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Postura, flexibilidade e o formato dos pés como fatores de 

alteração no grau de equilíbrio de adolescentes praticantes de futsal

La postura, la flexibilidad y la forma de los pies como factores de alteración 

en el grado de equilibrio de adolescentes practicantes de fútbol

 

*Professor do Curso de Fisioterapia da Universidade Feevale

**Acadêmicos do Curso de Fisioterapia da Universidade Feevale

(Brasil)

Jeferson Luciano Barossi*

Luiz Rossato Scapin** | Carlos Rossato Scapin**

Letícia Pedrassani** | Lisiane Inês Thewes**

Kássia Meira dos Santos** | Andrei Diego Bedin**

barossi@feevale.br

 

 

 

 

Resumo

          Como o futebol, o futsal também é uma modalidade desportiva caracterizada por esforços intermitentes, de extensão variada e de periodicidade aleatória. O futsal atual exige esforços de grande intensidade e curta duração, diferenciando esta modalidade esportiva de outras de alto nível. A agilidade dos acontecimentos e ações durante uma partida exige que o atleta esteja preparado para reagir aos mais diferentes estímulos, da maneira mais rápida e eficiente possível. Este estudo apresentou como objetivo principal avaliar o grau de equilíbrio e sua relação com a flexibilidade da cadeia posterior da coxa em adolescentes praticantes de futsal, oriundos de um clube da cidade de Novo Hamburgo / RS, bem como determinar o nível de flexibilidade, o trofismo muscular e a discrepância entre os membros inferiores, além de verificar o formato dos pés e avaliar a postura corporal. A amostra foi composta por 38 atletas de futsal com a idade média de 14,81 +/- 1,11 anos, estatura média de 164,79 +/- 8,26 centímetros e peso corporal médio de 59,89 +/- 11,74 quilogramas. As variáveis foram analisadas através de uma avaliação postural, goniometria, perimetria, análise da impressão plantar, teste da estrela e medida real da discrepância entre os membros inferiores. Os resultados apontaram incidência de 10,5% de pés cavos e 7,9% de pés planos; quanto à flexibilidade, o membro dominante apresentou déficit em relação ao contralateral; em relação ao trofismo muscular, houve déficit em dois pontos da coxa esquerda quando comparada a direita; o equilíbrio não apresentou diferenças significativas entre os membros inferiores; houve diferença significativa entre o comprimento dos membros inferiores, onde o membro inferior direito mostrou-se menor em relação ao esquerdo. Concluiu-se com a realização deste estudo que das variáveis analisadas, apenas a flexibilidade influenciou no equilíbrio dos adolescentes analisados.

          Unitermos: Equilíbrio. Futsal. Adolescentes.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Como o futebol, o futsal também é uma modalidade desportiva caracterizada por esforços intermitentes, de extensão variada e de periodicidade aleatória. O futsal atual exige esforços de grande intensidade e curta duração, diferenciando esta modalidade desportiva de outras de alto nível (REILLY; THOMAS, 1979; GUERRA; SOARES. BURINI, 2001). A agilidade dos acontecimentos e ações durante uma partida exige que o atleta esteja preparado para reagir aos mais diferentes estímulos, da maneira mais rápida e eficiente possível (CYRINO et al., 2002).

    Esta modalidade esportiva está associada a um alto índice de lesões corporais, causadas pelos padrões de movimentos exigidos, como saltos, corridas curtas e longas, mudanças rápidas de direção, cabeceios, chutes e muito contato físico entre os jogadores (SANTANA; REIS, 2003; STEWIEN; CAMARGO, 2005). Além das características próprias desta modalidade, outros fatores podem contribuir para a ocorrência de lesões, como alterações posturais, baixos índices de flexibilidade, movimentos desportivos incorretos, equipamentos inadequados, traumas diretos e o déficit proprioceptivo nos membros inferiores, principalmente nas articulações de joelho e tornozelo (RIBEIRO et al., 2003 & BONETTI; COELHO, 2004).

