de sua transmissão e assimilação”. Ou seja, é preciso dosar e mediar este saber de modo que o sujeito consiga dominá-lo.

    Desta forma os currículos escolares são montados de acordo com o que as escolas tendem a desenvolver, sendo que as escolas técnicas assumem uma postura mais formal, privilegiando mais a exatidão das informações em detrimento, muitas vezes, da reflexão; já outras linhas pedagógicas buscam uma reflexão maior entendendo esta como forma de emancipar o sujeito.

    Na questão disciplinas estas são vistas como componentes pedagógicos, onde se articulam com outros objetivos na estrutura curricular. Mas se esta estrutura curricular não for seguida, nada adiantará as reformulações.

    De acordo com Libâneo (1985 apud CASTELANI FILHO et al., 2009, p.32),

    “... os conteúdos são realidades exteriores ao aluno que devem ser assimilados e não simplesmente reinventados, não basta que os conteúdos sejam apenas ensinados, é preciso que se ligue de forma indissociável á sua significação humana social”.

    Assim, eles não devem ser apenas repassados e sim ensinados para a vida do sujeito, o clássico jamais perderá seu espaço, mas deve ser aperfeiçoado de acordo com o passar do tempo.

    O mesmo é feito á medida do conhecimento do sujeito, envolvendo etapas do conhecimento e reflexão dos mesmos. O currículo é imposto ás escolas e as práticas pedagógicas dos sujeitos ficaram á margem de muita discussão com relação ás construções curricular de modo geral, sendo o currículo um documento.

    A partir do momento que a simultaneidade e o etapismo se confrontaram, as escolas começaram a se organizar em sistema de seriação, onde conteúdos são ensinados por ordem de complexidade. Dessa forma a realidade fica menos evidente na vida do sujeito, pois os conteúdos são ensinados de forma isolada, sendo que estes seriam melhores aproveitados se fossem tratados explicando sua relação complexa com a realidade.

    Conhecimento é algo que sempre será superado, por isso chama-se conhecimento provisório, representando uma aproximação do real. Desta forma entende-se a escola como espaço de confronto e diálogo entre conhecimento sistematizado e conhecimento cotidiano ou popular, sendo fontes sócio-históricas de conhecimento e complexidade.

    A partir desta separação, os ciclos ficaram divididos em: primeiro ciclo, que corresponde da pré-escola á terceira série; segundo ciclo, que vai da quarta série á sexta série; terceiro ciclo, da sétima série á oitava série; e quarto ciclo que corresponde ás séries do ensino médio. Como estes são separados, o sujeito passa a aprender por partes sem pular fases de desenvolvimento e conhecimento. Assim percebe-se que o papel da escola é formar cidadãos críticos e conscientes da sua realidade social, intervindo em suas classes.

3.     A Educação Física como componente curricular obrigatório

    Neste contexto a Educação Física enquanto componente curricular obrigatório, é influenciado dentro da instituição escolar, na medida em que compõem a grade curricular instituída pelo art. 26 § 3° “E educação física, integrada a proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica” (BRASIL, LDB 9394/96, p.14).

    Ao observarmos um currículo escolar podemos ver que a Educação Física se tornou uma simples matéria, e em determinados momentos esta se iguala ás demais matérias. Pode-se verificar que num primeiro momento a pedagogia escolar é vista como recreação e mais a frente torna-se uma iniciação esportiva. (SANTIN, 1995).

    As aulas de Educação Física fazem parte do projeto de escolarização, e este deve se articular ao projeto político-pedagógico, pois tem objetos e estudos próprios, tratando-se de uma área do conhecimento. Esta não é um apêndice das demais disciplinas, e nem um momento compensatório das demais durezas de sala de aula.

    A Educação Física não é uma atividade nova, ao contrário, é uma prática milenar, portanto, portadora de uma forte carga cultural, sobre todos os pontos de vista. Precisamos estudá-la para encontrar seus elementos originais e superar as camadas de nossa herança cultural e, por meio deles, buscar alternativas para as novas propostas educacionais. (SANTIN, 2003, p. 42).

