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Estágio Supervisionado I: educando para além do conceito saúde

Pasantías Supervisadas I: educando más allá del concepto de salud

Supervised Internship I: educating beyond the concepts of health

 

*Educação Física, Universidade Estadual

do Sudoeste da Bahia, Campus Jequié, BA

**Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC)

***Professor do Departamento de Saúde, UESB

(Brasil)

Paulo da Fonseca Valença Neto* | Alana Silva Ferreira*

Carlos Silva Amaral* | Deborah Cardoso Pinheiro*

Vanessa Neves Rodrigues** | Marcio Costa de Souza***

paulonetofonseca@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O Estágio Supervisionado na formação de professores é o elo fundamental entre o processo de ensino-aprendizagem. Diversos estudos sobre o estágio supervisionado revelam suas dificuldades e seu potencial, gerando inúmeras transformações na vida dos futuros profissionais licenciados, tornando-se essencial na aquisição de experiência para o futuro profissional docente, fazendo com que conheça melhor sua área de atuação. Muitas discussões a respeito da contribuição da educação física vêm surgindo, colocando-a em evidencia como parte do processo de melhoria da condição de saúde dos alunos. Este estudo tem o objetivo de identificar os métodos que os futuros professores de educação física utilizam para contribuir no incremento da educação em saúde.

          Unitermos: Estágio Supervisionado. Educação. Saúde.

 

Abstract

          The Supervised stage the training of teachers is the key link between the process of teaching and learning. Several studies on supervised reveal their difficulties and their potential, generating many changes in the lives of future licensed professionals, making it essential in gaining experience for future teaching profession, making better know your area of expertise. Many discussions about the contribution of physical education are rising, putting it in evidence as part of the process of improving the health status of students. This study aims to identify methods that future physical education teachers to contribute to the increased use of health education.

          Keywords: Supervised stage. Education. Health.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O Estágio Supervisionado na formação de professores tem sido alvo de grandes estudos que revelam suas dificuldades e seu potencial, gerando transformações na vida desses profissionais. Este é um momento na formação em que o graduando pode vivenciar experiências, conhecendo melhor sua área de atuação. O período de estágio torna-se fundamental na formação de professores, pois através dele o futuro profissional identifica os aspectos indispensáveis para a formação da construção da identidade e dos saberes do dia-a-dia (PIMENTA; LIMA, 2004).

    A proposta de um estágio deve servir para que os acadêmicos reflitam a cerca dos inúmeros saberes que eles adquirem durante a graduação. Compreendendo dessa maneira, a atividade teórica preparadora, ou seja, os conhecimentos adquiridos durante a formação acadêmica, e a sua aplicabilidade no momento de ação pedagógica, em função de uma prática que vise à integração dos componentes curriculares da licenciatura em Educação Física.

    Muito se tem discutido a cerca da contribuição que a disciplina de Educação Física pode trazer ao ambiente da escola, e conseqüentemente, para a formação dos seus alunos, esta que faz parte da grade curricular escolar do sistema educacional brasileiro. Contudo, seu papel, historicamente, dentro da escola era visto somente como um entretenimento para as crianças ou apenas no seu aspecto de prática esportiva (GUEDES e GUEDES, 1994). Esta concepção apresentada anteriormente vem se modificando ao longo do tempo, e novas idéias buscam valorizar esta disciplina de forma que se desenvolvam conteúdos que possam contribuir na formação do aluno num contexto educacional mais amplo.

    Partindo dessa “nova concepção”, ainda em construção, da Educação Física inserida na escola de forma diferenciada, é que adentramos o universo da educação para tratarmos de um assunto de suma importância: Atividade Física e Saúde. É extremamente relevante que os alunos tomem consciência, desde suas series iniciais, a respeito dos fatores que estão associados à importância da prática de atividade física, saúde e qualidade de vida.

    Pode-se perceber que concomitante a globalização surgiram mudanças nos padrões e hábitos de vida da sociedade, que têm elevado os índices de sedentarismo na população, juntamente com a obesidade e os riscos de doenças crônicas degenerativas. Segundo, Miranda (2006) as doenças crônicas são na maioria um processo de construção, diretamente relacionado a um conjunto de hábitos de vida adotados desde a infância.

