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Exercício físico para hipertensos: 

benefícios da terapia não medicamentosa

El ejercicio físico para hipertensos: beneficios de la terapia no medicamentosa

Exercise for hypertensive: benefits of non-drug therapy

 

*Educação Física, Universidade Estadual

do Sudoeste da Bahia, Campus Jequié, BA

**Fisioterapeuta, Prefeitura Municipal de Itapetinga, BA

***Professor do Departamento de Saúde

da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

(Brasil)

Paulo da Fonseca Valença Neto*

Carlos Silva Amaral*

Vanessa Neves Rodrigues**

Marcio Costa de Souza***

paulonetofonseca@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este artigo de revisão tem como objetivo esclarecer sobre os benefícios e sobre as recomendações para a prática de Exercícios Físicos com hipertensos. Traz estudos de diversos autores sobre a prática de exercícios físicos em indivíduos com hipertensão arterial, assim como recomendações com relação à freqüência, duração e intensidade desses exercícios. Após a redundância de dados afirmando sobre os benefícios da prática orientada de exercícios aeróbicos, resistidos e de endurance, conclui-se que um programa de treinamento com exercícios físicos, bem elaborados e com acompanhamento de um profissional especializado, vai ocorrer uma redução da pressão arterial e dos fatores de risco associados determinantes, que levam à incidência da hipertensão arterial.

          Unitermos: Exercício físico. Hipertensão arterial. Recomendações.

 

Abstract

          This review article aims to shed light on the benefits and the recommendations for physical exercise in hypertensive patients. Studies are carried out by several authors on the practice of physical exercise in individuals with hypertension, as well as recommendations regarding the frequency, duration and intensity of these exercises. After the data redundancy saying about the benefits of practice-oriented aerobic exercise, resistance training and endurance, it is concluded that a training program with exercises and prepared and accompanied by a qualified specialist, will experience a reduction in blood pressure and the risk factors associated determinants, leading to decrease of hypertension.

          Keywords: Exercise. Hypertension. Recommendations.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Este estudo visa esclarecer sobre as recomendações para a prática de exercício físico com hipertensos. Em que se sabe que a hipertensão arterial é uma anormalidade hemodinâmica crônica causada por desajuste em um ou mais mecanismos que controlam a pressão arterial. É também um fator de risco importante para doenças cerebrovasculares, doença isquêmica do coração e insuficiência cardíaca (SANT’ANA, 2002).

    A hipertensão arterial, segundo Cardoso et. al. (2008), é um fator de risco independente para doenças cardiovasculares com uma relação contínua e linear a partir de valores para as pressões arteriais sistólica, de 115 mmHg, e diastólica, de 75 mmHg.

    A prevalência de hipertensão aumenta com a idade e é mais alta em homens que em mulheres e em negros em comparação aos brancos, podendo ser classificada como primária (causa desconhecida) ou secundária (causada por distúrbios endócrinos ou estruturais identificáveis) (ACSM, 2003).

    Entre os principais fatores de risco para a hipertensão arterial, a obesidade é responsável por 20% a 30% dos casos, principalmente quando ocorre uma deposição visceral de gordura. Entre outros fatores encontram-se o aumento da ingestão de sódio, os fatores socioeconômicos e o consumo elevado de bebidas alcoólicas (CARDOSO et. al., 2008).

    Ainda os indivíduos sedentários apresentam 30% maior de risco de desenvolver a hipertensão arterial. Por isso os exercícios físicos são recomendados para evitar a hipertensão arterial, incluindo as pessoas hipertensas que fazem uso de medicamento (CARDOSO et. al., 2008).

Metodologia

    Trata-se de um estudo do tipo revisão bibliográfica, através da literatura correspondente, de maior relevância em bases de dados através dos portais LILACS, BIREME e SCIELO, realizada nos meses de maio a junho de 2009 compreendendo o período de investigação entre o ano 2002 a 2008.

