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Avaliação da perda hídrica de jogadores de 

futebol durante uma partida oficial sob calor intenso

Evaluación de la pérdida de líquidos de jugadores de fútbol durante un partido oficial bajo calor intenso

Evaluation of water loss in soccer player during an official play under intense hotness

 

*Discente do Curso de Educação Física

do Centro Universitário de Ji-Paraná CEULJI/ULBRA

**Discente do Curso de Enfermagem da Faculdade Aparício Carvalho - FIMCA

***Professor e coordenador do Curso de Educação Física da Faculdade Metropolitana

Professor de Ciências Básicas da Faculdade Aparício Carvalho, FIMCA

Líder do Laboratório de Fisiologia do Exercício

e Cineantropometria da Faculdade Metropolitana

Luciano Cruz de Almeida*

Valdecir Rodrigues-da-Silva*

Ana Carina Faria Ferreira-Valentim**

João Rafael Valentim-Silva***

professor_joao_rafael@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Introdução: A hidratação é um importante fator que influencia o desempenho esportivo e a saúde da pessoa. Já o calor intenso aumenta a sudorese e que pode aumentar a velocidade da perda de líquidos. Objetivos: Identificar através da colorimetria urinária se há uma significante perda hídrica durante uma partida de futebol de campo sob calor intenso. Metodologia: Selecionou-se um grupo voluntário de sete sujeitos com média de idade 16,8 ± 0,48 anos de forma conveniente. Para a coleta de dados utilizou-se três momentos de aquisição da urina, antes, durante e após uma partida de futebol. Com o objetivo de se classificar a perda hídrica comparou-se a coloração da urina entre todos os momentos através da tabela de Armstrong (1994). Os dados foram tratados de maneira descritiva através da média e desvio padrão e de forma inferencial através do teste de normalidade de Shapiro-Wilks e análise de variância ANOVA com post hoc de Tukey. Resultados: Seis dos sete sujeitos que fizeram parte do grupo senso demonstraram desidratação do início para o meio do jogo (p< 0,05), porém, todos apresentaram perda severa de líquidos do início para o fim do jogo (p< 0,01) se comparado com o início ou com o meio do jogo chegando a níveis preocupantes. Conclusão: Partindo dos dados da presente pesquisa, um jogo de futebol é capaz de produzir importante desidratação.

          Unitermos: Perda hídrica. Jogadores de futebol. Calor intenso.

 

Abstract

          Introduction: The hidratation is an important factor that has influence in the personal sportive performance. But, the intense hotness grows the hydric loss and can up the speed of liquid loss. Objective: To identify, across the urinary color if exist a significant hydric loss during an official football play under intense horness. Methodology: Was taken a voluntary group of seven with means of age 16,8 ± 0,48 years of convenient way. For the data collect was used tree moments of urine acquire, before, during, and after of the football play. With objective of to classify the hydric loss was compared the urine color between all moments across the Armstrong table (1994). The data was treated with descriptive way across the media and standard deviations and inferential way across the variance analysis ANOVA with Tukeys’s pos hoc were p< 0,05 of significance. Results: Six of seven players that was in the sense group showed dehydration from begin to middle of the game (0,05), but, all had severe loss hydric from begin to end play and of middle to end to arriving at worrying levels. Conclusions: Going of the research data, one football game cam to make important dehydration.

          Keywords: Water loss. Soccer player. Intense hotness.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    De acordo com Maughan e Leiper (1994)(1) a desidratação deve ocorrer devido à necessidade de o organismo manter a temperatura corporal próxima dos valores de repouso, cerca de 37ºC. Em ambientes de altas temperaturas o único mecanismo que faz com que o organismo perca calor é a evaporação da água na superfície da pele. Isso permite que a temperatura do corpo seja mantida, mas acaba resultando em desidratação e perda de eletrólitos.

