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Preparação física no futebol: revisão sobre o período competitivo

La preparación física en el fútbol: una revisión sobre el período competitivo

 

Graduado em Educação Física

pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Preparador Físico de futebol Profissional

no Clube Brasil de Farroupilha

Rodrigo Piano Rosa

rodrigopiiano@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Quando se fala em futebol, observam-se vários fatores limitantes da performance, dentre eles o calendário (GOMES, 2008), devido ao fato de que uma equipe de futebol disputa entre 75 e 85 jogos por ano. Juntamente com o calendário, aparecem relevantes aspectos físicos que devem ser trabalhados entre as disputas, pois mesmo com dois ou três jogos em curto espaço de tempo, as capacidades funcionais do atleta e a organização técnica e tática da equipe exigem aprimoramento constante (CARRAVETA, 2009). Por isso a intenção desse trabalho foi realizar uma revisão de literatura a respeito das cargas durante o treinamento em futebol, com o foco na preparação durante o período competitivo.

          Unitermos: Futebol. Treinamento. Período competitivo.

 

Abstract

          In football, many factors limited the players performance, including the competitions (GOMES, 2008), because teams play between 75 and 85 games in a season. Others relevant physical aspects must be trained between the disputes, because even with two or three games in a short time, the functional capabilities of the athlete and the technical and tactical organization requires constant improvement (CARRAVETA, 2009) . Therefore the aim of this study was to do a review about soccer training during competitive time.

          Keywords: Soccer. Training. Competitive time.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Desde os anos 50, a preparação física tem sido uma dimensão importante na preparação das equipes e das seleções de futebol. Ao olharmos, no início do século XXI, a preparação do futebolista profissional, nos deparamos com um extraordinário arsenal de conhecimentos relativos a essa dimensão. Particularmente, no que diz respeito ao condicionamento físico do atleta de futebol, o conhecimento produzido tem levado as equipes competitivas a um elevado nível de jogo.

    O período anual de competição do futebol brasileiro é extenso. Compreende aproximadamente 42 semanas6. Conseqüências das exigências desse calendário: o volume dos treinamentos, a intensidade dos esforços, o número de jogos e a redução dos períodos de descanso e repouso provocam respostas agudas e crônicas de fadiga12. Juntamente com o calendário, aparecem relevantes aspectos físicos que devem ser trabalhados entre as disputas, pois mesmo com dois ou três jogos em curto espaço de tempo, as capacidades funcionais do atleta e a organização técnica e tática da equipe exigem aprimoramento constante6. Para manter o equilíbrio e evitar o declínio gradual da capacidade de rendimento, são necessárias: a intensificação do metabolismo protéico (síntese de proteínas estruturais e enzimáticas destruídas durante o treinamento) a restauração do equilíbrio hormonal e iônico e o restabelecimento das reservas energéticas14. Dessa forma, os procedimentos regenerativos tornam- se tão importantes quanto às cargas de treinamento no microciclo competitivo.

    Silva15 afirma que faltam pesquisas para que se determine o tempo exato de recuperação em semanas que o atleta joga mais que uma partida. Gomes7 afirma que um elevado nível de performance pode ser mantido por um longo período de competição através dos sistemas modernos de treinamento desportivo. Atualmente o sistema utilizado por grande parte dos preparadores físico de futebol é o sistema de cargas seletivas8 o qual auxilia o preparador físico a pormenorizar diversos conteúdos durante as etapas de preparação. Também afirmam que os clubes tendem a abandonar o treinamento de resistência geral da metade para o final do campeonato, devido ao curto período de treinamento e repouso o que resulta em uma ligeira queda do Volume máximo de oxigênio. Frente a essa realidade, o objetivo desse artigo foi realizar uma revisão de literatura a respeito das cargas durante o treinamento em futebol, com o foco na preparação durante o período competitivo.

