Condições de saúde e dados sócio-demográficos de idosos institucionalizados na cidade de Cruz Alta, RS Las condiciones de salud y datos sociodemográficos de personas mayores institucionalizadas en la ciudad de Cruz Alta, RS |
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*Autora. Licenciada em Educação Física pela UNICRUZ e Especialista em Saúde na área de Prevenção e Reabilitação **Orientadora. Mestre em Ciências do Movimento Humano Doutoranda em Ciências Sociais com ênfase em Políticas e Práticas Sociais (Brasil) |
Mônica Vestena Tagliapietra Solange Beatriz Billig Garces |
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Resumo Neste estudo aplicou-se instrumento para verificar a caracterização geral de idosos e suas condições de saúde, através de suas características socioeconômicas, culturais, composição familiar, indicadores de saúde e perfil de patologias de 16 (dezesseis) idosos institucionalizados, sendo treze (13) do sexo feminino e três (03) do sexo masculino, pertencentes ao asilo da cidade de Cruz Alta - RS. Unitermos: Idoso. Caracterização geral. Condições de saúde.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O envelhecimento é um processo pelo qual todo o individuo fará parte, e é a fase da vida em que o organismo humano passa por modificações. Tornou-se um fenômeno mundial, com o crescimento do número de idosos pelo aumento de sua expectativa de vida, devido principalmente aos avanços da ciência e, sobretudo na área médica como conseqüente queda da mortalidade, além também da diminuição da natalidade colaborar para o envelhecimento populacional.
Conforme Machado et al., (2010, p.593) “o envelhecimento é um processo dinâmico, progressivo, inevitável, com ritmo e características específicas em cada pessoa, implicando alterações morfofisiológicas e, conseqüente repercussão familiar, econômica e social”.
Para Papaléo Nettto e Ponte (2002, p. 05) complementam ao explicitar que o envelhecimento “manifesta-se por declínio das funções dos diversos órgãos que, caracteristicamente, tende a ser linear em função do tempo, não se conseguindo definir um ponto exato de transição, como nas demais fases” já para Ramos (2003, p.796) “A velhice é um período da vida com uma alta prevalência de DCNT, limitações físicas, perdas cognitivas, sintomas depressivos, declínio sensorial, acidentes e isolamento social”.
Contudo o processo de envelhecimento passa por várias transformações, como o aparecimento de queixas relacionadas a distúrbios de memória, as quais podem ser causadas por estresse, ansiedade, depressão e demências comuns nesse período, ou perdas de memória as quais estão relacionadas à capacidade cognitiva e também modificações em sua capacidade funcional, à qual é proveniente do próprio processo.
E através disto então, observam-se várias transformações do organismo, e para isso é necessário cuidados específicos com o idoso. A família neste período torna-se a referência do cuidado com os mesmos, quando a mesma não reúne condições necessárias para tal o idoso busca a alternativa de institucionalização, à qual se recomenda evitar. Portanto, em situações extremas em que isto se faz necessário o atendimento em instituições asilares tem sido o meio pelo qual a pessoa idosa irá se estabelecer seja definitivamente ou provisoriamente.
Com base no exposto acima, surgiu o problema deste estudo, o qual busca identificar a caracterização geral e suas condições de saúde, de idosos institucionalizados pertencentes ao asilo da cidade de Cruz Alta - RS.
Metodologia
Realizou-se uma pesquisa do tipo estudo de caso observacional descritivo, cuja pesquisa é baseada na forma social empírica ao investigar-se um fenômeno atual dentro de seu contexto e onde o pesquisador apenas observa o que acontece e não faz nenhuma intervenção (ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL, 2006).