    A atividade física promove maiores níveis de sudorese e consequentemente maior velocidade de desidratação(1,2). Nos esportes não poderia ser diferente, de forma que a prática destes leva a uma sudorese e em direção a níveis diminuídos de concentração de água no organismo(1,2). Tendo-se em vista que a desidratação pode provocar inúmeros sintomas como tontura, desequilíbrio, descoordenação motora, fraqueza muscular e em casos extremos perda da consciência e até a morte(3). Mesmo assim, o estímulo da sede pode não ser suficiente para manter níveis ideais de hidratação. Geralmente, as pessoas consomem líquidos em um ritmo inferior a sua taxa de perda hídrica resultando em estados de leves a moderados de desidratação(4) Dessa forma, a prática de atividade física precisa ser controlada e bem planejada, pois, a desidratação pode causar desde a diminuição do desempenho(3-5), até a problemas de saúde como aumento da sobrecarga renal(6), exaustão acentuada e aguda(8-9) entre outros problemas. Algumas estratégias podem ser admitidas como por exemplo a adição de 4 a 8% de carboidratos e/ou sódio que podem ser úteis para a manutenção desempenho e evitar a hiponatremia em atividades de alta intensidade por tempo prolongado principalmente no calor intenso(10-13).

    O método não laboratorial mais confiável é a colorimetria da urina(14) apresentando alta correlação com a osmolaridade da urina. Esse método compara a cor da urina com uma tabela de referência da forma que quanto mais clara é a urina mais hidratada estará a pessoa, ao passo que quanto mais escura e turva mais desidratado o sujeito estará. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo identificar se o planejamento da hidratação de atletas de futebol durante uma partida oficial está sendo bem realizado.

Metodologia

Universo e grupo voluntário

    Selecionou-se de forma conveniente um grupo voluntário de sete jogadores de futebol da categoria sub dezoito do time Ji-Parana, todos com idades entre dezesseis e dezessete anos com média de 16,8 anos, todos do gênero masculino onde todos participaram de forma voluntária após assinar um termo de consentimento livre e esclarecido.

Instrumentos de coleta de dados

    Para a determinação dos níveis de hidratação dos atletas utilizou-se um método indireto não invasivo a partir da coloração da urina internacionalmente validado publicado por Armistrong14 e colaboradores (1994) no “International Journal of sport nutrition exercise and metabolism” (IJSNEM). Esse método é composto por uma escala que varia de 1 a 8 onde os valores de 1 é classificado com ótima hidratação, 2 boa hidratação, 3 relativa hidratação, 4 leve desidratação, 5 desidratação moderada, 6 desidratação considerável, 7 desidratação perigosa e 8 severa.

Procedimentos de coleta de dados

    Para efeito de coleta de dados foi feita uma amostragem de urina antes do início do jogo com a finalidade de identificar o estado de hidratação pré-competição. E, para efeito de comparação realizou-se mais uma coleta no início do intervalo e ao fim do jogo. Todas as coletas foram realizadas dentro do vestiário antes que eles pudessem hidratar-se fora da situação de jogo.

    Quanto a hidratação durante o jogo, não foi feita recomendações ou observações que modificassem os hábitos ou planejamentos pré-estabelecidos em outro momento, pois a variável de interesse do presente estudo foi acerca de como se comportaria o nível de hidratação dos sujeitos durante o jogo e poder inferir sobre a qualidade do planejamento dessa variável.

    Por fim, comparou-se a amostragem do início, durante e fim do jogo identificando a mudança de coloração entre as mesmas.

Tratamento estatístico

    Para o tratamento estatístico utilizou-se a descrição dos dados através da média e desvio padrão. Utilizou-se o teste de Shpiro-Wilks para a normalidade dos dados e ANOVA ONE WAY com Post Hoc de Tukey com sensibilidade de 5%.

Resultados

    Os resultados demonstram uma tendência de desidratação do momento pré jogo, onde quase todos os sujeitos foram classificados como bem hidratados, para durante o jogo onde todos apresentaram desidratação leve e, do meio do jogo para o fim essa tendência se acentuou onde todos pioraram todas as suas coletas.

    O quadro abaixo demonstra o resultado do teste de Shapiro-Wilks.

