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Educação em saúde: proposta multidisciplinar para adoção de um estilo

de vida saudável através do Ação e Saúde Comunidades NAFEL/UNEB

Educación en salud: propuesta multidisciplinaria para la adopción de un estilo 

de vida saludable a través de Acción en Salud Comunidades NAFEL/UNEB

 

*Mestranda Políticas Públicas, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Regional, UNEB

Coordenação Núcleo de Atividade Física, Esporte e Lazer - NAFEL/UNEB

**Especialista em Atividade Física, Educação e Saúde, Faculdade da Cidade

Núcleo de Atividade Física, Esporte e Lazer

***Especialista em Atividade Física e Saúde, UNIME. Núcleo de Atividade Física, Esporte e Lazer

****Graduanda em Fisioterapia, UNEB. Monitora colaboradora

Núcleo de Atividade Física, Esporte e Lazer

*****Graduada em Biomedicina. Especializanda em Bioimagem pela Escola Bahiana

de Biomedicina e Saúde Pública. Monitora do Núcleo de Atividade Física, Esporte e Lazer

(Brasil)

Manuela Barreto de Araújo*

nafel_uneb@hotmail.com

Jacemile da Silva Pereira**

jacemile@bol.com.br

Carlos Eduardo Oliveira Ribeiro***

ribeirocarlos@pop.com.br

Carla César Fontes Leite****

cfontes.leite@gmail.com

Fernanda Azevedo Palma Carvalho*****

nandapalma@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O Projeto Ação e Saúde Comunidades é uma iniciativa do Núcleo de Atividade Física, Esporte e Lazer vinculado à Pró Reitoria de Extensão da Universidade do Estado da Bahia/ Brasil. Tem por objetivo proporcionar a educação continuada e permanente favorecendo a formação de vínculos sociais, de acordo a diferentes áreas do conhecimento, possibilitando que o indivíduo exerça uma transformação nos seus hábitos de vida, visando modificar a sua realidade, para promoção da saúde e da qualidade de vida. Desenvolve ações em ensino, pesquisa e extensão, com desenvolvimento de atividades teóricas e práticas, através de uma equipe multidisciplinar formada por professores e estudantes dos cursos de Educação Física, Pedagogia, Nutrição, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Biomedicina. Participam do projeto aproximadamente 185 pessoas, entre adultos e idosos, de cinco comunidades do município de Salvador/ Bahia. O projeto tem trazido importantes contribuições para os participantes do projeto devendo ser incentivado e multiplicado de forma a democratizar para outras comunidades do município de Salvador, para que os indivíduos possam ter acesso a conhecimentos e práticas sobre Promoção da Saúde e Qualidade Social de vida como política pública em Promoção da Saúde.

          Unitermos: Promoção da saúde. Qualidade de vida. Saúde.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A estrutura etária da América Latina e do Terceiro Mundo tem sofrido mudanças em virtude das alterações sustentadas nas taxas de fecundidade. Não diferente deste panorama mundial, esta mesma estrutura no Brasil também vêm se modificando, entretanto de forma muito mais acelerada do que países desenvolvidos. Assim estudos indicam que entre 1970 e 2000 essa taxa teve um declínio de 70% embora existam desigualdades regionais. (PAPALÉO, 2002; WONG, 2006)

    A nova configuração e conseqüente modificação da pirâmide etária brasileira traduz- se, portanto, no envelhecimento da população e traz consigo a necessidade de um novo olhar sobre a formulação das políticas públicas de atenção a saúde especialmente a do idoso, no que diz respeito ao envelhecimento saudável e o cuidado com o aparecimento de agravos associados às doenças cônicas e degenerativas. (PAPALÉO, 2002; WONG, 2006). Tendo também a saúde do idoso como uma das prioridades através do Pacto pela Vida proposto pela Portaria GM 399/2006.

    A nova conceituação de saúde da Organização Mundial de Saúde, proposta em 1947, que traz a mesma através de um desenvolvimento do processo da condição de vida humana e não apenas como ausência de doença. (BRASIL, 1988). De acordo com Silva (2010) apud Gonçalves (2008), a promoção da saúde amplia-se para além dos cuidados com a enfermidade, sendo uma maneira de olhar a saúde pública de forma não direcionada a uma determinada doença e sim para a obtenção do bem- estar geral das populações e da melhoria da qualidade de vida. Crê numa visão que não restringe a saúde à ausência de doença. Trata-se de uma estratégia que vai além do modelo da biomedicina e utiliza ações que envolvem outros setores externos à saúde, resgatando a concepção de saúde em sua determinação social.

