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Plano terapêutico para funcionários do setor 

de limpeza de um hospital da cidade de Ubá, MG

Plan de tratamiento para los empleados del sector de limpieza de un hospital de la Ubá, MG

 

*Graduado em Fisioterapia pela Universidade Católica de Petrópolis

Especialista em Ergonomia pela Universidade Gama Filho

Mestre pela Facultad de Cultura Física de Matanzas, Cuba

**Graduada em Enfermagem pela Universidade Professor Antônio

Carlos (UNIPAC) Ubá, Mestre pela Facultad de Cultura Física de Matanzas, Cuba.

***Professora Mestre em Pedagogia do Movimento Humano

em Educação Física pela Universidade Gama Filho (RJ)

Andrês Valente Chiapeta*

Nádia Aparecida Soares Diogo**

Silvia Maria Saraiva Valente Chiapeta***

andreschiapeta@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Para verificar se a utilização da corrente elétrica TENS, em sua freqüência Burst, aliada ao exercício físico de alongamento e relaxamento, contribui na redução de acometimentos por distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, foram avaliados 10 funcionários do sexo feminino do setor de limpeza de um hospital da cidade de Ubá – MG. Para coleta dos dados, utilizou-se de três instrumentos, o Questionário Nórdico Segundo Kuorinka (1987) para avaliar os pontos de dores, o questionário que buscava verificar o nível de satisfação dos funcionários com o programa e o outro com o intuito de avaliar o nível de percepção dos funcionários quanto aos pontos de dores. Os resultados obtidos mostraram uma melhora significativa quanto aos pontos de dores e no nível de percepção da dor por parte dos funcionários. Constatou-se, também, que houve uma percepção maior para a pausa durante trabalho e a quebra da rotina, em relação às demais opções do questionário. Pelos resultados obtidos, inferiu-se que a utilização do TENS com exercícios de alongamentos e relaxamento contribui na diminuição dos acometimentos por distúrbios osteomusculares dos funcionários de um hospital da cidade Ubá – MG.

          Unitermos: Plano terapêutico. Funcionários do hospital. Distúrbios osteomusculares.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo Couto et al (1998), no Brasil, o número de lesões por esforço repetitivo (LER), é a principal causa de enfermidades ocupacionais, contribuindo com mais de 65% dos casos reconhecidos pela Previdência Social.

    No que se refere à terminologia lesão por esforços repetitivos (LER), aos poucos, esta vem sendo substituída por distúrbios Osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Esta permuta se deve ao fato de se tratar de um distúrbio e não de lesão. Nos dizeres de Pinto e Valério (2000), em uma primeira fase precoce ocorrem distúrbios tais como fadiga, peso nos membros e dor e, em fases mais adiantadas, as lesões.

    Beirão e Silva, citados por Vieira (1999), afirmam que, embora relacionadas quase sempre ao trabalho regular e do cotidiano, desempenhado por milhões de sujeitos nas mais diferentes áreas da atividade produtiva, as LER/DORT também podem envolver tendões, bainhas sinovias e músculos de atletas, músicos, bailarinas e até donas de casa que, apesar de cultivarem atividades físicas repetitivas, sem pausas apropriadas para um devido recondicionamento muscular, também são vítimas destes acometimentos.

    Koltiarenko (2005) define DORT como qualquer distúrbio que certamente esteja relacionado ao trabalho, independentemente do segmento afetado, sendo que a etiologia deste conjunto de afecções é difícil e envolve diversos fatores. Couto (1998) complementa, relatando que os distúrbios são decorrentes dos fatores físicos, psicológicos, sociais, biomecânicos e de posto/organização do trabalho. Dentre os fatores biomecânicos centrais destas afecções estão a força, postura imperfeita, repetitividade, vibração e compressão mecânica.

    Para tentar minimizar estas moléstias ocupacionais, programas de ginástica laboral vêm sendo implantados nas empresas. Segundo Polleto e Amaral (2004), a implantação destes programas busca não apenas a simples alteração na vida rotineira, mas despertar nos trabalhadores a necessidade de mudança do estilo de vida. O mais convincente dos argumentos utilizados para demonstrar sua importância é que a atividade física constitui-se em um importante instrumento de promoção da saúde e da produtividade, e que vale a pena praticar exercícios físicos regularmente. Nas palavras dos autores, o ritmo excessivo de trabalho, as posturas inadequadas, os esforços físicos, os movimentos repetitivos, aliados a condições penosas dos postos de trabalho causam tensões no corpo. Assim, estes autores demonstram que tais condições são nocivas à saúde e podem ser responsáveis pelo afastamento temporário ou até mesmo pela invalidez permanente dos trabalhadores, haja vista que as tensões ainda podem ocasionar falta de atenção no trabalho, caminho direto para baixa produtividade e acidentes de trabalho.

