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Corrida de rua: o aumento do número 

de praticantes migrando para maratonas

Carrera de calle: el aumento del número de practicantes migrando hacia las maratones

 

Formado em Licenciatura em Educação Física pela Universidade Paulista, UNIP

Cursando Graduação Plena em Educação Física pela Universidade Paulista, UNIP

Arbitro nível “A” pela Cbat

Thiago Zamith Fonseca

thiago.zamith@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A corrida de rua é uma modalidade que tem crescido muito no Brasil e no mundo. Isso ocorre pela facilidade que existe em se iniciar essa pratica, que exige apenas um par de tênis e roupa adequada, não sendo necessárias qualquer habilidade ou força, apenas vontade e disciplina. A corrida é considerada como uma das atividades mais democráticas, justamente por essas características. Nos últimos anos o número de praticantes de corrida de rua teve um grande crescimento e com isso ocorreu o aumento do suporte para os praticantes dessa modalidade. É preciso um olhar crítico sobre o crescimento do número de praticantes de corridas de rua, considerando os benefícios e problemas que podem vir a ocorrer dependendo de como o trabalho e a preparação são feitos. O aumento dos praticantes de corrida procurando desafios maiores como a maratona também é analisado, por ser um tipo de competição que exige muito de quem a realiza. Com todo esse crescimento apontado, a atenção que os profissionais de educação física precisam ter para essa população é grande, por ser uma modalidade que exige treinos regulares e muitas vezes intensos, o que faz necessário a existência de uma equipe multidisciplinar para dar um suporte adequado.

          Unitermos: Corrida de rua. Maratona. Treinamento.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O número de participantes nas corridas de rua no Brasil e no mundo teve um grande crescimento. Podemos supor que isso ocorreu, pois as pessoas estão cada vez mais buscando sair do sedentarismo, participar de algum grupo, seguir recomendações medicas ou perder peso. Com o aumento dos adeptos desse esporte houve um significativo crescimento da mídia especializada - com revistas e sites promovendo a modalidade - e dos fabricantes voltados para esse segmento, que passaram a oferecer tênis cada vez mais modernos e arrojados, camisetas com tecnologias que melhoram a regulação térmica do corpo, e produtos similares. Também ocorreu um incremento na estrutura de apoio fornecida pelas empresas organizadoras dos eventos, que passaram a oferecer melhor suporte antes e após a prova, através de maior facilidade de pagamento das inscrições, de consulta dos resultados e até mesmo de busca de fotos dos atletas tiradas durante as competições.

    Em relação ao treino específico para as maratonas podemos encontrar, seja na literatura da área, seja em revistas do segmento, seja no aconselhamento dado por profissionais de educação física, a tendência a considerar que só se deve tentar esta distância após dois anos de treinos consecutivos e um histórico de competições concluídas. Se talvez isso possa ser considerado adequado para a maioria dos atletas, não são incomuns casos de corredores que três meses após o início da prática sistemática da corrida já completaram a sua primeira maratona, e mesmo que em menos de um ano já fizeram provas ainda mais longas, tornando-se ultramaratonistas. Assim, se certamente é necessário um tempo de maturação, as características biológicas de cada atleta possibilitam que várias abordagens sejam seguidas na hora de planejar um treinamento individualizado.

    Este trabalho tem por objetivo discutir o crescimento de praticantes de corrida de rua no Brasil e a migração desses atletas para provas mais longas, como as maratonas, o que vem se tornando cada vez mais comum no Brasil como prova o significativo aumento, nos últimos anos, de corridas com 42 quilômetros, ou ainda mais longas.

    O método de pesquisa para esse trabalho é teórico-bibliográfico, analisando o que os autores afirmam sobre o assunto abordado.

    Este trabalho se justifica por trazer um olhar crítico sobre o tema, buscando verificar as contribuições já existentes e refletir sobre alguns aspectos ainda pouco estudados.

A corrida de rua e o crescente número de adeptos

    A corrida de rua no Brasil teve um grande crescimento nos últimos anos, crescimento que ocorreu principalmente com o significativo aumento do número de atletas amadores. Isto gerou uma substancial mudança na organização das provas. Não são incomuns relatos de corredores que afirmam que há alguns anos quando ocorria uma maratona como a de São Paulo, atletas amadores ficavam perdidos pela cidade pela falta de sinalização, havia pouca torcida e algumas pessoas até estranhavam a presença de corredores solitários espalhados na cidade, pedindo informação. Ocorriam, ainda, outros problemas, como a falta de distribuição de água ao longo da prova e a de medalhas ao fim de uma competição.

    A situação, atualmente, é bastante diversa. Para se participar de algumas corridas, tanto no Brasil como no exterior, é necessário fazer as inscrições com antecedência, pois as vagas se esgotam rapidamente.