    Segundo Guedes (1999), a principal meta dos programas de educação para a saúde através da educação física escolar seria proporcionar fundamentação teórica e prática que possa levar aos alunos a incorporarem conhecimentos, de tal forma que os credencie a praticar atividade física relacionada à saúde não apenas durante a infância e a adolescência, mas também, futuramente na idade adulta. 

    Guedes (1997) afirma que os programas de educação física escolar deveriam preparar os educandos para um estilo de vida permanentemente ativo, em que as atividades físicas relacionadas com a saúde passam a fazer parte integrante do seu cotidiano ao longo de toda a vida.

    É de fundamental importância que a escola, enquanto agente mediador do conhecimento entre comunidades, desempenhe o papel de educar para a saúde, conscientizando e estimulando seus alunos à adesão de um estilo de vida mais ativo, juntamente a outros fatores que perpassam para se obter uma melhoria nos padrões de saúde, como hábitos de alimentação balanceada, hábitos de higiene, de lazer e etc. (MIRANDA, 2006).

    Guedes e Guedes (1994) indicam que a escola deve fornecer aos seus alunos uma diversidade de elementos e experiências que lhes proporcionem permitam independência quanto ao desenvolvimento de seus próprios programas de atividade motora relacionada à saúde.

    Nessa perspectiva, devemos optar por reformular os conteúdos escolares, de maneira que se dê o merecido destaque a educação com ênfase na promoção de saúde. Assim, os conhecimentos referentes ao tema “saúde e atividade física” devem ser introduzidos e trabalhados na escola independente da idade, bem como os elementos que os envolvem.

Promoção de saúde e escola: uma relação possível

    Falar em estilo de vida saudável sem que se esteja ciente do conceito de saúde é extremamente contraditório, na medida em que ele se encontra como eixo norteador no âmbito dessa discussão. A Organização Mundial de Saúde – OMS indica que: “Saúde é o estado de mais completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de enfermidade” (WHO, 1946). Essa definição atualmente se encontra ultrapassada, de modo que apresenta um “ideal” de completo bem-estar que dificilmente seria alcançado pela maioria das pessoas.

    Surge então, no ano de 1986, na Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde, na cidade de Ottawa, o conceito de promoção de Saúde, sugerindo ser o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo (WHO, 1986).

    Para atingir um completo bem-estar físico, mental e social, os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. Dessa forma, a saúde passa a ser vista de forma mais real e atingível, se tornando responsabilidade de todos os cidadãos.

    De acordo com Costa, Ribeiro e Ribeiro (2001) a instituição escolar se dá como um ambiente fundamental para a promoção da saúde, por ser um local onde os jovens passam grande parte do tempo essencialmente para aprendizagem para a vida social e intelectual.

    Guedes e Guedes (1997) indicam que uma das principais preocupações da comunidade científica, na área da educação física e da saúde pública, vem sendo a busca de alternativas que possam auxiliar na tentativa de reverter à elevada incidência de distúrbios orgânicos associados à falta de atividade física. Os autores vão mais além quando evidenciam que além dos benefícios imediatos atribuídos a realização de esforços físicos adequados na infância e na adolescência, evidências apontam que as experiências positivas associadas à prática de atividades físicas, vivenciadas nessas idades, se caracterizam como importantes atributos no desenvolvimento de atitudes, habilidades e hábitos que podem auxiliar futuramente na adoção de um estilo de vida ativo fisicamente na idade adulta.

    Mas é claro que diversos aspectos têm que ser levados em consideração, principalmente a realidade social dos envolvidos. Muitos deles não dispõem de recursos suficientes para uma boa alimentação sendo enquadrados em casos de desnutrição, e isso interfere diretamente na prática de atividades que necessitam de um dispêndio energético para a sua execução.

    Outro fato considerável, é que com o crescente avanço tecnológico, algumas crianças e adolescentes tem se tornado mais sedentários, e isso acarreta num aumento de peso considerável, podendo inclusive a gerar problemas como a obesidade infantil (MATSUDO et. al. 1998).

