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Perfil epidemiológico dos atletas profissionais do Vila 

Nova Futebol Clube no campeonato brasileiro série B 2010

Perfil epidemiológico de los jugadores profesionales del Vila Nova Futebol Clube en el campeonato brasileño serie B 2010

Epidemiological profile of professional players from Vila Nova Soccer Club in the Brazilian championship B series in 2010

 

Fisioterapeuta Graduado pela PUC-Goiás

Fisioterapeuta, Educador Físico, Mestre em Fisioterapia UNITRI

Doutorando em Ciências da Saúde UFG, Bolsista da FAPEG

Docente do curso de Fisioterapia da PUC-Goiás

Gustavo Amon Abreu dos Santos*

Renato Alves Sandoval**

rasterapia@ig.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico dos atletas profissionais de futebol do Vila Nova Futebol Clube no campeonato brasileiro da série B de 2010. Trata-se de um estudo epidemiológico de coorte retrospectivo, onde se avaliou 37 prontuários. Em seus resultados, o presente estudo relata que os atacantes mostraram ser a maioria do elenco e também os mais lesionados; os destros compunham a maior parte do plantel do time; o grupo era formado em sua grande parte por atletas considerados segundo reservas; os atletas apresentaram média de idade baixa; a altura dos jogadores teve média de 1,78 metros; o peso dos componentes do time apontou uma média de 73,44 kg; as lesões de tecidos moles foram altamente prevalentes no plantel; dentre os segmentos corporais afetados, a coxa mostrou maior domínio; e os jogadores apresentaram em média 18,9 dias de afastamento da prática esportiva. Conclui-se com a realização deste estudo que os atletas de futebol estão altamente sujeitos a lesões, ficando afastados do plantel, em média, mais de 18 dias ao se lesionar, sendo que a coxa é o principal segmento corporal afetado e os titulares estão mais sujeitos a desenvolvê-las, sendo o ataque sendo a posição com a maior quantidade de enfermidades do elenco e com o maior número de atletas.

          Unitermos: Lesões. Futebol. Fisioterapia.

 

Abstract

          This study set out to analyze the epidemiological profile of Vila Nova Futebol Clube professional soccer players in the 2010 Brazilian championship B series. This is a retrospective cohort epidemiological study, which evaluated 37 records. The results showed that the forwards were in the majority and were also the most injured; the players were mainly right-footers; the group was largely made up of athletes considered second reserves; their average age was low and their average height was 1.78 meters, and average weight 73.44 kg.; soft tissue lesions were highly prevalent in the team and the thigh was the limb most affected; and the players had an average of absence of 18.9 days. This study concludes that soccer players are highly subject to injury, and are absent, on average, more than 18 days due to injury, and that the thigh is the main body limb affected. The permanent players are more subject to injury, since the forward position is the one with the greatest number of injuries in the group and which also has the largest number of athletes.

          Keywords: Lesions (injuries). Soccer. Physiotherapy. Physical therapy.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 163, Diciembre de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O futebol é o esporte mais popular do mundo, difundido na maioria dos países, especialmente latino-americanos e europeus, contando com 208 países associados à Federação Internacional de Futebol (FIFA) e cerca de 200 milhões de praticantes. A FIFA foi fundada em 1904, é responsável pela organização do esporte, dos calendários de eventos mundiais, determinando e alterando as regras elaboradas pela International Board (STEWIEN; CAMARGO, 2005; RIBEIRO et al, 2007; SELISTRE et al, 2009).

    Apresentado e defendido como uma prática de tempo livre, o futebol moderno teve, até a década de 70, o amadorismo como um de seus principais pilares. Seu desenvolvimento se deu dentro de um contexto bastante específico que era a moral vitoriana e veio a sofrer verdadeira mutação com o estabelecimento de uma relação causal entre dinheiro e desempenho esportivo. Mais do que solidariedade e respeito mútuo, o principal referencial para a realização do esporte de alta competição atualmente é a capacidade de gerar remuneração financeira para todos os envolvidos nela, direta ou indiretamente (RUBIO, 2002).

    O futebol é um esporte que merece destaque pelo grande número de lesões decorrentes de sua prática, sendo responsável por 50 a 60% de todas as lesões esportivas, sendo responsável por um alto índice de afastamento dos atletas de jogos e treinamentos (LADEIRA, 1999; SOUSA et al, 2004; MIRANDA; BRUNELI, 2005; FONSECA et al, 2007; GOULART; DIAS; ALTIMARI, 2008; PALACIO; CANDELORO; LOPES, 2009).

