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Dança de salão: uma análise do ensino na Grande Florianópolis, SC

Danza de salón: un análisis de la enseñanza en el Gran Florianópolis, SC

 

*Mestrando em Educação Física. Professor da rede Estadual

**Graduando em Fisioterapia. Universidade do Estado de Santa Catarina

(Brasil)

Fabiano Augusto Teixeira*

fb_teixeira@hotmail.com

Bruno de Souza Silveira**

brunsouza@hotmail.fr

 

 

 

 

Resumo

          O estudo teve como objetivo verificar a metodologia de ensino aplicada à prática da dança de salão pelos professores das academias da Grande Florianópolis (SC). A amostra foi composta por 214 professores, sendo 89 homens e 125 mulheres. Na coleta de dados foi utilizado um questionário auto-aplicável, contendo 26 questões. Os dados revelaram a predominância de mulheres no ensino da dança de salão, sendo constituídos por um público jovem (idade média 25,3 anos), todos com, no mínimo, formação universitária e tempo de experiência médio de 8 anos. As aulas são realizadas de uma a duas vezes por semana, com duração média de 1 hora. Os ritmos ensinados aos alunos sofren influência cultural, pois os mais destacados realmente são os latino-brasileiros.

          Unitermos: Dança de salão. Metodologia de Ensino. Professor.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Desde o aparecimento da humanidade, a dança tem sido utilizada para vários fins, servindo como elemento de comunicação e afirmação, dando possibilidade ao homem de viver plenamente, através de seu próprio corpo, os símbolos de seu inconsciente, liberando suas emoções reprimidas por tabus culturais. Nas comunidades primitivas, por exemplo, a dança era utilizada como meio de celebrar a vida, a morte, fatores relacionado à sobrevivência, chuva, sol, calor, e ainda para manifestar sua alegria, vitórias na guerra, paz e seus agradecimentos (D’AQUINO et. al, 2005).

    Com o desenvolvimento e crescimento da sensibilidade artística do homem, a dança começa a ganhar maior força no que se refere, ao prestígio pela arte de expressão e comunicação das capacidades humanas, passando até mesmo a ser incorporada na linguagem oral (LABAN, 1990). Porém com o aparecimento da sociedade letrada, a humanidade começa valorizar a palavra e a atividade mental como único meio de expressão das emoções internas do homem. Assim a cultura restringe-se ao intelecto, o homem passa de um ser “dançante” para se tornar “pensante”.

    Contudo, com o passar dos anos a dança voltou a ser valorizada. No Brasil, com a chegada da Família Real, no século XIX a dança começou a se intensificar profundamente no cenário da corte, as nomeadas danças de salão proporcionavam o estreitamento de relações sociais entre os nobres e muitos hábitos europeus como as os grandes bailes, foram trazidos de forma ainda mais forte (PERNA, 2002).

    O crescimento da “valorização” por este estilo de dança fez com que muitos professores fossem trazidos da Europa para o Brasil, contratados assim para atualizar os conhecimentos da nobreza brasileira referentes principalmente à moda das danças européias. A dança e a música se tornaram elementos obrigatórios da boa educação aristocrática.

    Mestres como Milliet e Chevalier, Phillipe Caton e sua esposa Carolina, José Maria Toussaint, entre outros exerceram grande influência no ensino da dança brasileira, mudando por vezes os hábitos sociais da corte e chegando até mesmo a atingir o povo, como a pretendida popularização da dança de salão pelo professor Phillipe Caton. Havendo aqueles que se dispunham também a ensinar qualquer estilo de dança, como compor outras e ainda apresentá-las em casas particulares como colégios, como o mestre José Toussaint (PERNA, 2002).

    Desta forma, podemos ver com a história o quanto se fazia necessário a presença dos mestres de dança no Brasil, todos com suas metodologias de ensino diferentes, seus variados objetivos influenciando toda uma sociedade. E hoje não é diferente, a prática da dança, mais precisamente a dança de salão, requer a presença de professores capacitados e motivados para o seu ensino. É necessário se atentar aos objetivos metodológicos vigentes desses mesmos professores, visto que a metodologia escolhida e a forma como esta é empregada poderá influenciar aluno, não somente pelo gosto na prática da arte de dançar, como também em seu comportamento no salão.

    Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi verificar a metodologia de ensino aplicada pelos professores de dança de salão na Grande Florianópolis (SC).

Método

População e amostra

    A população estudada foi composta pelos professores de dança salão das cidades da Grande Florianópolis (SC). É importante destacar que 13 cidades compõem a Grande Florianópolis.

    Fizeram parte da amostra 214 professores, sendo 89 homens e 125 mulheres, graduados em Educação Física, que ministram aulas de dança de salão na Grande Florianópolis, que concordaram em participar do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As características dos participantes podem ser observadas na tabela 1.

Tabela 1. Características dos professores participantes

Instrumentos de coleta de dados

    Na coleta de dados foi utilizado um questionário autoaplicável, composto por 26 questões de múltipla escolha, o qual aborda quatro temas, dentre eles: caracterização dos sujeitos (gênero, idade, grau de escolaridade, tempo de atuação na área da dança de salão); aspectos específicos das aulas e da metodologia utilizada (planejamento das aulas, execução das aulas, aprendizado do aluno, avaliação do professor e do aluno, etc.).

Procedimentos de coleta de dados

    Primeiramente foi encaminhado um ofício a direção das escolas e/ou academias da Grande Florianópolis (SC), a qual possui professores ministrando aulas de dança de salão, solicitando autorização para realização do estudo. Após autorização da direção o projeto encaminhado para apreciação e aprovado ao Comitê de ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), sob o parecer 082/2010.

