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Suplementação alimentar com lipídios para atividades de endurance

Suplementación alimenticia con lípidos para actividades de endurance

 

Universidade Federal do Paraná

(Brasil)

Elizangela Kato

Maria Gisele dos Santos

mariagisele@yahoo.com

 

 

 

 

Resumo

          Hoje em dia, com a profissionalização de várias modalidades esportivas, a busca por novas formas de melhorar a performance tornou-se fundamental na luta por resultados melhores. Sabe-se que as necessidades nutricionais de atletas e de praticantes de atividades físicas são maiores em relação aos não praticantes, entretanto, essa maior necessidade pode ser totalmente suprida por meio de uma dieta balanceada. Sabemos, no entanto, que o estilo de vida de atletas, muitas vezes, não permite uma alimentação adequada. Nesses casos e também na busca pela melhora na performance busca-se a suplementação alimentar.

          Unitermos: Suplementação alimentar. Lipídios. Endurance.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo McMurray e Anderson (1996), a nutrição é um dos fatores que pode favorecer o desempenho atlético, já que, quando bem orientada, pode reduzir a fadiga, permitindo que o atleta treine por mais tempo ou que se recupere melhor entre os treinos; reduzir as lesões ou ajudar na recuperação das mesmas; aumentar os depósitos de energia para a competição; e finalmente por ajudar a saúde geral do atleta.

    Para se saber qual o tipo de suplementação indicado, deve-se primeiro saber qual o tipo da atividade realizada e qual tipo de substrato energético utilizado durante a atividade. Segundo Basset e Nagle (1996) e Stroud (1988), o substrato utilizado vai depender de uma série de fatores: a natureza, intensidade, duração do exercício, consumo alimentar, ambiente em que é realizada a atividade e fatores individuais como: idade, sexo, peso, composição corporal, tipo de fibra muscular predominante, estado de treino e habilidade técnica.

    Relatos do ano 580 a.C falam sobre a adoção de dietas especiais para os atletas gregos (Grandjean, 1997). Recentemente, conheceu-se a importância da nutrição para a melhoria do desempenho no esporte (Probart, Bird e Parker, 1993). Após observar a dieta de vários atletas, Grandjean (1997) obteve os seguintes resultados: os carboidratos, lipídios e proteínas representavam entre 33 a 57%, 29 a 49% e 12 a 26% do total de energia, respectivamente. Observa-se um alto consumo de lipídios pelos atletas, perfazendo até 49% do total de energia ingerida. Entretanto, ao analisar uma população de corredores de longa distância, constatou-se que a contribuição energética provenientes de lipídios na dieta nestes atletas era apenas 15 a 20% do total de calorias ingeridas.

Suplementação de lipídios em atletas de endurance

    Os ácidos graxos representam a maior reserva e o mais eficiente substrato em termos de fornecimento absoluto de energia. Quando os estoques de glicogênio muscular e hepático estão em baixa, há uma mobilização e oxidação dos ácidos graxos e conseqüentemente, a utilização de glicose é diminuída.

    Ao longo de uma atividade física de intensidade moderada (60 a 80% da FC máx ou 50 a 75% do VO2máx) e de longa duração (endurance) a energia é obtida através dos processos oxidativos dentro das mitocôndrias, fazendo com que os ácidos graxos sejam o principal substrato para as fibras musculares de contração lenta.

    Entretanto, sabe-se que a capacidade de realizar este tipo de atividade por um longo período de tempo é limitada devido aos estoques de glicogênio muscular e hepático, assim, surgiu o conceito de submeter o atleta a uma sobrecarga de carboidratos antes do exercício, com o objetivo de retardar a fadiga. Contudo, apesar da supercompensação de carboidratos aumentar a quantidade de glicogênio muscular durante a fase de privação de carboidratos, a alta intensidade pode causar danos psicológicos e físicos.

