Comparativo do estilo de vida de idosos das cidades de Laguna e Tubarão em Santa Catarina Análisis comparativo del estilo de vida de personas mayores de las ciudades de Laguna y Tubarao en Santa Catarina |
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*Professor do curso de Educação Física **Graduandas do curso de Educação Física Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL (Brasil) |
Richard Sene* Ethel Silvestri da Silva** Franciele Carrer** |
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Resumo O envelhecimento é um processo que acarreta uma série de alterações biomecânicas e fisiológicas que, progressivamente, vão diminuindo a capacidade funcional do indivíduo. Manter um estilo de vida saudável é importante para melhorar esta capacidade permitindo autonomia para o idoso. O objetivo deste estudo foi verificar o estilo de vida de idosos praticantes de atividade física regular, nas cidades de Laguna e Tubarão, em Santa Catarina. O instrumento utilizado foi o questionário do Pentáculo do Bem Estar Individual, PEVI (NAHAS; BARROS; FRANCALACCI, 2000). O questionário foi aplicado em 48 pessoas, sendo 24 da cidade de Laguna e 24 de Tubarão, com idade acima de 60 anos. Como resultado pode-se verificar que os participantes de ambas as cidades mostraram bons hábitos alimentares, um estilo de vida ativa, um comportamento preventivo adequado, relacionamentos positivos e ainda um controle de estresse de forma intermediária. Entretanto, podemos concluir que os idosos do município de Laguna controlam melhor seus índices de estresse. Unitermos: Idoso. Estilo de vida. Pentáculo.
Abstract Aging is a process that entails a series of biomechanical and physiological changes that progressively diminish the functional capacity of the individual. Maintain a healthy lifestyle is important to improve this capability allowing autonomy for the elderly. The objective of this study was to determine the lifestyle of elderly practicing regular physical activity in the cities of Laguna and Tubarão, Santa Catarina. The instrument used was a questionnaire Pentacle Individual Welfare, previously uploaded (NAHAS; BARROS; Francalacci, 2000). The questionnaire was administered to 48 people, including 24 city and 24 Shark Lagoon, aged 60 years. As a result we can see that participants from both cities showed good eating habits, an active lifestyle, an appropriate preventive behavior, relationships and even a positive control of stress intermediate form. However, we can conclude that the elderly in the city of Laguna better control their stress levels. Keywords: Old. Lifestyle. Pentagram.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O avanço tecnológico unido a melhorias nas condições gerais de vida da população ocasionaram o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, a qual foi estimada em 1997 em aproximadamente 57 anos para os homens e 66 anos para as mulheres, sendo que a previsão para 2025 seja um acréscimo de 163% na população de 60 anos ou mais, ficando o Brasil em 16o lugar em relação aos países latino americanos. (MATSUDO, 2001).
Este fato está gerando uma maior preocupação com o bem estar geral, com um estilo de vida autônomo e com uma melhor qualidade de vida, esta última sendo definida como a condição resultante de um conjunto de parâmetros individuais (estilo de vida) e socioambientais (condições de trabalho, remuneração, educação e lazer), modificáveis ou não, que caracterizam as condições em que vive o ser humano (NAHAS, 2003)
Todos nós envelhecemos a cada dia de nossas vidas, isso faz parte do processo de desenvolvimento do ser humano, processo este altamente complexo e variável, ocasionando uma série de alterações biomecânicas (marcha, diminuição da movimentação de cabeça, do tronco e membros inferiores) e fisiológicas (aumento do peso corporal, diminuição da capacidade para execução de atividades motoras complexas) e favorecendo o surgimento de doenças crônico-degenerativas provenientes de maus hábitos de vida, como o sedentarismo, tabagismo, dieta desequilibrada, etc. (KLEINPAUL ET. AL 2008).
À medida que aumenta a idade cronológica, o ritmo vai diminuindo. A inatividade facilita o surgimento de doenças crônicas (doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, osteoporose, etc.), além de deteriorar as funções fisiológicas. Segundo Papalia (2000) um estilo de vida mais saudável ao longo da vida pode permitir a manutenção de um elevado nível de funcionamento físico em boa parte da terceira idade.
Rowe e Kahn apud Matsudo (2001) criaram o termo “envelhecimento com sucesso”, significando pouca ou nenhuma perda das funções fisiológicas relacionadas à idade. Para que isso ocorra deve-se: evitar doenças e incapacidades, manter uma alta função física e cognitiva e engajar-se de forma sustentada em atividades sociais e produtivas.
Segundo Sene et. al. (2008), a atividade física quando feita de modo contínuo auxilia nos aspectos físicos, afetivos e sociais, melhorando as funções orgânicas, contribuindo para fazer amizades e diminuindo o stress.