    De acordo com isto, entende-se que a atividade física por si só, não supri as demandas para uma melhor qualidade de vida, acredita-se que a proposta “freiriana” de construção de um novo sujeito, baseado na criação de ambientes favoráveis através da promoção da cultura. Sendo a cultura de acordo com Freire (1979), todo o resultado da atividade humana, do esforço criador e recriador do homem, de seu trabalho por transformar e estabelecer relações de diálogo com outros homens.

    Propõem uma concatenação de idéias para acessibilidade á uma práxis emancipatória e crítica em saúde, favorecendo positivamente nos campos de ação e de (sobre)vivência relacionados aos seus indicadores, vislumbrando atuar de maneira intersetorial, multidisciplinar e participativa, envolvendo diversos setores das políticas públicas e da sociedade. Torna-se de fundamental importância a leitura e entendimento da realidade dos sujeitos e do território onde eles vivem, ampliando o entendimento relacionado aos princípios de participação, intersetorialidade e equidade, pois são fundamentais para a promoção da saúde.

    Há vários campos de intervenção da promoção da saúde, podendo ser divido em basicamente quatro grupos. Sendo o enfoque coletivo que se refere à universalização dos direitos como a equidade, o enfoque institucional da gestão que envolve a intersetorialidade e o fortalecimento das redes sociais, o foco nas questões ambientais que envolvem a sustentabilidade, por fim, o enfoque individual que dá ênfase ao desenvolvimento da capacidade e fortalecimento da autonomia dos sujeitos, fornecendo-lhe informações adequadas para a escolha de comportamentos, atitudes e relacionamentos interpessoais produtores da saúde. (BRASIL, 2006)

    Dessa forma, surge a necessidade de criação de políticas públicas para a promoção da saúde com priorização da participação social na construção do sistema e das políticas de saúde. O SUS, como políticas do estado brasileiro pela melhoria da qualidade de vida e pela afirmação do direito à vida e à saúde, dialoga com as reflexões e os movimentos no âmbito da promoção da saúde. Visto que, as estratégias de promoção da saúde, subsidiadas pela Carta de Ottawa (1986), apóiam-se no acesso ao conhecimento.

    Este por sua vez, contribui para o “empoderamento” da população permitindo uma maior participação na decisão para atuar na melhoria a própria vida. Para que isso ocorra é importante o envolvimento da comunidade nos processos participativos que promovam o desenvolvimento da capacidade dos indivíduos de controlar situações, a partir da informação e conscientização dos determinantes da saúde, da promoção da saúde e da formação do pensamento crítico-reflexivo. (OPAS, 2006)

    Assim, entende-se que no momento, em que a saúde passa a ser concebida como este estado dinâmico e socialmente produzido, a formulação destas políticas públicas tem o objetivo se articular multi e intersetorialmente para intervir sobre estes fatores determinantes. Para isso, é preciso encarar os desafios de mudança no predomínio da lógica de consumo sobre a perspectiva da verdadeira cidadania dos direitos e deveres, considerando as redes sociais da população nos programas implantados pela gestão participativa e integrada do poder público em função dos problemas do território.

    Sendo assim, a elaboração de Políticas Públicas é decisiva para a melhoria da saúde e qualidade de vida da população de forma que influencie positivamente o futuro da Qualidade de Vida, o que pressupõe novos arranjos intersetoriais da Gestão Pública.

    Esta perspectiva se concentra não apenas em reduzir os índices dos agravos a saúde, mas, sobretudo levam em consideração seus aspectos subjetivos e da realidade em Promoção da Saúde da sociedade.

    O eixo central para encontrar respostas efetivas seria assim, proporcionar através do conhecimento a autonomia e participação da comunidade possibilitando então, a sua emancipação. A orientação técnica então seria no sentindo de ampliação e troca de saberes com a comunidade, e sobre hábitos saudáveis para que esta em posse de tais informações possam então decidir sobre qual condição de vida a seguir, além do enfrentamento das dificuldades e do fortalecimento da identidade na incorporação de soluções criativas e saberes saudáveis.