    A propriocepção é um mecanismo de percepção corporal em que os receptores periféricos (localizados em estruturas como músculos, tendões e articulações) enviam informações relativas ao movimento, estado de posição ou grau de deformação gerado nestas estruturas ao sistema nervoso central (SNC), que terá a função de processar, organizar e comandar o corpo adequadamente a fim de manter o controle postural (TOOKUNI et al., 2005; SILVESTRE; LIMA; 2003; WINTER, 1995).

    Juntamente com a propriocepção, outros dois sistemas, igualmente importantes para a manutenção do equilíbrio, estão atuando: o sistema visual e o vestibular (WINTER, 1995). O equilíbrio, por sua vez, é um processo dinâmico da postura corporal para prevenir quedas, pela manutenção da projeção do centro de gravidade dentro da área da base de suporte do corpo, que requer ajustes constantes da atividade muscular e do posicionamento articular, baseado nas informações enviadas pela visão, sistema vestibular e sistema proprioceptivo (TOOKUNI et al., 2005 & WINTER, 1995). O equilíbrio também é representado pelos pés, que são estruturas fundamentais, uma vez que distribuem forças de reação, absorvem pressões e intermediam ajustes posturais, fazendo parte, portanto, do sistema somatossensorial que intermédia às condições de equilíbrio (GAGEY; WEBER, 2000).

    As articulações do pé são responsáveis pela orientação do mesmo em relação aos eixos da perna para que esse possa orientar-se corretamente no chão, seja qual for à posição da perna e a inclinação do terreno e também modificam tanto a forma quanto a curvatura da abóboda plantar permitindo uma melhor adaptação às desigualdades do terreno, concedendo elasticidade e flexibilidade ao passo (KAPANDJI, 2000).

    A avaliação da flexibilidade é de grande importância no estudo das limitações da amplitude de movimento das articulações, acompanhando a prática de fisioterapia, em todos os seus aspectos e proporcionando critérios para a investigação dos encurtamentos musculares e das contraturas (MCDOWELL et al., 2000).

    Este estudo apresentou como objetivo principal avaliar o grau de equilíbrio e sua relação com a flexibilidade da cadeia posterior da coxa em adolescentes praticantes de futsal, oriundos de um clube da cidade de Novo Hamburgo / RS, bem como determinar o nível de flexibilidade, o trofismo muscular e a discrepância entre os membros inferiores, além de verificar o formato dos pés e avaliar a postura corporal.

Metodologia

1.     Amostra

    O presente estudo foi realizado no clube de futsal União Jovem do Rincão - UJR nas categorias de base sub-17 e sub-15 em Novo Hamburgo-RS. A amostra foi composta por 38 atletas de futsal com a idade média de 14,81 +/- 1,11 anos, estatura média de 164,79 +/- 8,26 centímetros e peso corporal médio de 59,89 +/- 11,74 quilogramas.

2.     Instrumentos

    Os instrumentos utilizados para a realização das respectivas avaliações foram uma avaliação postural, um pedígrafo, fitas métricas, goniômetro e trena.

3.     Procedimentos

    Para a realização das respectivas avaliações, foi solicitado aos atletas que utilizassem apenas calção, permanecendo descalços e sem camisas.

Peso e estatura

    Para a mensuração do peso e estatura dos atletas foi utilizada uma balança e estadiômetro da marca Filizola®. Para mensurar a estatura foi solicitado que os mesmos realizassem uma inspiração forçada seguida de uma apnéia.

Avaliação postural

    A avaliação postural foi realizada conforme sugerido por Santos (2005), onde os atletas foram avaliados trajando calção, os pés descalços e em posição de bipedestação.

Verificação da impressão plantar

    Para verificação da impressão plantar foi utilizado um pedígrafo da marca Suavepie®, o qual consiste em uma lâmina de silicone, onde em uma das faces é colocada, exercendo-se pressão na face oposta, deixando impresso em uma folha de papel A4 o formato de seu pé. A partir da impressão foi calculado o índice de contato, conforme descrito por Qamra e Deodhar (1980). De acordo com o resultado obtido, o formato do pé foi classificado como normal, plano ou cavo. A impressão plantar foi realizada no pé dominante dos atletas.