    Segundo DALLARI (2009)

    A Maratona de Boston e a corrida de São Silvestre hoje limitam suas inscrições a 25.000 e 20.000 atletas, respectivamente. A ressalvar apenas o numero de corredores na Maratona de Boston em 1996, quando em comemoração ao seu centenário, foram aceitos, excepcionalmente, 38.708 atletas (p. 29).

    Se a realidade das corridas mudou, o esporte ainda é pouco conhecido pelos que não o praticam. Se um atleta amador comenta que participou de uma corrida como, por exemplo, a de São Silvestre, a primeira pergunta que geralmente é feita pelos não praticantes é se a pessoa ganhou a prova. O público leigo em geral não entende que o principal objetivo do corredor amador é completar a prova, e ter direito a uma camiseta de finisher e à medalha de conclusão da prova. Bastam esses objetivos para que o atleta resolva enfrentar corridas longas e difíceis.

    Segundo SALGADO (2006)

    A corrida de rua mais tradicional do país, a prova de São Silvestre, foi criada em 1924 inspirada numa corrida noturna francesa. Inicialmente era disputada à meia noite do dia 31 de dezembro, permanecendo neste período até 1989, quando passou a ser realizada no período vespertino (p. 106).

    Evangelista (2009) define corrida de fundo como sendo as provas que possuem as distâncias de 5 km e 10 km, meia maratona e maratona. A principal competição de corridas de fundo no Brasil, a de São Silvestre, possui quinze quilômetros, e é um bom exemplo, como foi acima referido, do aumento de competidores e da melhora na organização das provas. A edição de 2009, que pude observar pessoalmente, teve uma organização se apresentou muito competente, que conseguiu atender a contento o grande número de participantes e ser compatível com a grandiosidade e importância da prova.

    Se as corridas de rua são cada vez mais populares no país, ainda não temos um grande número de maratonas, como ocorre na Europa e nos Estados Unidos, em que é possível encontrar uma ou mais maratonas praticamente em todos os finais de semana. No Brasil as maratonas são poucas, e as mais tradicionais são a de São Paulo, a do Rio de Janeiro, a de Curitiba e a de Porto Alegre. Existem algumas outras que surgiram nos últimos ano, como a Maratona das Águas, em Foz do Iguaçu, e a de Brasília. Para participar das maratonas os atletas precisam ter no mínimo 18 anos.

    As corridas de rua precisam de uma boa estrutura para oferecer um suporte adequado aos atletas. Por serem competições de elevada exigência física, requerem uma estrutura impecável, com, entre outros itens, postos de água a cada dois quilômetros e ambulâncias preparadas para atender os praticantes de forma rápida e eficiente. Em algumas maratonas são ainda oferecidos isotônicos e gel com carboidratos, produtos adequados para atividades aeróbicas de baixa intensidade e longa duração, como ocorre com esse tipo de prova.

    Mesmo com uma boa estrutura podem acontecer casos de atletas que passam mal durante o evento, chegando mesmo a ocorrer, em situações raras e extremas, casos de óbito. Essas fatalidades geralmente ocorrem pela falta de prevenção e orientação, alguns atletas resolvem praticar essa modalidade, que é muito exigente, sem realizar os exames e consultas médicas necessários para avaliar o seu estado físico. Também ocorrem problemas decorrentes do uso - seja por atletas amadores, seja por atletas de alto rendimento - de substâncias ilícitas que podem melhorar o seu desempenho, mas que possuem efeitos colaterais graves.

    Podemos supor que a corrida de rua vem se tornando um sucesso – já sendo hoje o segundo esporte mais popular do país - por ser uma modalidade democrática. Qualquer pessoa saudável é capaz de praticá-la, já que não requer nenhum tipo de habilidade especifica. Além disso é uma modalidade que não exige um dispêndio muito grande, bastando o uso de um par de tênis e, se possível, short e camiseta adequados. Além disso, por não ser um esporte coletivo, não depende de outras. A corrida de rua ainda possibilita que seus praticantes tentem superar seus próprios limites, seja baixando seu tempo, seja aumentando a distância, o que exige disciplina e regularidade.

    Muitos são os motivos que levam as pessoas a correr: parar de fumar, sair do sedentarismo, iniciar uma vida mais ativa na terceira idade, entre outros. Há ainda o conhecimento, hoje bastante generalizado, de que o exercício aeróbio traz muitos benefícios para os que o praticam.

    Segundo MCARDLE (2007)

    O exercício aeróbio favorece melhora nas capacidades e controle respiratório, aumenta a oxidação de gorduras para obtenção de energia, melhora o sistema cardiovascular fornecendo mais oxigênio ao músculo ativo, e com o aumento do músculo cardíaco ocorre à diminuição da sua freqüência (p. 356).

