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Introdução

    Uma vida sedentária pode apresentar consequências indesejáveis para a saúde de todos os cidadãos. Sabemos, também, que a obesidade está presente cada vez mais nas sociedades de hoje por consequência do sedentarismo. As pessoas começam a procurar cada vez menos o exercício físico e com o desenvolvimento tecnológico, até as mais simples tarefas podem ser mecanizadas. Porém, não está apenas nas mãos do próprio indivíduo combater esses problemas. Afinal a sociedade é uma grande responsável por criar condições que facilitem a vida ativa.

    É necessário melhorar a saúde e o bem-estar dos indivíduos, praticando o exercício físico e regulando os hábitos alimentares do dia-a-dia de cada ser humano. Tanto a idade como o sexo associam-se à prática de atividade física, sendo o sexo masculino e a faixa etária mais nova os que praticam mais. É de salientar que quando possuímos uma melhor perceção da nossa imagem, maior é a prática de atividade física. Segundo Dishman (1993) se a atividade física fizer parte da norma do grupo, os jovens tenderão a ser mais ativos fisicamente. As estimativas atuais da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2007) relatam que 60% a 85% dos adultos nos países do mundo “não são suficientemente activos para beneficiar a sua saúde”.

    É de grande importância utilizar o potencial do desporto para favorecer a inclusão social, a integração e a igualdade de oportunidades. Este contribui de forma importante para a coesão económica e social e para uma maior integração na sociedade. A atividade física pode representar os jovens, as pessoas portadoras de deficiência e os mais desfavorecidos e pode igualmente facilitar a integração na sociedade dos migrantes e das pessoas de origem estrangeira, promovendo o diálogo intercultural.

    As políticas, as ações e os programas da União Europeia e dos Estados Membros podem explorar mais eficazmente o potencial do desporto enquanto instrumento de inclusão social.

    Normalmente as habilidades desportivas são praticadas nos locais tradicionais, como as instituições, escolas inclusivas, entre outros. As atividades são desenvolvidas por diversas pessoas, tais como: professores de educação especial, fisioterapeutas, familiares dos alunos, professores de educação física. Os objetivos visados nessas atividades são variados, englobando a aquisição de habilidade motora básica, melhoria da imagem corporal, uma maior participação nas atividades familiares, um maior reconhecimento da sociedade. Todos podem aprender sobre aqueles que são diferentes, mas que podem inspirar o mundo com a lição de que todos possuem qualidades para contribuir, não importando as suas limitações. Cada um tem o poder de fazer a diferença.

    Durante décadas os indivíduos com necessidades especiais foram muitas vezes desprezados. Assim, têm vindo a ser feitos esforços com vista à inclusão destes indivíduos, sendo a inclusão o processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, nos seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades educacionais especiais e, simultaneamente, estas preparam-se para assumir os seus papéis na sociedade. Certamente, apenas dar oportunidade à prática de atividades desportivas não garantirá automaticamente a inclusão. Para que esta ocorra, é importante que todos os envolvidos façam parte do objetivo da atividade seja ele educacional ou de lazer.

    Os jogos para o deficiente podem acontecer de forma individual ou colectiva. Em algumas atividades, o indivíduo pode agir sozinho e observar as reacções dos objetos às suas próprias ações: correr, empurrar, lançar bolas, etc. Essas atividades contribuem para a formação do auto conceito do indivíduo, permitindo que ele vá avaliando o seu crescimento em cada atividade que pratica. Por outro lado, os jogos em grupo podem ser utilizados para favorecer o desenvolvimento cognitivo, social e moral, estimulando atitudes de cooperação e respeito mútuos. A dinâmica do jogo em grupo permite que a criança aguarde a sua vez de jogar e falar, compreenda ordens, respeite o direito do outro, siga normas e regras, habituando-se a ganhar e a perder em interação com o grupo, com possibilidades de criação, adaptação e transformação.

Metodologia

    A conceção do Projeto¹, abarcou quatro fases: observação, planeamento, implementação e divulgação e reflexão.

    Durante a primeira fase foi observada a rotina dos clientes da Instituição no espaço de tempo de aproximadamente um mês, sendo o tempo de observação equivalente a mais ou menos quatro dias. Na segunda fase, as atividades pensadas² foram distribuídas aos vários tipos de público-alvo, como é o caso dos participantes das várias valências presentes na Instituição. Na terceira fase, o Projeto foi implementado semanalmente durante os meses de Abril e Maio e divulgado em meios de comunicação local, neste último mês, e posterior reflexão e apresentação em contexto académico, marcando assim a última fase.