Perimetria

    A perimetria foi realizada com fita métrica plástica, com o atleta deitado, membros inferiores em extensão e calcanhares apoiados sobre uma plataforma de EVA, a fim de que a musculatura permanecesse totalmente relaxada. Foi tomada como ponto referencial a borda superior da patela, sendo aferidas as distâncias de 0, 8, 16 e 24 centímetros acima do ponto referencial e o ponto de maior diâmetro da panturrilha (NORTON; OLDS, 2005).

Discrepância

    Para a mensuração da discrepância, o atleta permaneceu deitado com os membros inferiores estendidos. Mediante o uso de fita métrica plástica, realizou-se a discrepância real, verificando a distância entre as espinhas ilíacas ântero-superiores e os maléolos mediais, e a discrepância aparente, através da distância entre a cicatriz umbilical e os maléolos mediais.

Grau de equilíbrio

    Foi realizado o teste Star Excursion Balance Test (SEBT) conforme adaptação feita de Meneghini et al. (2009), com o atleta descalço, em pé no centro de uma grade colocada no chão com três linhas estendendo-se a avanços de 45o do centro da grade. Essas linhas foram nomeadas da seguinte maneira: anterior (A), posteromedial (PM) e posterolateral (PL), de acordo com a direção de excursão em relação ao membro de apoio.

    A grade foi construída no solo com três fitas métricas plásticas fixas. Para a realização do teste o atleta se manteve em pé sobre uma perna, enquanto o membro oposto movimentava-se sobre as respectivas direções (fitas métricas) sem tocar o solo, alcançando a maior distância possível ao longo das linhas, sem desequilibrar-se. Antes da realização do teste, os atletas fizeram um treinamento prévio por 2 minutos para adaptação e compreensão do mesmo.

Flexibilidade da cadeia posterior

    Para avaliação da flexibilidade da cadeia posterior da coxa, foi realizado a goniometria da articulação do joelho com o atleta posicionado em decúbito dorsal, membro contralateral em extensão e membro a ser avaliado (dominante) em flexão de quadril a 90º. Em sequência, o examinador movimenta a perna do atleta tentando realizar a máxima extensão possível até o limite de desconforto suportável pelo mesmo. A diferença em graus até a máxima extensão foi tomada como medida.

Análise e discussão dos resultados

Gráfico 1. Formato dos pés dos atletas (n=38)

    O pé plano é representado pelo abaixamento do arco longitudinal medial, onde o pé é construído de modo a ter um arco baixo quando se encontra na sua postura ideal para determinado individuo (DANGELO; FATTINI 2002). O pé cavo é o oposto do pé plano, neste ocorre um aumento da curvatura plantar do pé, observa-se uma descontinuidade na impressão plantar na passagem do retro pé para o ante pé, apresentando uma medida inferior a um terço da medida do ante pé (BULLA, 2010). O pé normal é assim denominado quando o individuo apresenta a largura da impressão plantar do médio-pé correspondente a um terço da largura da impressão plantar do ante pé (PRZYSIEZNY, 2006).

    Em estudos realizados por Ribeiro et al. (2003), atletas de futsal apresentaram uma prevalência de 52.1% (pé plano), 47.8% (pé normal), ao passo que nenhum dos colaboradores apresentou pé cavo quando analisado o membro inferior esquerdo. Já o membro inferior contralateral (direito) apresentou 60.8% (pé plano), 34.8% (pé normal) e 4.3% (pé cavo). Verificamos em nosso estudo, como pode ser visto no gráfico acima, que a ocorrência de atletas com pés cavos correspondeu a 10.52%, sendo que destes 75% eram destros e 25% canhotos. Os que apresentavam pé plano eram 7.89%, destes 66.6% e 33.3% eram destros e canhotos, respectivamente. Estas diferenças podem ser explicadas pelo método de avaliação e amostra analisada de acordo com a faixa etária.