    Nesse sentido o projeto Ação e Saúde Comunidades se propõe a trabalhar com adultos e idosos pertencentes a cinco comunidades do município de Salvador-BA, tendo em um dos seus objetivos proporcionar a educação continuada e permanente favorecendo a formação de vínculos sociais, de acordo a diferentes áreas do conhecimento, possibilitando que o indivíduo exerça uma transformação nos seus hábitos de vida, aguçando e dando condições re-criadoras teóricas e práticas em busca de uma ação social, enquanto indivíduo atuante na sociedade visando modificar a sua realidade, para promoção da saúde e da qualidade de vida.

Metodologia

    O projeto é desenvolvido pelo Núcleo de Atividade Física Esporte e Lazer, NAFEL através da Pró Reitoria de Extensão- PROEX da Universidade do Estado da Bahia, UNEB, Brasil. Desenvolve ações em ensino, pesquisa e extensão através de uma equipe multidisciplinar formada por professores e estudantes dos cursos de Educação Física, Pedagogia, Nutrição, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Biomedicina. Este busca proporcionar a autonomia da comunidade através do conhecimento, no sentindo de ampliação e troca de saberes sobre hábitos saudáveis de vida, possibilitado que os indivíduos e comunidades escolham qual estilo de vida seguir.

    O projeto faz parte do Programa Ação e Saúde: educar, conscientizar e praticar é realizado desde o ano de 2006 e acompanha aproximadamente 185 pessoas, a princípio com a demanda estimada para a população das proximidades da Pró Reitoria de Extensão inicialmente em duas comunidades do município de Salvador, e pela procura das mesmas e proposição da instituição, UNEB, entendendo que as políticas setoriais em promoção saúde contribuiriam para a transformação social, visando um alicerce preliminar para diminuição das desigualdades. Assim fez-se necessário atender a cinco comunidades da cidade do Salvador, com o público de adultos e idosos. O projeto atua como eixo principal a educação em saúde com objetivo de educação permanente e continuada, através da ampliação e troca de conhecimentos, visando à adoção de comportamentos saudáveis e estilos de vida ativo fisicamente através do estímulo da prática de atividades físicas, exercício físico e vivências individuais e grupais visando hábitos de vida favoráveis para uma boa saúde, com intervenções em extensão universitária contínua e pontuais, respaldadas no envolvimento das áreas do conhecimento presentes, buscando atuação e resultados interdisciplinares.

    As intervenções são realizadas de segunda a sexta, na própria Pró Reitoria de Extensão da Universidade do Estado da Bahia, nos espaços públicos de lazer e atividade física do bairro do imbuí e em uma escola estadual do bairro. Nas atividades propostas, são desenvolvidas vivências teóricas e práticas de acordo com a realidade dos participantes, suas demandas sociais, suas realidades físicas, funcionais, mentais, econômicas entre outras, analisando seu modo de viver, para reflexão e busca de uma melhor condição humana de vida. São realizadas palestras, rodas de cultura, caminhada, alongamento, ginástica aeróbica e localizada, aulas de expressão corporal, ações em atividades lúdicas, aulas de Tai-Chi-Chuan Terapêutico, oficinas anti stress, passeios educativos, oficinas de resgate da memória pessoal e familiar, construção de cartilhas educativas em promoção da saúde, entre outros. Todas as intervenções são iniciadas com avaliação física e funcional, avaliação e orientação postural, avaliação e orientação nutricional, avaliação anti-stress.

    Práticas Corporais: As práticas corporais desenvolvidas pelo projeto, possibilitam que os participantes adotem um estilo de vida fisicamente ativo, dentro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde, no qual indica a prática em cinco ou mais dias da semana de intensidade moderada. Além do estímulo ao estilo de vida ativo estas atividades favorecem a integração entre os participantes proporcionando diversos benefícios comportamentais e sociais, além da diminuição do risco de ocorrência e desenvolvimento das doenças crônicas degenerativas.

    Avaliação e Orientação Postural: A manutenção de posturas inadequadas durante as atividades de vida diária e as doenças osteomusculares podem ocasionar alterações das estruturas musculoesqueléticas e dessa maneira comprometer a realização das atividades cotidianas. Isto por sua vez, reduz as estratégias de movimento empregadas para recuperar a estabilidade podendo provocar quedas, sendo mais freqüente medo de quedas retornando ao ciclo, pois pode gerar inatividade ou diminuição desta que realiza mudanças das estruturas musculares e conseqüentemente maior probabilidade de quedas. No primeiro momento desta intervenção são realizadas avaliações posturais, que fornecem dados para as orientações no intuito de prevenção de doenças osteomusculares e quedas, as orientações são realizadas tanto para as atividades da vida diária de cada participante, como para a realização das práticas corporais.