    Após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética, foi entrado em contato com os professores para explicar os procedimentos e os objetivos do estudo. Em seguida, os professores foram convidados a participar da pesquisa, sendo entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para que estes assinassem, autorizando assim, sua participação na pesquisa.

    Os professores que concordaram em participar do estudo e trouxeram o TCLE assinado, em dia previamente agendado, responderam ao questionário, o qual foi aplicado na academia onde ministram as aulas, após nova explicação dos objetivos do estudo e do procedimento para preenchimento do instrumento. Os pesquisadores permaneceram na sala da academia junto com os professores para auxiliá-los em eventuais dúvidas relacionadas ao preenchimento do questionário.

Tratamento estatístico

    A estatística descritiva dos dados foi realizada por meio de frequência e percentual, enquanto a estatística inferencial, empregou-se o teste Exato de Fischer. A análise estatística foi realizada no software SPSS versão 17.0, sendo que em todas as análises foi fixado nível de significância de p<0,05.

Resultados

    A tabela 2 apresenta a prevalência dos ritmos latino-brasileiros: forró (39,7%), samba (29,9%), bolero (27,5%) e outros (2,9%) nas aulas de dança de salão ministradas pelos professores participantes. Observa-se a influência da cultura sobre a dança, mais especificamente a dança de salão, que por ser um estilo de dança que engloba em si vários ritmos advindos de diferentes regiões, torna-se única. Freitas (1996) explica este fato, pelas influências culturais advindas de vários países onde são dançados e originados os ritmos, na qual, podemos dizer, que cada cultura transporta seu conteúdo às mais diferentes áreas, dentre estas, as danças absorvem grande parte desta transferência, pois sempre foi de grande importância nas sociedades através dos tempos, seja como uma forma de expressão artística, como objeto de culto aos deuses ou como simples entretenimento.

    No que se refere à categoria número de aulas de dança de salão ministradas para a mesma turma na semana, verificou-se que 84,2% dos professores ministram as aulas duas vezes por semana, 8,4% uma vez por semana e, por fim, 7,4% três vezes por semana. Contudo, destaca-se que em relação ao tempo de duração dessas aulas, 69,7% informaram que as aulas acontecem em uma hora e 30 minutos, 22,4% durante uma hora e 7,9% durante 45 minutos.

Tabela 2. Ritmos ministrados, quantidade de aulas por semana e duração das aulas

    A tabela 3 apresenta o oferecimento de atividades de sensibilização nas aulas de dança de salão pelos professores de dança de salão aos alunos. Assim, observa-se que 75,2% a desenvolve por meio de atividades rítmicas ao final das aulas, ofertando aos alunos, enquanto 24,8% afirmam não ofertar aos alunos nenhum tipo de atividade para trabalhar a sensibilização. Destaca-se que a expressão corporal desempenha papel de suma importância no contexto do aprendizado da comunicação, funcionando como meio de reforçar uma idéia que está sendo transmitida.

    A Expressão Corporal resgata e desenvolve todas as possibilidades humanas, (corpo e psique), e o mundo pode ser preenchido pela expressividade, pode ser considerada como uma das técnicas que restaura uma unidade, muitas vezes perdida, reformulando a criatividade corporal um aprendizado em si mesmo (SILVA, 1999).

    No que se refere à prática docente, 84,1% dos professores afirmam ter outro professor auxiliar, do gênero oposto, presente nas aulas, que os auxiliam para o ensino da dança de salão, devido à importância do conhecimento específico de cada um (damas e cavalheiros) para o ensino da técnica correta da dança de salão. Sabe-se a importância da presença do cavalheiro na prática da dança de salão, pois é ele quem o responsável pela condução da dama, utilizando movimentos com as mãos, pernas e ainda com deslocamento claros, para que a dama possa estar suscetível às vontades dele e perceba com clareza os passos que devem ser executados. A condução clara levará o casal a ter um melhor sincronismo. Assim, a não participação do cavalheiro no aprendizado juntamente com a dama pode comprometer o desenvolvimento desta frente a sua participação específica na dança de salão.

Tabela 3. Oferecimento de atividades de sensibilização corporal, pratica docente com ajuda de auxiliar

Conclusões

    Os resultados encontrados no presente estudo permitem concluir que a dança de salão ganha cada vez mais espaço nos estudos e pesquisas atuais, bem como ganha destaca entre as academias de dança de salão da Grande Florianópolis (SC), tornando-se imprescindível a presença de profissionais qualificados para o ensino desta arte. Os professores que atuam na área (maioria mulheres) são constituídos por um público jovem (idade média 25,3 anos), todos com, no mínimo, formação universitária e tempo de experiência médio de 8 anos.

    As informações obtidas revelaram que, à medida que as aulas são realizadas de uma a duas vezes por semana, com duração média de 1 hora. Os ritmos ensinados aos alunos sofre influência cultural, pois os mais destacados realmente são os latino-brasileiros.

    A análise mostrou a importância dada ao desenvolvimento da expressão corporal através de atividades rítmicas, com o objetivo de sensibilizar os alunos musicalmente e socialmente, já que eles estarão fisicamente em contato com outros indivíduos.

    Sugere-se que novos estudos sejam realizados afim de verificar se a formação acadêmica como profissional de Educação Física tem contribuído de modo satisfatório no seu processo de formação como professor de dança de salão.

Referências

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