Programa de treinamento de força em crianças e adolescentes Programa de entrenamiento de la fuerza en niños y adolescentes |
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Mestre em Educação Física pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP/SP) Professor de Educação Física (SME/RJ; SEE/SP) |
Rubem Machado Filho (Brasil) |
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Resumo Este estudo tem como objetivo central fazer uma revisão bibliográfica de literatura de estudos referentes ao treinamento de forças em crianças e adolescentes, e através destes fazer um documento sugestivo que possa orientar os profissionais que se interessem pelo tema abordado. Unitermos: Treinamento de força. Escolares. Adolescentes.
Abstract
This study is mainly aimed to make a literature review of studies
concerning the training of forces in children and adolescents, and through
these make an evocative document that could guide professionals who are
interested in the subject.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A força muscular pode tanto refletir o estado de saúde como predizer o desempenho para determinadas modalidades esportivas. Também em crianças e adolescentes, tem-se dado mais importância a esse componente, o que se reflete na grande quantidade de estudos sobre a treinabilidade de força em crianças (SCHNEIDER et al., 2004).
O treinamento de força, por muitos anos não era recomendado para crianças e adolescentes, pois o argumento direcionava no sentido de que o esqueleto imaturo era mais propenso a doenças e possíveis interferências no crescimento e que o treinamento não tinha efeitos positivos (BORIN et al., 2007). Vários estudos têm demonstrado a eficiência e a segurança para a população mais jovem e os principais benefícios relatados de um programa de sobrecarga, popularmente conhecido por musculação, para crianças são o aumento da força principalmente a muscular localizada e a redução do risco de lesões na prática desportiva e recreativa com aumento do desempenho nas atividades (BENJAMIN & GLOW, 2003; FAIGENBAUM, 2002; SUMAN et al., 2001; RAMSAY et al., 1990).
Alguns estudos realizaram um programa de treinamento de força em crianças pré-púberes não atletas e encontraram aumentos significativos na força muscular destas em relação ao grupo controle, principalmente nos testes de 1RM e em testes isocinéticos e isométricos de extensão de joelho e flexão de cotovelo (BENETTI et al., 2005; RAMSAY et al., 1990; FAIGENBAUM, 2002). A esse desenvolvimento da força muscular, foram atribuídas, predominantemente, as adaptações neurais, e também parece estar associado a um crescente aumento no número de ativação e no recrutamento das unidades motoras, porém sem o aumento da área de secção transversa do músculo (BLIMKIE, 1993; RAMSAY et al., 1990; WELTMAN, 1986).
Portanto, meninos pré-púberes mesmo com baixos níveis de hormônios circulantes podem aumentar a força muscular (WELTMAN, 1986).
O treinamento de força muscular para crianças pode auxiliar na melhora do desempenho de habilidades motoras, nos testes motores de aptidão física como salto vertical e flexibilidade, nos níveis de lipídeos sangüíneos, nos parâmetros de saúde e na redução de lesões em esportes e atividades recreativas (FAIGENBAUM, 2002). Além disso, parece diminuir o estresse emocional e auxiliar na prevenção de doenças músculo-esquelético de longa duração, como lombalgias e osteoporose. Parecem não existir danos às epífises ósseas, aos ossos e aos músculos em crianças pré-púberes como resultados do treinamento de força, e quando houve lesões, foram em atividades esportivas ou de vida diária. Também não há evidências de que o treinamento de força muscular para crianças prejudique seu crescimento em estatura (BENETTI et al., 2005).
No que se refere a alterações fisiológicas, Oliveira e Gallagher (1997), observaram que o processo de crescimento e maturação tende a fornecer o desenvolvimento da força, assim como a adaptação neurológica, a melhoria no desempenho de habilidades motoras e coordenação, melhora nos níveis de lipídios sanguíneos, medidas de composição corporal, redução da pressão arterial em adolescentes hipertensos.
