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Perfil epidemiológico de pacientes com transtorno 

mental internados em uma unidade de referência 

psiquiátrica de Belém, no período de 2005 a 2009

Perfil epidemiológico de pacientes con enfermedad mental internados en una 

unidad de observación psiquiátrica de Belem, en el período de 2005 a 2009

Epidemiological profile of patients hospitalized with mental disorders in 

a psychiatric reference center in Belem, in the period 2005 to 2009

 

*Enfermeira pela Universidade do Estado do Pará

**Enfermeira mestranda e docente da Universidade do Estado do Pará

***Enfermeiro Doutorando em Motricidade Humana

pela Universidad del Uruguay. Docente da Universidade do Estado do Pará

Chefe do Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME)

(Brasil)

Aline Oliveira Gama*

Ana Caroline Guedes Souza Martins*

Francinéa de Nazaré Castilho Maia**

Mário Antônio Moraes Vieira***

Vera Lúcia Gomes de Oliveira**

lorackk@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Os transtornos mentais constituem grave problema clínico e de saúde pública, carecendo de estudos científicos. Método: Trata-se de um estudo epidemiológico de abordagem quantitativa cujo objetivo é traçar o perfil epidemiológico de pacientes com transtorno mental internados em unidade de referência psiquiátrica de em hospital público de Belém, no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2009. Resultados e discussão: Os resultados apontam que 53% dos pacientes são homens, entre 21 e 30 anos (37,94%), com média de 33 anos, mediana de 24 anos e desvio-padrão de 13,07 anos, 40% residem na capital Belém, 28,20% pardos, 47,69% solteiros, 20% cursou o ensino fundamental incompleto, a ocupação mais freqüente é do lar (6,66%), católicos (23,53%), 17,43% não têm renda, a patologia mais freqüente é o transtorno afetivo bipolar com episódio atual depressivo leve ou moderado (20,51%), o grupo de patologias mais comum é o F20-F29, 62,54% permaneceram internados por menos de 30 dias, a média de internação é de 36,26 dias, a mediana de 26,5 dias e desvio-padrão de 39,36 dias, 27,17% mora com familiares e sem companheiro e 19,48% internou mais de 3 vezes. Conclusão: Este trabalho contribuiu para a compreensão geral dos transtornos mentais no Estado Pará, durante um período relevante, pois fornece dados que possibilitam mudanças na gestão e no atendimento, de forma a melhorar a saúde mental deste Estado.

          Unitermos: Epidemiologia. Transtornos mentais. Internação.

 

Abstract

          Mental disorders are serious medical problem and public health, lacking of scientific studies. Method: This is an epidemiological study of quantitative approach whose objective is to trace the epidemiology of mental disorders of patients hospitalized in a psychiatric reference in a public hospital in Belém, from January 2005 to December 2009. Results and quarrel: The results show that 53% of patients are men, 37.94% are aged between 21 and 30 years, mean 33 and standard deviation of 13.0718 years, 40% live in the capital Belém, 28.20% are browns, 47.69% singles, 20% studied only elementary school, the most frequent occupation is housewife (6.66%), the predominant religion is Catholic (23.53%), 17.43% have no income, the most frequent mental disorder is bipolar affective disorder current episode mild or moderate depression (20.51%), the most common group of diseases is the F20-F29, the mean hospitalization time is 36 days, 27, 17% live with relatives and unmarried, 19.48% has more than 3 hospitalizations. Conclusion: This work contributes to a general comprehension of the mental disorders in the State of Para, during a relevant period, because if provides datas that makes possible changes in a management and better attend the patients, improving the health mental in this State.

          Keywords: Epidemiology. Mental disorders. Hospitalization.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Transtorno Mental (TM) consiste num desequilíbrio psíquico que pode se manifestar através de diversos sinais e sintomas, e que dificulta o desenvolvimento normal da pessoa (ESPINOSA, 2000). Segundo Robbins e Regier (1991), 32% dos adultos sofreram em algum momento da vida de um TM. Já para Wittchen e Perkonigg (1998) esse percentual é de 65%. De acordo com o Ministério da Saúde (2003), 3% da população necessita de cuidados contínuos por apresentar TM severos e persistentes. Esta alta incidência nos faz pensar em como está sendo implementada e gerida a assistência prestada aos pacientes com TM internados em hospitais psiquiátricos. Transtornos mentais causam grande impacto na sociedade pela alta incidência, tornando imprescindível conhecer tal perfil pela necessidade de direcionamento da assistência de enfermagem prestada aos clientes, na perspectiva de compreender as características inerentes à patologia. Em pesquisa de base de dados constatou-se que há poucos estudos relevantes (somente 1 aborda o perfil de mulheres com transtorno mental em situação de internação). Tal período se justifica pela necessidade de estabelecer um delineamento específico para que se possa estudar efeitos e diagnósticos a fim de procurar rapidamente associações comuns entre fatores. Com isso, pode-se calcular a incidência dos diversos efeitos possíveis e analisar se eles são significantemente diferentes ou não frente ao estudo de coorte.