Especialistas do Colégio Americano de Medicina Esportiva, na área de atividade física e exercício para o idoso, concluíram que: a participação num programa de exercício regular contribui para a redução e/ou prevenção dos aspectos negativos do envelhecimento; o treinamento aeróbio, melhorando as funções cardiovasculares, previne o surgimento de doenças crônicas e aumenta a expectativa de vida e o treinamento de força compensa a perda de massa e força muscular, melhorando a capacidade funcional. (MATSUDO, 2001).
Um programa de exercício deve ser elaborado visando a melhoria da capacidade física do individuo, levando em conta as alterações ocorridas nesta fase da vida (antropométricas, neuromusculares e cardiovasculares), à maximização de contatos sociais e à redução dos problemas psicológicos, como ansiedade e depressão. (CHEN et al. apud MATSUDO, 2001).
Como variáveis antropométricas podemos citar: estatura, peso, IMC, gordura corporal e taxa metabólica de repouso. As variáveis neuromusculares que mudam com o envelhecimento são: massa muscular, força muscular e agilidade. As variáveis cardiovasculares envolvidas são: potência aeróbica, freqüência cardíaca máxima e volume corrente. (MATSUDO, 2001).
Após a avaliação física, a prescrição do exercício dependerá dos objetivos, necessidades, estado de saúde e condicionamento físico, bem como do tempo, equipamento e instalações disponíveis.
O programa deverá incluir atividades aeróbicas de baixo impacto (caminhada, ciclismo, natação, hidroginástica, ioga, dança, etc.), com duração de 20 a 60 minutos e de 3 a 5 vezes por semana e atividades de resistência muscular, 2 vezes por semana. (MATSUDO, 2001).
Os exercícios aeróbicos regulares podem fortalecer o coração e os pulmões e diminuir o estresse, além de proteger contra hipertensão, endurecimento das artérias, doença cardíaca, manterem a velocidade e funções básicas como circulação e respiração, assim como melhorar a vigilância mental e o desempenho cognitivo, ajudando a aliviar a ansiedade e depressão leve e o ânimo (PAPALIA, 2000).
Os exercícios de resistência muscular incrementam a massa muscular e, com isso, a força, evitando-se quedas e incrementando a densidade óssea. Devem ser dirigidos aos grandes grupos musculares que são importantes nas atividades da vida diária. Instruir para que não se faça a manobra de Valsalva, a qual aumenta a pressão arterial, instruindo para que se faça a expiração ao levantar o peso. (MATSUDO, 2001).
Hurley e Hagberg (1998) apud Matsudo (2001) sintetizam que os dois tipos de treinamento melhoram a densidade mineral óssea, a homeostase da glicose e minimizam o risco de queda.
A prática regular de exercícios físicos aliada a uma dieta equilibrada contribuem para uma vida saudável. Não só a dieta atual, mas os hábitos alimentares ao longo da vida podem estar diretamente relacionados com a qualidade de vida e/ou presença de doenças crônicas na velhice (BRAGGION, 2001).
Como alimentação saudável entende-se a ingestão de alimentos in natura (frutas, hortaliças, mel, etc.), cereais integrais (ricos em fibras), redução de alimentos ricos em gorduras e açucares e alimentos industrializados. Há de se levar em conta o tabagismo e a ingestão de bebidas alcoólicas como fatores que diminuem a qualidade de vida. (BRAGGION, 2001)
A obesidade é uma doença crônica que afeta o aparelho circulatório, os rins e o metabolismo do açúcar, contribuindo para os distúrbios degenerativos e encurtando a vida (PAPALIA, 2000).
A prevalência de obesidade e de sobrepeso é crescente entre indivíduos acima de 60 anos e produz conseqüências adversas para a saúde. Sem falar que há associação entre excesso de peso corporal e aumento de mortalidade. (BRAGGION, 2001)
As estratégias nutricionais aceitas pela comunidade científica, as quais visam à redução dos riscos de doenças cardiovasculares, difundem a diminuição da ingestão de gordura saturada na dieta, visto que a mesma está mais fortemente associada ao risco cardiovascular. (NIH, 2002, apud VICENTE et. al., 2009).
Objetivos
O objetivo deste estudo foi verificar e comparar o estilo de vida de idosos praticantes de atividade física regular, nas cidades de Laguna e Tubarão, em Santa Catarina.
Metodologia
O modelo de pesquisa utilizado foi o estudo de campo. Segundo Heerdet e Leonel (2005) apud Leonel e Motta (2007), o estudo de campo “é basicamente realizada por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar as explicações e interpretações do que ocorre naquela realidade”.
Este estudo avaliou 48 praticantes de atividade física regular (na modalidade de ginástica e alongamento). Vinte e quatro praticantes freqüentam o Projeto Saúde em Movimento, na cidade de Laguna. O restante da amostra divide-se em 12 praticantes do Projeto Interdisciplinar de Atenção ao Idoso (UNISUL) e 12 praticantes do Projeto Medicina Preventiva (UNIMED).