    Desta forma, escola passou a privilegiar a educação intelectual centrando suas preocupações nas atividades cognitivas, diante disso o movimento humano passou a ter pouco espaço na construção do currículo de cada curso. Assim, o ensino passou a focar apenas na inteligência, ou memória ou vontade. Sendo assim, o homem é visto como um ser inteligente e consciente, e que o homem como movimento já não parece ser tão importante nas práticas pedagógicas atuais. (SANTIN, 2003).

    É nas aulas de Educação Física que o sujeito pode se desenvolver por inteiro, já que não necessita de ficar sentado em uma carteira apenas recebendo e reproduzindo conhecimento. Deste modo o sujeito nas aulas de educação física tem maior liberdade de opinar, debater e verificar sua posição perante á sociedade em que se encontra, tornando-se mais consciente, crítico e reflexivo perante seus atos.

    O sujeito deve entender de onde veio, mas deve entender também que não nasceu pulando, saltando, arremessando e balançando, já que todas as atividades corporais foram evoluindo de acordo com os estímulos, desafios e necessidades humanas. Assim as aulas de educação física tomam um sentido mais lúdico, onde a criatividade e produtividade tomam uma forma de cultura, ou de lazer.

    Nas aulas de Educação Física não vê os erros como forma de fracasso, e sim como forma de aprendizado, pois somente assim o sujeito irá errar e aprender com seus erros, refletindo e adotando estes meios como prática de sua vida.

    Em alguns momentos as aulas de Educação Física foram tratadas como conteúdos sem importância, se relembrarmos um pouco do passado, o aluno era dispensado das aulas de Educação Física mesmo este tendo condições de movimento, já que o Decreto-Lei 69.450/71 apenas dispensava alunos com problemas de saúde, em especial problemas físicos, militares, alunos de cursos noturnos pela sua jornada de trabalho e alunos com mais de 30 anos. A segunda maneira é que o aluno não era o principal, e sim as técnicas esportivas imposta pelas modalidades. (SANTIN, 2003).

    Mas por acaso eles poderiam ser dispensados das aulas de matemática, geografia, português? Pelo jeito não! Até porque estas são consideradas matérias de cunho científico universal e devem ser transmitidos aos sujeitos.

    “[...] observa-se que no conjunto das atividades educacionais a Educação Física é vista como algo separável da Educação em Geral. A Educação Física é colocada como satélite girando em torno das demais atividades educacionais entendidas como a educação e está colocada como um epifenômeno das preocupações pedagógicas escolares”. (SANTIN, 2003, p. 52).

    Podemos ver ainda hoje alguns profissionais que ainda se perguntam o que é Educação Física? Mas esta pergunta só tem sentido se tiver uma preocupação em compreender a prática em transformá-la. Antigamente a atividade física era usada em benefício do trabalho, sendo vendida como mercadoria, pois era a única coisa que o trabalhador dispunha para o mercado da tal “sociedade livre”. Cuidar do corpo era fundamental no século XIX, somente trabalhadores fortes e sadios trabalhava, este era o marketing da época.

    As escolas alemãs de ginástica difundiam-se pelos países da Europa e América pressionando a inclusão da ginástica, esta considerada Educação Física em várias associações, portanto, estas não se destinavam as escolas, mas principalmente aos militares. Segundo Castelani Filho et al. (2009), autores como P. H. Ling Amoros, A. Spiess, P. Tissié e J. Dalcorze tiveram o mérito de aliar a Educação Física escolar ao desenvolvimento da ginástica, garantindo um espaço de respeito perante aos demais componentes curriculares.

    Desta forma a Educação Física escolar passou a ser vista como importante instrumento para a saúde do individuo. Ai se começa a delinear um perfil de homem que neste projeto deve ser disciplinado, obediente, submisso, um profundo respeitador da hierarquia social, perfil que é levado a cabo pela Educação Física da época em que seus que os profissionais, formados por instituições militares, mantinham a hegemonia deste modelo que, segundo Castelani Filho et al. (2009), somente a partir do final da década de 30 começa a mudar quando em 1939 é criada a primeira escola civil de formação de professores de educação física no Brasil.