Período preparatório

    Carraveta6 cita que o período preparatório de base, também conhecido como pré temporada, corresponde ao ciclo mais curto do Planejamento anual. Nele predominam os treinamentos de formação geral. Nas avaliações iniciais, são identificados, interpretados e definidos os objetivos basilares para a elaboração e a organização dos treinamentos. Os treinos são mais volumosos e menos intensos, orientados para adequar as adaptações biológicas às exigências das competições. Nesse período o predomínio das unidades de treinamento físico atende às exigências estruturais indispensáveis para a continuidade das cargas de treino e de jogos ao longo da temporada. No futebol Brasileiro, o período de pré temporada é dividido em dois microciclos que duram sete dias cada um, com conteúdos e estímulos quantitativos de carga relativos à mobilização de energia, força e resistência. Gomes7 cita que durante os jogos é realizado um número expressivo de ações técnicas e táticas aperfeiçoadas com a percepção e a tomada de decisões, para jogar futebol em alto nível competitivo e manter o equilíbrio das ações técnicas e táticas durante os 90 minutos , com velocidade média de 12Km/h, é imperativo que o aparelho cardiorrespiratório seja capaz de transportar ao músculo maior quantidade de oxigênio possível, possibilitando a manutenção desses esforços com elevada intensidade. O consumo máximo de oxigênio representa a potência aeróbia. É a maior quantidade de oxigênio que o jogador de futebol consegue captar do ar alveolar , transportar aos tecidos pelo sistema cardiovascular e utilizar em nível celular.

    Além disso existe o limiar anaeróbio que pode ser considerado como o ponto em que ocorre o desequilíbrio entre a produção e eliminação do ácido lático. Jogadores que tem um limiar anaeróbio mais elevado apresentam um melhor desempenho, pois possuem um aproveitamento mais significativo do VO2max. Helgerud9 também mostrou que o treinamento aeróbio intervalado de alta intensidade minimiza a perda de força, potência e agilidade nos jogadores de futebol.

Caracterização dos esforços no futebol

    A distância total percorrida pelo futebolista no decurso de um jogo é considerada uma medida da produção de trabalho mecânico que está diretamente relacionada com o gasto de energia. Silva15 encontrou na literatura relatos que mostram que um jogador percorre entre 10 km e 17 km por partida. Helgerud9 citam que, durante uma partida, os futebolistas utilizam uma grande variedade de deslocamentos em intensidades diferentes.

    Relatam também que 98% da distância total percorrida ocorre sem a bola. Também citam que a grande diferença entre uma equipe não é a distância total percorrida, mas a porcentagem dessa distância que é percorrida com velocidade máxima, pois jogadores de nível competitivo com grandes condições físicas destinam mais tempo durante o jogo correndo em velocidades máximas e a maioria dos lances de gol ocorrem quando um jogador utiliza a velocidade máxima, seja para antecipar, driblar e chutar ou apenas se desmarcar. Nesse mesmo estudo ele mostra um gráfico comparativo de distâncias por posições, revelando que em uma análise realizada os defensores percorreram 9.303 metros, os atacantes 10.387 metros e os meio campistas 11.601 metros, revelando ainda que esses correm apenas 2.947 em uma velocidade próxima ao LAN, por isso a importância de treinar tanto o metabolismo aeróbio que é a base, mas também o anaeróbio, que é extremamente relevante em uma partida de futebol. Tendo em vista essa diversidade de conteúdos, o treinamento durante a temporada deve ser empregado de maneira a suprir todas as necessidades físicas durante as partidas

    Wilmore e Costil16 apresentam alguns fatores que influenciam o treinamento aeróbio no período competitivo, são eles: a intensidade do treinamento, a freqüência e a duração e esse treinamento está inerente a produção de adaptações típicas no organismo.