Participantes

    A Instituição é constituída por várias valências: o CAO (Centro de Atividades Ocupacionais), com 60 clientes, a UE (Unidade Educativa), com 9 clientes, o CFE (Centro de Formação e Emprego), com 160 clientes. Refere-se também que os restantes membros da comunidade CERCIAG participaram no Projeto.

Situação-problema

    Após a observação do ambiente da Instituição constataram-se duas situações problema onde o grupo de trabalho poderia intervir: a) inatividade na hora após o almoço – os clientes da CERCIAG, após a hora do almoço, ficam numa sala de convívio sem atividades organizadas por um técnico ou monitor. Este tempo seria dinamizado com atividades que pudessem manter clientes ocupados, não só no dia em que o grupo se encontrava na instituição, mas também noutros dias; b) Pouco tempo passado em contextos sociais externos – seria importante que os clientes da CERCIAG tivessem contacto com a comunidade exterior à instituição, para que assim pudessem sentir-se inseridos e informados sobre aquilo que os rodeia. Sendo assim, o grupo de trabalho desenvolveu atividades no exterior levando-os a locais que são do seu gosto ou desconhecidos.

Sequência das atividades do projeto

    O esquema que se segue demonstra a sequencialidade das atividades realizadas e não cronologicamente. Assim, pretendeu-se fazer entender que a proposta de atividades teve um propósito, que foi combater as situações problema anteriormente descritas. Após os esquemas seguem-se breves descrições das atividades e registos fotográficos.

1.     Jornal de Desafios

    Esta atividade teve como objetivo mostrar à comunidade as atividades a realizar e os registos das realizadas. Os registos encontravam-se em formato fotográfico, na entrada da Instituição, como forma de facilitar a sua leitura e também o apelo à sua visualização e divulgação.

2.     Construção de materiais em FIMO

    O desenvolvimento da criatividade e da cooperação foi um dos objetivos para a realização desta atividade. Foi lançado o desafio de criarem objetos e materiais que pudessem ser vendidos, como forma de contribuir para o financiamento das atividades do Projeto, ou seja, para posteriormente ser devolvido à instituição de forma mais proveitosa. Exemplos de materiais construídos foram colares, brincos, porta-chaves, copos, entre outros. Esta atividade tinha também a finalidade de poder ser realizada em alturas em que o grupo não estivesse presente na instituição.

3.     Concurso “Mexe-te a dançar!”

    Esta atividade pretendeu colmatar a ausência de atividade após a hora de almoço, tal como descrito na situação problema. Era disponibilizada música nacional e internacional dos anos 70, 80 e 90 e materiais como bolas gigantes, arcos, lenços e balões para manipulação. Estes materiais eram do agrado dos clientes, simultaneamente com pequenos jogos e atividades físicas e motoras.

4.     Construção de Papagaios

    Esta atividade realizou-se durante a ausência do grupo. Para a construção do papagaio foi usado material reciclado e de expressão plástica cedido pela instituição. A atividade teve como finalidade ser concretizada posteriormente ao ar livre, preferencialmente no exterior da instituição, combatendo assim outra situação problema.

5.     Visionamento do filme “Wall-E”

    As temáticas da saúde, do amor, do desporto estão presentes no filme referido. Desta forma, pudemos apelar à atenção dos clientes juntamente com uma pequena conversa no final do filme. Para que a curiosidade aumentasse a atenção dos clientes, logo pela manhã foram distribuídos bilhetes de cinema a cada um, com a finalidade de puderem ver o filme, à tarde.

6.     Venda de peças em FIMO e percurso pela Universidade de Aveiro

    As peças em FIMO criadas anteriormente foram vendidas por um pequeno grupo de clientes (sete clientes mais monitores e técnicos) na Universidade de Aveiro, cujo local foi também visitado por eles. Mais uma vez, esta atividade vai de encontro à socialização e ao conhecimento do exterior da CERCIAG.