    Visando poupar os estoques de glicogênio e aumentar o desempenho, surgiram estratégias para aumentar a disponibilidades ou otimizar a capacidade de oxidação dos ácidos graxos. O principal procedimento adotado para aumentar a disponibilidade do substrato é a elevação aguda no nível de ácidos graxos no plasma e para induzir as adaptações metabólicas responsáveis por otimizar a oxidação dos ácidos graxos o recurso utilizado é a adoção de uma dieta hiperlipídica.

    Estudos apontaram que uma refeição rica em lipídios, associada à ativação das lipase lipoproteica pela administração intravenosa de heparina, verificou-se uma elevação aguda de ácidos graxos plasmáticos e uma redução na ordem de 40% da utilização de carboidrato endógeno em comparação ao grupo controle durante um exercício de 30 minutos a 70% do VO2máx em esteira. Outros estudos demonstraram que o aumento do nível dos lipídios no plasma reduz a degradação de glicogênio muscular. Entretanto, estudos também apontaram que somente a disponibilidade de ácidos graxos não seria indicativo de maior oxidação. Alguns estudiosos compararam o mesmo tipo de exercício em intensidades diferentes e constataram uma maior capacidade de oxidação dos ácidos graxos durante o exercício de menor intensidade.

    O outro método é a adoção de uma dieta hiperlipídica que demonstrou uma maior eficiência na utilização dos lipídios pela fibra muscular, acredita-se que devido às adaptações metabólicas específicas. Sugeriu-se, primeiramente, que devido à dieta hiperlípidica, tem-se um balanço negativo de carboidratos, o que ocasionaria uma redução nos estoque de glicogênio o que favoreceria a oxidação dos ácidos graxos. O fator negativo da adoção deste método, são os efeitos deletérios devido a essa dieta como por exemplo o surgimento de resistência insulínica, doenças cardiovasculares, obesidade e imunodepressão.

Conclusão

    A suplementação alimentar com ácidos graxos parece ser eficiente, entretanto necessita de maiores estudos a respeito dos efeitos benéficos e deletérios. Levando-se em conta de que este é o substrato com maior capacidade de fornecer energia durante a atividade física intensa e de longa duração, seria apropriado para a modalidade de endurance, uma vez que esta modalidade apresenta alto consumo de energia. Sabe-se que o estoque de glicogênio é limitado, portanto, a maior oxidação de ácidos graxos pelos músculos entra como uma forma de poupar esses estoques e preservar a glicose, já que alguns órgãos como o cérebro e o coração utilizam apenas glicose como fonte de energia.

    Os estudos apresentaram resultados satisfatórios em relação à utilização de dietas hiperlipídicas e à infusão lipídica. Os carboidratos foram poupados ou no casos em que os níveis de carboidratos já estavam baixos, os lipídios os substituíram e os atletas foram capazes de realizar a atividade durante o mesmo período de tempo do que se estivessem utilizando os carboidratos como substrato principal.

    Necessita-se de um estudo mais profundo em relação aos efeitos negativos da utilização destes métodos, como por exemplo o aparecimento de doenças cardiovasculares, resistência insulínica, obesidade pois se aumenta o nível de lipídios da dieta ou circulantes no sangue quando se faz a infusão.

Referências

  • AOKI, M.S.; SEELAENDER, M.C.L. Suplementação Lipídica para Atividade de Endurance. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 13(2): 230-38, jul./dez. 1999.

  • BRAGGION, G.F. Suplementação Alimentar na Atividade Física e no Esporte – Aspectos Legais na Conduta do Nutricionista.

  • FERREIRA, A.M.D.; RIBEIRO, B.G.; SOARES, E.A. Consumo de Carboidratos e Lipídios no Desempenho em Exercícios de Ultra Resistência. Rev Bras Med Esporte Vol. 7, Nº 2 – Mar/Abr, 2001.

  • GRANDJEAN, A.C. Diets of elites athletes: has the discipline of sports nutrition made an impact? Journal of Nutrition, v.127, p.874-7, 1997.

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