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Judô com agasalho esportivo: uma alternativa para a iniciação esportiva

El judo con ropa deportiva: una alternativa para la iniciación deportiva

 

*Acadêmica do curso de Educação Física (UFPEL)

**Licenciado em Educação Física (UFPEL)

Faixa Preta de Judô - IV Dan

***Prof. Dr. da UFPEL

(Brasil)

Natana Denzer Krause*

natanakrause@gmail.com

José Fernando Pereira Maduell**

Flávio Medeiros Pereira***

flaper@terra.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi investigar e verificar a possibilidade do uso de roupas alternativas, como agasalhos esportivos, na iniciação do Judô em crianças na faixa etária de 5 a 12 anos de idade, na cidade de Pelotas. Como instrumento de pesquisa foi usado entrevista semi-estruturada com os professores e instrutores de Judô, faixas pretas e marrons, com mais de cinco anos de experiência. Constatou-se que a iniciação para crianças sem o uso do judogui é permitida pelos docentes e que eles são favoráveis a alternativa de iniciação com agasalhos esportivos. Os resultados mostraram que o uniforme é dispensável no início da prática do Judô e que não influência na desistência do novo praticante no mês seguinte, sendo a participação nas aulas mais importante do que ter um judogui. Consideram importantes na iniciação do Judô os ukemis e a recreação em aulas. Conclui-se que, na opinião destes professores e de acordo com suas características pedagógicas, o uso do agasalho esportivo é aceitável, não interferindo de forma significativa para com o aprendizado do Judô.

          Unitermos: Judô. Iniciação esportiva. Judogui.

 

Abstract

          The objective of this work went to investigate and to check the possibility of the use of alternative clothes, in the case, sporting coats, in the initiation of the judo in children in the age group from 5 to 12 years of age, in the city of Pelotas. Instrument of inquiry was used an interview you semi-structure with teachers and instructors of Judo, black and brown belts, with more than five years of experience with the teaching of the kind. It was noticed that the initiation for children without the use of the judogui takes place, and it is allowed by the persons in charge by the teaching, that they are favorable the initiation with sporting coats. The results of the interviews, they showed that the uniform is expendable in the beginning of the practice of the judo and that not influence in the giving up of the new apprentice in the next month, being to participation in the classrooms more important than to have a judogui. The professionals consider the practice of ukemis and the recreation in the classrooms of judo, the important points in the initiation with children. It is ended what adapts the teachers and his pedagogic characteristics, the use of the sporting coat is acceptable, not interfering in the significant form for with the apprenticeship of the Judo.

          Keywords: Judo. Sport initiation. Judogui.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A criação do Judô coube a um jovem japonês franzino, de baixa estatura, mas com uma inteligência notável, chamado Jigoro Kano, seus ensinamentos e princípios filosóficos ainda hoje se aplicam no ensino-aprendizagem do Judô tornando-o, um esporte dos mais comprometidos com a formação de seus praticantes no que tange a disciplina, respeito e boas condutas, durante as aulas e mesmo em eventos competitivos. Jigoro Kano formou-se em na Universidade Imperial de Tóquio em Letras (1881) e em Ciências Estéticas e Morais (1882), praticou alguns estilos de luta entre eles o Jiu-jitsu que serviram como principal referência para criar o Judô, em fevereiro de 1882 na cidade de Tóquio no Japão. Ele eliminou as técnicas mais lesivas, como socos, pontapés e quebramentos de membros e desenvolveu outras técnicas criando uma modalidade de luta sistematizada e metodológica para que todos pudessem praticar sem sofrerem traumas psicológicos e/ou físicos que os afastassem dos treinos.

    O Judô chegou ao Brasil em meados de 1914, em Porto Alegre, com Mitsuyo Maeda (Conde Koma), tendo as primeiras demonstrações e desafios feitos em circos, teatros e em outros locais.

    No mundo atual, existe uma gama muito grande de modalidades esportivas que de certa forma buscam seu destaque no mundo esportivo, para isso “brigam” para difundir sua eficiência e valores especiais para aqueles que por algum motivo tenham interesse em praticá-las. Os esportes olímpicos talvez sejam os mais conhecidos e difundidos e isto talvez colabore de forma positiva para que esta ou aquela modalidade venha a ter mais adeptos na sua prática. O mercado esportivo aonde a mídia seguramente tem grande influência para a escolha de atividades esportivas, tem proporcionado seguramente o crescimento de modalidades que mesmo não oferecendo ganhos ou salários milionários, recebem novos adeptos e alguns por serem esportes digamos nobres e mais formativos, mesmo estes, sendo atividades de lutas como o Judô, acabam por se beneficiar da exposição na mídia.

    Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs (1999) as lutas são disputas em que o(s) oponente deve ser subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplo de luta desde as brincadeiras de cabo de guerra e braço de ferro até as práticas mais complexas de capoeira, do Judô e do Karatê.

    Para a prática do Judô, são necessários um uniforme, chamado de Judogui ou mais popularmente chamado de kimono e uma faixa, sendo um investimento razoável, se contarmos o valor da matricula e da mensalidade, desta forma muitas vezes temos um obstáculo para o novo praticante.

    O judogui é um traje baseado no kimono tradicional japonês e são construídos a partir de 100% algodão na cor branca e na cor azul e o algodão é a melhor escolha. Devem ser tomados cuidados quando da aquisição, pois, a maioria das roupas encolhem nas primeiras lavadas. As roupas são vendidas em tamanhos variados e com especificações diferentes de acordo com os fabricantes nacionais ou estrangeiros, algumas pela altura do indivíduo, com caracterização em centímetros de cinco em cinco (160 cm, 165 cm, 170 cm...) outras por letras e números (M 0, M 1, A 1, A 2, ...) que correspondem a determinados tamanhos.

    Existem três peças básicas para o uniforme de Judô: o casaco, o cinto ou faixa, e as calças, adicionando-se a isto o zori ou chinelos. As peças possuem medidas mínimas e máximas conforme regulamentação internacional da Federação Internacional de Judô (F.I.J.). Existem os padrões simples, reforçado, trançado simples, trançado especial e que correspondem à espessura, grossura da roupa, em especial as qualidades do casaco, por serem mais exigidos nos agarres e treinamentos diversos.

    Preocupados em solucionar este impasse e discutir este problema assim como propor alternativas, sugestões e recomendações foi realizado este trabalho que possui como principal objetivo verificar a real necessidade do uniforme para as crianças quando no seu primeiro mês de aulas e se após este período se elas continuam ou não no esporte.

    Não é objetivo de este trabalho dispensar o uso do judogui nas aulas de Judô, mas sim facilitar o ingresso e a vivência da modalidade por parte daqueles que tem interesse em conhecer na prática, um pouco deste esporte, bem como viabilizar custos menores para os pais.

Metodologia

    Neste estudo, utilizou-se uma entrevista oral (em anexo) junto aos responsáveis por ministrarem as aulas de Judô na cidade de Pelotas no período de março de 2007 a março de 2008. Todos os professores foram informados dos objetivos do trabalho e de forma por demais receptiva, prestativa e voluntariamente responderam e fizeram comentários a cerca dos assuntos questionados, autorizando a utilização dos resultados na conclusão da pesquisa.

    A pesquisa fundamentalmente baseou-se nas perguntas sobre a utilização e a iniciação no Judô com roupas alternativas (abrigos ou agasalhos esportivos) em crianças de 5 a 12 anos e verificar a real necessidade ou não dos alunos iniciarem as aulas com o judogui.

Resultados

    Os responsáveis pelo ensino do Judô em Pelotas são todos do sexo masculino, solteiros, com média de idade de 39,5 anos sendo a mínima de 21 anos e a máxima de 57 anos, um tem curso superior completo em Educação Física, dois o ensino médio completo e um o ensino fundamental incompleto, todos possuem 5 anos ou mais de experiência do ensino do judô, sendo dois faixas pretas sho-dan (primeiro nível de faixa preta) e dois faixas marrons.

    Nos locais de ensino do Judô em Pelotas, 4 pontos localizam-se na região central e 2 em bairros da cidade, tendo como sedes 4 academias, 1 clube e uma escola, todos aceitam que seus alunos, crianças ou não façam as primeiras aulas sem uniforme, três tem turmas para crianças menores de doze anos e um não formou turma para crianças no período relativo à pesquisa, as turmas para 2 professores podem ter até 20 alunos, um até 15 alunos e o outro até 10 alunos.

    Os horários disponíveis são às 18 horas, 19 horas e 21 horas e em média de 50 a 60 minutos de aula. A divisão por idades ocorre para 2 professores entre 5 e 8 anos e 9 a 12 anos, um divide de 5 a 7 anos e 8 a 12 anos e o outro não faz divisão nenhuma, permitindo mesmo na iniciação que crianças pratiquem com colegas maiores e mais velhos. O número de dois treinos semanais para as crianças quando de sua iniciação são estabelecidos como padrão, em todos os locais existentes em Pelotas, e são considerados o suficiente pelos responsáveis, a possibilidade de participar de um número maior de aulas na semana para as crianças, não são aceitas pelos professores. Todos os responsáveis já praticaram e praticam as técnicas do Judô sem o uniforme e consideram a necessidade de adquirir o judogui nas primeiras aulas e até no primeiro mês de pouca importância para as crianças, permitem e consideram válido o inicio da pratica sem o uniforme como forma de não dificultar a vivência no Judô.