    O estudo das lesões no futebol está baseado nos fatores intrínsecos ou pessoais (como idade, lesões previas, instabilidade articular, preparação física, saltos, habilidade), e fatores extrínsecos ou externos como: sobrecarga de exercícios, o número excessivo de jogos, a qualidade dos campos, equipamentos (chuteiras, roupas) inadequados e violações das regras do jogo (faltas excessivas, jogadas violentas) (BERTOLINI et al, 2003; FONSECA et al, 2007; BARBOSA; CARVALHO, 2008; BRITO; SOARES; REBELO, 2009; SANTOS, 2010; ZANUTO; HARADA; GABRIEL FILHO, 2010).

    A busca pela evidência e pelo sucesso impõe aos atletas necessária e inevitável condição de serem submetidos a esforços físicos e psíquicos muito próximos dos seus limites fisiológicos, expondo-os consequentemente a uma faixa de atividade potencialmente patológica, resultando em altos números de lesões esportivas. A relação entre o esporte e as lesões é uma consequência que integra a vida esportiva dos atletas de competição (SILVA; SOUTO; OLIVEIRA, 2008).

    Nos dias atuais, o futebol requer muitas capacidades específicas, independente da posição do futebolista. O rendimento do atleta neste esporte apresenta características bastante específicas, pois o espaço de jogo é muito grande, exigindo a contribuição efetiva de diferentes capacidades físicas, uma vez que exige grande contato físico, movimentos curtos e rápidos, como uma boa arrancada, uma boa impulsão (saltos), rotações, aceleração, desaceleração, velocidade, mudanças de direção, força física, potência e resistência muscular (BARBOSA; CARVALHO, 2008; SANTOS; GOUVEIA; CAVALCANTI, 2009; PALACIO; CANDELORO; LOPES, 2009; SILVA; RIBEIRO; VENÂNCIO, 2010).

    O mundo esportivo é caracterizado pela forte tendência ao profissionalismo, trazendo consigo implícitas as variáveis de intensidade, frequência e duração, aumentadas de forma não coerente com as condições dos atletas. Esses fatores acabam ocasionando níveis importantes de estresse físico e mental, influenciando na saúde, qualidade de vida e futuro desses atletas. É consenso que ocorreram modificações nas características do futebol, com a substituição do futebol-arte pelo futebol-força (COHEN et al, 1997; RAYMUNDO et al, 2005; SELISTRE et al, 2009).

    Do ponto de vista socioeconômico, deve-se salientar que, por vezes, os jogadores necessitam de cuidados médicos intensos e com diferentes períodos de reabilitação, algumas vezes com internação hospitalar ou no próprio departamento médico do clube. A ausência desses jogadores em suas atividades dentro de campo causa-lhes grandes prejuízos financeiros e para suas carreiras, não mencionando alguns verdadeiros desastres financeiros para seus clubes, patrocinadores e agentes. Muitas vezes, o próprio atleta recusa-se a permanecer em tratamento ou mesmo receber a terapêutica conveniente, pois, no futebol, a pressão para o não afastamento e/ou a volta precoce do jogador ainda em tratamento são um fato comum (FONSECA et al, 2007; PALACIO; CANDELORO; LOPES, 2009).

    Fisioterapia indubitavelmente é um recurso terapêutico de primeira linha para o tratamento, habilitação e recuperação de atletas, principalmente de jogadores de futebol (OLIVEIRA; TUBINO; FERNANDES, 2009).

    No entanto, é sabido que o profissional que envereda pela área da reabilitação desportiva estará inevitavelmente sujeito a inúmeras e constantes pressões e cobranças em termos dos resultados de seu tratamento mediante um retorno funcional e no menor tempo possível do atleta à sua prática desportiva (NETO; PREIS, 2005).

    A fisioterapia relacionada ao futebol possui importante papel não só no processo de tratamento e reabilitação do atleta, mas também na implementação de medidas de caráter preventivo, a fim de minimizar a ocorrência de lesões. O trabalho preventivo é delineado e realizado com base no levantamento dos fatores de risco das lesões (SILVA et al, 2005).

    Este estudo tem por objetivos: analisar o perfil epidemiológico dos atletas profissionais de futebol do Vila Nova Futebol Clube no campeonato brasileiro da série B de 2010; coletar os dados junto ao departamento médico a partir dos prontuários dos atletas; classificar os resultados, diferenciando a posição em que o atleta atua.