    Quanto ao equilíbrio, indivíduos com o arco plantar normal apresentam um melhor equilíbrio que os indivíduos com os pés planos ou cavos (MIYASHIRO, C.; TANAKA C, 2002). No entanto em estudo realizado por Correa e Pereira (2005) com escolares, ao avaliar o formato dos pés identificou-se uma alteração do equilíbrio, onde os alunos com pés normais apresentavam aspecto decidido e sem apreensão dos dedos. Já os alunos com pés planos apresentaram a cabeça-braço-tronco permanentemente para frente e um pouco de descoordenação pernas/braços, demonstrando um equilíbrio ineficiente.

    Em nosso estudo não foram encontradas alterações significativas entre o equilíbrio e o formato dos pés, mesmo quando estes foram analisados isoladamente.

Tabela 1. Discrepância real entre os membros inferiores (n=38)

 

Gráfico 2. Alterações posturais na coluna dorsal (n=38)

    A adolescência caracteriza-se por ser uma fase em que ocorre alteração significativa, repentina e desordenada do corpo, facilitando o aparecimento ou a acentuação dos desvios na postura. Contudo, parece ser esse o período mais propício para interferir sobre as estruturas esqueléticas, corrigindo e realinhando-as mais efetivamente, pois o crescimento não se encontra totalmente concluído (BRACCIALLI, 2000). A escoliose é uma condição potencialmente progressiva que afeta crianças durante sua fase de crescimento (HEBERT et al., 1998). A escoliose compensatória é causada, sobretudo pela existência de uma perna mais curta que a outra e báscula pélvica, devido à contratura dos músculos dos quadris, em abdução ou adução; quando o paciente se senta, cancelando assim, a assimetria das pernas, a curva desaparece (BRADFORD et al., 1994). Por iguais razões, tem-se que a discrepância de membros inferiores pode provocar alterações posturais, isto porque o intuito de compensar o tamanho necessário para manter o equilíbrio pélvico e ficar em condições de equilíbrio é compensado através de um desequilíbrio inverso de mesmo valor e no mesmo plano. Deve-se salientar que a discrepância de até 5 mm pode ser considerada fisiológica, haja vista que o crescimento entre os membros inferiores não ocorre simultaneamente, mas de modo alternado (BIENFAIT, 1995). De acordo com a tabela 1 observa-se que houve diferença significativa entre os membros inferiores dos adolescentes. Isto pode explicar a presença de gibosidade em 6 indivíduos (15,8%) da amostra, conforme ilustra o gráfico 2.

    De acordo com Braccialli e Vilarta (2000) é necessário manter-se atento, pois o período do estirão de crescimento na adolescência parece ter correlação com o desenvolvimento e acentuação de desvios posturais. Vale reiterar que é no período do estirão de crescimento (10 a 15 anos) que as estruturas corporais se desenvolvem mais rapidamente, ocorrendo assimetrias e compensações que possibilitam a ocorrência de alterações das curvaturas da coluna vertebral, sendo que as da região torácica são aquelas que levam a comprometimentos mais sérios. Cumpre observar que a partir do momento que uma das curvaturas sofre alterações, as demais também estarão se modificando, na tentativa de compensar o desvio. A postura normal é sensivelmente afetada no momento do estirão de crescimento, ou seja, na fase na qual as possíveis alterações posturais ocorrem com maior frequência (SHEPHERD, 1995; KNACKFUSS et al., 2004).