    Em um segundo momento a psicogenética enfatizada por Le Boulch (1978) não é um método de Educação Física, e sim uma teoria do movimento utilizada como meio de formação (CASTELANI FILHO et al., 2009, p.54), a Educação Física é tratada na escola como disciplina de conhecimento da área corporal, onde se aprende a expressão corporal enquanto linguagem.

    Quando o professor propõe a atividade esta já está, na maioria dos casos, pré-definidas pelo mesmo. Ao aluno cabe apenas executá-las, não deixando espaço para o questionamento, então a única coisa a se fazer é aceitar o que lhe é proposto e executar da forma mais correta. (SANTIN, 2003)

    Os movimentos renovadores da educação física, do qual faz parte o movimento dito “humanista” na pedagogia, se caracteriza pela presença de princípios filosóficos em torno do ser humano, sua identidade e valor, tendo como fundamento os limites e interesses do homem e surge como critica a corrente oriunda da psicologia conhecida como comportamentalista. (CASTELANI FILHO et al., 2009, p. 55).

    Portanto cabe aos professores da Educação Física optar e decidir, pois está na hora do educador se tornar responsável pelos atos do processo educacional, assumindo atribuições de pensar a educação e exercê-la, tanto com a comunidade escolar quanto ao poder decisório. (SANTIN, 2003).

    Com relação ao sentido que o jogo da á vida cotidiana do ser humano, acredita-se que este é uma fonte de prazer para o mesmo, já que o instiga á aprender através da curiosidade desenvolvendo assim uma atitude cientifica. É necessário um tempo para que o sujeito assimile o conhecimento, seja ele através do jogo, esporte, dança e/ou ginástica.

    Através do jogo o sujeito vai aprender que este tanto serve para seu lazer quanto para seu desenvolvimento, estimulando-o a pensar e o como agir. No esporte ele começa a ter uma exigência maior devido á própria complexidade deste, levando o sujeito a identificar o porquê e no que resulta as suas ações. Na dança o sujeito usará de seu corpo para transmitir emoções, sentimentos, hábitos entre outros. E finalmente na ginástica, o sujeito exercitará e aperfeiçoará seu repertório de habilidades e capacidades motoras, possibilitando atividades que provoquem experiências corporais, enriquecendo sua cultura corporal.

    Quando o homem compreende sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e com seu trabalho pode criar um mundo próprio: seu eu e suas circunstâncias. (FREIRE, 1979, p. 16).

    Desta forma, deve-se entender que esses sujeitos são pessoas concretas, e o professor não pode deixá-los sem direção, este devem sempre auxiliar seu sentir, fazer e pensar. Em alguns momentos os professores são identificados como selecionadores, pois escolhem os melhores e deixam os menos hábeis de lado, fazendo com que a auto-estima desses diminua. Ou até mesmo quando o professor utiliza de sua autoridade para classificar os capazes dos não capazes, o que foge da atual proposta para a educação física.

    No atual contexto em que a Educação Física escolar moderna se insere, todos os sujeitos são iguais e não podem ser rotulados e/ou taxados, sendo que as aulas vêem para auxiliar no desenvolvimento de todos e não mais para este ou aquele. Este proposta de educação centrada no sujeito tem por objetivo formar cidadãos conscientes e reflexivos, onde professor e sujeito caminham juntos para o crescimento de ambos. Assim o sujeito não é mais avaliado pela sua aptidão física e sim pelas atitudes e práticas educativas.

    A Educação Física escolar é uma disciplina que dará subsídios para que o sujeito aprenda a ser e conviver em sociedade, respeitando todos, além de ter uma atitude autônoma perante si e aos demais.

    É, portanto, através das expressões corporais enquanto linguagem que será mediado o processo de sociabilização das crianças e jovens na busca da apreensão e atuação autônoma e critica da realidade, através do conhecimento sistematizado, ampliado, aprofundado, especificamente no âmbito da cultura corporal. (CASTELANI FILHO et al., 2009, p.100)

    Isto interfere na visão que se passa a ter do aluno e do processo de ensino aprendizagem à medida que busca uma formação integral passa a conceber o aluno com um todo único e indivisível. Assim a visão de avaliação precisa ser atualizada para que esta seja concebida e executada de forma articulada, não bastando somente estar no plano curricular da escola, mas sim vinculado a realidade concreta do aluno, portanto de momentos estanques passa a ser processual priorizando os aspectos qualitativos sobre os quantitativos.