MÉTODOS

    Trata-se de um estudo epidemiológico de coorte retrospectivo. Foi utilizado como critério de inclusão os prontuários dos atletas de futebol do Vila Nova F. C. que atuaram no Campeonato Brasileiro de 2010, totalizando 37 prontuários e como critério de exclusão os prontuários incompletos ou ilegíveis. Para a coleta de dados utilizou-se a seguinte conduta: primeiramente, realizou-se uma visita ao Centro de Treinamento (CT) do Vila Nova F. C. solicitando-se autorização para realizar o presente estudo naquela instituição. Após autorizado, foi realizada no primeiro semestre de 2011 a coleta dos dados epidemiológicos dos prontuários dos atletas que atuaram no campeonato brasileiro de 2010. Após a coleta dos dados, foi feita uma análise das lesões destes atletas por posição do atleta em campo, lado dominante, titularidade, idade, altura, peso, quantidade de lesões, tipo de lesão, segmento corporal afetado e tempo de afastamento da prática esportiva. Os resultados foram comparados com os dados da literatura especializada. Finalizando o estudo, será agendada uma apresentação no Vila Nova F. C. para um retorno das informações e possível adequação por parte do clube.

    Os dados foram analisados através de uma estatística descritiva com medidas de tendência central como: média, mediana e moda e medida de variabilidade como: desvio padrão.

RESULTADOS

    Quanto ao posicionamento em campo, os atacantes se mostraram em maior número (24,32%), seguidos por zagueiros e laterais (ambos 18,92%), conforme Tabela I e Gráfico I.

Tabela I . Posição dos atletas em campo

 

Gráfico I. Posição dos atletas em campo

    Em relação ao lado dominante, 64,86% são destros, enquanto canhotos e ambidestros apresentam-se em menor número (Tabela II, Gráfico II).

Tabela II. Lado dominante

 

Gráfico II. Lado dominante

    Em relação à titularidade, 45,94% do plantel da equipe era formado por segundo reservas, a frente de titulares e primeiro reservas, conforme Tabela III e Gráfico III.

Tabela III. Titularidade

 

Gráfico III. Titularidade

    Em relação à idade, os atletas apresentaram média de 24,15 anos, com desvio padrão de 3,46, segundo o Gráfico IV.

Gráfico IV. Idade

    Quanto a altura, os atletas apresentaram média de 1,78m, com desvio padrão de 0,06, conforme Gráfico V.

Gráfico V. Altura

Com relação ao peso dos atletas, estes apresentaram média de 73,44kg, com desvio padrão de 7,61, segundo o Gráfico VI.

Gráfico VI. Peso

    Dentre os 37 prontuários analisados, 20 atletas (54,05%) apresentaram 31 lesões, com média de 0,84 lesões por jogador e desvio padrão de 1, sendo que os atacantes respondem por 25,81% das lesões, seguidos por zagueiros, laterais e volantes (todos com 19,35%), conforme a Tabela IV e o Gráfico VII.

Tabela IV. Quantidade de lesões

 

Gráfico VII. Quantidade de lesões

    Das 31 lesões diagnosticadas, as lesões de tecidos moles mostraram-se superior as demais com 87,10%, a frente de ósseas e sistêmicas (Tabela V e Gráfico VIII).

Tabela V. Tipo de lesão

 

Gráfico VIII. Tipo de lesão

    Dentre os segmentos corporais afetados, a coxa mostrou maior prevalência com 70,97% das lesões, seguida do joelho com 12,90% (Tabela VI e Gráfico IX).

Tabela VI. Segmento corporal afetado

 

Gráfico IX. Segmento corporal afetado

    E com relação ao tempo de afastamento da prática esportiva, os atletas tiveram uma média de 18,9 dias de afastamento, com desvio padrão de 14,8, conforme o Gráfico X.

Gráfico X. Tempo de afastamento da prática esportiva

Discussão

    O presente estudo priorizou o grupo profissional de atletas por se tratar de indivíduos submetidos a uma alta sobrecarga física e psicológica, e por ter um calendário esportivo de alto nível durante todo o ano, fatos estes que possuem relação estreita com a quantidade de lesões que tais atletas apresentam durante a temporada.

    Estudou-se uma amostra de 37 atletas profissionais de futebol durante o Campeonato Brasileiro da segunda divisão, realizado durante o período de 7 meses (Maio a Dezembro de 2010), obtendo-se um registro total de 31 lesões distribuídas em 20 atletas.

    No que se refere ao posicionamento dos atletas em campo, os atacantes se apresentaram em maior número, seguidos por zagueiros e laterais, e se relacionado ao fato de que os atacantes e zagueiros utilizam de muito arranque, potência e força física, estes valores são facilmente compreendidos, pois consequentemente são os mais sujeitos a lesão, concordando com o estudo de Raymundo et al. (2005), e divergindo do estudo de que apresentou maioria de meias no plantel seguidos por atacantes e laterais, sendo que em tal artigo eles não dividem os meio-campistas entre volantes e meias como utilizado no presente estudo, por isso o número de meias é maior.