Gráfico 3. Presença de alterações posturais na região lombopélvica (n=38)

    O gráfico acima ilustra a alteração postural da região lombopélvica. Podemos observar que 9 atletas apresentaram pelve anterovertida e hiperlordose lombar. Araújo, Seefeld e Alves (2009) encontraram incidência de 66,7% dos atletas com hiperlordose associada com anteroversão pélvica. A mesma relação foi encontrada em 73% dos atletas em estudo realizado por Júnior, Pastre e Monteiro (2004) que justificam que a anteroversão pélvica ocorre como consequência da retração dos músculos flexores do quadril e extensores do joelho, os quais contribuem para a formação da hiperlordose lombar que através de um mecanismo compensatório desencadeia a retração da cadeia muscular posterior. Segundo Bienfait (1995), não há hiperlordose lombar sem anteroversão pélvica. Dentre as causas que levam à hiperlordose lombar e anteroversão do quadril estão a tensão dos flexores de quadril, a contratura da musculatura lombar e fraqueza dos músculos abdominais e glúteos. O quadríceps é um dos músculos mais exigidos no futsal, por ser a musculatura mais trabalhada nos tiros curtos, médios e longos, paradas bruscas, disputas de bolas, saltos, divididas e trancos (FERREIRA et al., 2010). Normalmente, o músculo quadríceps é mais enfatizado no trabalho de reforço muscular para que o atleta “otimize” a potência (performance) do seu chute e seu rendimento em campo (ARAÚJO et al., 2009). Em estudo realizado com 50 atletas de futsal do sexo masculino com idade de 9 a 16 anos, Ribeiro et al. (2003) perceberam 62% de casos com aumento da curvatura lombar. A prática esportiva tem se iniciado cada vez mais cedo, o que pode gerar alterações posturais dos atletas, decorrentes do treinamento precoce, uma vez que o organismo das crianças ainda está em fase de desenvolvimento, sendo mais suscetíveis a sobrecargas externas (AKASHI et al, 2001).

Tabela 2. Goniometria dos membros inferiores (n= 38)

    Conforme a tabela 2, o membro dominante apresentou-se estatisticamente, em média, menos flexível que o contralateral. O treinamento intenso e repetitivo de uma modalidade esportiva proporciona a hipertrofia muscular e a diminuição da flexibilidade. Geralmente, o membro dominante tende a apresentar uma flexibilidade diferente quando comparado com o membro não dominante (HALL, 2005; RIBEIRO et al., 2003). Nossos achados assemelham-se aos estudos anteriores, apresentando igualmente menos flexibilidade no membro dominante quando comparado com o contralateral. Entretanto, em um estudo realizado por Rahnama, Less e Bambacichi (2005) onde foram avaliados 41 jogadores de futebol, não houve diferença significativa de flexibilidade entre o membro dominante e não dominante.

    A prática do futebol tende a reduzir a flexibilidade e, somado ao déficit de força muscular, são fatores limitantes ao desempenho desportivo, facilitando o aparecimento de lesões musculares e desequilíbrios posturais. Segundo Witvrouw et al. (2003), jogadores de futebol que apresentaram uma flexibilidade reduzida dos músculos isquiotibiais e quadríceps tiveram um maior risco para o desenvolvimento de uma subseqüente lesão musculoesquelética. Neste mesmo sentido, Krivickcas e Freinberg (1996) ao avaliarem 201 atletas de diferentes modalidades esportivas concluíram que aqueles atletas que possuíam um déficit de amplitude de movimento de extensão do joelho com o quadril posicionado em 90º de flexão, maior ou igual a 25º apresentaram aumento da incidência de lesão nos músculos isquiotibiais.

    Em nosso estudo observamos que a diferença percentual da flexibilidade do membro dominante em relação ao contralateral foi de 49,38%. Knapik et al. (1991), ao avaliarem atletas universitárias, identificaram que aquelas atletas que possuíam diferenças iguais ou superiores a 15% de flexibilidade nos músculos isquiotibiais entre os membros inferiores, apresentaram aumento na probabilidade para o desenvolvimento de lesão, sendo este valor considerado o limite de assimetria de flexibilidade entre os membros dominante e não-dominante. Sendo assim, os dados do nosso estudo sugerem que os atletas apresentam um risco aumentado para o desenvolvimento de lesões uma vez que os valores de flexibilidade obtidos foram superiores aos identificados como preditores de lesão por Knapik et al. (1991).