Para a coleta de dados, foi utilizado o PEVI (NAHAS; BARROS; FRANCALACCI, 2000), o qual é composto pelo Pentáculo do Bem Estar, igualmente subdivididos em 15 itens dentre 5 fatores: nutrição, atividade física, comportamento preventivo, relacionamentos e controle do estresse. Foi utilizada uma escala de quatro pontos para responder aos itens: 0 nunca, 1 raramente, 2 quase sempre e 3 sempre, conforme Nahas, Barros e Francalacci em seu estudo publicado em 2000.
No estudo de grupo, a análise sugerida pelos autores dá-se por resultados de média 0 - 3 considerando-se como um comportamento negativo, de 4 - 6, um comportamento intermediário e de 7 - 9, um comportamento positivo.
Resultados
A tabela 1 mostra a classificação e os índices dos comportamentos que compõem o estilo de vida dos idosos do município de Laguna e percebe-se que as variáveis relativas ao comportamento nutricional, de atividade física, comportamento preventivo e relacionamentos obtiveram uma classificação positiva. Apenas o controle de estresse obteve uma classificação intermediária.
Tabela 1. Classificação e índices dos comportamentos que compõe o estilo de vida dos idosos do município de Laguna/SC
A tabela 2 mostra a classificação e os índices dos comportamentos que compõem o estilo de vida dos idosos do município de Tubarão e percebe-se que as variáveis relativas ao comportamento nutricional, de atividade física, comportamento preventivo e relacionamentos obtiveram uma classificação positiva. Apenas o controle de estresse obteve uma classificação intermediária.
Tabela 2. Classificação e índices dos comportamentos que compõe o estilo de vida dos idosos do município de Tubarão/SC
Ao compararem-se as duas tabelas, observa-se no gráfico 1 que a amostra de Tubarão obteve índices melhores quanto às variáveis relativas ao comportamento nutricional, atividade física e comportamento preventivo. A amostra de Laguna obteve um maior índice quanto às variáveis relativas ao relacionamento e controle de estresse.
Gráfico 1. Comparativo dos componentes do estilo de vida de idosos do município de Tubarao e Laguna/SC
Considerações finais
Comparando-se a classificação e os índices de comportamentos que compõe o estilo de vida dos idosos de Laguna e Tubarão, concluiu-se que em ambas as cidades, os idosos apresentam um estilo de vida saudável, com prática regular de atividade física e adoção de dieta equilibrada. Também são conscientes quanto ao comportamento preventivo que devem adotar como controle da pressão arterial e índices de colesterol. Quanto ao componente de relacionamento ambos idosos (de Laguna e Tubarão) procuram aprimorar seus relacionamentos sociais, entretanto, cabe a ressalva de uma maior preocupação quanto ao seu nível de estresse.
A amostra de Laguna obteve um maior índice quanto aos componentes relativos ao relacionamento e controle de estresse, o que nos remete a reflexão de que Laguna é um município litorâneo do estado de Santa Catarina e que com belas praias e vários locais que proporcionam um contato direto com a natureza induz à contemplação e, com isso, a diminuição dos níveis de estresse.
Referências bibliográficas
BRAGGION, Glaucia Figueiredo. Nutrição, atividade física e envelhecimento. In: MATSUDO, Sandra Marcela Mahecha. Envelhecimento e atividade física. Londrina: Midiograf, 2001. cap. 6, p. 155-164.
KLEINPAUL, Julio Francisco et. al. Exercício físico: mais saúde para o idoso, uma revisão. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 13, n. 123, ago. 2008. em: http://www.efdeportes.com/efd123/exercicio-fisico-mais-saude-para-o-idoso-uma-revisao.htm
LEONEL, Vilson; MOTTA, Alexandre de Medeiros. Ciência e pesquisa: livro didático. 2. ed. rev. atual. Palhoça: UnisulVirtual, 2007.
MATSUDO, Sandra Marcela Mahecha. Envelhecimento & atividade física. Londrina: Midiograf, 2001.
NAHAS, Markus Vinícius. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 3. ed. ver. e atual. Londrina: Midiograf, 2003.
NAHAS, Markus V.; BARROS, Mauro V. G.; FRANCALACCI, Vanessa. O pentáculo do bem-estar – base conceitual para avaliação do estilo de vida de indivíduos ou grupos. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. Florianópolis, v. 5, n. 2, 2000.
PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento humano. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
SENE et. al. O perfil de estilo de vida de freqüentadores da Universidade da Experiência. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 13. N. 125, out. 2008. http://www.efdeportes.com/efd125/o-perfil-de-estilo-de-vida-de-frequentadores-da-universidade-da-experiencia.htm
VICENTE et. al. Aplicabilidade do pentáculo do bem-estar como ferramenta para nutricionistas. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 13, n. 129, fev. 2009. http://www.efdeportes.com/efd129/aplicabilidade-do-pentaculo-do-bem-estar.htm
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