Exercício físico e hipertensão arterial

    Estudos demonstram que o exercício físico possui um importante papel na redução da pressão arterial e na morbilidade cardiovascular, por promover a hipotensão arterial decorrente de vários mecanismos. Tal efeito torna-se mais evidente a partir de dois meses de treinamento, seguidos por pequenos ganhos adicionais (BARROSO et. al., 2008).

    De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão (1999), o exercício físico além de reduzir a pressão arterial, traz outros benefícios, como a diminuição do peso corporal e ação coadjuvante no tratamento das dislipidemias (aumento de gorduras no sangue), da resistência à insulina, do abandono ao tabagismo, do controle do estresse, entre outros (CAMPANE; GONÇALVES, 2002).

    Ainda, dados científicos demonstram que o exercício físico também aumenta a capacidade funcional, reduz a demanda de oxigênio pelo miocárdio, diminui a pressão arterial sistólica e diastólica, altera favoravelmente o metabolismo de lipídios e carboidratos e aumenta o desempenho físico (NERY et. al., 2007).

    Segundo estudos realizados por Silveira et. al. (2007), os efeitos fisiológicos do exercício físico podem ser classificados em agudos imediatos, agudos tardios e crônicos. Os agudos seriam os relacionados com a sessão de exercício, que ocorrem nos períodos pré-imediatos, per e pós-imediato rápido (até alguns minutos) ao exercício físico. E que estes efeitos são aqueles observados durante as 24 ou 48 horas (às vezes até 72 horas) após uma sessão de exercício e podem ser identificados na discreta redução dos níveis tensionais (especialmente nos hipertensos), na expansão do volume plasmático, na melhora da função endotelial e no aumento da sensibilidade insulínica nas membranas das células musculares. Já os efeitos crônicos, que também são denominados adaptações, (bradicardia relativa de repouso, hipertrofia ventricular esquerda fisiológica e aumento do consumo máximo de oxigênio), são resultados da freqüência e regularidade às sessões de exercício, e são características morfofuncionais que distinguem um indivíduo fisicamente treinado, de um sedentário.

    Ainda segundo Silveira et. al. (2007), o tratamento farmacológico poder reduzir os níveis pressóricos em indivíduos hipertensos, porém medicamentos anti-hipertensivos podem não ser indicados a todos, por terem alto custo, e trazer conseqüências indesejáveis para a saúde e, embora a eficácia da atividade física no tratamento não-farmacológico da pressão arterial não deixe dúvidas, apenas 75% dos pacientes hipertensos são responsivos ao treinamento físico (Silveira et. al, 2007).

    Cunha et. al. (2006) afirmam que estudos realizados mostram que o exercício agudo pode resultar em hipotensão pós-exercício (HPE), e que tem sido observado tanto em normotensos quanto em hipertensos, especialmente após exercícios contínuos (intensidade baixa a moderada). E que tem sido demonstrado que a realização de uma única sessão de exercício físico pode promover queda pressórica abaixo dos valores observados no período pré-exercício. E ainda citam que a HPE pode ser benéfica para o controle da pressão arterial, especialmente em hipertensos, sendo que sua magnitude e duração parecem estar relacionadas a fatores como o tipo, duração e intensidade do exercício (CUNHA et. al, 2006).

    Cunha et. al. (2006) ainda afirmam que o efeito da duração da sessão de exercício sobre a HPE tem sido investigado em hipertensos e normotensos, e que existem evidências de que, quanto maior for a duração da sessão de exercício, mais acentuada e prolongada é a HPE, e isso tem sido observado tanto para indivíduos normotensos quanto para hipertensos. Contudo, ainda não há consenso quanto à intensidade do exercício que deve ser aplicada, onde existem evidências de que o exercício realizado a 30%, 50% e 80% do O2pico resulta em reduções semelhantes na pressão arterial pós-exercício em normotensos. E que, por outro lado, tem sido sugerido que o exercício realizado em intensidades variadas, alternando-se entre 50% e 80% da reserva de freqüência cardíaca (RFC), resulta em valores pressóricos mais baixos durante 24h pós-exercício em relação aos valores obtidos no exercício de intensidade constante, realizado a 60% da RFC, em hipertensos. Esses autores citam também que são poucos os estudos que avaliaram a resposta pressórica ao exercício intervalado ou de intensidades alternadas, com maior número de pesquisas contemplando o exercício retangular, refletindo as recomendações do ACSM de exercícios aeróbios a intensidades constantes para controle da PA ou tratamento não medicamentoso da HA (CUNHA et. al, 2006).

