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Assistência de enfermagem ao paciente 

oncológico adulto: uma revisão integrativa

Cuidados de enfermería a paciente adulto con cáncer: una revisión integradora

 

*Enfermeira. Mestre em Ciências da Saúde. Doutoranda

em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Minas Gerais

**Acadêmicas do curso de Enfermagem, das Faculdades

Santo Agostinho de Montes Claros, Minas Gerais

***Enfermeira. Doutoranda em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP

Professora das Faculdades Santo Agostinho de Montes Claros, Minas Gerais

***Enfermeiro. Mestrando em Ciências da Saúde

pela Universidade Estadual de Montes Claros

(Brasil)

Ludmila Mourão Xavier Gomes*

Audir Oliveira Barbosa**

Ilda Rodrigues Guimarães**

Carla Silvana de Oliveira e Silva***

Thiago Luis de Andrade Barbosa****

ludyxavier@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura na qual teve como objetivo analisar as publicações nacionais acerca da assistência de enfermagem ao paciente oncológico adulto, no período de 2000 a 2010, nas bases de dados SciELO e Lilacs. Utilizaram-se os descritores: Enfermagem oncológica; Cuidados de enfermagem e Paciente oncológico. Identificaram-se 75 artigos, sendo que destes 14 compuseram a amostra do estudo por atenderem aos critérios de inclusão estabelecidos. Os resultados mostram que o cuidado de enfermagem ao paciente oncológico requer a emergência de um processo interativo entre os envolvidos no processo patológico, em que o enfermeiro é o principal vínculo. O diálogo é fundamental para o encontro, construção de relações e o acesso ao outro. Conclui-se que a prestação da assistência ao paciente oncológico requer conhecimentos específicos dos enfermeiros para o desenvolvimento de habilidades interpessoais e tomada de decisões com vistas a garantir uma assistência planejada e eficaz, pautada na interrelação empática, holística e humanizada.

          unitermos: Enfermagem oncológica. Cuidados de enfermagem. Assistência ao paciente.

 

Abstract

          This study deals with an integrative literature review in which aimed to analyze national publications about nursing care to adult cancer patients in the period 2000 to 2010, the databases Lilacs and SciELO. We used the following keywords: cancer nursing, nursing care and oncology patients. We identified 75 articles, and these 14 comprised the study sample because they meet the inclusion criteria established. The results show that nursing care to cancer patients requires the emergence of an interactive process between those involved in the disease process, in which the nurse is the primary link. Moreover, the dialogue is central to the meeting, building relationships and access to the other. We conclude that the provision of patient care requires specific knowledge of oncology nurses to develop interpersonal skills and decision making in order to ensure a planned and effective care, based on the interrelationship empathic, holistic and humane.

          Keywords: Oncologic nursing. Nursing care. Patient care.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 164, Enero de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Em meio ao progresso científico e tecnológico no mundo moderno, marcado por uma série de eventos importantes para a sociedade, evidenciou-se o surgimento de algumas doenças. Entre elas destaca-se o câncer em suas diversas apresentações (GALLO e BONASSA, 2005). As alterações na saúde populacional foram ocasionadas pelas grandes transformações globais das últimas décadas, através da urbanização acelerada, novos modos de vida e padrões de consumo. Nesse contexto, observa-se que as variações regionais na incidência do câncer decorrem de perfis heterogêneos, ou seja, de exposição a fatores de risco e modos de vida, associando ao aparecimento de diferentes tipos de câncer (BRASIL, 2006).

    Cada pessoa tem características únicas para enfrentar o câncer, devido às suas crenças, valores e forma de ver o mundo, embora existam aspectos semelhantes no viver com câncer. Os sentimentos e situações que mais incomodam são: o medo, a tristeza, a possibilidade de perda do controle de sua própria vida, a incerteza da cura, a terapêutica e recidiva. Torna-se necessário estabelecer uma relação com o cliente que lhe possibilite expressar-se, o que é possível através da prática dialógica (FONTES e ALVIM, 2008). Precisa-se olhar não apenas o corpo, mas nos olhos do cliente, escutá-lo, perceber o que ele sente, dialogar e tocá-lo. Assim, uma singela atitude do cuidador representa, para o ser que sofre algo de inestimável valor: a empatia (SANTOS e GONÇALVES, 2006).