    Algumas vezes vemos o professor como um educador de ignorantes, e não percebemos que esta forma de pensar nada mais é do que um pensamento bancário, onde o aluno passa a ser um passivo arquivador de conhecimentos. Pensando assim, o homem perde o poder de criar e passa apenas a ser um recebedor, se diferenciando do que se esperava: um homem criador e transformador deste mundo. (FREIRE, 1979).

    Esta prática devolve ao professor a sua importância no processo de seleção e transmissão de conhecimento, pois é ele, no caso das diretrizes, o responsável pelo recorte do conhecimento a ser socializado na escola.

    Assim tanto professor quanto aluno deve a agir em conjunto, assumindo responsabilidades na perspectiva de uma avaliação participativa, levando em conta que a função da mesma é informar e orientar para um melhor processo ensino-aprendizagem entendendo a avaliação enquanto processo de mão dupla.

    Isso nos remete a um sujeito capaz de compreender a sua realidade de modo crítico, fazendo com que ele quanto professor supere a visão de escola enquanto celeiro de talentos e a perceba enquanto lócus do saber em que professor e aluno caminham juntos.

    O processo avaliativo vai muito além do dar nota, é necessário criar situações onde normas e valores, regras e padrões que formam condutas sejam criticados, reinterpretados e redefinidos. Mas então como avaliar o sujeito? Este deve ser avaliado de acordo com suas decisões, não focando a aptidão física e sim sua reflexão perante a sociedade, levando em conta seu tempo de aprendizagem, bem como sua ação qualitativa e não mais quantitativa.

    O homem utiliza da sua cultura corporal para relacionar realidade de sua vida com a realidade do seu mundo. Desta forma o sujeito atribui um sentido próprio para as atividades que o professor lhe propõe.

    “Considera-se a educação física na perspectiva da reflexão sobre a cultura corporal. Isso implica o trato articulado do conhecimento, de forma a possibilitar uma nova lógica de pensar do aluno, na elaboração de uma síntese que lhe permita a constatação, interpretação, compreensão e explicação da realidade acerca da cultura corporal.” (CASTELANI FILHO et al., 2009, p.108)

    Professor e pedagogo devem estar cientes da realidade e das turmas em que se encontram, elaborando aulas que atendam a classe trabalhadora estabelecendo diálogo, comunicação, produção criativa, reiterativa e participativa. Partindo desta perspectiva, o aluno começará a entender que os erros fazem parte da construção do seu conhecimento.

    A avaliação deve ser compreendida pelo professor como algo intencional e planejado, ou seja, algo que contemple a expressão e o conhecimento do aluno, esta avaliação deve ser refletida de forma clara nos processos de ensino/aprendizagem nas escolas. A partir desta realidade é que se pode ter uma reflexão critica sobre o eixo curricular, onde o projeto pedagógico se materializa no aprendizado do aluno.

4.     Considerações finais

    Observa-se que houve uma grande transformação nas aulas de educação física, bem como em seu currículo. E este tem grande importância na formação do sujeito, que almeja uma sociedade mais justa e igualitária á todos, mas este processo só pode ser alcançado a partir do momento que sujeito, profissionais da área da educação e educação física caminhem rumo ao mesmo objetivo.

    Neste trabalho observou-se a importância do currículo, onde este possibilita a reflexão do sujeito sobre os novos conhecimentos e a instituição como meio de incentivo e de viabilização desta reflexão, permitindo que os sujeitos sejam agentes de transformação, superando o senso comum e a mera reprodução destes conhecimentos.

    Fica claro a dificuldade de se construir um bom currículo, já que o sujeito muitas vezes se torna um mero reprodutor de conteúdo, desta forma as aulas de educação física devem procurar ter um sentido de transformação na vida do mesmo superando o senso comum.

    É através das aulas de educação física que o sujeito poderá encontrar subsídios para aprender á conviver em sociedade, respeitando a todos, além de desenvolver uma atitude autônoma perante a si mesmo, aos demais e a sociedade, enfim, tornando-se um cidadão critico no sentido mais amplo do ser cidadão.

Referências

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