    Conforme Amaral e Moura (2002), a implantação de pausas com exercícios ou programa de ginástica laboral (PGL), durante a jornada de trabalho, é uma medida importante, que permite o descanso e a recuperação muscular do trabalhador. Estudos sobre rotação de postos de trabalho aliada à prática de exercícios apontam que essa prática constitui em uma importante medida administrativa a ser adotada em processos produtivos, permitindo que o trabalhador reveze suas atividades, evitando assim a sobrecarga muscular em um mesmo segmento corporal.

    Em sua experiência com a ginástica laboral, Oliveira (2006) estrutura um programa com exercícios específicos de alongamento, de fortalecimento muscular, de coordenação motora e de relaxamento. Sugere o autor que esses exercícios, quando realizados em diferentes setores da empresa, têm como finalidade central prevenir e diminuir os casos de LER/DORT.

    O presente estudo objetiva demonstrar a eficácia da ação combinada entre o TENS, em sua freqüência Burst, e atividade física, nas pausas laborais, na minimização dos efeitos dolorosos, em trabalhadores do setor de limpeza de um hospital da cidade de Ubá - MG.

Metodologia

    A pesquisa foi desenvolvida em um hospital da cidade de Ubá – MG, Brasil, onde não existe um programa de ginástica laboral implantado, e tem como objetivo comparar um grupo em dois momentos, um antes da intervenção e um depois, utilizando variáveis aleatórias contínuas.

    O hospital onde ocorreu o estudo possui em seu setor de limpeza com 10 funcionárias e uma média de idade de 48,00 ± 10,07.

    Os dados foram coletados no período entre 25 (vinte e cinco) de novembro de 2009 e 5 (Cinco) de maio de 2010, através de três instrumentos. O primeiro foi o Nordic Musculoskeletal Questionaire (NMQ) de Kuorinka et al (1987), validado por Pinheiro et al (2002), aplicado antes e depois do tratamento experimental, com o objetivo de verificar e registrar as queixas osteomusculares considerando os 12 meses e os sete dias precedentes a entrevista. O segundo e terceiro instrumentos foram questionários, um com o objetivo de avaliar o nível de satisfação dos funcionários e o outro, de avaliar a percepção dos funcionários com relação aos pontos de dores. Para validar a consistência interna do instrumento de medida, este foi avaliado por quatro especialistas, professores universitários: um com formação em Fisioterapia e três em Educação Física.

    As funcionárias que participaram deste estudo têm uma jornada de trabalho diária de doze horas (06h00min às 18h00min), folgando por 36 horas. A atividade foi realizada com as funcionárias que estavam de serviço no dia. Assim, os dois plantões participavam duas vezes do experimento, em cada semana.

    Para a realização do programa, cada dupla teve um tempo de 20 minutos, dos quais quinze eram para intervenção do TENS (aparelho de eletro analgesia, NEURODYM II da IBRAMED GERAÇÃO 2000, TENS/FES, nº de série 3256, este aparelho possui 2 (dois) canais com 4 (quatro) eletrodos, dois de cada canal) em sua freqüência Burst, e nos cinco minutos restantes realizavam-se exercícios de alongamento e relaxamento.

    Para análise dos dados, utilizou-se a estatística descritiva, através da relação percentual dos dados. O Student’s paired t-test foi utilizado para comparação antes e depois nos pontos de dor. Em toda análise estatística foi usado o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS® 17 for Windows, Chicago, IL, USA). Em todos os casos o nível de significação estatística foi fixado a p < 0.05.

Resultados e discussão

    A saúde ocupacional é um grande problema para as empresas. Os DORT é um assunto difícil e controverso, não só quanto ao início como também ao diagnóstico, tratamento e estabelecimento do nexo causal.

    Deste modo, uma das grandes dificuldades, no que se refere aos DORT, é o estabelecimento do diagnóstico, pois, tendo como seu sintoma central a dor e esta sendo subjetiva, a avaliação clínica depende quase consecutivamente dos relatos do trabalhador, já que a ausência de sinais tanto físicos quanto nos exames complementares é normal.

    Ao analisar o setor de limpeza antes da intervenção do plano terapêutico, nota-se, na Figura 1, que a coluna lombar continua sendo a região em que os funcionários assinalam como sendo a de maior percepção quanto aos pontos de dor (70%) nos dois momentos, seguidos dos punhos e mãos (70%) nos dois momentos, os ombros (70%) em doze meses e (60%) em sete dias, a torácica (60%) em doze meses e (50%) em sete dias e a cervical (60%) em doze meses e (40%) em sete dias.