Fizeram parte da pesquisa os idosos abrigados no asilo da cidade de Cruz Alta, os quais totalizaram cinqüenta e oito (58) idosos. A amostra foi composta por 27,58% (16) dos idosos pertencentes ao asilo. Destes treze (13) do sexo feminino e três (03) masculinos. Tal percentual se deu em função dos idosos apresentarem dificuldades em responder aos questionários aplicados, estarem acamados e não possuírem condições necessárias para a aplicação dos instrumentos e também, por apresentarem doenças como o mal de Alzheimer e Parkinson, o que impediu que os mesmos fizessem parte da pesquisa. Assim o critério de inclusão e exclusão dos idosos na participação da amostra foi ter disponibilidade e capacidade de responder aos instrumentos de pesquisa aplicados.
Identificou-se o perfil socioeconômico, educacional e familiar dos idosos asilados empregando partes de um questionário elaborado pela AGA – Avaliação Geriátrica Ampla. Os dados foram analisados através do SPSS versão 17, utilizou-se estatística descritiva como percentual, desvio padrão e média os resultados apresentam-se em tabelas.
O projeto de Pesquisa também passou pela apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ, conforme os preceitos da Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde e obteve aprovação através do CAAE nº 0046.0.417.000-10.
Resultados e discussões
A média de idade da amostra foi de 62,5 (± 0,854). O grupo de idosos foi classificado em 3 faixas etárias: de 60 a 69, 70 a 79 e 80 a 89 anos. Em relação ao sexo, percebeu-se no estudo um número mais acentuado de mulheres (81,3%) em relação aos homens, o que vem ao encontro do que trazem Lima e Bueno (2009) em estudo realizado, onde afirmam que o envelhecimento é um forte componente de gênero e que existem mais idosas que idosos (55% de mulheres no país), porém enfatizam que as mesmas possuem características importantes as quais se tornam mais vulneráveis, tais como: “vivem mais – porém, mais sujeitas a doenças; maior probabilidade de problemas relacionados à adaptação às mudanças fisiológicas decorrentes da idade” (p.273).
De acordo com Nicodemo e Godoi (2010) enfatizam o aumento da população de idosos, no mundo e que junto a esse crescimento ocorre o processo de feminização da velhice, ou seja, as mulheres constituem a maioria da população idosa em todas as regiões do mundo e segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2008), estas vivem, aproximadamente, sete anos a mais do que os homens.
A feminização da velhice se explica em parte, pela maior expectativa de vida das mulheres, pois as mesmas apresentam características próprias como uma preocupação maior no aspecto cuidar de si, o que intervém na prevenção das patologias. Além disso, a mulher também possui hoje um papel mais presente na sociedade o que a faz atingir uma melhor qualidade de vida também durante o processo de envelhecimento.
Para se ter um envelhecimento com qualidade consideram-se vários fatores como a idade, sexo, arranjo familiar, estado conjugal, educação, renda, doenças crônicas e a capacidade funcional (SANTOS;TAVARES; BARBOSA, 2010). A partir disto percebe-se que as mulheres vivem mais que os homens em função do aumento de sua expectativa de vida e por características próprias.
Identificou-se assim quanto suas características socioeconômicas, culturais e composição familiar dos idosos pesquisados, conforme mostra a Tab.1. Observa-se que a grande maioria (37,5%) encontra-se na faixa etária de 80 a 89 anos, ressaltando que este resultado se deve ao aumento da expectativa de vida entre os idosos e que a maioria (93,8%) são solteiros ou viúvos. Destaca-se também que mais da metade (56,3%) não possuem filhos.
Constata-se ainda que a grande maioria dos idosos apresentam escolaridade incompleta e que 18,8% são idosos analfabetos e 56,3% possuem ensino fundamental incompleto. Assim, compreende-se que essa classificação pode ser decorrente de questões culturais e sociais da época.
Quanto à renda, cabe destacar que 100% deles recebem até um salário mínimo e 100% não possuem plano de saúde privado, dependendo, portanto apenas do sistema público (SUS - Sistema Único de Saúde).
