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Análise de variáveis antropométricas e cardiovasculares de praticantes 

de treinamento resistido de uma academia da cidade de Santa Maria, RS

Análisis de las variables antropométricas y cardiovasculares de practicantes 

de entrenamiento resistido de un gimnasio de la ciudad de Santa María, RS

 

*Especializando em Atividade Física, Desempenho Motor

e Saúde do Centro de Educação Física e Desportos

**Graduanda/o em Educação Física Bacharelado

do Centro de Educação Física e Desportos

***Graduado em Educação Física Bacharelado

do Centro de Educação Física e Desportos

Universidade Federal de Santa Maria, RS

Maurício Arisi da Silva*

Juliano Boufleur Farinha**

Diego Rodrigo Both***

Carla Emília Rossato**

mauricioarisi@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi analisar as variáveis antropométricas e cardiovasculares de praticantes de treinamento resistido de uma academia da cidade de Santa Maria, RS. Isso se justifica devido à falta de controle que tem se observado nas populações sobre estas variáveis. Foram analisadas cinco variáveis, sendo três antropométricas (Índice de Massa corporal, Perímetro da Cintura e Relação Cintura-Quadril) e duas cardiovasculares (Pressão Arterial e Freqüência Cardíaca). Dentro os resultados pode-se observar que em quatro variáveis os indivíduos foram classificados dentro dos parâmetros de normalidade, exceto a freqüência cardíaca.

          Unitermos: Variáveis antropométricas e cardiovasculares. Treinamento resistido.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Atualmente, sabe-se que o sedentarismo está relacionado a maiores taxas de morbidade e mortalidade na população, e por isso, a prática regular de exercícios físicos tem sido amplamente indicada como forma de prevenção e terapia a estas complicações1,2. Diversos estudos têm relacionado o treinamento resistido a variáveis que podem interferir no controle do treinamento.

    Dentre as principais variáveis estão à pressão arterial (PA), a freqüência cardíaca (FC)3, massa corporal elevada, valores elevados de índice de massa corporal (IMC), relação cintura-quadril (RCQ) e perímetro da cintura (PC) elevado podem influenciar no desenvolvimento e na metodologia a ser adotada para o treinamento.

    O aumento da massa corporal tem sido observado nas populações de países desenvolvidos e em desenvolvimento, especialmente entre adolescentes e adultos jovens4. Gera-se então, uma preocupação dos órgãos da saúde, pois indivíduos acima do peso ideal apresentam maiores chances de sofrer inferências metabólicas5, as quais representam um grande número de mortes e maiores gastos governamentais.

    Dessa forma, o treinamento resistido (TR) vem sendo agregado a diferentes objetivos, seja para a preservação da saúde, melhor qualidade de vida ou para um melhor desempenho físico6,7. Dentre esses benefícios, destacam-se as melhoras na força muscular, no percentual de massa muscular e gordura corporal, IMC e PC8, 9.

    Pesquisas também têm demonstrado que indivíduos que realizam 30 minutos ou mais de TR por sessão podem apresentar um risco reduzido em 23% para infarto do miocárdio (IAM) e doenças cardiovasculares fatais, quando comparados aos que não realizam esse tipo de exercício10. Além disso, o exercício físico pode atuar na redução de parâmetros cardiovasculares e conseqüentes reduções da morbimortalidade cardiovascular11, 12.

    Sendo assim, o objetivo deste estudo foi analisar e classificar o perfil de praticantes do treinamento resistido de uma academia da cidade de Santa Maria/RS.

2.     Metodologia

    Participaram deste estudo, 18 mulheres com idade de 23,06 ± 6,09 anos, estatura de 1,63 ± 0,06 m e massa corporal de 59,26 ± 8,44 kg e 31 homens com idade de 22,10 ± 3,81 anos, estatura de 1,76±0,07 m e massa corporal de 74,41±10,22 kg. Todos foram convidados voluntariamente a participar da pesquisa e foram submetidos a coletas de variáveis antropométricas e cardiovasculares, durante o ano de 2010.

    Para a análise dos dados, foi utilizado o programa SPSS, versão 14.0. Através da análise descritiva, foram calculadas as médias e os desvios padrão dos dados. Todas as variáveis foram obtidas na primeira sessão de treinamento de cada indivíduo.

