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Inclusão de crianças portadoras de necessidades educacionais especiais

nas aulas de Educação Física em um colégio da rede privada de Ubá, MG

Inclusion of children with special educational needs in Physical Education classes in a network of private college Uba, MG

 

*Graduanda em Educação Física pela Fundação

Presidente Antônio Carlos de Ubá, FUPAC (2009-2011)

**Graduada em Educação Física pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Especialista em Atividades Físicas para a promoção da saúde e qualidade de vida (UFJF)

Mestre em Ciências Sociais (UFJF, 2008). Professora da rede de ensino municipal

de Juiz de Fora desde 2004. Professora da Fundação

Presidente Antônio Carlos de Ubá desde 2009

Greyce Kelly Tchiya Soares*

Luciana Ferreira da Silva**

greycetchiya@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do presente estudo foi verificar se há inclusão de crianças portadoras de necessidade educacional especial (NEE) nas aulas de educação física de um colégio da rede privada de Ubá - MG. Metodologia: a amostra do presente estudo foi composta por 69 alunos regulares de ambos os sexos; 3 alunos portadores de NEE, que eram os únicos da escola; o professor de educação física e a diretora do colégio. Além dessa amostra procedeu-se à leitura do Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição a fim de verificar se havia inclusão dos alunos portadores de NEE neste documento. Os instrumentos avaliativos foram 4 questionários abertos: um deles direcionado aos alunos regulares e outro para os alunos portadores de NEE; um questionário para o professor de educação física e um outro para a diretora. O tratamento metodológico dado à análise dos questionários foi a detecção de categorias que se repetiam nas respostas dos respondentes. A essas categorias denomina-se unidades mínimas ideológicas, as quais são as unidades básicas de análise do discurso dos pesquisados (Velho 1989). Resultados: Observou-se que no PPP do colégio existe a inclusão de alunos portadores de NEE na aula de Educação Física. Através da análise das respostas dos alunos regulares, os alunos com NEE são incluídos em apenas algumas aulas de Educação Física; a fala dos alunos com NEE apontou que estes não se sentem incluídos nas aulas de Educação Física; a fala da diretora está relacionada ao PPP, a qual relatou estarem tentando adaptar as atividades aos alunos com NEE; em relação ao professor de Educação Física observou-se que os alunos portadores de NEE não são incluídos em seus planos de aula, e a fala do mesmo diz respeito à dificuldade de adaptar as aulas. Conclusão: A inclusão dos alunos portadores de NEE da escola estudada ocorre no âmbito do PPP; na fala da diretora e na fala dos alunos regulares. A inclusão não ocorre na fala dos alunos portadores de NEE, tampouco, nas aulas de Educação Física, uma vez que o professor dessa disciplina não contempla esses alunos em seu plano de aula.

          Unitermos: Inclusão. Necessidades Educacionais Especiais. Educação Física.

 

Abstract

          Introduction: The aim of this study was to determine whether there inclusion of children with special educational needs (NEE) in physical education classes of a private college from Uba - MG. Methodology: The study sample consisted of 69 regular students of both sexes, three students with special needs, which were the only school, the physical education teacher and director of the college. In addition to this sample proceeded to read the Political Pedagogical Project (PPP) of the institution to verify if there was inclusion of pupils with NEE in this document. The instruments evaluated were four open-ended questionnaires: one regular intended for students and one for pupils with NEE; a questionnaire for the physical education teacher and one for the director. The treatment given to the methodological analysis of the questionnaires was the detection of categories that were repeated in the answers of respondents. To these categories is called minimal ideological units, which are the basic units of discourse analysis of respondents (Velho 1989). Results: We observed that the PPP of the college exists for the inclusion of pupils with NEE in Physical Education class. By analyzing the responses of regular students, students with NEE are included in only a few physical education classes, speech of pupils with NEE pointed out that they don’t feel included in physical education classes, speech of the director is related to the PPP , which reported they are trying to adapt activities for pupils with NEE in relation to physical education teacher noted that pupils with NEE are not included in your lesson plans, and speaks of the same concerns the difficulty of adapting classes. Conclusion: The inclusion of students with NEE school is studied within the PPP, director of speech and the speech of regular students. Inclusion does not occur in the speech of students with special needs, either in physical education classes, since these teachers doesn’t include these students in their lesson plan.