    Acredita-se que a prevalência de obesidade nas classes mais elevadas é maior, devido a uma maior disponibilidade de alimentos, a densidade energética e pela menor prática de atividade física, devido a um padrão alimentar inadequado (ALBUQUERQUE et al. 2006). Enquanto que, nas classes menos favorecidas, os índices de sobrepeso na infância são menores, devido à indisponibilidade de alimentos ricos em nutrientes e por haver um índice maior de pessoas ativas (OLIVEIRA et. al. 2010).

    Para que quadros como esses possam ser alterados, faz-se necessário o processo de co-participação entre escola e comunidade em prol de um objetivo em comum. De acordo com a realidade encontrada em ambientes escolares, pode-se perceber que as temáticas referentes à “Atividade física e saúde”, não têm recebido a atenção devida. Nega-se dessa forma, informações importantes que poderiam estar se tornando conteúdos habituais na vida desses alunos.

    Nesse sentido, podemos reconhecer o ambiente escolar como ideal para traçar discussões que nos levem a refletir a cerca da importância de se manter hábitos saudáveis e um estilo de vida ativo. A partir disso, perceber como esse espaço, acompanhado do engajamento da família e das políticas governamentais de educação e saúde, poderia dar início à tão evidenciada “educação para a saúde”, sendo a Educação Física Escolar uma das principais condutoras deste processo pedagógico.

Metodologia

    Para atingirmos o objetivo desse estudo, foi realizada uma pesquisa de caráter exploratório, que pretendeu analisar a forma e a manifestação dos professores estagiários do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, sobre a temática atividade física e saúde no âmbito escolar, frente as suas barreiras no momento do estágio supervisionado I.

    A pesquisa exploratória tem a finalidade básica de desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias para a formulação de abordagens posteriores. Dessa forma, este tipo de estudo visa proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto, a fim de que esse possa formular problemas mais precisos ou criar hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos posteriores (GIL, 1999).

    Neste trabalho, a fim de apreender a complexidade do nosso objeto de estudo, para a coleta de dados foi utilizado um questionário do tipo semi-estruturado.

    Como critério de inclusão na pesquisa, todos os alunos do curso de Educação Física que estivessem cursando a disciplina Estágio Supervisionado I, poderiam participar desde que se predispusessem de forma espontânea a responder o questionário composto por 5 (cinco) questões, totalizando um numero de 33 participantes.

Resultados

    Os resultados serão discutidos de acordo com as apresentações das questões que norteiam o trabalho, e não levadas em consideração números exatos, mas sim o que mais nos chama a atenção nas falas, que pode de certo modo contribuir para a melhoria da condição de trabalho dos estagiários frente à nova jornada que se propõe no momento de estágio.

    Ao analisarmos a primeira questão, que questionava qual a série e faixa etária da sua turma de estágio, observa-se que a série se indica desde pré- escolares até o 1º ano do ensino médio, em faixa etária compreendida entre 8 a 19 anos. Porém, se forem observadas as escolhas as séries mais procuradas são as: 7º e 8º serie do ensino fundamental com faixa etária entre 13 a 19 anos. Acredita-se que a escolha dessas séries se dá ao fato de que o conteúdo pode ser trabalhado com mais tranqüilidade e autonomia.

    A pergunta de número dois questionava qual a metodologia você (o professor estagiário) utilizou para inserir os assuntos relacionados à “atividade física e saúde”, em suas aulas de educação física. A grande maioria dos alunos estagiários que responderam a questão indicou como sendo “aulas expositivas e/ou expositiva participativa” a metodologia mais aplicada para a execução de suas aulas. A utilização de jogos, filmes, dinâmicas, atividades recreativas serviu para aproximar mais o professor (aluno estagiário) dos alunos de um modo geral. Outras formas inserir os conteúdos segundo alguns estagiários, foi à confecção de cartazes, pois a inserção do conteúdo na classe em que ministrava a aula seria muito difícil, devido à capacidade de assimilação por parte dos alunos devido à idade.

    A questão de número três se torna mais pontual, quando questiona se o professor titular da classe já havia trabalhado com esse conteúdo “Atividade Física e Saúde”, e a grande maioria apenas respondeu “sim ou não”, e a grande maioria não havia trabalhado o conteúdo proposto, o que de certa forma pode ter contribuído para o melhor aproveitamento do estágio a cerca da temática.