    As variáveis antropométricas foram avaliadas de acordo com o protocolo proposto por Petroski (2007)13, já as cardiovasculares foram realizadas após o indivíduo permanecer 10 minutos em repouso, para aferição da pressão arterial e da freqüência cardíaca.

3.     Resultados e discussão

Tabela 1. Perfil antropométrico e parâmetros cardiovasculares de praticantes de musculação na cidade Santa Maria, RS

    Na tabela 1, são apresentados os valores médios e desvio padrão do grupo estudado separados por gênero. Totalizando 49 indivíduos, sendo 18 do sexo feminino e 31 do sexo masculino.

Gráfico 1. Classificação Geral do IMC segundo ABESO14

    De acordo com a tabela 1, a análise do IMC mostrou-se muito semelhante entre os sexos (22,04±3,02 kg/m² para o sexo feminino e 23,74±2,73 cm para o sexo masculino). Diante disso, nota-se no gráfico 1 e nos gráficos 1.1 e 1.2 que a maior parte dos indivíduos encontrava-se dentro do peso normal de acordo com a classificação estabelecida pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO)14.

    O gráfico 1 confirma que do total de 49 indivíduos, 34 estavam dentro da classificação de peso normal, 10 com excesso de peso, 4 com baixo peso e 1 indivíduo no grau de obesidade classe 1.

    As diferenças entre os grupos podem ser vistas nos gráficos 1.1 e 1.2, onde se destacam a classificação de peso normal para ambos. Assim sendo, apenas um indivíduo, do sexo masculino, apresenta grau de obesidade 1.

    De acordo com os resultados expostos na tabela 1, pode-se observar que os valores obtidos para a relação cintura-quadril do sexo feminino e do sexo masculino foram de 0,75±0,12 cm e 0,81±0,05 cm, respectivamente. De acordo com a classificação15 apresentada no gráfico 2, 43 do total de 49 indivíduos, não apresentaram riscos à saúde.

    Diante da análise por grupo (gráficos 2.1 e 2.2), um homem e quatro mulheres apresentaram-se com aumento do risco e uma mulher com risco muito aumentado à saúde.

    Na análise do PC, os valores expostos na tabela 1, foram encontrados resultados médios para as mulheres de 70,79±6,30 cm e para os homens o valor foi de 80,07±7,64 cm. De acordo com estes valores, 46 indivíduos do total de 49, não apresentaram riscos a saúde16.

    Dos três casos que apresentaram valor aumentado para o perímetro da cintura, tem-se um indivíduo do sexo masculino (gráfico 3.1) e dois do sexo feminino (gráfico 3.2).

    Outro fator que pode influenciar no desenvolvimento do treinamento é a freqüência cardíaca de repouso. Diante dos resultados apresentados na tabela 1, observaram-se valores semelhantes para ambos os grupos: 84,17±10,62 bpm para as mulheres e 80,32±11,03 bpm para os homens. Segundo classificação exposta acima (gráfico 4), grande parte dos indivíduos, apresentaram classificação ruim e muito ruim para a FC de repouso.

    Quando analisados separadamente, os homens apresentaram um indivíduo com classificação excelente e a maioria com classificação muito ruim. Já para as mulheres não foi observado nenhum valor excelente, o melhor resultado foram duas mulheres com FC de repouso acima da média, e a grande maioria obteve classificações ruim e muito ruim.

    A partir da aferição da pressão arterial de repouso, observam-se na tabela 1, valores médios da pressão arterial sistólica de 116,67±5,94 mm/Hg para as mulheres e 122,58±9,98 mm/Hg para os homens, e, pressão arterial diastólica de 76,67±7,67mm/Hg para as mulheres e 76,77±7,01 para os homens.

    Levando em consideração, a classificação proposta pela NIH (1997)18, observa-se no gráfico 5, que a maioria dos indivíduos encontrava-se com a pressão arterial normal, porém 12 indivíduos com classificação normal alta e três indivíduos em estágio 1 de hipertensão.

    Analisando a classificação do perfil dos praticantes do treinamento resistido, foram encontrados valores normais em grande parte dos resultados, tanto em variáveis antropométricas como cardiovasculares. Por meio de uma análise geral de ambos os sexos, valores encontrados para o IMC foram normais, tendo os homens maior prevalência na categoria acima do peso.