Treinamento aeróbio específico

    Helgerud9 realizou um estudo com o objetivo de avaliar os efeitos de um protocolo de treino para o aumento da capacidade aeróbia em jogadores de futebol. Sua hipótese era de que o aumento da capacidade aeróbia poderia aumentar a distância percorrida, a intensidade do trabalho, número de sprints e o envolvimento do jogador com a bola durante uma partida. Dois times juniores da elite do futebol norueguês fizeram parte desse estudo, os jogadores praticavam futebol há mais de 8 anos e seis dos jogadores analisados integravam a seleção Junior da Noruega. Os jogadores foram divididos em dois grupos: Grupo de treinamento (TG) = 9 e grupo controle (GC) = 10. O treinamento aeróbio consistiu em treinamento intervalado com 4 vezes de 4 minutos entre 90-95% da FCmax e três minutos de corrida entre 60-65% da FCmax duas vezes por semana durante 8 semanas. Uma semana regular de treino consistiu em 4 tempos regulares de 1.5 horas e 1 jogo. Treinamento técnico, tático e sprints foram feitos, e após uma hora de prática foi organizado uma sessão de jogo entre cada time. Foram analisados em laboratório o nível de hemoglobina (hb) e hematócrito (hct), foi analisado também o volume expiratória em 1s. Também foi realizado salto vertical para mensurar a potência. Também foi realizado um teste de velocidade em 40 metros, um teste de técnica, teste de velocidade com bola seguido de testes de força. O teste de velocidade foi realizado com fotocélulas nos 10 metros e nos 40 metros. Ao sinal os sujeitos corriam o máximo até os 40 metros e descansavam 5 minutos, cada sujeito teve duas tentativas. O teste de técnica foi realizado com 10 bolas, cada bola foi colocada 16 metros do gol e o gol foi dividido em 5 zonas sendo a zona do meio a zona alvo. Se a bola caísse 25 cm longe da zona alvo o jogador ganharia 3 pontos, se caísse 50 cm o jogador ganharia 2 pontos. Cada sujeito tinha 1 minuto para alcançar o maior número de pontos possíveis. Após isso foi determinado o VO2max e o LAN em um teste de esteira. Os jogadores também foram monitorados por um vídeo durante dois jogos, um antes e um depois do período de treinamento, durante o jogo os atletas estavam com um freqüencimetro polar para mensurar a FC. Através do vídeo foi possível analisar distância percorrida por cada jogador, número de passes, número de contatos com a bola e número de sprints. Não existiram diferenças significativas de VO2max entre os dois grupos antes do período de treinamento, no entanto, após o período de treinamento, o TG mostrou significativo aumento no nos valores de VO2max (10,8%). No mesmo grupo, após o período de treinamento, o LAN aumentou 16%, ou seja, em termos de velocidade de corrida para o LAN, o aumento foi de 11,1 para 13,5 km/h.

Período competitivo

Recuperação após as cargas de treino e jogo

    Tendo em vista um período competitivo tão extenso, e a magnitude das cargas, observa- se que a recuperação do atleta após os jogos obtém extrema importância, pois sem um período regenerativo eficiente, não há máxima performance. Durante o treinamento ocorrem uma série de adaptações no organismo do futebolista e essas mudanças exigem períodos cirúrgicos para a regeneração. Para Gomes7 recuperação é definida como o tempo que o jogador não deve receber estímulos de treinamento, no entanto, a ausência de carga de treinamento pode levar ao destreino. Para que não ocorra esse equívoco, é necessário entender os tempos de recuperação dos diferentes sistemas energéticos, do sistema nervoso central e do sistema hormonal após cada sessão. Em relação à recuperação dos sistemas utilizados durante o treino e o jogo, Gomes8 relata que não se trata de um processo aleatório nem simultâneo, pois está condicionado ao estado de treinamento do futebolista, pelo nível de desenvolvimento do jogo, e pela magnitude das cargas. Logicamente o sistema nervoso central é o primeiro a recuperar após o termino do exercício, seja ele de treinamento ou de competição. Posteriormente ocorre a recuperação do coração, pulmões e dos músculos.

    O sistema endócrino recupera- se por último. Outro detalhe inerente ao processo de recuperação é a demanda psíquica imposta pelo jogo que pode demorar mais que todos os outros sistemas para a recuperação.

    Nos treinamentos em que há variação dos componentes de volume e intensidade, alternando com períodos de exercícios intermitentes, ocorre uma solicitação de diferentes sistemas energéticos, e portanto, haverá uma variação na duração e na velocidade de recuperação desses sistemas energéticos. Já nos treinamentos em que a orientação é direcionada para o desenvolvimento da força ou da velocidade, com moderado volume e alta intensidade, ocorre uma solicitação predominantemente dos sistemas anaeróbios (alático e lático), e conseqüentemente haverá uma variação tanto na duração quando na velocidade de recuperação desses sistemas de energia. Mahseredjian10 sugere que as capacidades neuromusculares (força máxima, força explosiva, velocidade, coordenação e flexibilidade) necessitam de 12 a 48 horas para uma completa recuperação. Já as capacidades metabólicas como resistência de velocidade, resistência especial, resistência aeróbia e anaeróbia que são predominantemente dos sistemas anaeróbio láticos e aeróbio demandam mais tempo para recuperação completa, tempo esse que pode levar 24 horas e até 72 horas. Bravo5 cita que pode existir diferença de recuperação para o treinamento aeróbio intervalado e contínuo, tendo em vista que o treinamento segmentado pode acarretar em maior intensidade. Após o jogo, e tendo em vista todas as demandas fisiológicas inerentes a ele o tempo de recuperação pode variar entre 36 e 48 horas, respeitando a individualidade de cada atleta. Através disso observa- se que se o microciclo possuí dois jogos, o atleta não terá tempo de recuperação suficiente, pois além do descanso, ele precisa treinar técnica e taticamente, viajar e concentrar. Aí encontra- se a grande dificuldade dos preparadores físicos em manipular as cargas de treinamento em períodos tão curtos, e com uma abordagem de treinamento tão ampla.