Figura 1. Pontos de dor antes da intervenção no setor da limpeza

    No caso específico da limpeza, observa-se em segundo lugar, com maior queixa a região dos punhos e mãos. É provável que tal resultado se deva ao fato do alto número de torções que estas funcionárias têm de realizar nos panos de chão durante as doze horas diárias, e, além disto, as vassouras e os rodos não possuem pegas ergonômicas o que também poderia estar ajudando na sobrecarga desta articulação.

    Os resultados obtidos estão em consonância com os dizeres de Polleto e Amaral (2004), ao relatar que um ritmo excessivo de trabalho, posturas inadequadas, esforços físicos, movimentos repetitivos, juntamente com más condições dos locais de trabalho, podem causar tensões no corpo e trazer comprometimento à saúde. Com a mesma linha de interpretação dos fatos, Reis et al (2000) afirmam que, independente do tipo de atividade, a repetitividade gestual, posição inadequada, impactos, vibrações e pressão mecânica sobre determinado local do corpo, são fatores de riscos para doenças osteoarticulares.

    A Figura 2 demonstra os percentuais de percepção da dor do setor de limpeza após a implantação do plano terapêutica. Como se pode verificar, a coluna lombar, punhos e mãos que apresentavam o maior índice de percepção de dor, 70%, tiveram uma redução, a coluna lombar para 40% nos últimos doze meses e 30% nos sete dias, os punhos e mãos uma redução para 20% nos doze meses e 10% nos sete dias.

Figura 2. Pontos de dor após a intervenção no setor da limpeza

    É valido ressaltar que em todas as regiões verificou-se diminuição no nível de percepção da dor, o que leva a inferir que a intervenção foi produtiva para pontos de dores osteomusculares.

    Estes resultados parecem indicar a importância da pausa na jornada de trabalho, que conforme afirmam Amaral e Moura (2002), pausas com exercícios durante a jornada de trabalho são medidas importantes, permitindo o descanso e a recuperação muscular do trabalhador. Galinsky et al (2000) destacam sobre a importância das pausas para prevenção das LER/DORT. Os autores compararam dois esquemas de pausas, sendo que um deles levaria o dobro de pausas do que o outro e concluíram que quando há um número maior de pausas curtas durante a jornada de trabalho, os trabalhadores sentem menos dores, além de se sentirem mais dispostos.

    O setor da limpeza apresentou números bastante positivos em relação à percepção dos pontos de dor. A média dos funcionários com uma melhora efetiva foi de 68,88 ± 20,27, enquanto os que melhoraram pouco foram de 25,55 ± 15,89, e os que não sentiram esta melhora foi de apenas 5,55 ± 7,26.

Tabela 1. Resultados observados quanto aos pontos de dor no setor de limpeza

    Poder-se-ia, então, levantar a hipótese de que as alternativas propostas no tratamento experimental trouxeram benefícios para os funcionários do setor de limpeza, diminuindo os pontos de dor e, conseqüentemente, melhorando a qualidade no trabalho destes funcionários.

    Neste contexto, Oliveira (2006) relata que a ginástica laboral traz benefícios não somente para o trabalhador, mas também para empresa. Soma-se a este fato a prevenção dos acometimentos das LER/DORT. Afirma também que a ginástica laboral tem se mostrado ferramenta importante na melhora do relacionamento interpessoal e o alívio das dores corporais.

    Analisando ainda mais os possíveis efeitos do tratamento experimental, o estudo teve a preocupação de verificar o nível de satisfação dos funcionários.

    Os resultados encontrados foram significativos, ou seja, P<0.05, no que se refere à pausa durante o trabalho evidenciado como de maior importância para os funcionários da limpeza. Isto pode ser explicado pelo fato de, no setor de limpeza, o número de funcionários serem insuficientes para o tamanho do hospital e, com isto, cada uma destas trabalhadoras fica responsável por mais de um setor hospitalar, o que gera um gasto energético muito grande, e torna a atividade laboral bastante cansativa. Assim, este setor está mais fragilizado a necessidade da pausa do trabalho e a quebra da rotina.

Conclusão

    Os resultados obtidos sugeriram que a região da coluna apresentou altos índices de acometimentos, entretanto, apresentou melhoras após tratamento experimental. Sugerem, também, que a utilização do TENS Burst foi efetivo no tratamento experimental na percepção dos funcionários.

    Verificou-se que com o programa de ginástica laboral terapêutico proposto é possível prevenir e diminuir o acometimento dos trabalhadores no que diz respeito às enfermidades ocupacionais.

Bibliografia

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