Em estudo Características sócio-demográficas do atendimento ao idoso após alta hospitalar na Estratégia da Saúde de Família realizado por Diniz, Tavares e Rodrigues (2009) demonstram que em relação à faixa de escolaridade, os percentuais mais elevados foram de 1 a 4 anos de estudo (55,3%) e para aqueles que nunca haviam estudado (23,6%), o que podemos dizer também que possuem sua escolaridade baixa o que vem ao encontro ao nosso estudo. Em relação à renda obtiveram em seu estudo que a maioria dos idosos tinha renda individual de um salário mínimo resultado este que também vem ao encontro aos dados obtidos neste trabalho.
Ainda em estudo realizado por Marin et al., (2010), que teve como um dos objetivos verificar o perfil sócio demográfico dos idosos destacou-se a prevalência de mulheres que vivem sem o companheiro e de idosos analfabetos.
Já em relação aos números de filhos em nosso estudo apresentou um percentual maior de idosos que não possuem e isto pode estar associado ao resultado obtido quanto a um maior número de idosos solteiros.
É sabido que durante o processo de envelhecimento a pessoa idosa fica mais vulnerável e suscetível às doenças crônicas degenerativas, aumentando a procura por serviços de saúde, porém alguns fatores sociais como a diminuição de sua renda, tornam a procura pelo atendimento através do SUS maior e por vezes tendo como único convênio de saúde, o que nos mostra nosso estudo, pois de acordo com pesquisa realizada no site do Ministério de Saúde( BRASIL, 2010) afirma que:
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Ele abrange desde o simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. [...] Além de oferecer consultas, exames e internações, o Sistema também promove campanhas de vacinação e ações de prevenção e de vigilância sanitária – como fiscalização de alimentos e registro de medicamentos –, atingindo, assim, a vida de cada um dos brasileiros.
Contudo destaca-se que a população idosa está vivendo mais, onde junto a isto está ocorrendo o processo de feminizarão e os idosos preferem estar só, o que implica também, em sua constituição familiar e isso os torna predispostos à institucionalização. Apresentam sua escolaridade incompleta e a renda está vinculada a um salário mínimo o que interfere na apropriação de um bom plano de saúde e também em questões sociais, como poder manter uma boa qualidade de vida, pois como mencionado acima a mesma está vinculada a fatores como a idade, sexo, arranjo familiar, estado conjugal, educação, renda, doenças crônicas e a capacidade funcional. Este perfil confirma a necessidade de amparo em abrigos e instituições.
Tabela 1. Características dos idosos
Verificou-se também os indicadores de saúde e perfil de patologias dos idosos institucionalizados, conforme a tab. 2.
Destacam-se destes dados que a maioria (93,8%) dos entrevistados afirmam ter uma percepção regular de sua saúde. Ressalta-se também que 18,8% apresentaram necessidade de estar acamado nas duas últimas semanas, ainda 75,0% não necessitaram de atendimento médico também nas duas últimas semanas, isto pode estar associado quanto à percepção regular quanto suas condições de saúde, visto que no transcorrer desse processo é normal o idoso apresentar problemas de saúde tornando-se mais vulnerável as doenças, mas quanto à afirmação de precisar estar ou não internado nos últimos doze meses 50% informaram estar e outros 50% informaram não haver necessidade. Quando questionados quanto possuir, ou ter algum tipo de patologia 93,8% dos entrevistados afirmaram ter ou já ter tido algum tipo de patologia.
Tabela 2. Indicadores de saúde e perfil de patologias
Em estudo sobre Características sócio-demográficas, condições de saúde e utilização de serviços de saúde por idosos realizado por Tavares, Guidetti e Sáude (2008) os mesmos encontraram como resultado, uma autopercepção da saúde também considerada pela maioria (43,5%) dos idosos, como regular, assim como também neste estudo.
Segundo Linhares et al. (2003, p.320) “à medida que se envelhece surgem doenças crônicas, dentre elas a hipertensão arterial e doenças osteoarticulares que contribuem, juntamente com maus hábitos de saúde, para a incapacitação funcional do idoso”. Seguindo esta afirmação, Ramos (2003, p.796) enfatiza também que “a velhice é um período da vida com uma alta prevalência de DCNT, limitações físicas, perdas cognitivas, sintomas depressivos, declínio sensorial, acidentes e isolamento social.