No intuito de contribuir para uma melhor compreensão dos aspectos mencionados acima, este estudo teve como objetivo geral fazer uma revisão bibliográfica de alguns trabalhos científicos que abordaram o tema envolvendo treinamento de força para crianças e adolescentes.
Treinamento de força para escolares
A força muscular é uma capacidade física solicitada na maioria das atividades físicas, é a base para toda atividade corporal, não existindo movimento que não use força (BRAGA et al., 2008).
Atividades esportivas e recreativas são, obviamente, caracterizadas pelo movimento e são modelos de atividades físicas que fazem parte das aulas de educação física, no entanto, as mesmas, geralmente, não têm magnitude suficiente para melhorarem a aptidão física relacionada à saúde (GUEDES, GUEDES, 2001). Portanto, devido à importância da força para crianças os programas de treinamento resistido devem ser parte do planejamento das aulas de educação física, visto os benefícios decorrentes (BRAGA et al., 2008).
Embora, a influência do treinamento resistido para crianças escolares sabe-se que a escola apresenta várias limitações como: tempo efetivo de aula, recursos materiais, instalações, números de alunos por turma, grande número de objetivos, entre outros. Contudo, essas limitações não devem ser impeditivas, já que existem outros meios pelos quais a força possa ser desenvolvida na escola, tais como os exercícios pliométricos e calistênicos (CUNHA, 1996).
Todavia, deve-se salientar que o treinamento de força não deve ser a única atividade ou o foco principal das aulas de educação física, mas deve fazer parte de um programa de condicionamento total (KRAEMER, 2001).
Em estudo realizado por Faigenbaum (2002) com 21 meninas e 34 meninos com idades entre 7 a 12 anos, com o objetivo de comparar os efeitos de um e dois dias por semana de treinamento de força, foi encontrada diferença estatisticamente significante para o grupo que treinou dois dias por semana, ele observou que os efeitos treinamento com duas sessões semanais demonstraram excelentes resultados no desenvolvimento de força em crianças, o que é excelente tendo em vista que geralmente as aulas de educação física são em número de duas semanais.
Em um estudo realizado por Pinto (1998) com o objetivo avaliar a treinabilidade das forças de flexão do cotovelo e extensão do joelho em meninos escolares pré-púberes e púberes submetidos a um programa de treinamento de força dinâmico e individualizado e compará-los com um grupo controle, foram encontrados resultados que indicaram que meninos pré-púberes e púberes submetidos ao treinamento apresentaram ganhos significativos na força muscular dinâmica, tanto na flexão do cotovelo como na extensão do joelho. O treinamento foi realizado 3 vezes por semana, durante 12 semanas.
Silva (2003) relata que pode - se perceber que o trabalho de força não só pode ser realizado em um ambiente composto por crianças e adolescentes, como também traz benefícios aos mesmos. Entretanto em um ambiente escolar, observa-se que o trabalho de força com implementos e aparelhos tende a se tornar de difícil realização, sobretudo na escola pública. Dessa forma, neste ambiente, sugere-se que a força seja trabalhada a partir de exercícios em grupos individuais, como os de resistência muscular localizada, devido a sua facilidade de execução, sobretudo no que se refere a implementos.
Princípios básicos dos programas de treinamento de força para crianças e adolescentes
Os princípios de programas de treinamento de força para crianças, a serem seguidos, são os seguintes (FLECK & KRAEMER, 1999; KRAEMER, 2001):
Desenvolvimento de todos os elementos do condicionamento físico (força, flexibilidade, resistência cardiovascular).
Treinamento suplementar no qual se exija agilidade, coordenação, equilíbrio e velocidade relativa a práticas esportivas.
Programa nutricional adequado para o desenvolvimento ideal da saúde e composição corporal.
Exercícios que desenvolvam equilibradamente a parte superior e a parte inferior do corpo.
Exercícios que fortaleçam os músculos em torno das articulações.