    Devido à dinâmica do jogo, o futebol envolve o treinamento e aperfeiçoamento de diversas valências físicas. Silva15 realizou um estudo que analisou os aspectos da atuação do preparador físico com o técnico na organização do treinamento. Em seu estudo ele também analisou a dimensão da área física na performance, citando a distância percorrida por um atleta durante as partidas, o perfil dos esforços, o consumo máximo de oxigênio, concentração de lactato e freqüência cardíaca. Também analisou aspectos relativos à periodização do treinamento. Dentro da periodização, o objeto de pesquisa foi delimitado pelo período competitivo, que compreende a etapa alvo do planejamento. Almeja- se nele o aumento do nível de preparação técnico tática e estabilização dos resultados. Nesse momento está inserida uma etapa que antecede as disputas principais, denominada de fase pré competitiva. Ela se caracteriza pela realização de partidas amistosas e trabalhos físicos mais intensos para ajustar as capacidades técnico táticas para as principais competições do ano.

    Observa- se também que essa fase caracteriza- se pela manutenção daquilo que já foi alcançado. É um momento em que busca- se equilíbrio entre a performance física, técnica e tática. Gomes7 observa que um elevado nível de performance pode ser mantido durante todo o período de competição através dos sistemas modernos de treinamento desportivo. Nesse sistema, trabalha- se todas as valências físicas em todas as etapas do treinamento através do sistema de cargas seletivas. Nessa perspectiva o diferencial está na manutenção do volume de trabalho em todo o período de treinamento alternando somente a intensidade e a prioridade das qualidades físicas em cada etapa do treinamento.

    Carraveta6 afirma que o período de competição no futebol Brasileiro oscila entre 37 e 38 semanas e nessa etapa são realizados entre 50 e 68 jogos competitivos. Esse período é marcado por acumulação de jogos, aumento da intensidade dos esforços específicos, variações da densidade em relação à alternância do volume. Não existe a progressão linear de cargas, e os treinamentos são realizados em alta intensidade, com variabilidade dos normativos de carga ao longo do ano.

    Após os jogos , as demandas fisiológicas são acentuadas e diferenciadas devido à maximização integrada dos esforços específicos (aumento do volume e da intensidade do esforço), ao ambiente e a pressão emocional. Os controles fisiológicos passam a ser essenciais para regular as cargas de treinamento, minimizar o aumento dos índices de fadiga. Nos dias subseqüentes aos jogos , as cargas são reduzidas e a sessão de treinamento passa a ter caráter regenerativo.

    Por definição o treinamento regenerativo é um processo que engloba atividades de baixo volume e baixa intensidade. Nos microciclos com um jogo semanal, são realizados em média uma unidade de treinamento de caráter regenerativo, uma unidade de treinamento de caráter físico e cinco unidades de treinamentos técnicos táticos. Os microciclos com um jogo semanal acrescentam conteúdos e estímulos para o aumento das estruturas de base, uma vez que o reduzido número de treinamentos do período de pré temporada não oferece sustentação à continuidade e a exigência dos esforços específicos requeridos ao longo da temporada anual.

    Carraveta6 ainda descreve as unidades de treinamento utilizadas durante o período competitivo no futebol: Treino regenerativo: As unidades de treinamento regenerativo são fundamentais, tanto para a progressão quanto para a manutenção do rendimento competitivo. A função dessa unidade é restabelecer o equilíbrio das funções fisiológicas, pois os sistemas metabólicos e funcionais são os que apresentam maior necessidade de suprimento energético após os jogos. Também previnem a aparição de dores nos treinamentos subseqüentes e aceleram o processo adaptativo para a melhoria da capacidade de desempenho.