As pessoas ainda se tornam menos ativas, suas capacidades físicas diminuem e, com as alterações psicológicas que acompanham a idade como sentimento de velhice, estresse e depressão ocorre também diminuição maior da atividade física que conseqüentemente, facilita a aparição de doenças crônicas, que, contribuem para deteriorar o processo de envelhecimento. (MATSUDO; MATSUDO; NETO, 2000).
Conclusão
Conclui-se através deste diagnóstico que suas condições de saúde e características são provenientes de questões culturais e sociais e que podem ser amenizadas através do apoio social, por sua capacidade de resiliência em fase positiva ou aceitação para que lhes possibilitem superar as adversidades entre estas a própria institucionalização.
Referências
ALMEIDA FILHO, Naomar de.; ROUQUAYROL, Maria Zélia. Introdução à Epidemiologia.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
DINIZ, Marina Aleixo; TAVARES, Darlene Mara dos Santos; RODRIGUES, Leiner Resende. Características sócio-demográficas do atendimento ao idoso após alta hospitalar na Estratégia da Saúde de Família. Revista Ciência, Cuidado e Saúde, v.8, n.4, 2009.
LIMA, Lara Carvalho Vilela de; BUENO, Cléria Maria Lobo Bittar. Envelhecimento e Gênero: a Vulnerabilidade de Idosas no Brasil. Revista Saúde e Pesquisa, Maringá-PR, v. 2, n. 2, p. 273-280, maio/ago. 2009.
LINHARES, Cristina Ramos Costa et al. Perfil da clientela de um ambulatório de geriatria do Distrito Federal. Revista Psicologia: Reflexão e Crítica. v.16, n.2, p. 319-326, 2003.
MACHADO, W.C.A. et al. Expectativas dos Alunos do Curso de Formação de Cuidadores de Idosos na Região Centro-Sul Fluminense: da Busca de Conhecimento a Oportunidades no Mercado de Trabalho. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental. v. 2, n.1, p.592-602, 2010.
MARIN, Maria José Sanches et al. Caracterização do uso de medicamentos entre idosos de uma unidade do Programa Saúde da Família. Caderno de Saúde Pública. v.24, n.7, pp. 1545-1555, 2008.
MATSUDO, S.M; MATSUDO, Victor K.R; NETO, T. L. B. Atividade física e envelhecimento: aspectos epidemiológicos. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.7,n.1, p.2-13, 2001..
NICODEMO, D; GODOI, M. P. Juventude dos anos 60-70 e envelhecimento: estudo de casos sobre feminização e direitos de mulheres idosas. Revista Ciência em Extensão, v.6, n.1, p.40, 2010.
PAPALÉO NETTO, Matheus; PONTE, José Ribeiro da Envelhecimento: Desafio na Transição do Século.In: PAPALÉO NETTO, Matheus (Org.). Gerontologia. A Velhice e o Envelhecimento em Visão Globalizada.São Paulo: Atheneu, 2002. p.03 – 12.
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RAMOS, Luiz Roberto. Fatores determinantes do envelhecimento saudável em idosos residentes em centro urbano: Projeto Epidoso, São Paulo. Caderno de Saúde Pública, v.19, n.3, p. 793-797, 2003.
SANTOS, Sal; TAVARES, D.M.S; BARABOSA, M.H. Fatores socioeconômicos, incapacidade funcional e número de doenças entre idosos. Revista Eletrônica de Enfermagem v12, n.4, p.692-p697, 2010.
TAVARES, Darlene Mara dos Santos; GUIDETTI, Gustavo Emanuel Carvalho Borela; SAÚDE,Maria Isabel Borges Moreira. Características sócio-demográficas, condições de saúde e utilização de serviços de saúde por idosos. Revista Eletrônica de Enfermagem. v.10,n.2,p.299-309, 2008.
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