          Keywords: Inclusion. Special Educational Needs. Physical Education.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Sabe-se que os alunos portadores de necessidades educacionais especiais (PNEE) devem gozar do direito do acesso à escola, tanto quanto qualquer criança e/ou adolescente não portador de necessidades especiais. Nesse sentido, Aranha (2001) destaca que o processo histórico da deficiência física, sensorial e mental, não pode ser negado, tão pouco ignorado, é preciso conhecê-lo para que seja possível sua compreensão.

    Segundo Ferreira e Guimarães (2003, p.26):

    “Necessidades especiais podem ser consideradas como as exigências de um determinado indivíduo, em decorrência da falta ou da privação das condições orgânicas ou psicológicas, estruturais ou funcionais, que se manifestam no cotidiano.”

    A inclusão nas aulas de Educação Física vai além da percepção real de se sentir incluído ou não, que é sentida nas situações de ganhar ou perder, a vivência do jogo, a cooperação, independência, medidas pelo professor de Educação Física, responsável pela transmissão de valores, novas maneiras de pensar e padrões de comportamento. Mas há também a sensação de bem estar e o sentimento de autonomia por conseguirem realizar movimentos que antes não faziam, ou simplesmente fazer os movimentos devido à oportunidade dada a eles, a qual gera o sentimento de enfrentar um desafio e dominar uma nova habilidade (GUARAGNA et al, 2005).

    Segundo Silva e Ferreira (2001) com os movimentos feitos através da Educação Física a criança começa a conhecer o seu corpo e busca desenvolver ao máximo sua capacidade cognitiva, afetiva e motora, explorando e vivenciando suas possibilidades.

    Segundo Vygotsky (1991 apud NUNES et al, 2008), a criatividade necessita e é dependente da realidade, e a mediação é fundamental para o processo simbólico expressivo olhando não a deficiência e sim a diferença e assim, caminha-se para o processo de inclusão artística, educacional e social.

    Segundo Nunes et al (2006), o jogo pode contribuir junto aos processos de desenvolvimento da aprendizagem na criança, bem como no processo de inclusão de alunos com necessidades educativas especiais nas escolas.

    O objetivo da pesquisa foi verificar se há inclusão de crianças portadoras de necessidades educacionais especiais nas aulas de educação física de um Colégio da rede privada de Ubá.

2.     Metodologia

    A amostra dessa pesquisa foi constituída por 69 alunos não PNEE, sendo 23 alunos do sexo feminino e 46 do sexo masculino. 3 alunos do sexo masculino portadores de necessidades educacionais especiais, o professor de Educação Física com formação em licenciatura e bacharelado e a diretora da escola estudada.

    A pesquisa possui natureza qualitativa e descritiva tendo sido realizada com os alunos do 6º e 8º anos do Ensino Fundamental, com idade de 10 a 13 anos, e do 2º ano do Ensino Médio, com idade de 17 a 18 anos. Foram selecionadas para participar do estudo somente essas turmas, uma vez que são as únicas que contemplam os alunos PNEE da escola. Os alunos do 6º ano do ensino fundamental e 2º ano do ensino médio são cadeirantes, o do 6º ano tem distrofia muscular e do 8º ano déficit motor e visual. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado pela diretora da instituição, representando todos os alunos.

    O critério de inclusão na pesquisa foi a vontade própria do aluno em participar da mesma e a prévia assinatura do termo de consentimento. Quanto ao professor de Educação Física e a diretora, estes também foram incluídos na amostra pela sua espontânea vontade de participar do estudo e posterior assinatura do termo de consentimento.

    O único critério de exclusão da pesquisa foi não estar presente na aula no dia da aplicação do questionário.

    Os instrumentos de coleta de dados foram quatro questionários: o primeiro compostos por 7 questões abertas para os alunos não PNEE; outro composto por 7 questões para os alunos PNEE; o terceiro foi composto por 5 questões abertas para o professor de Educação Física e o último composto por 4 questões abertas para a diretora. As questões de todos os questionários versavam sobre a inclusão de crianças portadores de necessidades educacionais especiais nas aulas de Educação Física. Em relação à análise do Projeto Político Pedagógico da escola, procedeu-se a uma leitura detalhada a fim de verificar se havia algum capítulo, ou item, que abordasse a questão da inclusão.