Tabela 3. Nível de significância em relação ao equilíbrio (n=38)

    As estruturas ósseas do corpo humano são destinadas a suportar e transmitir o peso superposto. Segundo Kendall, McCreary e Provance (1995) quando os músculos e ligamentos deixam de oferecer suporte adequado, as articulações excedem sua amplitude normal e a postura se torna incorreta, tornando-se um vício postural. A fim de manter uma posição em um bom alinhamento, deve haver adequado equilíbrio muscular entre conjuntos oponentes de músculos. Quando observamos a tabela 4 notamos que existe diferença significativa em relação ao trofismo dos membros inferiores dos indivíduos analisados em dois pontos da coxa. Embora estatisticamente não tenha apresentado significância, o equilíbrio apresenta uma tendência a ser menor naqueles indivíduos que apresentam déficits de força muscular e flexibilidade entre os membros inferiores, predispondo os mesmos a lesões articulares devido à menor estabilização pelos músculos envolvidos. A fraqueza muscular pode causar um alinhamento defeituoso, que pode dar origem à fraqueza de estiramento, podendo ser definida como o efeito sobre os músculos de permanecer em uma condição alongada, além da posição neutra (repouso fisiológico) (KENDALL; McCREARY; PROVANCE, 1995). Quanto à flexibilidade, observamos que houve correlação positiva quando analisado o equilíbrio dos adolescentes. Os indivíduos que apresentaram menor flexibilidade apresentaram também déficit em relação ao equilíbrio póstero-medial (p=0,038).

Tabela 4. Trofismo dos membros inferiores (n=38)

    Corrigan, Cashman e Brady (1992) analisaram a habilidade dos indivíduos com LCA lesado em detectar a posição estática e pequenas alterações na angulação articular e verificaram que estes apresentam redução do torque extensor (força) em relação ao torque flexor e maior dificuldade de detecção dos movimentos. Assim, a perda da força muscular foi associada à perda proprioceptiva. Desta forma, podemos imaginar que o contrário também possa acontecer, ou seja, a diminuição da força muscular nos membros inferiores pode resultar num déficit de tempo de ativação da musculatura extensora do joelho (quadríceps) com consequente diminuição da capacidade dinâmica de estabilização, predispondo o atleta a algum tipo de lesão articular.

    De acordo com a tabela 4 observou-se que existe diferenças significativas em dois pontos da coxa dos indivíduos (0 cm e 16 cm, respectivamente), conforme ilustra a tabela 4.

Conclusão

    Concluímos com a realização deste estudo que a discrepância nos membros inferiores influenciou diretamente na postura corporal da amostra analisada, visto que muitos adolescentes apresentaram escoliose associada. Quanto ao formato dos pés, não houve correlação positiva quando analisado o equilíbrio. Embora alguns indivíduos apresentassem pés planos e cavos, este fator não causou qualquer alteração na capacidade dos mesmos em manter-se equilibrados, conforme analisado através do teste da estrela (SEBT) para a direção anterior (p= 0,322), póstero-lateral (p= 0,075) e póstero-medial (p= 0,086). O trofismo muscular do membro inferior esquerdo apresentou diferença significativa em dois pontos (0 cm e 16 cm, respectivamente) quando comparado ao membro inferior direito, predispondo o indivíduo a lesões musculares, além de diminuir a capacidade de estabilização do membro inferior em questão. A postura corporal apresentou alterações quanto ao segmento lombopélvico e coluna dorsal. Boa parte da amostra analisada apresentou gibosidade torácica, ao passo que anteroversão pélvica e hiperlordose lombar foram às alterações mais encontradas na região lombopélvica.

    Por fim, em relação à flexibilidade, houve correlação positiva quando comparados os membros inferiores (p=0,0001), apresentando o membro dominante déficit em relação ao contralateral. Quando correlacionado ao equilíbrio dos adolescentes, este déficit apresentou significância estatística (p= 0,038) em relação à direção póstero-medial no teste da estrela (SEBT). Desta forma concluímos que a flexibilidade influenciou no equilíbrio dos adolescentes.

Referências bibliográficas

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