    A utilização de roupa alternativa não influencia na continuidade ou não da criança no esporte, mesmo que ela venha a treinar por um período superior ao primeiro mês de aulas, a aquisição do uniforme nem sempre ocorre e todos deixam treinar sem, por períodos superiores a dois meses. Três dos responsáveis possuem mais de 10 anos e um mais de 5 anos de experiência com esta alternativa no ensino do judô quando na iniciação. Dos 144 alunos que iniciaram sem o uso do uniforme 139 (96,6%) continuaram no mês seguinte. Todos concordam que o ensino das técnicas do primeiro grupo e mais algumas outras, por serem mais simples, seguras na hora de cair ou derrubar, fáceis de serem ensinadas e controladas pelas crianças podem ser ensinadas normalmente, sem prejuízos técnicos no aprendizado das crianças.

    Casos de lesão não foram informados em crianças quando nas atividades das aulas de Judô em decorrência do não uso do judogui. Os ukemis, são a maior preocupação dos responsáveis, que enfatizam a prática regularmente quando da iniciação e somente um prioriza as brincadeiras e a recreação no inicio das vivências e das aulas. As lutas ou randoris não são obrigatórios embora façam parte do conteúdo da maior parte das aulas. A utilização do casaco de um colega para a prática dos randoris acontece, principalmente, quando o professor percebe que o nível dos praticantes, já merece uma atenção a mais, seja pela qualidade técnica ou pela segurança dos judocas. Todos os entrevistados preferem que a criança compareça as aulas para praticar, mesmo sem o uniforme ao invés de não irem às aulas ou somente assisti-las de fora do dojo.

Conclusões

    O uso de uniforme na iniciação no Judô, não ocorre nas primeiras aulas e a continuidade nas aulas ocorre não sendo fator determinante da continuidade ou não do novo praticante. A iniciação não exige o uso da roupa do Judô, mesmo porque a prioridade é dada a pratica de exercícios coordenativos, de amortecimento de quedas e a recreação, que não exigem contatos físicos e em conseqüente necessidade de agarres na roupa. O ukemis, são técnicas criadas para amortecer a queda ao solo e muitas vezes o judoca, os executa em locais e situações não relacionadas ao judô, como no caso de quedas sofridas na rua, demonstrando que sua eficiência independe do uso da roupa e sim do treinamento do movimento. Quanto ao ensino de técnicas elas começam com movimentos fáceis como: o o soto gari, o uchi gari e outras simples do primeiro grupo e que não implicam em grandes impactos e riscos ao novo praticante e como estes não devem ser derrubados nas primeiras aulas, o uso do uniforme pode ser dispensado, se considerarmos que no Judô existem técnicas de chão em que não se aplicam quedas, somente domínio e controle do judoca no solo, o uso do judogui realmente pode ser deixado para um segundo momento. Em certos casos, como o de universitários em que praticam um ou dois semestres, o uso da roupa normalmente não ocorre e a participação nas aulas acontece e nem por isso deixam de praticar e vivenciar uma iniciação esportiva. As técnicas do Judô, principalmente as do primeiro grupo que são as primeiras a serem ensinadas aos novos praticantes, são treinadas sem judogui por policias, pelo exercito e pela policia federal, sem acrescentar os cursos de defesa pessoal e os lutadores de vale-tudo, o que vem enfatizar além da eficiência dos golpes a possibilidade de treiná-las com roupas alternativas. Como diversas técnicas de Judô já foram treinadas pelos professores, com roupas alternativas ou mesmo sem, torna-se aceitável que possam ser treinadas por crianças aonde a potência com certeza ainda não ocorre.

    A divisão por idade é importante, embora nem todos façam, pois, a homogeneidade facilita o planejamento e adequação das atividades a serem desenvolvidas. O uso de roupas alternativas é totalmente viável na iniciação com crianças e não implicam em prejuízos técnicos ou na segurança dos novos praticantes, devendo ser um facilitador na possibilidade de oferecer, praticar e conhecer o Judô.

Sugestões e recomendações

    Que sejam feitos novos estudos a fim de se verificar se a falta do judogui, prejudica o desenvolvimento técnico, das crianças que costumam praticar com um colega sem judogui, por períodos superiores a dois meses, e que conseqüências podem ocorrer no estímulo e formação dos valores do Judô, no novo praticante, não estando inserido com o uniforme adequado para a pratica do esporte.

Referências

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