    O presente trabalho foi submetido ao comitê de Ética em pesquisas da Universidade Presidente Antônio Carlos – MG, Brasil e respeitou todos os procedimentos bioéticos propostos pela resolução do governo brasileiro supervisionado pelo Conselho Nacional de Saúde (n; 196/96).

3.     Resultados e discussões

    As análises que se seguem serão apresentadas em 5 blocos distintos, cada um relacionando-se a um grupo pesquisado.

3.1.     O Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola

    Analisando a escrita do PPP do colégio, percebeu-se que existe a inclusão dos alunos portadores de necessidades educacionais especiais na sala de aula e na aula de educação física. O PPP do colégio diz que eles tentam “adaptar as atividades conforme a necessidade do aluno”

3.2.     Respostas dos alunos não PNEE

    O tratamento metodológico dado à análise dos questionários foi um quadro elaborado a partir de categorias que se repetiam nas respostas dos informantes. A essas categorias denomina-se unidades mínimas ideológicas, as quais são as unidades básicas de análise do discurso dos pesquisados. Além dessas unidades mínimas, o quadro é composto por um tema e também por uma frase típica retirada da resposta de algum respondente, a qual exemplifica a unidade. (Velho, 1989).

    Inicialmente foi perguntado no questionário se no colégio tem aulas de educação física e todos os alunos responderam que “sim”.

    A segunda pergunta procurava saber se todos participam das aulas de educação física e a minoria (27,54%) dos alunos respondeu que todos participam. Dentre eles um aluno afirmou que “tem um aluno com necessidade especial”. A maioria (72.46%) dos alunos respondeu que “não” e dentre eles dois falaram que “não são todos que gostam” e “só os meninos que fazem” (a aula de educação física).

    As cinco perguntas restantes estão esboçadas no quadro abaixo, no eixo “tema”, acompanhadas, cada uma, das palavras-chave que surgiram nas respostas dos alunos, as unidades mínimas ideológicas (UMI), bem como de uma frase que exemplifica essa palavra.

Tema

UMI

Frase típica

Diferença e Igualdade

Característica

Deficientes físicos

Igual

Jeito

Melhores

Gosto

Diferente

Seres humanos

Pensamentos

Iguais

Jeito

Problemas

Sexo, cor

Discriminar

Capacidade

“Cada um tem sua característica.”

“Alguns são deficientes físicos.”

“Ninguém é igual.”

“Cada um tem seu jeito de ser.”

“Uns são melhores do que outros.”

“Tem gosto diferente.”

“Uns são diferentes dos outros.”

“Todos somos seres humanos.”

“Com pensamentos diferentes.”

“Iguais a todos.”

“Cada um tem seu jeito.”

“Não tem problemas.”

“Sexo, cor ou classe social.”

“Não devemos discriminar ninguém.”

“Temos capacidade de fazer as mesmas coisas.”

Deficiência e participação na aula de Educação Física

Direito

Diferente

Igualdade

Vontade

Esportes

Adaptados

Desenvolvimento

Deficiência

É um aluno

Ajudá-lo

Podem

Participar

Atividade

Acompanhar

“Ele tem direito de participar.”

“Não e diferente de nós.”

“Tem que ser tratado igualmente.”

“É só ele ter vontade.”

“Existe esporte para deficientes.”

“Os esportes podem ser adaptados.”

“Melhora o seu desenvolvimento.”

“Depende da deficiência.”

“Ele é um aluno.”

“É só ajudá-lo.”

“Todos podem.”

“Alunos com deficiência participam.”

“Depende da atividade.”

“Não conseguiria acompanhar.”

Participação dos alunos deficientes na aula de Educação física

Preguiçoso

É à tarde

Determinação

Adequados

Permite

Olhando

Fora da quadra

Não tenho

Observando

Participando

Ajudando

Brincamos

Brincadeiras

Gol

Trabalhos em grupo

Algumas atividades

Brincar

“É muito preguiçoso.”

“A E.F é à tarde.”

“Falta determinação.”

“Não são adequados a ele.”

“Sua deficiência não permite.”

“Ele fica olhando.”

“Ele fica do lado de fora da quadra.”

“Não tenho amigos com deficiência.”

“Fica observando.”

“Participando dos exercícios.”

“Ajudando.”

“Brincamos com ele.”

“Brincadeiras mais simples.”