    Para assistência de qualidade ao paciente oncológico, os profissionais de saúde, em todos os níveis de atuação, devem possuir conhecimentos técnico-científicos e habilidades no relacionamento interpessoal. As ações de enfermagem devem ser integrais, participativas e resolutivas, devem favorecer práticas de saúde e educativas, no sentido de prevenir, detectar precocemente o câncer e contribuir no tratamento do mesmo. O cuidado em saúde deve contemplar aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais, as metas devem ser claras e direcionadas ao paciente, sua família e demais pessoas relacionadas, em um processo interativo (STUMM, LEITE e MASCHIO, 2008). Os cuidados de enfermagem se concretizam pela prática da sistematização da assistência, integral e individualizada, por meio da anamnese, exame físico e posterior classificação do grau de dependência do paciente. Dentre os profissionais da assistência oncológica, o enfermeiro torna-se elemento fundamental no tratamento físico e mental do cliente (SOUZA, CUNHA, REICHERT e DICCINI, 2007).

    Como o câncer ainda é entendido pelas pessoas, em geral, por sinônimo de dor, morte e sofrimento, cabe à enfermagem identificar suas próprias concepções relativas a este e estabelecer estratégias de enfrentamento, visando uma assistência adequada e eficaz que possibilite minimizar o sofrimento de todos os envolvidos no processo de cuidar (STUMM, LEITE e MASCHIO, 2008). O presente estudo teve como objetivo analisar as publicações acerca da assistência de enfermagem ao paciente oncológico.

Metodologia

    Trata-se de uma revisão integrativa da literatura na qual se buscou publicações em banco de dados acerca da assistência de enfermagem ao paciente oncológico adulto. Para Benefield (2003), a revisão integrativa inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos. Este método de pesquisa permite a síntese de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo.

    O processo de elaboração da revisão integrativa ocorreu pelo seguimento das seguintes etapas: identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa; estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; interpretação dos resultados; apresentação da revisão/síntese do conhecimento (MENDES, SILVEIRA e GALVÃO, 2008). Foram analisados os artigos de periódicos publicados no período de 2000 a 2010 indexados nas bases eletrônicas do Scielo e da LILACS. A pergunta norteadora da revisão integrativa foi: “Como se dá a assistência de enfermagem ao paciente oncológico adulto?” Os critérios de inclusão estabelecidos foram: artigos publicados em português, disponível na íntegra e que abordassem a assistência de enfermagem ao paciente oncológico. Para a busca destes artigos, foram utilizados os seguintes descritores: cuidados de enfermagem, enfermagem oncológica e paciente oncológico. Foram encontrados disponíveis 75 artigos, dos quais, após refiná-los, resultaram em 41 artigos. Destes realizou-se leitura criteriosa do resumo de todas as publicações, dos quais foram selecionados 14 artigos, que atendiam ao tema proposto e a pergunta norteadora, para leitura na íntegra, os quais constituíram a amostra para analise deste estudo. Os demais foram excluídos por não atenderem aos critérios específicos da pesquisa.

    Para classificação dos níveis de evidências das publicações obedeceu-se à seguinte ordem: nível 1, as evidências provenientes de revisão sistemática ou metanálise de todos os relevantes ensaios clínicos randomizados controlados ou oriundos de diretrizes clínicas baseadas em revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados controlados; nível 2, evidências derivadas de pelo menos um ensaio clínico randomizado controlado bem delineado; nível 3, evidências obtidas de ensaios clínicos bem delineados sem randomização; nível 4, evidências provenientes de estudo de coorte e de casocontrole bem delineados; nível 5, evidências originárias de revisão sistemática de estudos descritivos e qualitativos; nível 6, evidências derivadas de um único estudo descritivo ou qualitativo; nível 7, evidências oriundas de opinião de autoridades e/ou relatórios de comitê de especialistas (Melnyk e Fineout-Overholt, 2005).

Resultados e discussão

Caracterização da amostra

    Conforme demonstrado na Tabela 1, em relação ao tipo de estudo, evidenciou-se que a maior parte das publicações foram pesquisas qualitativas (64,29%) e relatos de experiência (14,29%). Em relação ao nível de evidência, houve predomínio do nível VI, o que indica estudos de baixa evidência para a prática de saúde.