Objetivo

    Traçar o perfil epidemiológico de pacientes com transtorno mental internados em unidade de referência psiquiátrica de em hospital público de Belém, no período de 2005 a 2009.

Método

Tipo de estudo

    Trata-se de um estudo epidemiológico de abordagem quantitativa, observacional-descritivo, a partir de um corte transversal.

Procedimento metodológico

    Foram adotados dois fatores de exclusão: a) O prontuário do paciente deveria obrigatoriamente conter os seguintes dados fundamentais: data da internação e da alta, CID, procedência e idade; b) O paciente deve ter sua data de internação e alta dentro do período deste estudo que é de 2005 a 2009. Foi realizado no Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME) do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FHCGV), em Belém, Pará. Constatou-se que 1974 pacientes portadores de TM foram internados entre os anos de 2005 e 2009. A partir deste universo, foi realizado o cálculo da amostragem aleatória simples, considerando um erro amostral de 5%, gerando a casuística composta de 333 pacientes (16,86%). No entanto, levando-se em consideração os fatores de exclusão, 15 pacientes foram excluídos por não se enquadrarem no fator “a” e 123 pacientes foram excluídos por não estar de acordo com o fator “b”, tornando a casuística reduzida para 195 (9,87%) indivíduos. Foram avaliados e quantificados 13 fatores do perfil: Gênero; Idade; Procedência; Raça; Estado civil; Escolaridade; Ocupação; Religião; Renda; Situação familiar; Tipo de transtorno (CID); Período de internação e Número de internações. Alguns dados foram cruzados, são eles: Gênero com Patologia e Idade com Patologia. Foram utilizados cálculos de porcentagem, média, mediana e desvio-padrão. Os dados foram tratados no ®Microsoft Office Excel 2007 e ®Bioestat 5.0 e apresentados em gráficos e tabelas. A pesquisa baseia-se na Resolução 196/96 e foi devidamente aprovada pela Instituição.

Resultados e discussões

    Quanto ao gênero, 53% são do sexo masculino. Contrariando estes resultados, os autores Kaplan e Sadock, (1997), afirmam em seu estudo, que mulheres apresentam taxas significativamente mais altas do que os homens para todos os transtornos, particularmente para a ansiedade e depressão.

    A faixa etária de 21 a 30 anos (37,94%) foi a mais prevalente, com a média da idade de 33 anos, mediana de 24 anos e desvio-padrão de 13,07, contrastando com o estudo de Porcu (2007), que obteve a média da idade de 40,28 anos e o desvio-padrão de 15,24 anos. Lima (1999) mostra que a idade de começo dos transtornos depressivos situa-se entre 20 e 40.

    Os que residem em Belém chegam a 40%. A natureza da urbanização moderna pode ter conseqüências deletérias para a saúde mental, devido à influência de estressores maiores e de eventos vitais adversos mais numerosos, como por exemplo o congestionamento, a poluição do meio ambiente, a pobreza e a dependência comum em uma economia baseada no dinheiro, com altos níveis de violência ou reduzido apoio social (BALLONE, 2008).

    Com relação à raça, 28,20% são pardos. O estudo de Porcu (2007) contraria este estudo, obtendo um índice de 70,87% de transtornos mentais em indivíduos de cor branca. Devemos levar em consideração que, o estudo de Porcu (2007) foi realizado em Maringá, Paraná, que faz parte da região sul do Brasil que tem um índice de 71,3% de brancos, contra 21,9% de brancos no Estado do Pará (IBGE, 2010).

    Quanto ao estado civil, 47,69% dos pacientes são solteiros. Contrariando este resultado, o estudo de Porcu (2007) totaliza 52% de casados. Já no estudo de Lima (1999), verificou-se maior presença de mulheres casadas (44,9%). Lima (1999) afirma que, com relação à situação conjugal, a depressão parece ser mais freqüente entre pessoas divorciadas ou separadas, do que entre solteiros e casados. Viuvez recente está associada à alta ocorrência de depressão. Esses riscos parecem variar de acordo com o sexo. Mulheres solteiras parecem ser menos suscetíveis à depressão do que casadas.