“Ele fica falando para fazer gol.”

“Quando fazemos trabalhos em grupo.”

“Participa de algumas atividades.”

“Ele não gosta de brincar.”

Colaboração na aula de E.F

Ajudando-o

Incentivando-o

Ele não vem

Cadeira de rodas

Converso

Chamo ele

Atenção

Brincadeira

Não contribuo

Não tenho

Não é da turma

“Ajudo em alguma atividade.”

“Incentivando-o a participar das aulas.”

“Ele não vem às aulas de E.F.”

“Levando a cadeira de rodas.”

“Às vezes converso com ele durante alguma atividade.”

“Eu chamo ele.”

“Dando atenção.”

“Fazemos brincadeiras para ele participar.”

“Não contribuo.”

“Não tenho amigos com deficiência.”

“Não é da turma.”

Tratamento se tivesse deficiência

Igual a todos

Normal

Cuidado

Bem

Especial

Respeito

Atenção

Não viria

“Igual a todos.”

“Com um ser normal.”

“Com cuidado.”

“Bem.”

“Tratamento especial.”

“Com bastante respeito.”

“Com mais atenção.”

“Não viria as aulas.”

Quadro 1. Respostas dos alunos não PNEE

    Analisando as respostas sistematizadas nos temas no quadro acima, tem-se.

  • Tema: Igualdade e diferença. A maioria dos alunos respondeu que todos somos diferentes, pois “cada um tem sua característica”, “seu jeito de ser” e a minoria dos alunos respondeu que “somos todos iguais”, pois “não devemos discriminar ninguém” e “todos somos seres humanos”. Segundo Ferreira e Guimarães (2003, p.36), “todos são e exigem ser considerados e tratados como iguais, perante Deus, perante a lei, perante os homens. E são diferentes de fato, em relação à cor da pele e dos olhos, quanto ao gênero e à sua orientação sexual, com referência a origem familiar e regional, nos hábitos e gostos, na diferença de classe social.”

  • Tema: Deficiência e participação na aula de educação física e Participação dos alunos deficientes na aula de Educação física: A maioria dos alunos respondeu que os alunos com deficiência podem participar das aulas de educação física, “pois eles têm direito”, “ele não é diferente de nós”, “tem brincadeiras adaptadas” e três responderam que “eles não conseguiriam acompanhar”. Sobre a participação dos deficientes, a maioria dos alunos respondeu que eles não participam das aulas de educação física porque “sua deficiência não permite”, “os jogos não são adequados a ele”, “ele fica olhando”, “ele fica do lado de fora da quadra”, “ele é muito preguiçoso”, “a educação física é à tarde”, “é falta de determinação”. E a minoria dos alunos respondeu que ele participa das aulas de educação física, “ele fica nos observando”, “participando dos exercícios”, “ajudando”, “brincamos com ele”, “participa das brincadeiras mais simples”, “ele fica falando para fazer gol”, “quando fazemos trabalhos em grupo”, “participa de algumas atividades”, “ele não gosta de brincar”.

    • Segundo NABEIRO (2008), a eficiência em breve ocupará o espaço da deficiência, pois desde pequenos as crianças já estão construindo outra imagem das pessoas com deficiência, que é formada pelas potencialidades e não pelas incapacidades.

  • Tema: Colaboração na aula de Educação física: A metade dos alunos respondeu que ajuda o aluno PNEE em algumas atividades, “incentivando-o a participar das aulas”, “uns falaram que ele não vem às aulas de educação física”, “levando a cadeira de rodas”, “às vezes converso com ele durante algumas atividades”, “eu chamo ele”, “dando atenção a ele”, “fazemos brincadeiras para ele participar”. A outra parte dos alunos que equivalem a menos da metade falaram que não tem amigo com deficiência por acharem o aluno portador de necessidade educacional especial normal e não responderam a questão; a minoria dos alunos falou que não contribuem.

  • Tema: Tratamento se tivesse deficiência: A maioria dos alunos respondeu que “gostaria de ser tratado igual a todos”, “como um ser normal”, “com cuidado”, “bem”, “ter um tratamento especial”, “com bastante respeito”, “com atenção” e a minoria dos alunos disse que “não viria à aula”.

3.3.     Respostas dos alunos com Necessidades Educacionais Especiais

    No questionário, a primeira pergunta foi se no colégio tinha aula de educação física e eles responderam que “sim”.