    Para a RCQ, grande parte dos indivíduos encontrava-se dentro dos valores de normalidade, porém a prevalência de riscos a saúde se deu em maior proporção entre as mulheres. O mesmo foi observado para o PC, no qual duas mulheres e um homem obtiveram classificação de risco aumentado. Tais indivíduos devem ser alertados dos riscos cardiovasculares representados por esses valores e orientados por profissionais da área da saúde, de forma que tenham sua alimentação e seu nível de atividade física mais controlados.

    Dentre as variáveis cardiovasculares, a FC de repouso foi o oposto das variáveis antropométricas, pois apenas um indivíduo apresentou classificação excelente, obtendo-se no geral classificações de ruim ou muito ruim em ambos os grupos. Esses valores de FC acima da média podem ser justificados pela ansiedade e nervosismo dos alunos no momento da abordagem do estudo. Em contrapartida, a PA de repouso assegurou parâmetros de normalidade na prevalência de ambos os grupos, apresentando apenas 3 indivíduos em estágio 1 de hipertensão.

Conclusão

    Sendo assim, pode-se dizer que o grupo analisado garante índices de normalidade para ambos os sexos em quatro das cinco variáveis analisadas, e que o treinamento resistido será de grande valia para manutenção e melhoria dos índices encontrados.

Referências

  1. Kojda G, Hambrecht R. Molecular mechanisms of vascular adaptations to exercise. Physical activity as an effective antioxidant therapy. Cardiovasc Res. 2005; 67(2): 187-97.

  2. Myers J. Exercise and cardiovascular health. Circulation. 2003; 107: e2-5.

  3. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Card. 2007; 89(3): e24-79.

  4. Peixoto M, Benicio M, Jardim P. The relationship between body mass index and lifestyle in a Brazilian adult population: a cross-sectional survey. Cad Saúde Pública. 1997; 23(11): 2694-740.

  5. Amorim P, Silva S. Perfil de demanda e hábitos sociais de indivíduos que aderem à prática de atividades físicas supervisionadas. Rev Bras Ativ Fis e Saúde. 1998; 3:22-31.

  6. Kraemer W, Adams K, Cafarelli E, Dudley G, Feigenbaum M, Fleck S, et al. American College of Sports Medicine position stand. Progression models in resistance training for healthy adults. Med Sci Sports Exer. 2002; 34(2): 364-80.

  7. Seguin R, Nelson M. The benefits of strength training for older adults. Am J Prev Med. 2003; 25(3 Suppl 2): 141-9.

  8. Evans W. Reversing sarcopenia: how weight training can build strength and vitality. Geriatrics. 1996; 46-47, 51-3, quiz 54.

  9. Tanascescu M, Leitzmann MF, Rimm E, Willet W, Stampfer M, Hu F. Exercise type and intensity in relation to coronary heart disease in men. JAMA. 2002; 288 (16): 1994-2000.

  10. Blumenthal J, Sherwood A, Gullete E, Babyak M, Waugh R, Georgiades A, et al. Exercise and weight loss reduce blood pressure in men and women with mild hypertension. Arch Intern Med. 2000; 160(13): 1947-58.

  11. Sandhya S, Jerry O. Blood pressure in the elderly: an observation in octagenaries. J Clin Hypertens. 2000; 2(4): 263-272.

  12. Pescatello L, Franklin B, Fagard R, Farquhar W, Kelly G, Ray C. American College of Sports Medicine. Exercise and hypertension. Med Sci Sports Exerc. 2004; 36(3): 533-53.

  13. Petroski, E. Antropometria Técnicas e Padronizações. Blumenau: Nova Letra, 2007.

  14. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Disponível em: http://www.abeso.org.br/. Acesso em 4 de julho de 2010.

  15. Guedes, DP; Junior, STP; Rocha, AC. Treinamento Personalizado em Musculação. São Paulo: Phorte, 2008.

  16. Han TS, Van Leer EM, Seidll JC, Lean ME. Waist circumference action levels in the identification of cardiovascular risk factors: prevalence study in a random sample. BMJ 1995;311:1401-5.

  17. Aquatic Exercise Association. Manual do Profissional de Fitness Aquático. Rio de Janeiro: Shape, 2008.

  18. National Institutes of Health, National Heart, Lung and Blood Institute. Clinical guidelines on the identification, evaluation, and treatment of overweight and obesity in adults: the evidence report. Obes Res. 1998; 6 Suppl. 2:51S-209S.

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