Tabela 1. Distribuição percentual dos artigos, segundo o tipo de estudo e o nível de evidência

    Na Tabela 2, observa-se um maior número de publicações no ano de 2007, seguido do ano de 2008.

Tabela 2. Distribuição percentual das publicações, segundo o ano de publicação

O cuidado de enfermagem ao paciente oncológico e o enfermeiro

    Os estudos evidenciam o cuidado como a essência da enfermagem que deve ser prestado de forma holística e humanizada em prol da qualidade de vida do paciente. O cuidado de enfermagem requer a emergência de um processo interativo entre os envolvidos no processo patológico, considerando que nas atitudes de cuidado é que encontramos a essência da expressão humana, pois somente o ser humano é capaz de sentir, imprimir e expressar emoção nos atos e atitudes, entendendo-as como tomada de posição que resulta da interrelação que se estabelece entre o conhecimento e o afeto. Aí está a verdadeira dimensão humana do cuidado (OLIVEIRA, 2002). A forma de humanizar a assistência é servir, perceber o outro em pequenos gestos e expressões, em suas limitações, confortá-lo em uma palavra, um toque com carinho, saber ouvir, estar disponível na medida do possível envolver-se com zelo, amor, compaixão e postura ética (GARGIULO, MELO, SALIMENA, BARA e SOUZA, 2007).

    Em um dos artigos selecionados, há um relato de experiência, ressaltando a arteterapia como processo inovador para a assistência de enfermagem, uma estratégia artística que pode atender as necessidades emocionais e afetivas dos pacientes oncológicos, diferenciando das abordagens técnicas rotineiras habituais, de intervenções de enfermagem. A técnica possibilitou a reflexão da personalidade dos pacientes, permitindo expressar melhor seus sentimentos através de cores (BARBOSA, SANTOS e LEITÃO, 2007).

    As publicações ressaltam como objetivos assistenciais a informação e orientação ao paciente no auxílio da terapêutica de modo que o paciente venha a entender o processo em que está inserido, capacitando-o a enfrentar o contexto de sua realidade. Ao se expor o paciente às etapas do tratamento, às possíveis complicações, muito se contribuirá para uma melhor interrelação entre a equipe e para a adesão ao tratamento e aos cuidados a serem implementados, facilitando, assim, a abordagem e a integração multidisciplinar. Destacam-se as ações voltadas para a educação e orientação do paciente sobre os efeitos colaterais terapêuticos, a fim de identificá-los precocemente e minimizá-los (FRIGATO e HOGA, 2003). Quanto ao uso de medicamentos por via parenteral ou oral, são também fornecidas orientações aos familiares, pois muitas vezes, os pacientes não possuem condições de assimilar tais informações em virtude da sua debilidade (STUMM, LEITE e MASCHIO, 2008). Conforme Camargo e Souza (2003), as informações e orientações contribuem para a prestação da assistência seja para:

  • Rotinas hospitalares: procedimentos a serem realizados, conduta cirúrgica, as alterações e sintomatologia no pós-operatório.

  • Contribui para diminuir o stress; identificar e intervir nos aspectos prejudiciais; nas possíveis alterações presentes na auto-imagem e auto-estima;

  • Facilitar e/ou possibilitar a recuperação física, emocional e social do cliente;

  • Permitir decisões no tratamento, exposição dos medos, anseios, dúvidas e expectativas e para o autocuidado;

  • Facilitar o acesso entre a equipe multidisciplinar;

  • Discutir sobre o retorno às atividades e convívio social, enfatizar a importância do seguimento; abordar a possibilidade de reconstrução;

  • Pretendem, também, dar estímulo para que readquiram a autoconfiança e mantenham a moral elevada, pensando na reabilitação.

    As publicações destacam como sentimentos e situações mais comuns ao portador de câncer: o medo; a associação da doença à morte iminente, o que o faz profundamente ansioso e lhe traz agudo sofrimento; a tristeza; a possibilidade de perda do controle de sua própria vida; a incerteza da cura; a terapêutica e a recidiva. Observa-se, assim, a necessidade de estabelecer uma relação com o cliente que possibilite expressar suas emoções e sentimentos, demonstrando-lhe carinho, calor humano, compaixão, ouvindo-o, tocando-o suavemente e ficando ao seu lado. Dessa forma, o profissional demonstrará que o conhece se importa e pode compreendê-lo, sobretudo, que não o deixará passar sozinho, por este momento que lhe parece tão difícil (GARGIULO, MELO, SALIMENA, BARA e SOUZA, 2007).