    As unidades de treinamento regenerativo duram, em média, 60 minutos. Os exercícios praticados dizem respeito à resistência, flexibilidade e coordenação. Os de resistência são utilizados para acelerar a recuperação das reservas de glicogênio muscular e hepática. É empregado nessa fase o método continuo uniforme extensivo com baixa intensidade e duração média de 20 minutos. Os exercícios de flexibilidade têm a função de diminuir a tensão muscular, facilitar a coordenação intermuscular e aliviar os casos de dor muscular. O método mais utilizado para unidade de treinamento é o estático, os exercícios mais comuns de alongamentos destinam- se a músculos anteriores e posteriores da coxa, adutores, quadril, glúteo e coluna lombar. Cada exercício deve ser aplicado lentamente, com duração entre 40 e 60 segundos, totalizando de 1 a 3 séries. Já os exercícios de coordenação têm caráter lúdico. No retorno à calma pode ser utilizada a técnica com aplicação de gelo e massagens. Treinamento técnico tático: O treinamento técnico tático envolve exercícios inerentes a prática do futebol, extremamente específicos com as cargas exigidas nos jogos e servem para ajustar o time para os jogos e submete o jogador a esforços intensos com bola. São exercícios de elevada intensidade e moderado volume. Treinamento Físico : Unidade de treinamento que auxilia o desportista a aumentar a sua capacidade de desempenho, executada entre os jogos, nos microciclos que possuem 1 jogo semanal. São características dessa unidade treinamento intervalado aeróbio e anaeróbio e o trabalho de força em regime de pliometria em circuitos. Também trabalha- se força de tração com borracha e agachamentos com barra no campo seguidos de sprints. Também observa- se nessa fase esforços de corrida alternados de alta, média e baixa intensidade de forma extensiva.

    O Controle da fadiga durante o período competitivo: O período anual de competição do futebol brasileiro é extenso. Compreende aproximadamente 42 semanas, com média de 62 jogos distribuídos em 3 campeonatos. Conseqüências das exigências desse calendário: o volume dos treinamentos, a intensidade dos esforços, o número de jogos e a redução dos períodos de descanso e repouso provocam respostas agudas e crônicas de fadiga.

    Os jogos de futebol são caracterizados por esforços intermitentes de elevada intensidade e longa duração. Durante as disputas os jogadores apresentam registros de FC situados entre 140 – 180 bat/min, o que equivale, em média, a 75% do VO2máx. Tal nível pressupõem uma elevada demanda energética aeróbia.

    Os fatores que limitam o esforço e perturbam o funcionamento dos centros nervosos são, primariamente, o desequilíbrio energético e a produção e acúmulo de metabólitos. A organização e a distribuição dos conteúdos de treinamento nos microciclos, associados ao repouso, são essenciais para o equilíbrio homeostático das células e órgãos tornando o organismo mais preparado para a continuidade de esforços no microciclo sub- seqüente.

    Independentemente do resultado dos esforços o futebolista está imerso num ambiente constituído por uma diversidade de estressores negativos que abrangem tanto o esgotamento físico quanto o mental. Os estressores provocam um excessivo desgaste no sistema nervoso central e passam a influenciar o conjunto orgânico e fisiológico do futebolista, podendo acarretar um acentuado declínio no rendimento técnico. A falta de qualidade nos procedimentos de recuperação de tempo pode levar o jogador a um processo acumulativo de fadiga. A fadiga é distinguida segundo o tipo de estressores. Sua natureza é complexa e apresenta- se como resultado da ação recíproca de fatores hormonais, periféricos e oriundos do sistema nervoso central. Para manter o equilíbrio e evitar o declínio gradual da capacidade de rendimento, são necessárias: a intensificação do metabolismo protéico (síntese de proteínas estruturais e enzimáticas destruídas durante o treinamento) a restauração do equilíbrio hormonal e iônico e o restabelecimento das reservas energéticas. Dessa forma, os procedimentos regenerativos tornam- se tão importantes quanto às cargas de treinamento no microciclo competitivo.

    Silva15 afirma que faltam pesquisas para que se determine o tempo exato de recuperação em semanas que o atleta joga mais que uma partida. Gomes7 afirma que um elevado nível de performance pode ser mantido por um longo período de competição, através dos sistemas modernos de treinamento desportivo. Também afirma que os clubes tendem a abandonar o treinamento de resistência geral da metade para o final do campeonato, o que resulta em uma ligeira queda do VO2max.

    Frente a analise detalhada dos fatores que envolvem a preparação de atletas profissionais de futebol, com ênfase ao período competitivo, podemos concluir que devido ao calendário extremamente extenso, e com poucos intervalos entre os jogos, a equipe possui pouco tempo de treino, mesmo esse treinamento sendo regenerativo, pois com 3 jogos em um período de 7 dias falta tempo até mesmo para realizar um treino regenerativo adequado, e por isso os atletas não chegam aos jogos completamente recuperados.

Referencias bibliográficas

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  16. Wilmore, M. H. Costill, D. L. Fisiologia do Esporte e do Exercício. Manole: Barueri, 2001.

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