Quadro 1. A figura um demonstra os resultados do teste

de Shapiro-Wilks para a normalidade dos dados

    A analise de variância demonstrou diferenças para todos os momentos do início para o meio do jogo (p<0,05), do início para o fim do jogo (p<0,01) e do meio para o fim o resultado foi significativo (p<0,05). A figura três demonstra os dados da análise de variância.

Figura 1. A figura dois demonstra os a análise de variância e valor de p da comparação entre 

o momento 1 e 2 (1x2), 2 e 3 (2x3) e 1 e 3 (1x3) no teste de Tukey com sensibilidade de 0,05

Discussão

    O objetivo do presente estudo foi identificar se uma partida oficial de futebol sob calor intenso seria capaz de produzir algum estado de desidratação em atletas da categoria sub dezoito como maneira de inferir sobre o planejamento hídrico dessa equipe.

    Mesmo em climas frios e úmidos o resultado de exercícios leva à sudorese e isso por si só é capaz de provocar algum grau de desidratação, porém a quantidade de perda hídrica depende da intensidade, duração, modalidade de exercício, vestimenta, temperatura e umidade relativa do ar. Além disso, a estratégia de hidratação utilizada antes, durante e após o período em que a pessoa é submetida a situação de exercício pode alterar a perda hídrica12-14.

    Um adequado estado de hidratação só é mantido quando se consome líquidos antes, durante e após a atividade física, pois a perda de líquidos através do suor e da respiração e a conseqüente reposição de líquidos só equilibrará novamente os tecidos corporais após duas ou quatro horas15.

    A quantidade de reposição hídrica deve ser calculada dependendo de vários fatores como a intensidade do exercício, condições climáticas, aclimatação, condicionamento físico e, sobretudo, respeitando suas características fisiológicas pessoais13-14.

    Um adequado estado de desidratação só é mantido quando se consome líquidos antes, durante e após a atividade física, pois a perda de líquidos através do suor e da respiração e a conseqüente reposição de líquidos só equilibrará novamente os tecidos corporais após duas ou quatro horas15.

    Os dados obtidos através da colorimetria indireta foram alarmantes onde todos os atletas com exceção de um foram de um estado de hidratação normal no início do jogo para um importante nível de desidratação e, ainda pior, todos ao fim do jogo quando comparados com o início demonstraram uma desidratação próxima a níveis preocupantes.

    Semelhantemente a diferentes pesquisas realizadas16-17 verificaram os níveis de hidratação, onde os nossos dados corroboram com os achados desses autores indicando uma importante, até severa desidratação após um jogo de futebol. A mesma variável quando pesquisada em atletas adolescentes apresenta o mesmo comportamento para futebol de campo18-20.

    Sabendo-se que a hidratação orgânica é um importante fator para a manutenção da saúde e em uma análise mais específica na manutenção do desempenho atlético.

    No presente estudo, hipostenizou-se da mesma forma que Yeragin16,20, que postulou a hipótese de que o status de hidratação deveria se modificar durante uma sessão de treinamento e os nossos resultados demonstram uma tendência à desidratação antes e depois do momento pós treinamento indicando que uma sessão de treinamento é capaz de promover uma perda hídrica importante, devendo portanto, haver uma adequação da estratégia de hidratação antes, durante e após o envolvimento com atividade física mais intensa. Esses dados corroboram com outros esudos16,21,22.

Conclusão

    A hidratação é um fator fundamental para todos os sistemas orgânicos onde o funcionamento corporal poderá ser prejudicado se o sujeito estiver desidratado. Durante o exercício não é diferente podendo a desidratação diminuir o desempenho atlético e até levar a estados que impossibilitem a permanência do atleta na competição. Sendo assim, o presente estudo demonstrou que há uma tendência de desidratação do início para o meio do e mais acentuadamente para o fim da partida sendo recomendável que seja reavaliado o planejamento de reposição hidroeletrolítica dado todas as significâncias que essa variável possui para o bom funcionamento orgânico e desempenho atlético.

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