    Quanto à escolaridade, 20% têm o ensino fundamental incompleto e a taxa de analfabetismo atinge 4,61%, tornando evidente a baixa escolaridade do público estudado, o que propicia o desenvolvimento de transtornos mentais, conforme mostra o estudo de Ludermir (2002), que afirma que, a educação tem um efeito direto na saúde mental, pois aumenta a possibilidade de escolhas na vida e influencia aspirações, auto-estima e aquisição de novos conhecimentos que podem motivar atitudes e comportamentos mais saudáveis. O estudo de Porcu (2007) também corrobora, mostrando que 72,12% dos pacientes possuem escolaridade até o primeiro grau.

    A ocupação mais freqüentes é do lar (6,66%). Em relação à estrutura ocupacional, os trabalhadores manuais informalmente inseridos no processo produtivo apresentam maiores escores de transtornos mentais (LUDERMIR, 2002).

    Quanto à religião, a maioria são católicos, com 21,53%. Este estudo concorda com o de Porcu (2007), que afirma que 65,20% pertencem à Católica.

    A maioria dos pacientes não possuem renda atingindo uma porcentagem de 17,43%. De forma consistente, o desemprego associa-se à maior ocorrência de depressão e os indivíduos com pior situação de renda familiar per capita apresentaram maior prevalência de TMC (LIMA, 1999).

    O transtorno mais freqüente foi o Transtorno afetivo bipolar com episódio atual depressivo leve ou moderado (22,56%). Os transtornos mentais mais comuns, segundo Andrade (2006) são alcoolismo, neuroses, psicoses, oligofrenia e síndrome orgânica do cérebro, com taxas de 3,0%, 14,6%, 0,7%, 1,7% e 0,5%, respectivamente. O grupo de patologias mais freqüentes foi F20-F29 Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes com 42,05%. Este estudo se assemelha ao estudo de Espinosa (2000), que sustenta a afirmação de que a esquizofrenia apresenta-se, em todas as suas variedades, em cerca de 0,8%; as psicoses afetivas entre 0,2% e 0,4%; a epilepsia entre 0,6 e 1,2%; os déficits intelectuais entre 2 e 4%; os transtornos de personalidade (psicopatias) entre 4 e 8%; e os transtornos de comportamento em geral em torno de 10% da população.

    Ao cruzarmos as variáveis de gênero e patologia, obtivemos os seguintes resultados: os transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas foram muito maiores nos homens, em que 21 indivíduos do sexo masculino são acometidos por este transtorno, contra somente 1 do sexo feminino; os transtornos esquizofrênicos, esquizotípicos e delirantes foram mais freqüentes nos homens, enquanto que os transtornos de humor (afetivo) foram mais freqüentes em mulheres. Os demais grupos de patologias não tiveram diferenças significativas. Para Morgado e Coutinho (1985) e Andrade (2006), mulheres apresentam maiores taxas de prevalência de transtornos de ansiedade e do humor que homens, enquanto estes apresentam maior prevalência de transtornos associados ao uso de substâncias psicoativas, incluindo álcool, transtornos de personalidade anti-social e esquizotípica, transtornos do controle de impulsos e de déficit de atenção e hiperatividade na infância e na vida adulta. Nos transtornos cuja prevalência é semelhante em homens e mulheres, são observadas diferenças na idade de início, perfil sintomatológico e resposta ao tratamento.

    Em relação à patologia e faixa etária, evidenciou-se que os transtornos que acometem adolescentes geralmente são as psicoses, em adultos, são as neuroses e o abuso de substâncias (álcool e drogas) e os idosos sofrem mais com as demências.

    A média de internação, obtida nesse estudo, foi de 36 dias, com mediana de 26,5 dias e desvio-padrão de 39,36, o que representa que os número de dias é pouco homogêneo. O limite de dias de internação no HCGV é de 30 dias, podendo ser estendido somente através de decisão judicial. O que se observa é que 62,56% dos pacientes permaneceram internados nesse limite. Também observamos que essa média obtida é pouco superior ao preconizado. O estudo de Contel (2007) mostra que a duração média de permanência de 9 e 13 dias no período de 1998 a 1999 e de 10,7 e 12,8 dias no período de 2003 a 2004, mostrando um crescente aumento da média de internação e uma grande rotatividade dos leitos existentes. A rotatividade, à custa da curta permanência e a prevalência de diagnósticos graves são duas condições necessárias para o surgimento e persistência do fenômeno da porta giratória no sistema de atendimento psiquiátrico estudado.