    Segundo Krinski et. al. (2006), os exercícios, tanto aeróbicos quanto resistidos, promovem um aumento do metabolismo basal conhecido como metabolismo de repouso, que é responsável por 60% a 70% do gasto energético total, contribuindo para a perda de peso, e diminuição do risco de desenvolver a hipertensão arterial, entre outras doenças. Além disso, a fim de acompanhar e suprir as necessidades de adaptação do tecido muscular, o sistema cardiovascular evolui de forma a suprir as exigências crescentes, ocasionando uma hipertrofia das fibras cardíacas, tornando o coração maior e mais forte, melhorando assim a capacidade contrátil do miocárdio, e que esta ação é seguida de um aumento do volume de ejeção, diminuição da freqüência cardíaca de repouso (bradicardia), decorrente de uma redução do tônus simpático e um aumento do tônus parassimpático, resultando em uma dilatação arteríola e venodilatação, contribuindo para uma queda da pressão arterial sistêmica, melhorando a eficácia do sistema circulatório, e gerando um aumento do VO2máx. E segundo esses autores, o VO2máx é o melhor preditor para o condicionamento físico (KRINSKI et. al., 2006).

    Ainda segundo Krinski et. al. (2006), o treinamento anaeróbio não altera significativamente o VO2máx, enquanto o aeróbio produz grande aumento do VO2máx. E que, basicamente os exercícios resistidos produzem maior hipertrofia das paredes do coração e menor aumento de câmaras cardíacas, comparativamente aos exercícios aeróbios. Sendo esta maior hipertrofia do miocárdio fisiológica produzida pelos exercícios com pesos, não se acompanhando das complicações da hipertrofia patológica produzida pela hipertensão arterial crônica. As câmaras cardíacas podem aumentar ou não durante o treinamento resistido, mas nunca diminuem como pode ocorrer na doença hipertensiva. Krinski et. al. (2006) afirmam também, que esta resposta fisiológica do treinamento resistido em promover aumento nas paredes do miocárdio favorecem a execução das atividades anaeróbias, sendo que estas estão presentes em grande parte das atividades vinculadas ao cotidiano. E concluem seus estudos citando que a pratica de exercícios tanto aeróbios como resistidos são fundamentais para indivíduos saudáveis como para hipertensos, melhorando a saúde e a qualidade de vida deste grupo social, mantendo a doença controlada (KRINSKI et AL., 2006).

Recomendações para o exercício físico com hipertensos

    Quando se procura uma forma de compensar o sedentarismo muitos se arriscam às práticas de exercícios físicos, que se não forem bem realizadas, podem ser tão ou mais prejudiciais que o próprio sedentarismo, ou seja, uma prática de exercício físico sem orientação pode acarretar em diversos problemas, principalmente se a pessoa for hipertensa, isto porque a resposta normal ao exercício físico é um aumento progressivo da pressão sanguínea sistólica com um máximo de 160 a 220 mmHg, em troca à pressão sanguínea diastólica, que não se modifica significativamente em sujeitos normais, ficando em torno de 10 mmHg comparada com valores observados em estado de repouso. Assim evidencia-se ser o exercício físico um estressor fisiológico, mas um estressor controlado (SANT’ANA, 2002).