    A questão de número quatro se torna um pouco mais criteriosa, por questionar se você (o aluno estagiário) sentiu alguma dificuldade para direcionar suas aulas de forma que esse tema fosse contemplado, e se sim, qual seria essa dificuldade. Por se tratar de um assunto bastante delicado, foi necessário enumerar as dificuldades para tentarmos compreender um pouco mais sobre essas reais dificuldades. Logo de início 11 dos 33 questionários respondidos indicavam que sentiram dificuldade para direcionar as aulas, mas colocando a responsabilidade na falta de atenção dos alunos, devido à inquietude, o que não contribuía para o dinamismo das aulas.

    Acreditamos que é a partir dessas dificuldades, que o aprendido em sala de aula durante o processo de graduação, a respeito das metodologias a serem aplicadas, devem ser postos em prática, até porque a educação não uma simples receita a ser seguida, mas sim a ser vivida. Outras respostas foram menos indicadas, mas de bastante relevância: “falta de experiência anterior”, “os alunos não tinham o costume de ter aulas teóricas na disciplina”, “falta de interesse da turma, “dificuldade em estruturar os conteúdos e a seqüência a serem trabalhados por não haver experiência anterior”.

    Todas essas afirmações a cerca das dificuldades encontradas pelos alunos estagiários fazem parte do processo de construção do “SER PROFESSOR” devido ao domínio do conteúdo a que se propõe trabalhar. Podemos inclusive fazer a relação dos mais diversos profissionais. Durante o processo de formação, quando se propõe ao trabalho de forma prática, os conteúdos a serem aplicados durante as execuções podem não ter sido totalmente absorvidos, ou não se tem um domínio real para a exposição do mesmo, por dificuldade em se expor a turma, etc.

    Uma fala que chamou bastante a atenção foi que “o assunto era muito complexo para a faixa etária”. Lembramos que o estágio deixou livre a escolha da turma a se trabalhar, e que a exposição do conteúdo deveria ser adequada à faixa etária pretendida, isso demonstra uma falta de atenção nos que diz respeito aos professores orientadores do estágio, que se fazem presentes para diminuir essa dificuldade. A falta de dialogo durante o processo diminui a eficácia do trabalho de estágio, até porque o estágio é constituído por um processo de construção continuado e gradativo.

    A quinta e ultima questão tinha o interesse de saber quais os temas sobre a temática do estagio que você (o estagiário) selecionou para abordar em suas aulas. Podemos perceber que mesmo com as dificuldades encontradas pelos estagiários para a execução, os temas foram escolhidos sob forma de contemplar a turma pretendida. Os temas mais escolhidos foram o conceito de atividade física e exercício físico, conceito de saúde e qualidade de vida, aptidão física, higiene, sedentarismo, dentre outros.

Conclusão

    Ao final desse estudo, podemos perceber, a partir do relato dos estagiários, a dificuldade em se trabalhar o conteúdo “Atividade Física e Saúde” em um ambiente escolar. É claro que essa dificuldade não deve eximir dos professores de educação física, junto com os demais componentes do corpo pedagógico da escola, a responsabilidade de encontrar a melhor forma de se explanar esse conteúdo durante as aulas.

    As dificuldades encontradas pelos estagiários nos remetem a características referentes à própria área de atuação, a do professor. Essas dificuldades são enfrentadas também por profissionais com maior tempo de ação profissional e não seria diferente com alunos estagiários. Falta de interesse e comportamento dos alunos são problemas constantes na maioria das realidades das escolas, e justamente durante o momento de estágio que os acadêmicos podem vivenciar de forma mais concreta o que tanto é debatido nas aulas durante sua formação.

    A importância da existência do trabalho de co-participação entre o professor Supervisor e o Estagiário, este que deve ocorrer durante todo o momento de estágio, deve oferecer subsídios à atuação do estagiário durante a ação pedagógica. Assim, a ausência do mesmo interferiu, no caso dos entrevistados, e poderá continuar interferindo no resultado das futuras turmas da disciplina de Estágio Supervisionado I.

Referências

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