    Em seguida foi perguntado se todos participam das aulas de educação física e nesta questão cada aluno teve uma opinião diferente: o aluno com déficit motor disse que sim, o aluno cadeirante com distrofia muscular falou que não e o outro aluno cadeirante respondeu alguns.

    Em relação às demais 5 questões, tem-se:

Tema

UMI

Frase típica

Igualdade e diferença

Cor

Jeito

Diferente

“Cor dos olhos, cor de cabelo.”

“Cada um tem seu jeito.”

“Ninguém é diferente de ninguém.”

Deficiência e participação na aula de EF

Caio

Diferente

Direito

“Eu caio muito.”

“Ele não é diferente.”

“Eu também tenho direito de participar como qualquer outra pessoa.”

Participação na aula de EF

Não

Simples

“Quando tem alguma coisa simples de fazer.”

Colaboração na aula de EF

Não

Alguns

Contribuiriam

“Eu não venho, ma se eu viesse, eles contribuiriam.”

Tratamento das aulas

Bem

“Bem.”

Quadro 2. Respostas dos alunos PNEE

  • Tema: Igualdade e diferença: dois alunos responderam que “somos diferentes”, pois tem a “cor dos olhos”, “cor de cabelo” e “cada um tem seu jeito” e o outro aluno respondeu que “ninguém é diferente de ninguém”. Referente a esta questão pôde-se observar que as respostas dos alunos regulares não diferiram das respostas dos alunos portadores de necessidades educacionais especiais.

  • Tema: Deficiência e participação na aula de educação física: os dois alunos cadeirantes responderam “sim”, pois o aluno com deficiência “não é diferente e ele tem direito de participar como qualquer outra pessoa”. E um aluno que tem déficit motor respondeu que “não”, pois “ele cai muito durante as aulas”. Sobre a participação na aula de Educação Física dois alunos responderam que não e um respondeu que participa às vezes quando tem alguma coisa simples de fazer.

  • Sobre este tema observa-se, também, que a resposta dos alunos regulares não se diferenciou muito das respostas dos alunos portadores de necessidades educacionais especiais.

  • Tema: Colaboração na aula de Educação física: Os alunos responderam que “não”, mas um deles afirmou que não vem às aulas de educação física, pois “se eu viesse eles contribuiriam”. E o outro falou que “alguns alunos contribuem com ele”.

  • Tema: Tratamento nas aulas: Os três alunos responderam que são tratados bem.

3.4.     Análise das respostas da diretora da escola

Tema

UMI

Frase típica

Portador de NEE matriculado no colégio

Sim

“Sim quatro.”

Acesso a todos os locais do colégio

Ajuda de auxiliar

“Com ajuda de auxiliar em dois casos.”

Inclusão no ambiente escolar

Adaptar

“Adaptar da melhor forma o espaço, as atividades, a socialização.”

Inclusão na aula de EF

Participação

“Buscando atividades que possibi-litem a participação do aluno de alguma forma.”

Quadro 3. Respostas da diretora da escola

  • Tema: Portador de NEE matriculado no Colégio: Existem quatro alunos portadores de necessidades educacionais especiais matriculados no colégio.

  • Tema: Acesso a todos os locais do colégio: Sim, “com ajuda de auxiliar em dois casos”.

  • Tema: Inclusão no ambiente escolar: tentamos analisar a dificuldade de cada um e adaptar da melhor forma o espaço, as atividades, a socialização”.

  • Tema: Inclusão na aula de Educação Física: Buscando atividades que possibilitem a participação do aluno de alguma forma. Mas existem casos graves como distrofia muscular que é praticamente raro acontecer. Algumas vezes é possível fazer adaptação do material”.

    Analisando a resposta da diretora, observa-se que sua fala está de acordo com o PPP do colégio, tentando adaptar as atividades aos alunos portadores de necessidades educacionais especiais.

3.5.     Análise das respostas do professor de Educação Física

    No questionário, a primeira pergunta feita foi se todos participam da aula de educação física e professor respondeu que “sim”.

    Em seguida perguntou-se se ele tinha planejamento de suas aulas em relação ao portador de necessidade educacional especial a resposta foi “sim”.

Tema

UMI

Frase típica

Você tem aluno com NEE

Doença degenerativa

“Ele possui doença degenerativa e todos os membros do corpo comprometido.”