Quadro 1. Diretrizes para o treinamento de força em crianças, segundo entidades (BORIN et al., 2007)
Considerações finais
Conforme observações feitas nos levantamentos bibliográficos pode se concluir que a participação de crianças em programas de treinamento resistido ou de força dá a elas a oportunidade de melhorarem a saúde e qualidade de vida. Crianças que participam de programas de treinamento resistido apresentam menor propensão a riscos de lesões nos esportes e atividades que praticam regularmente. Também, diversos fatores como a idade, a maturação, o gênero, experiências anteriores, freqüência, duração, volume e a intensidade do treinamento irão influenciar no desenvolvimento da capacidade de força Portanto, o treinador ou professor deve se objetivar nesses aspectos para que as crianças obtenham êxito durante o treinamento e não fiquem sujeitas as lesões e ao desânimo.
Referências bibliográficas
BENETTI, G. et al., Os benefícios do esporte e a importância da treinabilidade da força muscular de pré-púberes atletas de voleibol. Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho. Hum, v. 7, n. 2, p. 87-93, 2005.
BENJAMIN, H. J.; GLOW, K.M. Strength Training for Children and Adolescents. What Can Physicians Recommend? Phys Sportsmed; 31, 2003.
BLIMKIE, C. J. R. Resistance training during preadolescence. Issues and controversies. Sports Med, v. 15, p. 389-407, 1993.
BORIN, J. P. et al., Buscando entender a preparação desportiva a longo prazo a partir das capacidades físicas em crianças. Arquivos em Movimento, Rio de Janeiro, v.3, n.1, janeiro/junho, 2007.
BRAGA, F. et al., Programas de Treinamento de Força para Escolares sem uso de Equipamentos. Revista Eletrônica da Ulbra São Jerônimo – Vol. 03, 2008.
CUNHA, A. A. R. Desenvolvimento de força na aula de educação física. Porto: Universidade do Porto Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física; 1996.
FAIGENBAUM, A.D. Comparison of 1 and 2 days per week of strength training in children. Res Q Exerc Sport; 73: 416-424, 2002.
FLECK, S. J; KRAEMER, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 2a ed. POA: Artmed, 1999.
GUEDES, D. P; GUEDES, J. E. R. P. Esforços Físicos nos programas de educação física escolar. Rev. Bras. Ed. Fis. v. 15, n. 1, p.33-44, Jan/Jun., 2001.
KRAEMER, W. J. Treinamento de força para jovens atletas. São Paulo: Manole, 2001. National Strength and Conditioning Association. NSCA. Position Statements.
OLIVEIRA, A. R. & Gallagher, J. D. Treinamento de força muscular em crianças: novas tendências. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, V. 2, N. 3, p. 80-90, 1997.
PINTO, R. S. A Treinabilidade da Força de Meninos Escolares Pré-púberes e Púberes Submetidos a um Programa de Treinamento de Força. Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em ciências do movimento humano da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito à obtenção do título de mestre em ciências do movimento humano, Porto Alegre, 1998.
RAMSAY,J. A.; BLIMKIE C. J.; SMITH K.; GARNER, S.; MACDOUGALL, J. D.; SALE, D. G. Strength training effects in prepubescent boys. Med Sci Sports Exerc; 22: 605-614, 1990.
SCHNEIDER, P. et al., Força muscular de atletas de voleibol de 9 a 18 anos através da dinamometria computadorizada. Rev Bras Med Esporte, Vol. 10, Nº 2, Mar/Abr, 2004.
SILVA, R. J. S. Capacidades físicas e os testes motores voltados à promoção da saúde em crianças e adolescentes. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, V. 5, N. 1, p. 75-84. 2003.
SUMAN, O. E.; SPIES R. J.; CELIS M. M.; MLCAK R. P.; HERNDON D. N. Effects of a 12-wk resistance exercise program on skeletal muscle strength in children with burn injuries. J Appl Physiol; 91: 1168-1175, 2001.
WELTMAN, A. et al., The effects of hydraulic resistance strength training in pre-pubertal males. Med Sci Sports Exerc, v. 18, p. 629-38, 1986.
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