    Quanto ao lado dominante apresentado pelos atletas, os destros são grande maioria, sendo que das lesões encontradas no plantel (31), estes respondem por 67,74% das mesmas, apresentando porcentagem menor à descrita por Stewien; Camargo (2005), porém ambos apresentam resultados considerados normais, pois o número de destros no geral, não só os atletas, é bem maior que o de canhotos e maior ainda que o de ambidestros, portanto estão mais sujeitos a obterem lesões, tendo o presente estudo contado com a presença de um atleta ambidestro, fato não encontrado no estudo supracitado.

    Em relação à titularidade, o grupo era composto por maioria de atletas considerados segundo reservas, a frente do número de titulares e por último os considerados primeiro reservas, fato que é facilmente entendido pela necessidade de possuir peças de reposição no elenco da equipe em casos de lesões ou de transferências do clube, e pelo fato de os atletas considerados segundo reservas serem menos onerosos ao clube, consequentemente foi o grupo de atletas que menos se lesionou (12,90%), deixando esse posto aos titulares, que representaram 58,06% das lesões, o que é entendido pelo fato dos titulares participarem mais dos jogos. Este fato comprova o descrito por Cohen et al. (1997) e Silva; Souto; Oliveira (2008), onde a atuação durante as partidas é o principal agente causador de lesões, devido à alta intensidade imposta nos jogos, sendo mais freqüente que as lesões durante os treinamentos, por isso os atletas considerados primeiro reservas obtiveram metade do número de lesões apresentadas pelos titulares (29,03%).

    A idade dos atletas apresentou média de 24,15 anos, sendo que o mais jovem possuía 18 anos e o mais experiente com 32 anos, o que pode ser considerado como um grupo jovem, já que no geral as médias de idade são em torno de 25-27 anos devido à mescla de jogadores com idade superior a 30 anos de idade com os mais jovens geralmente formados na base do clube, sendo os jovens da base a maioria do time profissional do Vila Nova F.C.

    Os atletas apresentaram média de altura de 1,78m, sendo que o jogador mais alto apresentava 1,92 metros e o mais baixo 1,69 metros. Se levado em conta que o futebol moderno utiliza muito mais da força do que em tempos atrás e as bolas alçadas na área são utilizadas constantemente, ter uma boa estatura é de grande valia, e no grupo de atletas do presente estudo esta média de altura é considerada regular perante as situações expostas acima.

    O plantel colorado apresentou média de peso de 73,44kg, o que pode ser considerado como um grupo leve. Este resultado é compreendido pelo fato de ser o grupo de atletas composto, em sua maioria, por atletas jovens e que buscam o seu espaço no cenário estadual e nacional, e por isso tendem a se preocupar mais com a forma física do que os veteranos, fato extremamente favorável, pois o elenco consequentemente ganha em velocidade e aceleração.

    Dentre os 37 jogadores do plantel profissional do clube, 20 deles registraram 31 lesões, apresentando média de 0,84 lesão por jogador, valor este que pode ser considerado baixo se levado em conta que mais da metade dos atletas presentes no estudo sofreram lesões e sendo que um desses atletas apresentou sozinho 4 lesões durante o campeonato. Raymundo et al. (2005) revela em seu estudo que 84,1% de um total de 44 jogadores compareceram ao departamento médico pelo menos uma vez, sendo que o número médio de lesões por atleta foi de 1,9, valor este bem maior que o apresentado neste estudo.

    Os valores citados se assemelham ao apresentado no estudo de Miranda; Bruneli (2005), que apresentou mais da metade do elenco (42 de 56) sofrendo algum tipo de lesão, e difere do apresentado no estudo de Barbosa; Carvalho (2008) que registrou menor número de jogadores (10 de 27) apresentando lesões, sendo o número de jogadores não lesionados maior que o de lesionados.

    Quanto às lesões relacionadas às posições de atuação dos jogadores, o presente estudo demonstrou que os atacantes foram os atletas que mais sofreram lesões, seguidos de perto por zagueiros, laterais e volantes. Resultados semelhantes foram encontrados por Silva et al. (2005); Silva; Souto; Oliveira (2008); Palacio; Candeloro; Lopes (2009) que apresentaram os atacantes como os mais lesionados, e por Raymundo et al. (2005) que apresentou os laterais como os mais lesionados, seguidos pelos atacantes.