    Esses tipos de benefícios que as atividades aeróbias, entre elas a corrida de rua, podem favorecer ao praticante é outro motivo que pode explicar o alto crescimento de adeptos da modalidade. Certamente, porém, um dos fatores importantes nesse aumento foi o incremento do marketing. Hoje em dia o grande número e a qualidade de comerciais e de propagandas em geral despertam nos não praticantes curiosidade e vontade de iniciar essa prática.

    Antes do significativo crescimento do número de praticantes, as pessoas pensavam que para completar uma São Silvestre, por exemplo, seriam necessários anos de treinamento, ou seja, um projeto longo para pessoas com muitos compromissos ou com pouco tempo para o treino. Com o aumento do número de assessorias esportivas, espelhadas principalmente em São Paulo - que prestam serviços fazendo planilhas de treinamento ajudando na preparação e desempenho do atleta, levando para competições em outras cidades, estados e até mesmo outros países – a preparação para as corridas tornou-se mais fácil. Os lugares onde mais se encontram assessorias são parques, como o do Ibirapuera, o da Aclimação, o Alfredo Volpi etc. Outro espaço bastante freqüentado por corredores é USP, aos sábados o número de corredores e ciclistas é bem alto, estima-se que a cada final de semana passam pela USP cerca de 10.000 atletas para realizar o seu treino. Esse número certamente oscila ao longo do ano, diminuindo nos meses de inverno e aumentando significativamente nas semanas que antecedem provam importantes, como a São Silvestre ou a Maratona de São Paulo.

    O crescimento de praticantes não tem apenas aspectos positivos, muitos atletas tendem a treinar por conta própria, sem a adequada orientação de um profissional de Educação Física, e com isso podem correr o risco de adquirir lesões com mais facilidade. Se, certamente, há vários casos de atletas que treinam sem acompanhamento e não se lesionam, sem as orientações necessárias aumenta o risco de o praticante ter lesões crônicas, de difícil recuperação, o que o pode afastar dos treinos e competições, não tendo, após sua recuperação, ânimo para retornar aos treinos.

O crescente número de adeptos a corrida de rua migrando para a maratona

    As maratonas possuem oficialmente a distancia de 42.195 m, distância que foi assim definida nos Jogos Olímpicos de 1908.

    Segundo DALLARI (2009)

    A maratona, inicialmente identificada com a distância aproximada de 40 km passou a ser associada a exatamente 42.195 metros. Nos Jogos Olímpicos de 1908, realizados em Londres, a chegada da maratona deveria acontecer no White City Stadium, diante do camarote real. Entre este ponto a largada, a ser dada no castelo de Windsor, a distância seria de exatamente 26 milhas ou 42.840 km. Atendendo a uma solicitação feita à última hora pela rainha o inicio da corrida foi transferido para um terraço no lado leste do castelo, de onde poderia ser visto pelas crianças reais em seus aposentos. A mudança representou um acréscimo de 385 jardas à distância inicialmente estabelecida. O intervalo de 42.195 m foi oficializado pela IAAF – International Amateur Atlhetic Federation (hoje International Association of Athletic Federations) em 1921 e não mais se alterou (p. 26).

    Observamos um crescente aumento do número de corredores migrando para distâncias maiores como a maratona e isso vêm ocorrendo pelo tempo de experiências que esses atletas adquirem ao longo dos anos, ou seja, por atingirem a maturação necessária para correr quarenta e dois quilômetros.

    Se, como notamos, várias pessoas começam a correr sem objetivos muito claros, se importando em apenas completar a prova, muitos acabam, após algum tempo, por buscar metas mais ambiciosas como aumentar a velocidade, para poderem concluir as competições com tempos melhores, ou correr distâncias ainda maiores, sendo que vários passam a desejar concluir uma maratona, distância mítica para os atletas amadores

    No Brasil temos diversas maratonas que ocorrem em praias, montanha e ruas do país e a tendência é que esse número aumente ao longo dos anos. Para atrair o publico algumas organizações utilizam como estratégia fazer outras corridas junto à maratona, colocando caminhadas de curta distância, corridas de 10 e 25 quilômetros como, por exemplo, a Maratona de São Paulo que tem reunido mais de 20.000 atletas divididos e todas as competições.

    Segundo SALGADO (2006)

    Se analisarmos os dados estatísticos disponíveis, notamos que, tanto o número de corredores que concluem as maratonas, quanto o tempo de conclusão da prova para a maioria desses participantes vem aumentando nos últimos anos (p. 93).