    Para que o cuidado se torne expressivo, faz-se necessário que deixe de ser uma tarefa para ser uma ação que proporcione crescimento para quem cuida e para quem é cuidado. Dessa forma, para que o cuidado técnico seja considerado cuidado humano de enfermagem, implica o encontro entre o expressivo e o técnico (MENDES, CASTRO e FERREIRA, 2003). Cuidar do paciente em todas as etapas do processo de adoecimento seja ela de revolta, agressão ou mesmo de satisfação, implica reconhecer sua situação de fragilidade e insegurança, preparar para cuidar com base no conhecimento técnico-científico, estabilidade emocional e habilidade nas relações interpessoais (STUMM, LEITE e MASCHIO, 2008).

    Conforme observado nos estudos pesquisados o enfermeiro se torna para o paciente um aliado, um vínculo entre os demais profissionais da equipe, quem o assiste holisticamente de forma empática. O enfermeiro que participa da terapêutica do paciente oncológico deve conhecer e perceber as suas necessidades, considerando suas características pessoais e sociais ao planejar sua assistência, o que pode ser favorecido pelo fato de ser o profissional que está na maior parte do tempo em contato com essa clientela durante todo o processo terapêutico.

O diálogo como base para o cuidado

    O diálogo tem destaque nos estudos pesquisados, ele permite a interrelação com paciente, familiares e enfermeiro, propicia vínculo entre as relações, tecem-se laços de confiança e deve ser utilizado como um dos fundamentos da relação do cuidado. Além disso, facilita a interação e envolvimento entre pessoas, constitui as bases do cuidado e está fundamentado em princípios próprios da relação humana, como amizade, carinho, atenção, respeito, paciência e solidariedade. Colabora com o enfrentamento e convívio com as diferentes etapas na evolução da doença.

    Para Fontes e Alvim (2008), se o enfermeiro dialoga com o cliente, procura garantir-lhe voz, colaborando para a reflexão sobre sua condição de doente, isso pode fazê-lo questionar, criticar, indagar sobre o tratamento e seus diferentes efeitos no seu corpo e na sua vida, permitindo expressar suas angústias e expectativas. A conversa só será “cuidado” se afetar o outro naquilo que o outro espera e deseja. Seu uso no cuidado de enfermagem pode ser intencional para estabelecer vínculo, promover o encontro, construir relações, acessar o outro. Na medida em que o diálogo avança, vai se estabelecendo a confiança, estreitando os laços entre esses sujeitos. Através do diálogo, trabalha-se a subjetividade do cliente no cuidado, ajuda-o a lidar com suas emoções e sentimentos, tornando-o participante do processo de cuidar. Na prática do diálogo, faz-se necessário desenvolver a habilidade da escuta sensível nesse processo, garantir-lhe voz, conhecer e entender os seus sentimentos, ações e reações diante do impacto do câncer, pois assim poderá ajudá-lo na tomada de consciência acerca de sua situação concreta e contribuir para a superação dos desafios que se apresentam com o surgimento da doença. A disponibilidade no estabelecimento da relação de troca e reciprocidade com os clientes aumenta a possibilidade de auto-crescimento e auto-conhecimento destes e abre espaço para uma relação efetiva e dialógica.

Relação enfermeiro, paciente e família

    Destaca-se nos estudos pesquisados a relação paciente, enfermeiro e família, na qual o enfermeiro é o principal mediador. Na assistência ao paciente oncológico, as atenções do enfermeiro também devem ser voltadas aos familiares, dando-lhes as orientações e informações necessárias da evolução da doença e terapêutica. A relação emocional enfermeiro–paciente–família é melhor observada na especialidade oncológica com pacientes sem condições de um bom resultado terapêutico (CAMARGO e SOUZA, 2003).

    Os autores descrevem que os enfermeiros reconhecem em si, nos pacientes e em seus familiares algumas manifestações, como ansiedade, medos, inseguranças, incertezas, impotência e o peso da tarefa a ser desempenhada e a esperança. Estas produzem desconforto no decorrer do processo oncológico. A intersubjetividade que se expressa na relação entre cliente e profissional possibilita ajuda e o convívio mútuo. Assim pode se perceber que a relação é cercada de aspectos que envolvem o emocional e o psicológico (GARGIULO, MELO, SALIMENA, BARA e SOUZA, 2007).