    Avaliação e Orientação Nutricional: Para tais atividades prioriza-se o estímulo a adoção das práticas alimentares saudáveis e a prevenção e controle dos distúrbios nutricionais entre os participantes. Para as orientações realiza-se anteriormente a avaliação nutricional, para (re) conhecer a realidade na alimentação diária e acesso a alimentos. Dessa forma as orientações são realizadas de acordo com a realidade de vida de cada pessoa no que diz respeito a acesso aos alimentos e a ocorrência de doenças e agravos que podem ter relação direta com a alimentação. Além disso, os participantes podem conhecer quais os grupos alimentares podem ser benéficos ou prejudiciais à saúde.

    Atividades Culturais: São desenvolvidas diversas atividades, como contando história, o significados dos nomes, atividades em datas comemorativas, que promovam o resgate cultural e integração entre os adultos e idosos. São contempladas atividades que propiciem a participação ativa das comunidades e a identificação da realidade sócio- cultural em que vivem, além da integração entre comunidades interna e externa.

    Palestras de Orientação: As palestras são realizadas uma vez por semana e construídas de acordo com as dúvidas e necessidades dos participantes, e vinculam-se a temas gerais, dentre eles, a importância da proteção solar, violência, respeito às leis de trânsito, bem-estar, qualidade de vida, risco e prevenção de quedas, a importância da respiração diafragmática, comportamentos saudáveis, proporcionando a educação permanente que favoreçam a formação de redes e suporte social para que os indivíduos sejam agentes multiplicadores dos conhecimentos adquiridos nas comunidades onde vivem. Além disso, sempre são estimuladas as trocas de saberes dos conhecimentos multirreferenciais entre os participantes para que possa haver a ampliação das discussões entre os diversos saberes.

Considerações finais

    Acredita-se que uma equipe multiprofissional com caráter interdisciplinar, contribua para uma prática que esteja relacionada com a realidade e necessidade de cada população, contribuindo para o rompimento com as práticas fragmentadas e compartimentadas que estão distantes da realidade social e política que ainda são encontradas na área da saúde. As práticas exercidas com este projeto possibilitam uma maior escuta do indivíduo deixando de ser na doença e seus sintomas associados para então ser encontrada no acolhimento, na história de vida de cada um, nas condições em que vivem e nas suas necessidades em saúde, ou seja, dos determinantes de sua saúde.

    O projeto favorece a aproximação da comunidade externa para a Universidade, além disso, a inter- relação entre as comunidades possibilita uma discussão ampliada de acordo com as necessidades em saúde de cada uma, assim como a troca de saberes e conhecimentos multirreferenciais entre elas, consolidando o forte papel social que a Universidade possui.

    Extrapolando a questão profissional, no momento em que as práticas utilizadas são as que consideram uma estrutura social, como os indivíduos envolvidos como parte integrante e necessária para o planejamento e ações, observa-se que estas pessoas se identificam com a proposta. Garantindo então uma maior resolutividade das demandas levantadas e do compromisso com suas atividades do projeto. Para além da questão do entendimento da prática de um estilo de vida ativo, um estudo feito com o grupo evidencia a percepção das pessoas envolvidas que relatam como um importante mecanismo de vínculo social, onde é possível estabelecer e cultivar novas amizades, além da melhoria da saúde de uma forma geral. (PEREIRA, et al., 2009)

    Por conseguinte, acredita-se que políticas de promoção a saúde devem ser incentivadas e multiplicadas de forma a democratizar para as populações de forma que os indivíduos possam ter acesso a conhecimentos e práticas sobre Promoção da Saúde e Qualidade Social de vida para que estes possam adotar hábitos saudáveis, diminuindo as barreiras para a escolha de tais comportamentos (PEREIRA, et al., 2009). Sabe-se que tais barreiras muitas vezes independem dos setores específicos de saúde, porém se faz necessário a elaboração e implementação de ações mais abrangentes, interligadas e direcionadas para as mudanças nas condições sociais, ambientais e econômicas são essenciais para a melhoria da saúde da população, reforçando a efetividade em políticas públicas em Promoção da Saúde.

Referências

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