    O resultado encontrado no presente estudo difere do encontrado por Cohen et al. (1997); Barbosa; Carvalho (2008); Santos et al. (2009); Selistre et al. (2009); Zanuto; Harada; Gabriel Filho (2010), que relataram os meias como sendo o alvo principal das lesões, sendo que nestes estudos eles também não dividem os meio-campistas em volantes e meias, fato este que pode ser a razão dos meias apresentarem maior número de lesões. O maior número de lesões encontradas nos atacantes através deste estudo justifica-se pelo fato de ser uma posição que exige muita velocidade, aceleração, desaceleração brusca e movimentos de giro, o que os torna suscetíveis a lesões perante as demais posições, e pelo fato desta posição ser a que apresentou maior número de atletas do total da amostra do presente estudo.

    Em sua grande maioria (84%), as lesões apresentadas pelo plantel vilanovense foram de tecidos moles, o que é consenso entre os autores, apresentando também lesões ósseas e uma sistêmica, semelhante ao descrito por Silva et al. (2005); Barbosa; Carvalho (2008), Palacio; Candeloro; Lopes (2009) e Santos et al. (2009) que apresentaram mais de 80% das lesões sendo de tecidos moles, Cohen et al. (1997), Raymundo et al. (2005) e Selistre et al. (2009) com mais de 90% das lesões caracterizadas como de tecidos moles e Miranda; Bruneli (2005) que apresentou 100% das lesões sendo de tecidos moles.

    O presente estudo apresentou a coxa (70,97%) como sendo o segmento corporal mais afetado, concordando com o descrito por Cohen et al. (1997) que demonstrou a coxa sendo alvo de 34,5% das lesões, Miranda; Bruneli (2005) que apresenta quadril e coxa como locais mais afetados por lesões, Silva; Souto; Oliveira (2008) disseram ser a coxa e o joelho, ambos com a mesma porcentagem, os locais mais acometidos por lesões, Santos et al. (2009) que mostrou a coxa com 40,81% das lesões, e Zanuto; Harada; Gabriel Filho (2010) que mostraram a coxa com 38% das lesões, podendo ser justificado pelo fato de ser a musculatura mais exigida durante a prática do futebol ao se realizar arranques, desacelerações, mudanças de direção e saltos, e pelo calendário apertado que os clubes possuem atualmente, com dois jogos por semana, sobrecarregando a musculatura citada.

    O resultado encontrado por este estudo difere do apresentado por Bertolini et al. (2003) que relata o tornozelo como o principal alvo das lesões, porém sendo o público estudado de tal artigo composto por atletas jovens, tal resultado pode ter sido encontrado pelo fato de tais atletas não disputarem campeonatos de alto nível, jogarem em gramados inadequados e utilizarem material esportivo inadequados, ou seja, os fatores extrínsecos da prática do futebol, o que, consequentemente, gera mais entorses do que lesões musculares.

    O tempo de afastamento dos atletas frente aos jogos e treinamentos apresentou média de 18,9 dias. Cohen et al. (1997) apresenta em seu estudo que 56,9% das lesões permitiram aos atletas retornarem as atividades em menos de 7 dias e 39,4% das lesões permitiram o retorno de 7 a 30 dias, não tendo sido descrita uma média do tempo de afastamento dos atletas, como realizado por este estudo. Já Palacio; Candeloro; Lopes (2009) mostraram em seu estudo que dentre as lesões, nenhuma apresentou período de recuperação menor que 10 dias, e em alguns casos chegou a 240 dias de afastamento, também não tendo sido relatada a média do tempo de afastamento apresentado pelos atletas, tendo as mesmas sido divididas pela posição dos atletas em campo.

    Através deste artigo, ressalta-se a extrema relevância do mesmo para descrever o perfil das lesões e dos atletas envolvidos com o futebol, e revelou ainda a necessidade de se fazer estudos enfocando a influência dos fatores extrínsecos na prática do esporte, sendo que estudos nesta área devem ser sempre estimulados, uma vez que o futebol é o esporte mais praticado e querido pela maioria de nós brasileiros.

Conclusão

    Os dados encontrados no presente estudo permitiram concluir que a maioria dos atletas do plantel apresentou algum tipo de lesão. Sendo o ataque a posição com o maior número de atletas do plantel, e que apresentou maior registro de lesões.

    As lesões de tecidos moles mostraram-se como as mais frequentes. Quanto à lateralidade, o elenco em sua maior parte foi composto por destros, conseqüentemente foram os mais lesionados. Os titulares formaram o grupo de atletas mais lesionado, e os segundo reservas a maioria do elenco. Em relação ao tempo de afastamento, a média obtida foi superior a 18 dias. O segmento corporal mais afetado dentre os analisados foi a coxa.

Referências

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