    Com relação à situação familiar dos pacientes, 27,17% vivem com familiares sem companheiro. Segundo registros de alguns prontuários de pacientes, há o abandono pela parte do cônjuge, devido à doença atrapalhar o convívio do casal, muitas vezes os filhos indo morar com o cônjuge por incapacidade do paciente psiquiátrico de cuidar da prole. Em outras palavras, o grau de severidade da doença irá interferir na vida afetiva e familiar. As pessoas que moram sozinhas parecem estar em maior risco para depressão: quanto maior o número de pessoas que moram no domicílio, menor a chance de apresentar depressão. Além de que, pessoas que vivem só apresentam maior risco de fuga, vagam pelas ruas, e comumente são vítimas de descaso das famílias e preconceito da sociedade (LIMA,1999).

    Quanto ao número de internações, constatamos que 19,48% apresentaram mais de 3 internações. Contel (2007) ainda mostra em seu estudo que o Hospital Santa Tereza e a Emergência de Ribeirão Preto apresentaram as maiores porcentagens de internações nos dois períodos. Entre o primeiro e o segundo período a Enfermaria deu um salto de 6% para 14% do total das internações. O número de internações no período 2003 a 2004 aumenta nas primeiras, diminui nas segundas e mostra aparente estabilização nas três ou mais internações. A duração média de internações foi significativamente diferente quando o grupo com até duas internações foi comparado com o de três internações, nos dois períodos.

    Os diagnósticos mais prevalentes em ambos os períodos foram: Alcoolismo, Transtorno Bipolar de Humor e Esquizofrenia. No período de 2003 a 2004 os Transtornos de Personalidade é parte dos três diagnósticos mais prevalentes em pacientes com três ou mais internações.

Conclusão

    A análise dos dados cumpriu o objetivo a que se propôs, pois permitiu conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes portadores de transtornos mentais do Estado do Pará. É importante construir um novo olhar para o cuidado baseado no diálogo e na criatividade que possibilite a transformação social do papel dos profissionais no exercício da sua prática. É sobre esse novo olhar para o cuidar que queremos nos deter. O modelo clínico presente no pensar e no fazer dos profissionais modernos ainda assume um espaço de poder, com relevante aceitação e consideração nos sistemas de cuidar da saúde. Mas o cuidar dele decorrente confere um caráter simplificador, mantendo-se os princípios de redução e separação entre saberes, agentes e elementos da natureza.

Referências

  • ANDRADE, L.H.S.G. de; et al Epidemiologia dos transtornos psiquiátricos na mulher. Rev. psiquiatr. clín. [online].vol.33, n.2, pp. 43-54. ISSN 0101-6083, 2006.

  • BALLONE, G. J. O que são Transtornos Mentais. Disponível em: www.psiqweb.med.br, 2008. Acesso em: 10/04/11.

  • CONTEL, J.O.B. et al. Porta giratória: conceito e ocorrências nas internações psiquiátricas em Ribeirão Preto, SP. Tese (Doutorado em Pós Graduação em Saúde Mental da FMRP-USP) - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, 2007.

  • ESPINOSA, A.F. Guias práticos de enfermagem: psiquiatria. McGraw-Hill. Rio de Janeiro, 2000.

  • IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. População total e respectiva distribuição percentual, por cor ou raça, segundo as Grandes Regiões, Unidades da Federação e Regiões Metropolitanas. 2010.

  • KAPLAN, H. I. SADDOCK, B. J. Compêndio de Psiquiatria. Artmed, Porto Alegre, 1997.

  • LIMA, M.S. Epidemiologia e impacto social. Rev Bras Psiquiatria, 1999.

  • LUDERMIR, A.B.; MELO FILHO, D.A. Condições de vida e estrutura ocupacional associadas a transtornos mentais comuns. Rev Saúde Pública; 36(2):213-21, 2002.

  • MORGADO, A.F.; COUTINHO, E.S.F. Dados de epidemiologia descritiva de transtornos mentais em grupos populacionais do Brasil. 1985.

  • PORCU, M. Prevalência dos transtornos mentais em pacientes atendidos no ambulatório da residência médica de psiquiatria da Universidade Estadual de Maringá. Acta Sci. Health Sci. Maringá, v. 29, n. 2, p. 145-149, 2007.

  • ROBBINS, N.; REGIER, D.A. Psychiatric Disorders in America: the Epidemiologic Catchment Area Study. Nova Iorque, 1991.

  • WITTCHEN, H. U.; PERKONIGG, A; Prevalence of Use, Abuse and Dependence of Illicit Drugs among Adolescents and Young Adults in a Community Sample. 1998. Disponível: http://content.karger.com/ProdukteDB/produkte.asp?Aktion=ShowFulltext&ArtikelNr=000018923&Ausgabe=225626&ProduktNr=224233, acesso: 13/12/09.

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