    Atualmente recomenda-se a realização de exercício físico aeróbico, de intensidade moderada por no mínimo 30 minutos, cinco dias por semana, ou exercício físico aeróbico intenso e vigoroso por, no mínimo, 20 minutos, três vezes por semana, de forma alternada (ACSM, 2003). Para que esse exercício seja adequado e tenha impacto positivo nos diferentes fatores de risco para a hipertensão arterial, é de fundamental importância uma avaliação completa inicial, não apenas para fatores de risco conhecidos, mas também para alterações da biomecânica e osteoarticulares, que podem comprometer o desempenho do exercício, e conseqüentemente diminuir seus benefícios (CARDOSO et. al., 2008). Assim o ACSM sugere uma avaliação pré-exercício.

    O exercício físico deve ser avaliado e prescrito em termos de intensidade, freqüência, duração e progressão. A escolha do tipo de exercício deverá ser orientado de acordo com a preferência individual, em que se deve respeitar as limitações impostas pela idade, como evitar o estresse ortopédico, por exemplo (BARROSO et. al., 2008).

    As recomendações de freqüência, modalidade, duração e intensidade para o exercício em geral são as mesmas adotadas para indivíduos de baixo risco, e que o treinamento para intensidades mais baixas parece acarretar uma redução tão acentuada ou até maior que o exercício com intensidades mais altas, o que pode ser importante, se pensado para populações hipertensas específicas, como os idosos (ACSM, 2003).

    Já o treinamento com exercícios aeróbios, por parte de indivíduos que correm um alto risco para desenvolver uma hipertensão, trará uma redução na pressão arterial, decorrente da idade, justificando a sua estratégia como utilização não-farmacológica, capaz de reduzir a incidência da hipertensão em indivíduos suscetíveis. Também tem sido recomendado pelo ACSM (2003) o treinamento resistido, apesar de não ser recomendado como forma primária de treinamento com exercícios para esse grupo social. Com exceção do treinamento com pesos em circuitos, ou seja, o treinamento resistido é recomendado como componente de um programa bem elaborado, acompanhado e orientado por especialistas. (ACSM, 2003)

    O treinamento resistido tem sido proposto atualmente como uma possível estratégia para a prevenção e reabilitação cardiovascular. Estudos que utilizaram a avaliação hemodinâmica verificaram estabilidade cardiovascular em pacientes com doença coronariana ou insuficiência cardíaca durante a realização de exercícios físicos resistidos, sem apresentar aparentemente prejuízos na função ventricular ou um aumento exacerbado na pressão arterial durante o exercício. Mesmo que, semelhante ao treinamento aeróbico, o exercício resistido proporcione apenas reduções discretas nos valores de pressão arterial, em termos populacionais pode ter impacto em uma proporção menor de doença coronariana e acidente vascular cerebral (UMPIERRE e STEIN, 2007).

    Devido ao grande número de benefícios para a saúde relacionados à saúde e no baixo risco de morbidez e mortalidade, é razoável recomendar o exercício físico como estratégia terapêutica inicial para pessoas com hipertensão em estágios iniciais. (ACSM, 2003)

Conclusão

    Após abordar diversos estudos sobre o exercício físico para hipertensos, fica evidente a sua importância e os seus benefícios na redução da pressão arterial e na redução dos fatores de risco para a hipertensão arterial. Fica explícito que, diferente de uma atividade física corriqueira, a prática constante de exercícios, principalmente por pessoas hipertensas, é de fundamental importância a monitoração e verificação constante de todos os fatores hemodinâmicos, que são responsáveis pela manutenção de todo o organismo, para que não represente risco para o praticante, se tornando uma estratégia fundamental para a promoção de saúde, bem estar físico e mental, além de ajudar a melhor desenvolver as suas atividades diárias. E fica mais esclarecido ainda sobre a importância de realizar um exercício físico com orientação especializada para que não haja complicações e que não venha a ter prejuízos na saúde do indivíduo, tanto hipertenso quanto normaltenso.

Referências

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