7.     Palestra “Na Praia com Saúde”

    Esta palestra foi organizada com o objetivo de que os clientes ficassem a perceber melhor as regras de segurança na praia e também regras de uma boa alimentação. Para este dia foi construído pelo grupo uma apresentação apenas com imagens de modo a que os clientes se sentissem “atraídos” pelo tema abordado. Juntamente com a apresentação de imagens, foram levados alguns acessórios necessários de utilização na praia como chapéu, protetor solar, toalha, água entre outros. O grupo contou também com o auxílio de pacotes de comida saudável e não saudável. A construção e realização de vídeos pelos próprios elementos do grupo representando o que se deve ou não fazer na praia (segurança na praia) tornou-se cativante para os clientes. Esta atividade, juntamente com a construção de papagaios veio com o propósito de os clientes, posteriormente, passarem um dia na praia. Esta actividade será descrita abaixo.

8.     Atividades físicas e motoras na Praia da Barra e no parque de jogos da Decathlon

    Uma das atividades realizadas na Praia da Barra foram circuitos de atividade física e desportiva, onde constavam materiais disponibilizados pela CERCIAG, como foi o caso de bolas, pinos, arcos, entre outros. Outra atividade realizada foi uma aula de surf. Apenas dez clientes puderam participar nesta aula, uma vez que os recursos disponibilizados eram limitados. É importante referir a ajuda das associações ligadas ao surf que nos cederam os recursos necessários à realização da aula. Outra atividade concretizada no espaço foi o lançamento dos papagaios construídos anteriormente. Por fim, os clientes foram direccionados ao parque de jogos da Decathlon, onde foram cedidos coletes e bolas para que pudessem ser praticados algumas atividades desportivas. A cada cliente e a alguns dos monitores foi entregue um kit, facilitando a supervisão do espaço.

9.     “Lanche do Amor”

    Esta última atividade consistiu no fortalecimento de laços afectivos entre clientes, monitores, técnicos e entre o grupo, através da entreajuda no espaço (cozinha da instituição). Durante a atividade foram cozinhadas refeições saudáveis pelos clientes e, posteriormente, ingeridas por todos.

10.     “Kit-SDL”

    A produção do kit foi conseguida através do financiamento da venda de peças em FIMO, elaboradas no âmbito do Projeto. Este kit era composto por um saco, uma t-shirt, e um chapéu com o logotipo criado. Constava também uma peça de fruta, uma garrafa de água, uma bola antisstress, um saco pequeno com autocolantes de um dos patrocinadores.

Kit SDL

Divulgação do Projeto

    O projeto foi divulgado por diversos meios.

Meios de comunicação social local

Painel na CERCIAG – Jornal de Desafios

 

Póster publicado na Universidade de Aveiro

 

Apresentação pública na Universidade de Aveiro

Apoios

Conclusão

    Com este Projeto teve-se em consideração determinadas áreas, tais como a saúde, o desporto e o lazer. Numa triangulação entre as questões da saúde, o envolvimento das práticas desportivas e a qualificação dos tempos livres dos clientes, o Projeto teve como uma das finalidades melhorar a qualidade de vida destes. Conseguimos não só prolongar e potenciar as aprendizagens e competências que estes já desenvolvem na instituição, mas também incentivar a sociabilização entre os clientes e os responsáveis.

    O Projeto contribuiu para:

• O combate ao sedentarismo dos clientes;

• A qualificação dos tempos de lazer;

• A socialização em diferentes contextos através da prática da Atividade Física;

• A participação dos trabalhadores da CERCIAG nas atividades desenvolvidas;

• A abertura de parcerias, para novos projectos baseados na prática de atividade física desportiva.

    O Projeto teve um impacto positivo na CERCIAG, nomeadamente nos clientes e trabalhadores participantes. Todos eles aderiram com grande entusiasmo a todas as atividades desenvolvidas, o que se tornou gratificante a todos os níveis. É importante referir que sem o apoio incondicional dos coordenadores, tanto da instituição como da universidade, de todo o pessoal trabalhador envolvido, dos clientes e da instituição, este projeto não seria o que foi.

Notas

1. O Projeto foi desenvolvido no âmbito da unidade curricular Projetos de Intervenção Educacional, do 3º ano da Licenciatura em Educação Básica da Universidade de Aveiro.

2. As primeiras três fases foram acompanhadas e supervisionadas, na CERCIAG, pelo Professor Miguel Cruz. Desta forma, as atividades pensadas eram adaptadas às necessidades do público-alvo.

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