Planejamento em relação ao portador de NEE

Não podendo segurar o próprio lápis

“Não possui contração muscular nenhuma, não podendo segurar o próprio lápis.”

Opinião na relação dos alunos regulares com os portadores de NEE

Ás vezes até extrapolam

“Ajudam muito os alunos portadores NEE, ás vezes até extrapolam, eles interagem muito.”

Quadro 4. Respostas do professor de Educação Física

  • Tema: Você tem aluno com necessidade educacional especial nas aulas: possuo, ele possui doença degenerativa, e possui todos os membros do corpo comprometido”.

  • Tema: Como o planejamento é feito em relação ao portador de necessidade educacional especial: “O aluno não possui contração muscular nenhuma, não podendo segurar o próprio lápis”. Analisando esta questão pude observar que o professor não inclui os alunos portadores de necessidade educacional especial em seus planos de aula.

  • Tema: A relação dos alunos regulares com os portadores de necessidades educacionais especiais: ajudam muito, às vezes até extrapolam”, eles interagem muito com o portador de necessidade educacional especial.

    Em relação às respostas dadas pelo professor de EF, a sua aula não é adaptada para que os alunos portadores de necessidades educacionais especiais participem. E em relação ao PPP do colégio esse professor não o segue.

    Segundo SANT’ANA (2005) é necessária a redefinição dos modelos de formação dos professores, com vista a contribuir para uma prática profissional mais segura e condizente com as necessidades de cada educando.

4.     Conclusão

    A opinião da maioria dos educandos regulares quanto ao tema Inclusão nos leva a crer que os alunos com necessidades educacionais especiais são incluídos em algumas aulas de educação física pelos alunos regulares, mas por parte do professor de Educação Física, este não tem plano de aula que inclua estes alunos. A fala da diretora está conforme o PPP do colégio, pois tenta adaptar as atividades conforme cada necessidade de cada aluno.

    Segundo Lopes de Nabeiro (2008) destarte incluir o educando com deficiência no âmbito escolar é o princípio do trabalho com a diversidade humana, pois com o amparo da lei, preparo do professor e acolhimento por parte dos alunos, creio que esse seja o caminho da construção de uma sociedade melhor, acredito estarmos quebrando mais um paradigma da exclusão, pois diante de relatos colhidos de estudantes ainda crianças, a semente da inclusão já foi plantada.

Referências bibliográficas

  • ARANHA, M. S. F. Paradigma da sociedade com as pessoas com deficiência. In: Revista do Ministério do Trabalho, ano. XI, n.21. p.160-173, Mar.2001.

  • FERREIRA, E. C; GUIMARÃES, M. Educação Inclusiva: Artimanhas e armadilhas de alguns conceitos. DP&A, Rio de Janeiro, 2003.

  • GUARAGNA, M.M.; PICK, R.K.; VALENTINE, N.C. Percepção de pais e professores da influencia de um programa motor inclusivo no comportamento social de crianças portadoras e não portadoras de necessidades especiais. In: Congresso Brasileiro de Atividade Motora Adaptada, 6, DEZ 2005, Rio Claro, SP. Anais Rio Claro, SP: Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada, 2005.

  • LOPES, A. C; NABEIRO, M. Educação física escolar e o contexto inclusivo: o que pensam os educandos sem deficiência? In: Motriz, Rio Claro, v.14 n.14, p.494-504, out./dez.2008.

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  • SANT’ANA, I. M. Educação Inclusiva: Concepção de professores e diretores. In: Psicologia em Estudo. Maringá, v. 10, n. 2, p. 227-234, mai./ago. 2005.

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  • SILVA, L. F. Corpos narrados - o corpo que fala e sobre o qual se fala. 2008. 106f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - ICH, Universidade Federal de Juiz de Fora, 2008.

  • SILVA, T; SILVA, R. F. Metodologias utilizadas pelos professores de Educação Física escolar para inclusão de crianças com necessidades especiais. In: Movimento & Percepção. Espírito Santo do Pinhal, SP, v. 10, n. 14, Jan./jun. 2009.

  • VELHO, G. A utopia urbana um estudo de antropologia social: Ideologia e Imagem da Sociedade. Rio de Janeiro, 5ª Edição, p. 65-85, 1989.

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