    O aumento no tempo de conclusão das provas ocorre pelo aumento da tolerância que as competições têm para a conclusão das mesmas. A Maratona de São Paulo, por exemplo, permite que os atletas completem a maratona no tempo limite de seis horas, o que faz com que poucos atletas extrapolem esse tempo limite. Um dos problemas de um tempo limite tão grande para conclusão da prova é a possibilidade de permitir que atletas despreparados resolvam se aventurar em uma maratona por julgarem esse tempo confortável. Sabe-se que o tempo médio de um atleta de elite para concluir uma maratona varia de 2h5min a 2h20min, dependendo do clima, horário e altimetria da competição. É muito comum vermos atletas amadores desmaiarem, terem perda de consciência e outros problemas pelo tempo excessivo de exposição ao sol. Assim, se o aumento do tempo limite provocou um crescimento do número de participantes, também aumentou o atletas despreparados participando das provas, o que pode levar a vários problemas.

    Segundo TRUCCOLO (2006) “Buscar metas inatingíveis pode gerar grande frustração. É importante lembrar que, na perspectiva da promoção de saúde, as diferenças precisam ser respeitadas e as comparações evitadas” (p. 5).

    Se o aumento do número de assessorias esportivas para dar suporte aos atletas possibilitou uma maior conscientização principalmente daqueles que correm maratonas, é preciso considerar que mesmo com uma preparação adequada pode ocorrer de no dia do evento o atleta não passar bem, e isso precisa ser trabalhado para que ele saiba a hora de parar sem colocar em risco sua integridade.

    O risco de lesões para esses atletas é muito grande. Para PAZIN (2008) “Lesões relacionadas à corrida são comuns em corredores amadores com prevalência variando entre 14 e 50% ao ano. Independentemente do tipo, as lesões contribuem para o afastamento da prática da modalidade” (p. 2). Os profissionais de Educação Física precisam estar atentos aos alunos que passam a exagerar na pratica de exercícios.

    Segundo ROSA (2003)

    Embora a prática regular de exercícios físicos resulte em benefícios físicos e psicológicos, nos últimos anos deu-se grande atenção ao fato de que a prática excessiva de exercícios poderia ser ou desencadear um comportamento compulsivo (p. 9).

    O cuidado com que precisa ser trabalhada essa população é muito grande. As empresas que organizam esses eventos precisam dar um suporte maior, não se limitando apenas a vender cada vez mais inscrições, e sim vendê-las para atletas realmente preparados. Uma opção seria a de exigir dos atletas um históricos de corridas, com provas de 10 e 21km, para liberar as inscrições para esses atletas participarem de uma maratona.

Conclusão

    Este trabalho teve o objetivo discutir o crescimento de praticantes de corrida de rua no Brasil e a migração desses atletas para provas mais longas, o que vem se tornando cada vez mais comum.

    Com o crescimento dos praticantes de corridas de rua e do suporte para eles, observa-se o aumento da mídia especializada e de fabricantes de matérias esportivos, criando-se linhas e coleções exclusivas para esse público. Com isso as empresas que organizam esse tipo de evento estão se preparando e se equipando para atender esse público.

    Com o passar do tempo o corredor sente a necessidade de encarar novos desafios, isso ocorre pela maturação que o atleta adquire. Nesse estágio, participar de provas com distâncias de 10 km e meia-maratona deixa de ser desafiador, e esses atletas passam a correr maratonas. Querendo completar essa distância mítica, alguns atletas não se preparam adequadamente, o que pode causar problemas tanto para quem participa como para quem organiza essas competições.

    Observando esse aumento de atletas em corridas de rua concluímos que se torna indispensável a atuação do profissional de educação física preparado para atender esse público, dando a orientação necessária para que o aluno siga nessa modalidade esportiva que vem atraindo cada vez mais praticantes.

Referências bibliográficas

  • DALLARI, M, Martha. Corrida de rua: Um fenômeno sociocultural contemporâneo.

  • EVANGELISTA, A. Lopes: Treinamento de corrida de rua, São Paulo, ED Phorte, 2009.

  • MCARDLE, D, W: Fisiologia do exercício. Energia, nutrição e desempenho, Rio de Janeiro, ED Guanabara, 2008.

  • PAZIN, Joris. Correres de rua: Características demográficas, treinamento e prevalência de lesões, Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, Santa Catarina, v. 10, n. 3, 2008

  • ROSA, A. Daniel. Dependência da prática de exercícios físicos: estudo com maratonistas brasileiros, Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 9, n. 1, 2003

  • SALGADO, V, V. José. Corrida de rua: Análise do crescimento do numero de provas e de praticantes. Revista Conexões, São Paulo v.4, n. 1, 2006.

  • TRUCCOLO, B, Adriana. Fatores motivacionais de adesão a grupos de corrida, Motriz Revista de educação física, Rio Claro, v. 14, n. 2, 2008.

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