    Ressalta-se que na assistência oncológica, a equipe convive com o sofrimento em potencial e a satisfação profissional. Presenciam-se sentimentos de satisfação em conviver e acompanhar os pacientes que obtêm êxito no tratamento ministrado, inclusive a cura. A equipe de enfermagem sente-se valorizada quando seu trabalho e dedicação são reconhecidos, que é manifestado pelos pacientes e familiares, por meio de gestos, palavras e mimos. Esses consideram as atuações do enfermeiro como muito úteis e eficientes, pois aliviam a tensão, esclarecem as dúvidas e ajudam no fortalecimento psicológico, permitindo que enfrentem mais positivamente as adversidades surgidas com o diagnóstico da doença e seu tratamento (CAMARGO e SOUZA, 2003). O contato com o paciente oncológico proporciona modificações nas atitudes e condutas frente às dificuldades e limitações, contribuindo para a autorreflexão dos integrantes da equipe quanto à luta pela vida (STUMM, LEITE e MASCHIO, 2008). O apoio que o paciente recebe de seus familiares e do enfermeiro ao longo do tratamento o fortalece para o enfrentamento da doença (FONTES e ALVIM, 2008).

O conhecimento e habilitação profissional

    Os estudos abordam a capacitação profissional e a experiência como aspectos primordiais para a prestação de uma assistência qualificada, sendo a teoria o meio de tornar o profissional menos impotente; capaz de fazê-lo planejar e executar uma assistência eficaz, trazendo satisfação profissional, qualificação e segurança. Para o enfermeiro, o conhecimento serve de base e suporte, aliando o técnico ao teórico na prestação do cuidado. A satisfação profissional pode ser alcançada através da segurança alicerçada e fundamentada no conhecimento, levando as profissionais a se sentirem confiantes em suas ações, ao serem capazes de identificar corretamente os problemas do paciente sob seus cuidados. Para Girondi e Radunz (2007), o saber originado no cotidiano da prática associado ao suporte teórico sinaliza a necessidade de resolução das limitações, propiciando um cuidado melhor fundamentado.

    As publicações ressaltam dentre as diversas atribuições do enfermeiro, a consulta de enfermagem, que constitui meio para as orientações à clientela e seus familiares. Aliado a isso existe a prescrição de enfermagem como instrumento da continuidade e qualidade da assistência ao paciente, objetivando uma prática técnica, científica e humana (CAMARGO e SOUZA, 2003).

Considerações finais

    A detecção precoce do câncer não é uma realidade na assistência oncológica. Geralmente o paciente vem com um diagnóstico tardio, em que as intervenções demandam maior complexidade e maiores são os comprometimentos físicos, emocionais e sociais. Neste momento, o processo terapêutico é mais agressivo e às vezes mutilador. O cotidiano do paciente com diagnóstico de câncer é totalmente alterado, no aspecto social e profissional.

    Nesse contexto, muitos pacientes resgatam a espiritualidade como uma aliada para suportar o sofrimento advindo da evolução patológica. A humanização da assistência e condução holística dos cuidados auxilia no enfrentamento do câncer e propicia dignidade ao paciente oncológico. O diálogo representa um vínculo para que se estabeleça uma relação de confiança entre profissional, cliente e extensão familiar. A empatia é relevante entre as relações e tem-se o enfermeiro como principal mediador, constituindo, pois, um vínculo entre os envolvidos na assistência. Cabe ao enfermeiro orientar, esclarecer dúvidas, saber ouvir, estar sensível a evolução da doença, ser resolutivo e direcionar ações que minimizem o prognóstico.

    Confirma-se a necessidade por parte do enfermeiro, da aquisição de conhecimentos fundamentados em estudos específicos. Esse conhecimento proporciona ao enfermeiro habilidades e tomada de decisões em uma assistência planejada e eficaz, minimizando os impactos oncológicos, o sofrimento causado pela dor e consequente mutilação da imagem corporal. A assistência ao paciente oncológico faz com que a enfermagem se depare com a necessidade de avaliar a sua prática assistencial a fim de torná-la holística, empática e eficaz, em que a atuação humanística transpõe-se a meramente técnico-científica.

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